segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A importancia do sono

A importância do sono
Durante as décadas de 70 e 80, acreditava-se que dormir apenas cinco horas por noite era o suficiente para repor as energias além de aproveitar melhor o dia. Até este período, os estudos científicos não comprovavam a importância do sono e principalmente a qualidade do sono. Hoje, cientistas e médicos revelam com veemência que é durante o sono que o organismo produz os hormônios do crescimento que possibilitam o rejuvenescimento e a renovação celular. Com o sono insatisfatório, as células não são repostas convenientemente concluindo-se que as pessoas que não dormem bem envelhecem mais depressa. A falta de sono provoca o desequilibro endócrino e metabólico. A pessoa pode engordar e emagrecer muito já que o organismo está desregulado. O sono deve ser profundo e reparador. Quando dormimos ocorrem milhões de reações, tais como: reparos em todos os nossos órgãos vitais, elaboração de substâncias hormonais e de novas células, que irão se agregar aos tecidos dos nossos órgãos: fígado, baço, pâncreas, cérebro e coração. Renovando-os. Conseqüências de uma noite mal dormida: - mau humor no dia seguinte; - irritação com qualquer coisa; - baixa capacidade de concentração; - baixo rendimento no trabalho; - perda do apetite sexual e - estresse. Conheça algumas dicas para uma boa noite de sono: - não beber água durante o jantar. O ideal é que se hidrate durante o dia, tomando de dois a três litros de água; - não acordar com o despertador; - dormir mais cedo. Se fizer isso vai conseguir acordar sem o despertador e sem perder a hora; - não coma nada pesado à noite, para o seu organismo não precisar fazer o árduo trabalho de digestão na hora em que dorme. Isto porque ele já tem o encargo de reparar os danos do dia; - depois das 16 horas evite café, chá preto, refrigerante tipo cola, chocolate e bebidas alcoólicas; - pratique exercícios como correr e caminhar para poder relaxar e dormir; - ao chegar do trabalho, coloque o seu motor em stand by. Não trate de negócios, não atenda celular, não leve trabalho para casa; - para quem não consegue dormir cedo fica a pergunta: como faço para ter sono? É simples, deite-se e fique em paz, não é preciso fazer força o sono virá com tranqüilidade.

Sobre a planta alecrin pimenta

Alecrim-pimenta previne cárie

O pesquisador Marco Botelho comprovou eficácia da planta na tese de doutorado
A cárie é um dos problemas de saúde pública mais graves no Ceará, onde só 38,16% dos jovens com 18 anos conservam todos os dentes. Mas a prevenção e o combate à cárie e gengivite ganham um reforço revolucionário com o óleo essencial da planta alecrim-pimenta”, cujo nome científico é Lippia sidoides. Desenvolvida nos departamentos de Saúde Comunitária, Farmacologia, Biologia, Farmácia e Química Orgânica da Universidade Federal do Ceará (UFC), a pesquisa comprovou a eficácia e segurança no combate à doença.
Aécio Santiago
O dentista pernambucano, radicado no Ceará desde os 10 anos de idade, Marco Antônio Botelho, 37 anos, comprovou clínica e laboratorialmente, através da tese de doutorado, a eficácia do alecrim-pimenta no combate às cáries.Trata-se de um antisséptico eficaz, composto sem álcool, elemento utilizado convencionalmente nos antissépticos do mercado. Em outras palavras, isso quer dizer que o uso do alecrim poderá se disseminar e beneficiar de modo rápido, seguro e barato milhões de pessoas em todo o País, principalmente na Região Nordeste onde o problema é mais grave.Em poucos dias, a tese poderá ser publicada no jornal de maior credibilidade da área, o “Journal of Periodontology”, dos Estados Unidos, o que significa que passou por uma rigorosa observação de pelo menos cinco revisores, que avaliam, contestam, questionam e só depois de muito questionamento acerca do método e do rigor aplicado na pesquisa dão o aval para a publicação.A descoberta científica, inédita no Brasil e no mundo, foi realizada em parceria com a Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, e foi testada em 81pessoas, de 16 a 65 anos de idade do Morro Sandras, na Favela Vicente Pinzón, em Fortaleza, com métodos rigorosos e que, em breve, poderão ser respaldados quando o produto começar a ser comercializado, de forma pioneira no Ceará, e beneficiar imediatamente milhões de pessoas, principalmente aquelas residentes em áreas carentes da Capital e do Interior.O estudo, que resulta da tese de doutorado, será apresentado nos Estados Unidos no próximo ano, alcançando repercussão mundial.PESQUISA — Foi retirada uma amostra da saliva dos pacientes contendo determinada quantidade de bactérias. após uma semana acompanhando e monitorando os pacientes, e um mês de estudos e observações em laboratório, com realização de bochechos duas vezes ao dia, e sem uso de nenhum antisséptico bucal, comprovou-se a ação antibacteriana do produto.O índice de eficácia no combate à cárie depois da aplicação do óleo do alecrim foi de 70%. Em 1991, Marco Botelho foi o vencedor do Prêmio Nacional Kolynos, pelo trabalho desenvolvido com o uso da planta alecrim- pimenta no combate à cárie. Naquele momento, o experimento também utilizava o pó de juazeiro; que apresentava como característica principal atividade espumante, e a placa bacteriana era melhor removida. Associada ao creme dental que foi desenvolvido, foi adicionado o alecrim, conferindo ao produto uma forte atividade antibacteriana.À época, o prêmio despertou o pesquisador para aprofundar os estudos sobre a eficácia da planta e as reações adversas como antisséptico bucal. ‘‘Era preciso comprovar a ação em laboratório. A maioria dos antisspéticos bucais contém alto teor de álcool’’, explicou.O grande feito da pesquisa foi, justamente, descobrir uma solução sem álcool, com atividade antibacteriana e antifúngica presentes no alecrim e sem a ação irritante provocada pelos antissépticos convencionais.

Geografia de Sergipe

Localização do Estado de Sergipe:
Fica na porção leste da região Nordeste do Brasil.Limites:Norte : Estado de AlagoasLeste : Oceano AtlânticoSul e Oeste : Estado da Bahia.
Clima : O clima no Estado é tropical, com chuvas mais freqüentes na costa e longas estiagens no interior, especialmente na região semi-árida. As temperaturas médias anuais ficam em torno de 23 e 24º C.

Relevo: O Relevo Sergipano caracteriza-se pela predominância de terrenos baixos e várzeas nas proximidades do litoral, onde há uma faixa úmida voltada para o oceano; planícies na parte norte do Estado; e planalto semi-árido em sua região noroeste.

Hidrografia: O principal rio que banha o Estado de Sergipe é o São Francisco, um dos mais importantes do Brasil. Sua bacia hidrográfica inclui também os rios Vaza Barris, Sergipe, Japaratuba, Piauítinga e Real



Vegetação:
A vegetação predominante distingue a paisagem típica litorânea, de Mata Atlântica e vegetação rasteira, da caatinga encontrada no interior. As extensas florestas anteriormente existentes, desapareceram substituídas pelo cultivo agrícola ou pela exportação das madeiras nobres, ainda nos tempos da colônia.

Da organização político-administrativa
O Estado de Sergipe possui 75 municípios, agrupados pelo IBGE em 13 microrregiões políticoadministrativas,
que fazem parte de 3 mesorregiões.
A partir de abril deste ano 2007 o Governo Estadual, através da Secretaria de Estado do Planejamento, em
parceria com Universidade Federal de Sergipe, respeitando critérios como dimensões econômico-produtiva,
geoambientais, sociais, político-institucionais e culturais, dividiu o Estado em oito territórios, que serão a base para o
planejamento das políticas públicas da atual administração.

Essa nova territorialização compreende os 75 municípios distribuídos em 8 territórios assim discriminados:
Alto Sertão Sergipano:. localizado no noroeste do Estado de Sergipe, formado por 7 municípios: Canindé de São
Francisco, Gararu, Monte Alegre de Sergipe, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora de Lourdes, Poço Redondo e
Porto da Folha, população de 141.597 hab. e 4.908,00 km².
.



Leste Sergipano
localiza-se no leste do Estado de Sergipe, sendo formado por 9 municípios: Capela, Carmópolis,
Divina Pastora, General Maynard, Japaratuba, Pirambu, Rosário do Catete, Santa Rosa de Lima e Siriri, população de
91.779 hab. e área de 1.474,10 km².
.
Médio Sertão Sergipano localiza-se no centro-norte do Estado de Sergipe, sendo formado por 6 municípios:
Aquidabã, Cumbe, Feira Nova, Graccho Cardoso, Itabi e Nossa Senhora das Dores, população de 64.612 hab. e área
de 1.612,00 km².
.
Agreste Central Sergipano localiza-se no centro-noroeste do Estado de Sergipe, sendo formado por 14
municípios: Areia Branca, Campo do Brito, Carira, Frei Paulo, Itabaiana, Macambira, Malhador, Moita Bonita, Nossa
Senhora Aparecida, Pedra Mole, Pinhão, Ribeirópolis, São Domingos e São Miguel do Aleixo, população de 231.175
hab. e área de 3.132,00 km².
.
Baixo São Francisco Sergipano localiza-se no nordeste do Estado de Sergipe, sendo formado por 14 municípios:
Amparo de São Francisco, Brejo Grande, Canhoba, Cedro de São João, Ilha das Flores, Japoatã, Malhada dos Bois,
Muribeca, Neópolis, Pacatuba, Propriá, Santana do São Francisco, São Francisco e Telha, população de 125.440 hab.
e área de 1.986,30 km².

