quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sobre o Rio Sâo Francisco

RIO SÃO FRANCISCO (1)No sonho do São Francisco De barco // Navegar no barco/hotel Benjamim é uma bela oportunidade de ir descobrindo os segredos do rio Alfredo Durães Do Estado de Minas Há 7,3 mil dias, um apito - daqueles apitos náuticos cheios de sinais e senhas - anunciava que iria atracar o vapor Benjamim Guimarães. Como quase todas, a tarde era abafada, muito quente naquele ano de 1987, no cais de São Romão, cidade pequena e hospitaleira à beira do Rio São Francisco, norte de Minas Gerais. O apito inconfundível do Benjamim virava, então, na manhã seguinte, na partida rumo a Pirapora, marco de uma era de incertezas para a navegação comercial do rio. Quase ninguém em São Romão sabia, mas aquela era a última viagem do Benjamim por ali. Durante mais de 60 anos, a cidade assistiu ao vapor passar, descendo e subindo o velho São Francisco; Chico para os íntimos. E "a profecia que dizia" ganhou força: o Benjamim não voltou. Não voltou até chegar o século 21 e no final do mês passado, dia 27. A viagem foi o lançamento de um pacote turístico que terá cinco dias de duração e seis saídas no ano que vem. O apito do vapor mais famoso do Brasil, único no mundo movido a lenha, ecoou novamente nas barrancas do Velho Chico e emocionou São Romão. O Velho Chico, com seus 2.830 quilômetros, nasce na Serra da Canastra e corta Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e desemboca no Atlântico, entre Sergipe e Alagoas. Tamanho e exuberância são apenas alguns de seus atributos que inspiram pessoas. A partida de Pirapora (o nome significa peixe que salta) mostrou isso: na noite anterior os passageiros foram brindados com banda de música, a Municipal Três de Maio, os inevitáveis discursos e uma bela apresentação do grupo folclórico Zabelê. Na manhã do dia 26, o da partida, sob um sol abrasador - "de derreter catedrais", diria Nelson Rodrigues - foi a vez do Grupo da Melhor Idade de Pirapora apresentar a Dança da Peneira. Lá estava também um dos mais famosos artesãos do São Francisco, o mestre Expedito, artista que faz carrancas, aquelas mesmo que ficam na proa dos barcos para espantar os maus espíritos. No ar, o orgulho da população pela volta do Benjamim Guimarães a vôos mais altos. A 23km de Pirapora, pouco mais de uma hora de vapor, está o distrito de Barra do Guaicuí, pertencente a Várzea da Palma, a primeira parada do barco. Segundo a lenda, é lá, ao lado da Igreja de Pedra, que está enterrado o corpo do bandeirante Fernão Dias Paes Leme. Independentemente do ilustre cadáver, o que vale mesmo é a igreja. Ela começou a ser erguida em 1650, em homenagem ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Com pedras de cantaria e argamassa de cal, nunca foi concluída. Foram levantadas as paredes laterais e o altar, adornado por uma abóbada de pedras onde seria o teto. Além da beleza crua da construção, chama a atenção a enorme árvore, uma gameleira que nasceu no teto e cujas raízes descem pelas paredes. Guaicuí está no encontro do São Francisco e Rio das Velhas e atualmente está com a água esverdeada, fruto da poluição. http://www.pernambuco.com/diario/2007/11/13/viagem3_0.asp

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