.Grande Aracaju localiza-se no centro-leste do Estado de Sergipe, sendo formado por 9 municípios: Aracaju, Barra
dos Coqueiros, Itaporanga d'Ajuda, Laranjeiras, Maruim, Nossa Senhora do Socorro, Riachuelo e São Cristóvão,
população de 875.098 hab. e área de 2.192,00 km².
Centro Sul Sergipano – localiza-se no Centro Sul do Estado, sendo formado por 5 municipios: Lagarto, Poço Verde, Riachão do Dantas e Tobias Barreto. A população é de 221.650 hab. E área de 3.551,50 km2.
Sul Sergipano: Sul sergipano localiza-se no Sul do Estado, sendo formado por 11 municipios: Arauá, Boquim, Cristinápolis, Estância, Indiaroba, Itabaianinha, Pedrinhas, Salgado, Santa Luzia do Itanhy, Tomar do Geru, e Umbaúba. A população é de 2.387 hab. E área de 3.193,60 Km2.

Sobre a GEOGRAFIA – Área: 21.910,3 km2.
Relevo: planície litorânea com várzeas e depressão na maior parte do território.
Ponto mais elevado: serra Negra (742 m). Rios principais: São Francisco, Vaza-Barris, Sergipe, Real, Piauí, Japaratuba. Vegetação: mangues no litoral, faixa de floresta tropical e caatinga na maior parte do território. Clima: tropical atlântico no litoral e semi-árido. Municípios mais populosos: Aracaju (505.286), Nossa Senhora do Socorro (179.060), Lagarto (91.605), Itabaiana (85.664), São Cristóvão (77.278), Estância (62.796), Tobias Barreto (47.307), Simão Dias (40.225), Itabaianinha (38.831), Poço Redondo (30.358) - 2006. Hora local: a mesma. Habitante: sergipano.POPULAÇÃO – 2.000.738 (2006). Densidade: 91,3 hab./km2 (2006). Cresc. dem.: 2% ao ano (1991-2006). Pop. urb.: 82,1% (2004). Domicílios: 551.637 (2005); carência habitacional: 94.746 (2006). Acesso à água: 88% (2005); acesso à rede de esgoto: 71,8% (2005). IDH: 0,682 (2000).SAÚDE – Mort. infantil: 36,2 por mil nascimentos (2005). Médicos: 9,7 por 10 mil hab. (2005). Leitos hosp.: 1,9 por mil hab. (2005).EDUCAÇÃO – Educ. infantil: 94.766 matrículas (80,8% na rede pública). Ensino fundamental: 404.358 matrículas (91% na rede pública). Ensino médio: 90.884 matrículas (88,1% na rede pública) - todos em 2005. Ensino superior: 31.032 matrículas (36,0% na rede pública - 2004. Analfabetismo: 19,4% (2004); analfabetismo funcional: 32,4% (2004).GOVERNO – Governador: Marcelo Déda (PT). Senadores: 3. Dep. federais: 8. Dep. estaduais: 24. Eleitores: 1.299.785 (1,0% do eleitorado brasileiro - 2006).

Sede do governo: Palácio dos Despachos. Avenida Adélia Franco, 3305, Luzia, Aracaju. Tel. (79) 216-8303.ECONOMIA – Participação no PIB nacional: 0,7% (2004). Composição do PIB: agropec.: 7,0%; ind.: 53,9%; serv.: 39,1% (2004). PIB per capita: R$ 6.782 (2004). Export. (US$ 66,4 milhões): sucos de laranja (66,1%), uréia (20,8%), couros e calçados (4,6%), tecidos e confecções (2,3%), outros sucos (2,0%). Import. (US$ 93,4 milhões): geradores (30,1%), algodão (14,8%), trigo (10,7%), chapas de alumínio (8,0%), petroquímicos (7,6%) - 2005.ENERGIA ELÉTRICA – Geração: 8.438 GWh; consumo: 1.828 GWh (2004).TELECOMUNICAÇÕES – Telefonia fixa: 273,5 (maio/2006); celulares: 754,3 mil (abril/2006).CAPITAL – Aracaju. Habitante: aracajuano. Pop.: 505.286 (2006). Automóveis: 136.979 (2006). Jornais diários: 3 (2006). Prefeito: Edvaldo Nogueira (PC do B). Nº de vereadores: 15 (2004). Data de fundação: 17/3/1855.Fatos históricos:
Como ocorre nos demais estados nordestinos, o litoral de Sergipe também é freqüentado por corsários franceses interessados no escambo de pau-brasil com os índios. A madeira é o principal produto econômico da região até o início do século XVII. Entre o final do século XVI e as primeiras décadas do século XVII, a atuação dos missionários e de algumas expedições militares afasta os franceses e vence a resistência indígena. Surgem os primeiros povoados, como o arraial de São Cristóvão, e engenhos de açúcar. A existência de áreas inadequadas à plantação de açúcar no litoral favorece o surgimento das primeiras criações de gado. Sergipe torna-se, então, um fornecedor de animais de tração para as fazendas da Bahia e de Pernambuco. Há também uma significativa produção de couro. Passa a ser capitania independente com o nome de Sergipe d'El Rey. Durante as invasões holandesas, sofre com a devastação econômica e volta subordinar-se à capitania da Bahia. Em 1823, depois da independência, Sergipe recupera sua autonomia. Mas o progresso da província é pequeno durante o Império, com exceção de um breve surto algodoeiro na segunda metade do século XIX. O quadro permanece assim em todo o primeiro período republicano, com setores das camadas médias urbanas sendo as únicas forças a enfrentar a oligarquia local, como nas revoltas tenentistas em 1924.
A área de, Sergipe situa-se no litoral do Nordeste. O clima tropical é úmido na Zona da Mata e mais árido no sertão. No litoral há praias muito visitadas, como a de Atalaia Velha, em Aracajú. Primeira cidade planejada do país, fundada em 1855, Aracaju tem papel importante na resistência contra os franceses no período colonial. O acervo arquitetônico dessa época é conservado em São Cristóvão - a primeira capital do estado, tombada como monumento nacional - e em Laranjeiras, um dos maiores centros produtores de açúcar do período colonial. Na culinária predominam pratos à base de peixes e crustáceos, entre eles a moqueca de pitu, a caranguejada e o surubim na brasa. Há também doces feitos com frutas locais, como o jenipapo. No interior é famosa a paçoca, carne desfiada com farinha de mandioca. A Festa de São João é a mais popular do estado, comemorada principalmente nos municípios de Areia Branca e Estância. No artesanato destacam-se os produtos confeccionados em cerâmica, couro, madeira e corda.
Atividade econômica - A economia sergipana, que durante séculos esteve baseada no cultivo da cana-de-açúcar, começa a se modificar a partir dos anos 90. Apoiado em incentivos fiscais e em seu potencial energético - oferecido pela usina de Xingó e pela exploração de petróleo e gás natural -, Sergipe atrai indústrias para seu território. Somente entre 1995 e 1998, 40 indústrias instalam-se no estado, com destaque para uma fábrica de cerveja em Estância, que impulsiona a chegada de outras pequenas e médias empresas à região, principalmente voltadas para o beneficiamento de produtos agrícolas e de couro, processamento de alimentos e um pequeno parque têxtil. Por causa da pequena extensão territorial, a pecuária é representada por um rebanho de apenas 918 mil bovinos e 83,3 mil ovinos e 82,3 mil suínos. Ao mesmo tempo que o setor industrial cresce, o agropecuário registra queda em parte de sua produção. As áreas dedicadas a culturas tradicionais, como algodão, cana-de-açúcar, mandioca e milho, vêm diminuindo, enquanto se expandem as lavouras com melhor desempenho comercial, como a do coco-da-baía e a da laranja, principal produto estadual. Em 1999, a lavoura de Sergipe começa a se recuperar da forte seca que atinge 33 de seus 75 municípios no ano anterior: a safra de grãos alcança 156 mil t, 10% a mais que em 1998.
A agropecuária emprega a maior parte da mão-de-obra sergipana, mas é o setor de serviços, centrado no comércio de Aracaju, o responsável por mais de 65% do PIB do estado. Nas últimas décadas, Sergipe recebeu investimentos da Sudene e do Proálcool, além dos recursos da Petrobras desde a descoberta, em 1963, de petróleo e gás natural, produtos dos quais é o terceiro maior produtor do país, atrás do Rio de Janeiro e da Bahia.Indicadores sociais - A alta taxa de densidade demográfica, combinada com um elevado grau de urbanização, agrava as carências sociais. Sergipe tem um dos piores índices de mortalidade infantil do Brasil e a taxa de analfabetismo funcional também é expressiva: mais de 30% dos sergipanos sabe ler e escrever apenas o próprio nome.

Territórios Sergipanos

Localização do Estado de Sergipe: Fica na porção leste da região Nordeste do Brasil.Limites:Norte : Estado de AlagoasLeste : Oceano AtlânticoSul e Oeste : Estado da Bahia.
Clima : O clima no Estado é tropical, com chuvas mais freqüentes na costa e longas estiagens no interior, especialmente na região semi-árida. As temperaturas médias anuais ficam em torno de 23 e 24º C.

Relevo: O Relevo Sergipano caracteriza-se pela predominância de terrenos baixos e várzeas nas proximidades do litoral, onde há uma faixa úmida voltada para o oceano; planícies na parte norte do Estado; e planalto semi-árido em sua região noroeste.

Hidrografia: O principal rio que banha o Estado de Sergipe é o São Francisco, um dos mais importantes do Brasil. Sua bacia hidrográfica inclui também os rios Vaza Barris, Sergipe, Japaratuba, Piauítinga e Real



Vegetação:
A vegetação predominante distingue a paisagem típica litorânea, de coqueiros e vegetação rasteira, da caatinga encontrada no interior. As extensas florestas anteriormente existentes, desapareceram substituídas pelo cultivo agrícola ou pela exportação das madeiras nobres, ainda nos tempos da colônia.

Da organização político-administrativa
O Estado de Sergipe possui 75 municípios, agrupados pelo IBGE em 13 microrregiões políticoadministrativas,
que fazem parte de 3 mesorregiões.
A partir de abril deste ano 2007 o Governo Estadual, através da Secretaria de Estado do Planejamento, em
parceria com Universidade Federal de Sergipe, respeitando critérios como dimensões econômico-produtiva,
geoambientais, sociais, político-institucionais e culturais, dividiu o Estado em oito territórios, que serão a base para o
planejamento das políticas públicas da atual administração.
Essa nova territorialização compreende os 75 municípios distribuídos em 8 territórios assim discriminados:

Alto Sertão - localizado no noroeste do Estado de Sergipe, formado por 7 municípios: Canindé de São
Francisco, Gararu, Monte Alegre de Sergipe, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora de Lourdes, Poço Redondo e
Porto da Folha, população de 141.597 hab. e 4.908,00 km².

Leste Sergipano localiza-se no leste do Estado de Sergipe, sendo formado por 9 municípios: Capela, Carmópolis,
Divina Pastora, General Maynard, Japaratuba, Pirambu, Rosário do Catete, Santa Rosa de Lima e Siriri, população de
91.779 hab. e área de 1.474,10 km².

.Médio Sertão Sergipano localiza-se no centro-norte do Estado de Sergipe, sendo formado por 6 municípios:
Aquidabã, Cumbe, Feira Nova, Graccho Cardoso, Itabi e Nossa Senhora das Dores, população de 64.612 hab. e área
de 1.612,00 km².

Agreste Central Sergipano localiza-se no centro-noroeste do Estado de Sergipe, sendo formado por 14
municípios: Areia Branca, Campo do Brito, Carira, Frei Paulo, Itabaiana, Macambira, Malhador, Moita Bonita, Nossa
Senhora Aparecida, Pedra Mole, Pinhão, Ribeirópolis, São Domingos e São Miguel do Aleixo, população de 231.175
hab. e área de 3.132,00 km².

.Baixo São Francisco Sergipano localiza-se no nordeste do Estado de Sergipe, sendo formado por 14 municípios:
Amparo de São Francisco, Brejo Grande, Canhoba, Cedro de São João, Ilha das Flores, Japoatã, Malhada dos Bois,
Muribeca, Neópolis, Pacatuba, Propriá, Santana do São Francisco, São Francisco e Telha, população de 125.440 hab.
e área de 1.986,30 km².

Grande Aracaju localiza-se no centro-leste do Estado de Sergipe, sendo formado por 9 municípios: Aracaju, Barra
dos Coqueiros, Itaporanga d'Ajuda, Laranjeiras, Maruim, Nossa Senhora do Socorro, Riachuelo e São Cristóvão,
população de 875.098 hab. e área de 2.192,00 km².

Centro Sul Sergipano – localiza-se no Centro Sul do Estado, sendo formado por 5 municipios: Lagarto, Poço Verde, Riachão do Dantas e Tobias Barreto. A população é de 221.650 hab. E área de 3.551,50 km2.

Sul Sergipano: Sul sergipano localiza-se no Sul do Estado, sendo formado por 11 municipios: Arauá, Boquim, Cristinápolis, Estância, Indiaroba, Itabaianinha, Pedrinhas, Salgado, Santa Luzia do Itanhy, Tomar do Geru, e Umbaúba. A população é de 2.387 hab. E área de 3.193,60 Km2.

História de Sergipe Del'Rei

História do Estado

A colonização do Estado de Sergipe teve início na segunda metade do século XVI, quando ali começaram a chegar navios franceses, cujos tripulantes trocavam objetos diversos por pau-brasil, algodão e pimenta-da-terra. Os portugueses, quando se dirigiam à Bahia, também aportavam freqüentemente na enseada do rio Real. A conquista das terras ao norte da Bahia, onde se encontra o território do Estado de Sergipe, foi iniciativa de Garcia D'Ávila, grande proprietário de terras na região, que com a ajuda dos jesuítas tentou catequizar os nativos que ali encontraram. A conquista e colonização do território facilitaria as comunicações por terra entre a Bahia e Pernambuco e permitiria a sujeição das tribos indígenas, além de impedir novas incursões dos franceses. O território que viria a ser a capitania de Sergipe D'El-Rei originou-se de um povoado chamado São Cristóvão. Mas a colonização propriamente dita somente aconteceu em 1590, após a destruição das tribos indígenas hostis. A região do arraial de São Cristóvão, sede da capitania de Sergipe D' El-Rei tornou-se então importante pólo de criação de gado e de cana-de-açúcar. No período das invasões holandesas, que correspondeu à primeira metade do século XVII, a economia de Sergipe D'El-Rei ficou prejudicada, recuperando-se, no entanto, com a retomada da região pelos portugueses, em 1645. Em 1723 foi anexada à Bahia, tornando-se responsável por um terço da produção açucareira baiana da época. Em 1820 houve uma primeira tentativa de se conceder autonomia ao território sergipano, mas somente em 1823, depois de várias guerras e resistência às tentativas de anexação, a capitania de Sergipe tornou-se definitivamente emancipada da Bahia. Com a proclamação da República, em 1889, a província de Sergipe passou a ser um dos Estados da Federação, com sua primeira Constituição promulgada em 1892.Origem do NomeO nome Sergipe origina-se do tupi si'ri ü pe que quer dizer "no rio dos siris", tendo sido mais tarde adotado Cirizipe ou Cerigipe, que quer dizer "ferrão de siri", nome de um dos cinco caciques que se opuseram ao domínio português.

sábado, 29 de agosto de 2009

Sobre Projetos de Tartarugas marinhas em Sergipe

Desova das Tartarugas Marinhas - Projeto TAMAR - SE
Edu_Issa January 20th, 2006
Registrar a desova das tartarugas marinhas sempre esteve presente neste meu projeto, independente do registro estar ou não dentro de um parque nacional.
Considerando que a desova de várias espécies acontece normalmente entre os meses de dezembro a março, comecei a minha busca neste período para acompanhar o processo. As tartarugas que desovam nas ilhas oceânicas como Fernando de Noronha (PE), Atol das Rocas(RN) e Trindade (ES) iniciam a desova alguns meses antes das tartarugas que desovam no continente. No Brasil são cinco as espécies encontradas, a tartaruga de Pente, a Verde, a Cabeçuda, a Oliva e a de Couro, que é a maior delas.
Após registrar o Parque Nacional do Catimbau, em Pernambuco, iniciei a descida pelo litoral nordestino passando por praias famosas e deslumbrantes como a Praia do Gunga, em Alagoas e as piscinas naturais de Maragogi tambémno mesmo Estado. Na divisa dos Estados de Alagoas e Sergipe, um fato muito triste, apesar da beleza da Foz do Rio São Francisco, num passeio pela praia no lado alagoano, encontramos mais de 10 tartarugas mortas, vítimas das redes de arrasto colocadas por pescadores. O Ibama local deveria tomar providências e orientar os pescadores para a utilização de outros equipamentos neste locais onde as tartarugas procuram para desovar. Cruzei o Rio São Francisco e segui até chegar à pequena cidade de Pirambu, no Estado de Sergipe.
Chegando na cidade, fui visitar esta pouco conhecida base do Projeto TAMAR, mas de muita importância, localizada de frente para a praia, nas bordas da Reserva Biológica de Santa Isabel. Depois de me apresentar e contar um poucodo trabalho que estava realizando fui autorizado pelo chefe da base a registrar imagens de algumas espécies desovando. Acompanhado de dois estagiários do projeto, Fábio e Ticiana, partimos às 2 da manhã da base, seguindo de buggy na escuridão pelas areias da praia tentando achar alguma tartaruga saindo da água ou já desovando.
Como era a minha primeira experiência acompanhando estes dóceis animais, estava ansioso para encontrar alguma espécie. Encontramos um rastro, mas foi alarme falso, algumas tartarugas saem do mar e deixam um rastro na areia, fazem uma espécie de meia lua, não gostam do local e voltam ao mar sem colocar os ovos. Segundo Fábio, o procedimento é normal, a tartaruga escolhe o melhor local e estes indivíduos que deixam o rastro com certeza voltam mais tarde ou outro dia para desovar. Seguimos com o veículo pelas areias, acompanhados de um luar tímido, que funciona como farol de orientação para as tartarugas, depois de alguns quilômetros avistamos o primeiro indivíduo saindo do mar. Neste momento todo cuidado é pouco, apagamos os faróis, os estagiários acendem suas lanternas com luz vermelha, que não incomodam os animais.
Deixamos que a tartaruga, que era da espécie caretta caretta, conhecida popularmente como cabeçuda, iniciasse a escavação para nos aproximar, tentando causar menos distúrbio possível. Em alguns minutos as patas traseiras em movimentos sincronizados, abrem uma cavidade suficiente para abrigar dezenas de ovos. Os ovos são flexíveis e vão caindo suavemente, com seqüências e números diferentes, ás vezes caem 6 ovos seguidos, outras apenas um, aos poucos o buraco está cheio de ovos. Em seguida, as mesmas patas que cavaram começam a colocar areia em cima dos ovos. O movimento impressiona, parece uma pá puxando a areia e cobrindo delicadamente os ovos.
O processo todo dura cerca de 50 minutos e é difícil reconhecer o local onde ocorreu à desova, a cobertura é perfeita, parece que o lugar nem foi mexido. Os ovos ficam em média 50 centímetros de profundidade e permanecem ali cerca de 45 dias, até os filhotes começarem a eclodir. Os pequenos filhotes vão subindo, um trabalho em equipe, onde os filhotes ajudam uns aos outros até chegarem à superfície. Os pequenos filhotes se alimentam com uma espécie de cordão umbilical encontrado dentro do ovo e conseguem respirar com o ar encontrado por entre os grãos de areia.Um dos problemas enfrentados pelos filhotes que chegam à superfície é a presença de postes de luz nas proximidades de locais de desova. As luzes de vias públicas confundem as pequenas tartarugas, pois a luz do poste se parece com a luz do sol, levando alguns filhotes a caminhar em direção à cidade e não para o mar e acabam morrendo. Felizmente são pouquíssimos os lugares onde ainda ocorre este fato, a maioria das bases do TAMAR ou locais de desova estão livres deste problema. Depois de acompanhar a desova da Tartaruga Cabeçuda, ainda pudemos ver a espécie Oliva fazendo o mesmo. Foi uma experiência inesquecível, fiquei impressionado com não só com o processo todo como também a competência, a dedicação e o cuidado dos estagiários.Durante o tempo da desova, eles fazem o registro, a marcação e a biometria (medição) destas espécies que atualmente já não correm tanto risco de extinção graças a este valioso trabalho dos funcionários do TAMAR. Naquela mesma noite, dormimos algumas horas e levantamos às 5 da manhã para acompanhar o nascimento dos pequenos filhotes de outras fêmeas que desovaram no mês anterior.
Apesar da estatística assustadora, onde a cada mil filhotes que nascem apenas um consegue chegar à fase adulta, foi gratificante ver centenas de tartaruguinhas caminharem em direção ao mar, com o sol nascendo no horizonte e darem o primeiro mergulho rumo ao maior desafio de suas vidas, sobreviver e depois retornar para a mesma praia onde elas nasceram para desovar e continuar o ciclo da vida. Que Deus, os homens e o Projeto TAMAR protejam estes filhotes para que estas espécies continuem sempre presentes nas águas brasileiras.
Seguindo para o Parque Nacional Serra de Itabaiana

Parque Nacional Serra de Itabaiana Sergipe

Parque Nacional Serra de Itabaiana - SE
Edu_Issa January 26th, 2006
Conhecer o Parque Nacional Serra de Itabaiana não estava previsto no projeto inicial, considerando que em 2003, quando teve início este trabalho, o parque ainda não havia sido criado. A criação do parque aconteceu em 15 de junho de 2005, assegurando a proteção de uma área de 7.966 hectares, composta por biomas de Mata Atlântica e Caatinga e outros recursos naturais.O parque está totalmente em Sergipe, distante apenas 40 km de Aracajú, abrange os municípios de Areia Branca, Itabaiana, Laranjeiras, Itaporanga D`ajuda e Campo do Brito. A cobertura vegetal original do Estado de Sergipe foi altamente reduzida e segundo alguns estudos realizados no que se refere à Mata Atlântica, resta apenas 0,1 % da cobertura inicial. O parque vem atender esta demanda preservacionista, considerando que Sergipe é um dos Estados do Brasil com menor percentual de áreas protegidas e conta apenas com uma área de proteção integral, a Reserva Biológica de Santa Isabel.
A consolidação do parque se deu graças a grande luta de ambientalistas e pessoas ligadas a órgãos federais e estaduais, que não mediram esforços para que a unidade fosse criada. A atual chefe da unidade, Valdineide Barbosa de Santana, foi uma destas lutadoras e passou anos envolvida com o processo e hoje se sente aliviada por ter conseguido sensibilizar as autoridades e ter a criação do parque devidamente efetivada. Valdineide diz ainda que a pressão por parte de fazendeiros, políticos e proprietários de terra foi grande contra a criação, mas o bom senso prevaleceu.
O grande ícone do parque é mesmo a Serra de Itabaiana, uma grande montanha que lembra os grande Tepuis da Venezuela, que são montanhas em forma de mesa. A origem do nome tem várias versões e numa delas, na etimologia da língua TUPI, temos `ita` que significa pedra, `taba` aldeia e `oane` alguém, ou seja, `naquela pedra mora alguém`.
A trilha da Via Sacra corta parte da serra e ficou famosa por atrair fiéis de várias regiões, que todos os anos vem para a região pagar promessas e participar da grande romaria que acontece na Semana Santa. Em todo o percurso são encontradas quinze estações onde os fiéis param, rezam e depois prosseguem até a próxima parada. A trilha é o melhor caminho para se chegar no alto e leva em média 2 horas e meia, dependendo do ritmo da caminhada. O visual que cerca a subida é deslumbrante, é possível ver a transição gradativa da vegetação e um imponente penhasco à esquerda da subida.
No topo da serra, a cerca de seiscentos metros de altitude, a vegetação é rica em bromélias e foi identificada uma interessante floresta de conífera. Uma pequena igreja com um cruzeiro é cenário de várias manifestações religiosas e a construção está cercada de antenas repetidoras de rádio. Nas bordas do imenso paredão rochoso, algumas florestas de galeria, com vegetação de mata atlântica. Nos campos de altitude, é possível ver, com um pouco de sorte, seriemas, veados e aves da família dos titonídeos como a coruja suindara. O Penhasco dos Falcões, a Pedra da Tartaruga também podem ser vistos nas trilhas do parque.Na parte baixa, uma pequena cachoeira de águas límpidas e alguns poços d`água vão se formando no leito do ribeirão que desce a serra. O solo é raso e as rochas são de quartzito claro, que realça a beleza das águas que correm e saltam no seu leito rochoso.
Em tempos passados, a suspeita da existência de minas de prata na Serra de Itabaiana, o que, mesmo não tendo se confirmado, continuou motivando durante muito tempo à vinda de forasteiros em busca deste tesouro que só estava presente no imaginário. Atualmente, a maior riqueza do lugar são as belezas naturais que já há muitos anos vem atraindo turistas que vêm normalmente para se refrescar no Poço das Moças, o atrativo mais procurado do parque. O poço tem este nome depois que caçadores avistaram duas moças tomando banho e logo depois elas desapareceram, sem deixar vestígios. No mesmo lugar, um escorregador natural diverte as crianças que deslizam na rocha e caem nas águas claras do poço. As águas vão descendo rocha abaixo, e vários outros poços menos freqüentados se formam compondo belos cenários. Partindo do poço, com 10 minutos de caminhada está a Gruta da Serra, nela a tímida Cachoeira do Cipó, divide o espaço com raízes entrelaçadas, vale conhecer.Numa de suas encostas da serra, o Riacho Coqueiro serpenteia e depois deságua no rio Jacarecica, um dos principais recursos hídricos da região. A serra abriga ainda várias outras nascentes importantes como a do riacho Água Fria e Vermelho, reforçando a necessidade da preservação de todo o complexo de Itabainana.
O parque por ser recém criado, está sendo descoberto agora e muitos atrativos ainda permanecem escondidos. Uma das metas da direção da unidade é explorar áreas selvagens e descobrir locais interessantes e adequá-los para a visitação pública. Atualmente já acontecem todos os meses palestras de educação ambiental na sede do parque, onde alunos das escolas da região podem ver de perto elementos da natureza que eles só viam em livros e praticar a conscientização de proteger e manter o lugar limpo, uma prática pouco comum por aqui.
Quanto ao uso para pesquisas e estudos científicos, a Serra de Itabaiana recebe a visita de pesquisadores, especialmente ecólogos, botânicos e zoólogos, que utilizaram a Serra para realização de estudos, principalmente para coleta de material botânico e zoológico.
O Parque Nacional Serra de Itabaiana foi sem dúvida uma grande vitória para os ambientalistas de Sergipe, a invasão dos canaviais em todo Estado, devastando o pouco de florestas que ainda resta é uma triste realidade local. A criação do parque resguardou definitivamente estas pequenas manchas de Mata Atlântica que resistiram ao tempo e agora estão oficialmente protegidas.

A mata atlantica em Sergipe

A Mata Atlântica em Sergipe (Lizaldo Vieira)

O Estado de Sergipe localiza-se a leste da
região Nordeste e tem a menor área do Brasil
em extensão territorial, com 22.050,40 Km2.
Possui cerca de 1.800.000 habitantes, 62,4%
urbanos, densidade demográfica de 77,67 hab/
Km2, crescimento demográfico de 1,2% ao ano
e uma faixa de migração interna de 11,25%. Sua
área natural é bastante devastada, sendo cerca
de 90% utilizada como pastagens e atividade intensiva
de agricultura, restando apenas algumas
manchas da floresta costeira, mata de restinga,
mata ciliar, cerrados arbustivos e caatinga.
Em Sergipe, como no Nordeste em geral, as
áreas remanescentes são pequenas e extremamente
fragmentadas com grande impacto antrópico.
Originalmente, a Mata Atlântica ocupava
toda faixa litorânea sergipana, até a chegada do
homem branco (europeu) em 1501 para tomar
posse das terras indígenas, com os objetivos
de explorar o pau-brasil, criar gado e plantar
cana-de-açúcar. Após mais de 500 anos de ocupação,
da Mata Atlântica original restam poucos
corredores ao longo da extensão litorânea do
Estado, ocupando cerca de 40 Km2 de largura do
território sergipano, com formações de diferentes
ecossistemas, que incluem as faixas litorâneas
com suas associações das praias e dunas, com
ocorrência das formações florestais perenifólias
latifoliadas higrófilas costeiras (floresta costeira),
que ocorrem ao longo do todo o litoral
sergipano sob a forma de pequenas manchas,
exceto na porção sul do Estado, onde algumas
fazendas particulares se apresentam mais preservadas,
localizando-se normalmente nos topos
das colinas mais elevadas ou nas encostas que
apresentam declividades acentuadas. Nos locais
onde foi fortemente devastada, aparecem os
cultivos perenes e temporários e posteriormente
as pastagens. A Mata Atlântica sergipana ocorre
desde municípios localizados no São Francisco
até Mangue Seco, na divisa com a Bahia.
Cidade de
Aracaju
Sergipe

Apesar da devastação por conta da forte
ação antrópica, o pouco que resta preservado da
grande diversificação ambiental proporciona à
Mata Atlântica uma enorme diversidade biológica,
com um bom número de mamíferos, aves, répteis
e anfíbios que ali sobrevivem e garantem a reprodução
de muitas espécies, sendo que várias delas
são endêmicas (só ocorrem ali). A Mata Atlântica
ainda possui raras espécies de plantas - das quais
muitas são endêmicas - e ainda consegue ser o
primeiro e maior bloco de florestas do Estado.
A zona costeira de Sergipe é dividida em dois
setores: Litoral Norte e Litoral Sul.
O Litoral Norte compreende 2.300 Km2, em
112 Km de extensão, com uma população de 600
mil habitantes (257 hab/Km2), em 17 municípios
– Aracaju, Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do
Socorro, Laranjeiras, Riachuelo, Maruim, Santo
Amaro das Brotas, Pirambu, Carmópolis, Capela,
Siriri, General Maynard, Pacatuba, Japaratuba,
Rosário do Catete, Ilha das Flores e Brejo Grande.
Apesar de ser uma Reserva Nacional, tem como
principal uso do solo a exploração dos recursos
minerais, o que tem causado sérios problemas
ambientais, em decorrência da exploração de petróleo,
gás, cloreto de sódio, cloreto de potássio
e outros evaporitos associados, como também
pela presença de indústrias de cimento e de fertilizantes.
Grande parte das cidades localiza-se no
interior dos estuários e tabuleiros, com exceção
de Aracaju e Barra dos Coqueiros. Há também
grandes propriedades de cocoiculturas, cana e pecuária.
Em oito municípios, predomina a lavoura
e, em outros oito, a pecuária. Laranjeiras tem a
maior usina do Estado, com grandes canaviais e
algumas destilarias de álcool.
O Litoral Sul possui 2.500 Km2, com 55
quilômetros de extensão, concentrando 143 mil
habitantes (57 hab/Km2), em cinco municípios
– São Cristóvão, Itaporanga, Estância, Santa Luzia
do Itanhy e Indiaroba. A atividade predominante
é o turismo, por conta do centro histórico de São
Cristóvão, o fácil acesso às praias e uma infraestrutura
de bares, restaurantes e pousadas em
expansão. A economia baseia-se na agricultura.
Estância e Itaporanga formam um pólo industrial
alavancado pela indústria têxtil, de fabricação de
sucos de fruta e cervejaria que, juntamente com
Itabaiana e Lagarto, formam os centros urbanos
mais importantes do Estado depois de Aracaju.

Os ecossistemas
A caracterização da Mata Atlântica em Sergipe
foi apresentada por Santos e Andrade (1992),
que descrevem:
OS ecossistemas da região da Mata Atlântica
envolve 5.750 Km2 do Estado. Atualmente a cobertura
vegetal original restringe-se a manguezais,
vegetação de restinga e remanescente da floresta
tropical úmida. Também denominada de mata
costeira, ocupa aproximadamente uma faixa de 40
Km2 de largura, estendendo-se de sul para norte
vindo da Bahia até Alagoas. Apresenta várias associações,
com praias e dunas, vegetação herbácea
e ocorre desde o Rio São Francisco até o mangue
seco. Essa vegetação serve para fixar as areias das
dunas móveis. Entre essas, destacam-se salsa-dapraia,
grama-da-praia, feijão da praia, capim-gengibre,
xique-xique ou guizo-de-cascavel.
As associações de restingas ocupam largura
variável, encontrando-se nos municípios de Pacatuba
e Pirambu, alcançando muitas vezes 10 quilômetros
de largura. É formada de uma associação
arbustiva perenifólia, que se apresenta baixa, xeromorfa,
formando moitas com espécies de plantas
suculentas pertencentes às famílias Cactaceae,
Clusiaceae e Orchidaceae, dos gêneros Vanilla e
Epidendrum. Aparecem muitas arbustivas que se
intercalam com plantas das famílias das Poaceae
e recobrem parte do solo. Nos campos de restinga,
aparecem as seguintes espécies: ananás, samambaia-
da-praia, murici-da-praia e carrasco.






Ruínas de igreja em antigo engenho de açucar
O porque do estado da Mata Atlântica
A vegetação dos campos de restinga recobrem
os solos de areias quartzozas marinhas distróficas
e servem para fixar dunas móveis e também
o podzol. À medida que essa vegetação vai
se distanciando da linha da preamar e penetrando
para o interior, ela se miscigena com a vegetação
arbórea da restinga, sendo substituída pela mata,
que é uma associação perenifólia pouco densa,
cujas árvores têm altura de quinze metros. Como
exemplo citamos angelim, cajueiro, oitizeiro-dapraia,
pitombeira, palmeira-oroba, ouricurizeiro
e araçazeiros.
A associação campos de várzea é constituída
de plantas herbáceas encontradas nos solos da margem
direita do Rio São Francisco. É uma vegetação
densa, recoberta de gramíneas e ciperáceas que se
encontram nos brejos ou pântanos, várzeas úmidas
e alagadas, ou nas margens dos cursos de água,
onde a água proveniente das chuvas se acumula e
onde a drenagem é insuficiente para o escoamento.
A vegetação é composta de plantas higrófilas
e hidrófilas, assim discriminadas: piripiri, taboa,
aninga, junco, capim-papuã e capim-de-roça.
Nas matas de várzea, aparecem algumas
espécies caducifólias. Margeando as várzeas, os
brejos ou pântanos, desenvolve-se uma associação
de árvores com mais de 30 metros de altura,
de raízes tabulares, enquanto outras apresentam
raízes superficiais longas, que buscam a água. A
copa das árvores é grande e aberta e sua vegetação
é constituída de gameleira-branca, mulungu-branco,
canafístula, ingazeira.
As associações subperenifólias possuem
árvores de até 30 metros de altura e entre suas
espécies encontram-se ingapoca, visgueiro, jatobá,
ouricuri, canafístula, amescla, taquara e
pau-d’alho.
As associações subcaducifólias apresentam-
se com árvores de até 20 metros de altura.
Entre as suas espécies, destacam-se frei-jorge,
camondange, maçaranduba, sucupira, jenipapeiro,
gonçalo-alves, cajueiro, louro e muricida-
mata. As associações caducifólias mistas
com a Caatinga são constituídas de espécies
caducifólias relacionadas com a floresta atlântica
e com espécies da Caatinga. A vegetação
dessa área é constituída, além de árvores de 10
a 15 metros de altura, por espécies arbustivas e
herbáceas, dentre as quais aroeira, pau-d´arco,
angico, mulungu-vermelho, cajazeira, jurema,
pau-de-leite, pau-ferro, braúna-da-mata, unhade-
gato, cedro e trapiá.
A associação de plantas pode ser apenas
de herbáceas ou, se essas criarem condições, arbustos
e depois árvores, que pontilham esparsas.
Com o decorrer dos anos, há uma regressão e as
plantas arbustivas suplantam as herbáceas e depois
surgem árvores que conquistam toda a terra
retornando a vegetação natural primitiva. As
espécies herbáceas e arbustivas dos campos antrópicos
são capim-papuã, capim-pé-de-galinha,
capim-gengibre, capim-favorito, capim-seda,
carrapicho-de-agulha, carrapicho-de-roseta,
capim-amargoso, capim-sapé, grama-de-burro,
carrapicho-beiço-de-boi, capim-mão-de-sapo,
capim-de-raiz, anil, velamo-branco, rurema e
umbaúba.
Os campos antrópicos podem surgir em qualquer
uma das associações perenifólias ou mistas
estacionais. Aparecem, nessas áreas, extensas pastagens
de capim-sempre-verde, capim-brachiária
e capim-pangola.
A fauna da Mata Atlântica é constituída das
seguintes espécies: paca, guaxinim, raposa, cachorro-
do-mato, tatupeba, veado-mateiro, teiú,
camaleão, sagüi, macaco-guigó-de-sergipe, preguiça,
gavião-carijó, urubu-de-cabeça-vermelha
e cobra-de-cipó.

A água e o homem
Sergipe possui uma rede hidrográfica constituída
por pequenas bacias fluviais, à exceção da
do Rio São Francisco, cujos limites se encontram
muito além da área em questão.
Na região da Mata Atlântica, existem
cinco bacias hidrográficas: Complexo Real-
Fundo-Piauí, Rio Vaza-Barris, Rio Sergipe, Rio
Japaratuba e Rio São Francisco. À exceção do
Rio São Francisco, os rios apresentam regimes
hidrológicos intermitentes nos trechos da região
semi-árida e agreste e são permanentes nas regiões
úmidas, onde formam mananciais usados
para abastecimento público, irrigação e recepção
de efluentes industriais e domésticos.
A disponibilidade hídrica é escassa, agravando-
se no período de estiagem, como afirma
Ab’Saber em referência à drenagem: “Um magro
sistema de cursos d’água de áreas semi-áridas,
intermitentes e irregulares, dotado de fraquíssimo
poderio energético e são desprotegidos do
quorum de precipitações anuais suficientes para
os alimentar permanentemente”.
O crescimento populacional, as exigências
crescentes por energia e alimentos estão impondo
crescentes demandas aos suprimentos de água
disponível. Os sistemas de descarga dos detritos e
escoamento de esgotos urbanos e rurais, acrescidos
das atividades industriais e de mineração, são as
principais fontes de poluentes tóxicos das águas.
As águas subterrâneas representam um
precioso manancial de água doce e qualquer
poluente que entre em contato com o solo pode
contaminá-las. Em Sergipe, os lençóis freáticos
são pouco profundos, facilitando a sua contaminação.
Há ocorrências crescentes de contaminação
das águas subterrâneas com água salgada,
contaminadores microbiológicos e produtos químicos
inorgânicos e orgânicos tóxicos, incluindo
pesticidas. Práticas de irrigação têm elevado a
salinidade das águas subterrâneas à medida que
a água utilizada é retirada das áreas da costa.
A exploração de petróleo e gás natural pode
contaminar as águas superficiais e os lençóis de
águas subterrâneas, mistura de água salgada com
água doce.
O desflorestamento nas áreas de bacias hidrográficas
para obtenção de lenha e madeira para
uso doméstico e destinada ao uso comercial, além
das pastagens e práticas de cultivos inadequados,
reduz a quantidade de água disponível durante as
estações secas. Os solos erodidos, que descem
das áreas elevadas, causam a sedimentação das
represas, usadas na armazenagem de água e geração
de energia. O desmatamento está causando
desertificação de grandes áreas antes com farta
cobertura vegetal.
Lizaldo Vieira dos Santos, coordenador da
RMA e Coordenador do MOPEC (SE); e Maria
José dos Santos, do CUPIM (SE).

A água na mata atlantica

É comum pensarmos na complexidade de um bioma por aspectos de sua fauna e flora, mas um elemento fundamental para a existência da biodiversidade é a água. E se a água é essencial para dar vida a um bioma como a Mata Atlântica, suas florestas têm um papel vital para a manutenção dos processos hidrológicos que garantem a qualidade e volume dos cursos d'água. Além disso, as atividades humanas desenvolvidas dentro do bioma também dependem da água para a manutenção da agricultura, da pesca, da indústria, do comércio, do turismo, da geração de energia, das atividades recreativas e de saneamento.Atualmente, um conceito-chave para se estudar a relação entre a água, a biodiversidade e as atividades humanas é o da bacia hidrográfica, ou seja, o conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. Na Mata Atlântica estão localizadas sete das nove grandes bacias hidrográficas do Brasil, alimentadas pelos rios São Francisco, Paraíba do Sul, Doce, Tietê, Ribeira de Iguape e Paraná. As florestas asseguram a quantidade e qualidade da água potável que abastece mais de 110 milhões de brasileiros em aproximadamente 3,4 mil municípios inseridos no bioma.Mas o fato de 70% da população brasileira estar concentrada em regiões de domínio da Mata Atlântica resulta em grande pressão sobre a biodiversidade e os recursos hídricos do bioma, que já enfrenta em diversas regiões problemas de crise hídrica, associados à escassez, ao desperdício, à má utilização da água, ao desmatamento e à poluição.Em relação à escassez, as causas envolvem o aumento do consumo que acompanha o crescimento populacional, o desmatamento e a poluição, associados ao desenvolvimento desordenado das cidades e a impactos das atividades econômicas, além do desperdício e da falta de políticas públicas que estimulem o uso sustentável, a participação da sociedade na gestão dos recursos hídricos e a educação ambiental.Quanto ao desperdício, estima-se que no Brasil o índice de perda chegue a 70%, sendo que 78% de toda a água consumida é utilizada no ambiente doméstico. Associado ao desperdício também está o mau uso dos recursos hídricos, como no caso de técnicas ultrapassadas para irrigação na agricultura e para o uso na indústria e a opção ainda tímida pelo reuso da água.Finalmente, destaca-se o desmatamento como fator agravante da crise hídrica, já que a supressão da vegetação, principalmente em áreas de mata ciliar, acarreta no assoreamento dos cursos d'água e até desaparecimento de mananciais. Como se não bastasse, a poluição por esgoto, lixo e agrotóxicos afeta a vida dos rios, podendo levá-los à morte e tornando a água imprópria para uso.Em busca de maneiras de se gerir mais eficientemente a água e promover a preservação ambiental, o conceito das bacias hidrográficas vem sendo trazido, desde a década de 70, para a esfera governamental e também para estratégias de conscientização, mobilização e participação pública. A idéia central dessa abordagem é que todo desenvolvimento de regiões urbanizadas e rurais é definido de acordo com a disponibilidade de água doce, em termos de quantidade e qualidade. Também faz parte desse pensamento o entendimento dos recursos hídricos de modo interligado e interdependente, ou seja, uma ação realizada em determinada região de uma bacia pode afetar outra região, como é o caso de lançamento de esgoto em rios, a contaminação por agrotóxicos, obras de infra-estrutura etc.O processo político decorrente dessa visão sobre a água resultou entre outros desdobramentos na criação da Lei 9.433/97, que estabelece a bacia hidrográfica como unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Faz parte do sistema, uma rede de colegiados deliberativos em nível federal e estadual, que são os chamados Comitês de Bacias Hidrográficas.Os comitês representam a base da gestão participativa e integrada dos recursos hídricos e são compostos por integrantes do Poder Público, da sociedade civil e de usuários de água. Além disso, os comitês permitem o levantamento mais preciso e a compilação de informações sobre cada bacia, facilitando o planejamento sobre captação, abastecimento, distribuição, despejo e tratamento da água, otimizando obras de infra-estrutura e o uso do dinheiro público. Desse modo, tornam-se um instrumento para a elaboração de políticas públicas integradas para gestão dos recursos hídricos.
Postado por Mata Atlântica: João Vitor, Erick, Maria, Tarcisio e Ícaro

a FAUNA DA MATA ATLANTICA

Mico-leão-dourado, O macaco Guigó de Sergipe, onça-pintada, bicho-preguiça, capivara. Estes são alguns dos mais conhecidos animais que vivem na Mata Atlântica. Mas a fauna do bioma onde estão as principais cidades brasileiras é bem mais abrangente do que nossa memória pode conceber. São, por exemplo, 261 espécies conhecidas de mamíferos. Isto significa que se acrescentássemos à nossa lista inicial o tamanduá-bandeira, o tatu-peludo, a jaguatirica, o gato e o cachorro-do-mato ainda faltariam 252 mamíferos para completar o total de espécies dessa classe do reino animal na Mata Atlântica.O mesmo acontece com os pássaros, répteis, anfíbios e peixes. Não se acanhe ... pense à vontade ... que bichos vêm à sua mente? A garça, o tiê-sangue, o tucano, as araras, os beija-flores e periquitos? A jararaca, o jacaré-do-papo-amarelo, a cobra-coral? O sapo-cururu, a perereca-verde, a rã-de-vidro? Ou peixes conhecidos como o dourado, o pacu e a traíra? Esses nomes já são um bom começo, mas ainda estão longe de representar as 1020 espécies de pássaros, 197 de répteis, 340 de anfíbios e 350 de peixes que são conhecidos até hoje no bioma. Sem falar de insetos e demais invertebrados e das espécies que ainda nem foram descobertas pela ciência e que podem estar escondidas bem naquele trecho intacto de floresta que você admira quando vai para o litoral.Outro número impressionante da fauna da Mata Atlântica se refere ao endemismo, ou seja, as espécies que só existem em ambientes específicos dentro do bioma. Das 1711 espécies de vertebrados que vivem ali, 700 são endêmicas, sendo 55 espécies de mamíferos, 188 de aves, 60 de répteis, 90 de anfíbios e 133 de peixes. Os números impressionantes são um dos indicadores desse bioma como o de maior biodiversidade na face da Terra.A grande riqueza da biodiversidade na Mata Atlântica também é responsável por surpresas, como as descobertas de novas espécies de animais. Recentemente, foram catalogadas a rã-de-Alacatrazes e a rã-cachoeira, os pássaros tapaculo-ferrerinho e bicudinho-do-brejo, os peixes Listrura boticário e o Moenkhausia bonita, e até um novo primata, o mico-leão-da-cara-preta, entre outros habitantes.Num bioma reduzido a cerca de 7% de sua cobertura original é inevitável que a riqueza faunística esteja pressionada pelas atividades antrópicas. A Mata Atlântica abriga hoje 383 dos 633 animais ameaçados de extinção no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).Causas para o desaparecimento de espécies e indivíduos são a caça e a pesca predatórias, a introdução de seres exóticos aos ecossistemas da Mata Atlântica, mas principalmente a deterioração ou supressão dos hábitats dos animais, causados pela expansão da agricultura e pecuária, bem como pela urbanização e implementação mal planejada de obras de infra-estrutura.No caso dos anfíbios, por exemplo, seus locais de procriação, como brejos e áreas alagadas, são muitas vezes considerados um empecilho e extirpadas por meio de drenagem ou até utilizadas para despejo de esgoto. Os anfíbios são animais de extrema importância para o equilíbrio da natureza, pois controlam a população de insetos e outros invertebrados e servem de comida para répteis, aves e mamíferos.A proteção da fauna está diretamente ligada à proteção dos ambientes. Em paralelo, outras medidas importantes são a fiscalização da caça, da posse de animais em cativeiro, do comércio ilegal de espécies silvestres; fiscalização efetiva da atividade pesqueira; e realização de programas de educação ambiental junto à população.No que se refere à legislação, a proteção da fauna está prevista em nível federal na Constituição pela Lei 5.197/67 e também pela Lei de Crimes Ambientais (9.605/98). Iniciativas de caráter global com desdobramentos de ação regional e local, como a Agenda 21, também são um instrumento de apoio para a proteção da fauna. Mas todos esses elementos dependem da vontade política dos governantes, da conscientização, mobilização e participação dos cidadãos e da introjeção do conceito de sustentabilidade nas atividades econômicas.
Postado por Mata Atlântica: João Vitor, Erick, Maria, Tarcisio e Ícaro

CONHECENDO A MATA ATLANTICA E PRESERVAR

Do Rio Grande do Sul até o Piauí, diferentes formas de relevo, paisagens, características climáticas diversas e a multiplicidade cultural da população configuram essa imensa faixa territorial do Brasil. No entanto, existe um aspecto comum que dá unidade a toda essa região: o bioma mais rico em biodiversidade do planeta, a Mata Atlântica. Ao todo, são 1.300.000 km², ou cerca de 15% do território nacional, englobando 17 estados brasileiros, atingindo até o Paraguai e a Argentina. Somado à magnitude destes números, um outro dado modifica a percepção sobre a imensidão desse bioma: cerca de 93% de sua formação original já foi devastado.Classificada como um conjunto de fisionomias e formações florestais, a Mata Atlântica se distribui em faixas litorâneas, florestas de baixada, matas interioranas e campos de altitude. São nessas regiões que vive também 62% da população brasileira, cerca de 110 milhões de pessoas. Um contingente populacional enorme que depende da conservação dos remanescentes de Mata Atlântica para a garantia do abastecimento de água, a regulação do clima, a fertilidade do solo, entre outros serviços ambientais. Obviamente, a maior ameaça ao já precário equilíbrio da biodiversidade é justamente a ação humana e a pressão da sua ocupação e os impactos de suas atividades.Pela extensão que ocupa do território brasileiro, a Mata Atlântica apresenta um conjunto de ecossistemas com processos ecológicos interligados. As formações do bioma são as florestas Ombrófila Densa, Ombrófila Mista (mata de araucárias), Estacional Semidecidual e Estacional Decidual e os ecossistemas associados como manguezais, restingas, brejos interioranos, campos de altitude e ilhas costeiras e oceânicas. Um exemplo da relação entre os ecossistemas é a conexão entre a restinga e a floresta, caracterizada pelo trânsito de animais, o fluxo de genes da fauna e flora, e as áreas onde os ambientes se encontram e vão gradativamente se transformando - a chamada transição ecológica.Vale destacar ainda a existência de sete das nove maiores bacias hidrográficas brasileiras neste bioma. Sendo assim, proteger a Mata Atlântica também é proteger os processos hidrológicos responsáveis pela quantidade e qualidade da água potável para cerca de 3,4 mil municípios, e para os mais diversos setores da economia nacional como a agricultura, a pesca, a indústria, o turismo e a geração de energia.Os rios e lagos da Mata Atlântica abrigam ainda ricos ecossistemas aquáticos, grande parte deles ameaçados pelo desmatamento das matas ciliares e conseqüente assoreamento dos mananciais, pela poluição da água, e pela construção de represas sem os devidos cuidados ambientais. Essa intrincada rede de bacias é formada por rios de importância nacional e regional, do São Francisco e Paraná, ao Tietê, Paraíba do Sul, Doce e Ribeira do Iguape.
Postado por Mata Atlântica: João Vitor, Erick, Maria, Tarcisio e Ícaro

Preservando a mata atlantica

Atualmente existem menos de 10% da mata nativa. Existem diversos projetos de recuperação da Mata Atlântica, que esbarram sempre na urbanização e o não planejamento do espaço, principalmente na região Sudeste. Existem algumas áreas de preservação em alguns trechos em cidades como São Sebastião (litoral norte de São Paulo).No Paraná, graças à reação cultural da população, à criação de APAs (Áreas de Preservação Ambiental), apoiadas por uma legislação rígida e fiscalização intensiva dos cidadãos, aparentemente a derrubada da floresta foi freada e o pequeno remanescente dessa vegetação preserva um alto nível de biodiversidade, das quais estão o mico-leão-dourado, as orquídeas e as bromélias.Um trabalho coordenado por pesquisadores do Instituto Florestal de São Paulo mostrou que, neste início de século, a área com vegetação natural em São Paulo aumentou 3,8% (1,2 quilômetro quadrado) em relação à existente há dez anos. O crescimento, ainda tímido, concentrou-se na faixa de Mata Atlântica, o ecossistema mais extenso do estado.A Constituição Federal de 1988 coloca a Mata Atlântica como patrimônio nacional, junto com a Floresta Amazônica brasileira, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira. A derrubada da mata secundária é regulamentada por leis posteriores, já a derrubada da mata primária é proibida.
Postado por Mata Atlântica: João Vitor, Erick, Maria, Tarcisio e Ícaro

Viagem na mata atlantica

Se você fizer uma viagem do nordeste ao sul do Brasil, pelo litoral e pelos planaltos interioranos, não irá admirar simplesmente a bela paisagem da floresta atlântica, mas sim uma série de variações conhecidas por nomes como Ombrófila Densa, Ombrófila Mista, Estacional Semidecidual, Estacional Decidual, além de ecossistemas associados como os campos de altitude, manguezais, restingas, brejos interioranos e ilhas oceânicas.Tal variedade se explica pois, em toda sua extensão, a Mata Atlântica é composta por uma série de ecossistemas cujos processos ecológicos se interligam, acompanhando as características climáticas das regiões onde ocorrem e tendo como elemento comum a exposição aos ventos úmidos que sopram do oceano. Isso abre caminho para o trânsito de animais, o fluxo gênico das espécies e as áreas de tensão ecológica, onde os ecossistemas se encontram e se transformam.É fácil entender, portanto, porque a Mata Atlântica apresenta estruturas e composições florísticas tão diferenciadas. Uma das florestas mais ricas em biodiversidade no Planeta, a Mata Atlântica detém o recorde de plantas lenhosas (angiospermas) por hectare (450 espécies no Sul da Bahia), cerca de 20 mil espécies vegetais, sendo 8 mil delas endêmicas, além de recordes de quantidade de espécies e endemismo em vários outros grupos de plantas. Para se ter uma idéia do que isso representa, em toda a América do Norte são estimadas 17.000 espécies existentes, na Europa cerca de 12.500 e, na África, entre 40.000 e 45.000.Mas a Mata Atlântica encontra-se em um estado de intensa fragmentação e destruição, iniciada com a exploração do pau-brasil no século XVI. Até hoje, ao longo do bioma são exploradas inúmeras espécies florestais madeireiras e não madeireiras - como o caju, o palmito-juçara, a erva-mate, as plantas medicinais e ornamentais, a piaçava, os cipós, entre outras. Se por um lado essa atividade gera emprego e divisas para a economia, grande parte da exploração da flora atlântica acontece de forma predatória e ilegal, estando muitas vezes associada ao tráfico internacional de espécies.Contribuem ainda para o alto grau de destruição da Mata Atlântica, hoje reduzido a 7% de sua configuração original, a expansão da indústria, da agricultura, do turismo e da urbanização de modo não sustentável, causando a supressão de vastas áreas de biodiversidade, com a possível perda de espécies conhecidas e ainda não conhecidas pela ciência, influindo na quantidade e qualidade da água de rios e mananciais, na fertilidade do solo, bem como afetando características do micro-clima e contribuindo para o problema do aquecimento global. Os números impressionantes da destruição do bioma demonstram a deficiência em políticas de conservação ambiental no país e a precariedade do sistema de fiscalização dos órgãos públicos.A busca de um contexto de desmatamento zero no bioma passa pela adoção de critérios de sustentabilidade em todas as atividades humanas. Isso significa um esforço coletivo da indústria, do comércio, da agricultura e do setor energético na adoção de novos modelos de produção, menos agressivos ao meio ambiente, bem como do poder público, no sentido de garantir a fiscalização ambiental e a elaboração e cumprimento das leis, e finalmente dos cidadãos em geral, exigindo padrões de sustentabilidade enquanto consumidores, cobrando os governantes e se mobilizando pela manutenção da floresta de pé e pela recuperação das áreas degradadas.Além disso, a Mata Atlântica oferece outras possibilidades de atividades econômicas, que não implicam na destruição do meio ambiente e em alguns casos podem gerar renda para comunidades locais e tradicionais. Alguns exemplos são o uso de plantas para se produzir remédios, matérias-primas para a produção de vestimentas, corantes, essências de perfumes; insumos para a indústria alimentícia ou ainda a exploração de árvores por meio do corte seletivo para a produção de móveis certificados - o chamado manejo sustentável -, o ecoturismo e mais recentemente o mercado de carbono.
Postado por Mata Atlântica: João Vitor, Erick, Maria, Tarcisio e Ícaro

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Aniversario de Capela

economia
29/8/2009 04:30:27 atualizado em 29/8/2009 04:30:27
Município de Capela receberá asfaltamento
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Neste sábado: Governo do Estado assinará ordem de serviço para o asfaltamento em Capela
Flávio Antunes, com informações , da Ascom da Prefeitura de Capela
O governador Marcelo Déda (PT), estará assinando no próximo sábado, 29, às 19 horas, ordem de serviço para o asfaltamento do trecho que liga a BR 101 ao centro da cidade de Capela/SE, via Miranda. Orçado em R$ 11,2 milhões, a obra representa a realização de um antigo sonho dos capelenses, tendo em vista que beneficiará diretamente mais de seis povoados.Com prazo para conclusão em março de 2010, a pista será um presente que o município receberá por ocasião da passagem do seu aniversário -176 anos de emancipação política e 121 anos de elevação à categoria de cidade. “Precisou Déda ser governador e Sukita prefeito, para saírmos da lama que vivíamos”, enfatiza a lavradora Maria Angélica Santos, moradora do povoado Lagoa Seca.Segundo o prefeito de Capela, Manoel Messias Sukita Santos (PSB), esta será uma obra individual da história de Capela. “Além de encurtar a distância entre Capela e Aracaju, ela tem uma função social imensurável, pois beneficiará seis povoados e será a principal via de acesso ao município. É o sonho e a necessidade mais antiga do povo capelense”, enfatiza Sukita. Na agenda, o governador estará inaugurando ainda uma praça e uma quadra de esportes em Vila Miranda e 30 mil metros de calçamento de paralelepípedo.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Joel Silveira

São Paulo, terça-feira, 9 de janeiro de 1979
Jornalistas contam a História — 5
5 - O ESTADO NOVO E O GETULISMO
Depoimento de JOEL SILVEIRAao repórter Gilberto Negreiros
A história das ditaduras é também a da resistência ao arbítrio, à prepotência e à sedução do poder. Nesta verdade elementar, um ensinamento profundo: nem sempre a melhor atitude diante do inevitável é ceder e desfrutar. "É lamentável que o exemplo de "O Estado de S. Paulo" não tenha sido imitado pelos outros jornais. Uma reação geral da imprensa teria apressado a queda da ditadura".Quem afirma é Joel Silveira, que aos 18 anos chegava ao Rio de Janeiro e ingressava na imprensa carioca 9 meses antes do golpe desfechado por Getúlio no dia 10 de novembro de 1937.Por paradoxal que tenha sido, o período do Estado Novo permitiu que ele e mais um grupo de jovens jornalistas, em que se destacaram também David Nasser, Edmar Morel e Samuel Wainer, viesse a alcançar a notoriedade na fase da chamada "grande reportagem" dos anos 40. Esta, na realidade, foi a forma encontrada pelos jornais para sobreviver à censura imposta pela ditadura.O resultado dessa transformação imposta pelas circunstâncias foi a valorização do repórter como principal figura da redação, onde até então pontificavam editorialistas e articulistas.Para Joel Silveira, a fama viria com a reportagem "Grã-finos em São Paulo", feita em 1943 para o "Diário da Noite", na qual ele —um sergipano mais para o tipo rude e de sotaque nordestino inescondível— contou suas incursões, disfarçado de "gentleman", pelos salões das famílias quatrocentonas paulistas.No Palácio do Catete, Getúlio Vargas, que tinha pela burguesia um desprezo especial, conta Joel Silveira, "delirava com a reportagem". Lembrando essa faceta do caráter do "chefe do governo", como era chamado Getúlio pelos áulicos do Estado Novo, observa que "todos os ditadores têm seus caprichos".Nem mesmo tendo Getúlio como leitor, Joel Silveira ficou imune ao crivo do DIP. "Quando me inscrevi para seguir com a FEB como correspondente de guerra, eles fizeram de tudo para que eu não embarcasse. A acusação era a de sempre: comunista."
*
Proponho que você comece falando sobre como a imprensa recebeu o Estado Novo, o golpe do Estado Novo.JOEL SILVEIRA — Cheguei ao Rio de Janeiro no dia 13 de fevereiro de 1937, eu tinha 18 anos. O Estado Novo foi no dia 10 de novembro, de maneira que o peguei logo no começo. Quando o Getúlio deu o golpe, com o apoio das Forças Armadas, eu já estava no Rio. Recebeu apoio do general Dutra, do general Góes Monteiro e do general Milton Cavalcanti, que era integralista; general Dutra e general Góes Monteiro eram simpatizantes do nazismo. O general Góes Monteiro inclusive foi condecorado por Hitler.Eram simpatizantes.JOEL — Sim. O Góes Monteiro não perdia uma recepção na embaixada alemã. Foi condecorado pelo embaixador. E foi ele que, num dos primeiros atos, baixou a censura total e absoluta à imprensa. E a seguir o DIP foi ampliado, quase que com dimensão de Ministério, e controlado por um teórico do fascismo, chamado Lourival Fontes. Homem fabulosamente inteligente, cultíssimo, mas fascista. Ele mesmo me confessou: "Eu sou fascista". Ele já era fascista há muito tempo, desde 1924/25, quando foi diretor de uma revista chamada "Hierarquia", de orientação fascista, inclusive subvencionada pela embaixada italiana. Isso também ficou provado.Bem, mas ele assumiu o controle total da imprensa. Um ou outro jornal que tentou se rebelar foi imediatamente fechado. Mas a grande imprensa daquele tempo imediatamente aderiu ao Estado Novo. Toda. Com exceção de "O Estado de S. Paulo". É só você pegar as manchetes do dia 28.Mesmo o "Correio da Manhã"?JOEL — O "Correio da Manhã" aderiu, não podia ser contra. Mas os elogios eram magros. O grosso da imprensa ficou do lado do Estado Novo e assim se conservou ou compulsoriamente ou gostosamente. Até que o próprio "Correio da Manhã" rompeu essa asfixia, esse sufoco, com a entrevista do José Américo, feita pelo Carlos Lacerda.Então, eu era secretário do jornal literário "Dom Casmurro", um jornal de propriedade do Brício de Abreu e do Álvaro Moreira. Depois fui repórter e secretário da revista "Diretrizes", um semanário de propriedade do Samuel Wainer. Então, diariamente a gente recebia, lá pelas nove e meia dez horas, um telefonema com aquela vozinha: "Silveira, olha aqui, está falando fulano (geralmente dava só o primeiro nome), não pode sair aquilo, evite comentários...". Eram as coisas mais desagradáveis. Era a briga do Beijo. Vargas que se embriagava no Cassino da Urca, dava um bofetão em alguém e a vozinha: "nenhum comentário sobre a briga do Beijo, heim".E essas ordens da censura eram plenamente acatadas?JOEL — Ah, claro, plenamente. Se a gente não acatasse, eles fechavam. E você vai ver como fecharam "Diretrizes". Está lá o Samuel na "Folha" e pode dizer isso. Mas a gente dizia: um momentinho. Botava o papel na máquina e pedia para repetir a ordem. Datilografava e pregava numa cartolina. Anos seguidos eu guardei aquilo. Você veja que até esse processo de censurar a imprensa foi copiado do Ministério da Cultura Popular do Mussolini.A Constituição do Estado Novo, que dizem ser do Chico Campos, não é. Ele apenas traduziu do polaco. Você lê hoje e é exatamente igual, com uns laivos corporativistas, que era o negócio do Mussolini e do Salazar. Todos eles aqui estavam certos de que o Hitler e o Mussolini, o nazi-fascismo, iam ganhar. O Dutra era um nazista fervoroso, admirador, o Góes Monteiro, a mesma coisa.Ficando por enquanto no DIP, ele exercia também controle sobre a publicidade?JOEL — O DIP exercia um duplo controle: um controle autoritário proibitivo, da censura propriamente dita. E tinha o controle através da corrupção. O caso da isenção para a importação do papel da imprensa. Você importava o papel da Finlândia, do Canadá, mas tudo sob o controle do DIP. E tinha o derrame de dinheiro, que era tentador. Por exemplo, o DIP criou uma série de livros pequenos, tudo sobre o Getúlio: "Vargas e o Teatro", "Vargas e o Cinema", "Vargas e a Literatura". Pagavam um dinheirão, em termos de época. Um pobre intelectual que ganhava, vamos dizer, Cr$ 1.500,00 com a edição de um romance, eles botavam dez mil cruzeiros no bolso dele para escrever quarenta páginas sobre a coisa. Isso era um negócio terrível. Poucos resistiram.Poderia citar alguns nomes?JOEL — Não é bom porque a maioria são meus amigos (sic). A fraqueza humana é terrível. Eu sei, por exemplo, que o Graciliano Ramos resistiu. Osório Borba e Carlos Drummond de Andrade também. Resistiram, particularmente, os intelectuais de esquerda, o pessoal ligado ao Partido Comunista, por motivos conhecidos, né?Sobre essa coisa de corrupção, o Lourival Fontes criou uma revista chamada "Cultura". Uma revista maravilhosamente bem feita, porque ele era muito inteligente, muito culto, escrevia muito bem. Terminou meu amigo, há três ou quatro anos, porque ele é sergipano e eu também. Sergipe tem coisas engraçadíssimas. Veja você, a terra de João Ribeiro, de Tobias Barreto, dois sujeitos liberais, e Silvio Romero, que era um rebelde, deu os dois maiores teóricos do fascismo do Brasil: Lourival Fontes e Jackson Figueiredo. Coisa esquisita, não? Pois bem. O Fontes criou a revista e dava, para cada colaboração, cinco mil cruzeiros, dinheiro da época. E o suplemento literário do "Diário de Notícias", do velho Dantas, pagava duzentos cruzeiros.O mercado de trabalho era limitadíssimo, porque os jornais tinham tudo pronto da Agência Nacional. Vinha tudo mastigado. As redações tinham quatro ou cinco pessoas que faziam o jornal todo. Vinha tudo pronto, com ordem, inclusive, de publicar em tal página, com tal destaque. O DIP chegava ao ponto de dizer que tipo devia ser usado: negrito, corpo 9, à esquerda. Entendeu? E qualquer sinal de rebeldia cortavam o papel e a publicidade. A publicidade o governo controlava, vamos dizer, 60% e ao mesmo tempo intimidava as empresas privadas. Ninguém queria ficar contra o Banco do Brasil. Sob o ponto de vista da censura, eu considero o Estado Novo mais tenebroso, porque não tinha saída. Hoje existe o recurso de você deixar o espaço em branco. Naquele tempo, se fizesse isso, fechavam o jornal.Quando o Lourival Fontes saiu, botaram lá um homem chamado Coelho dos Reis, que era coronel. Quando o Brasil declarou guerra, então, os militares acharam que à frente do DIP não poderia ficar um civil. É aquele negócio, sempre o negócio da segurança nacional. Sempre o velho pretexto. O Coelho dos Reis era um homem sério, um coronel burocrata. Mas ficou pouco. Botaram então um capitão chamado Amilcar Dutra de Menezes. Esse era de uma ignorância total e absoluta. Eu tenho a impressão que botaram até como piada. Mas tinha veleidades de literatura.Mas há registros da história da época que falam da preocupação do governo do Estado Novo com os jornalistas...JOEL — Mas isso está no capítulo do suborno; da corrupção. Isentavam o jornalista do Imposto de Renda, o dono do jornal não pagava o papel. Mas tudo isso era o lado corrupto da ditadura.Mas tinha aquele círculo...JOEL — Tinha, mas eram todos de quinta categoria. Tinha, por exemplo, o assessor de imprensa, o que ficava do lado dele, era um homem chamado Hugo Mosca. Está vivo até hoje o pobre do Mosca, bom sujeito, mas era assim uma espécie de "Bobo da Corte" do Getúlio. Era o Gregório de um lado e o Mosca de outro.Não precisava de lei, não tinha Congresso, não havia justiça, não havia nada. É como o Geisel, se quiser mandar prender a mim e a você, manda. Na maior tranquilidade. Como já me prenderam cinco vezes, me prendem a sexta. E o autocrata, compreendeu, é o dono do poder absoluto. Getúlio fazia isso rindo.O Conselho Nacional de Imprensa...JOEL — O Conselho Nacional de Imprensa era o Roberto Marinho. É isto que eu estou dizendo. O Conselho se reunia uma vez por semana.Quem mais fazia parte do Conselho?JOEL — Que eu me lembro, Oséas Bota e o Chateaubriand. Este nunca ia diretamente. Mandava um. Tenho a impressão que era o Astregésilo de Athayde, que é um velho pau pra toda obra. Mas tomando dinheiro do Banco do Brasil e tudo, aquela coisa.A distribuição era feita através do Conselho?JOEL — Tudo ali no Conselho. O Conselho era formado por diretores de jornais. Você veja o papel da imprensa durante o Estado Novo. Foi o mais escabroso possível. Foi a rendição total."Diretrizes" e "Voz Operária", que era dos comunas, aguentaram. O resto se entregou mesmo. E "O Estado de S. Paulo", aquela coisa do Júlio Mesquita, invasão do Estado Novo, compreendeu? E tudo isso não teve graça. Isso precisa ser contado um dia.Mas, a propósito de "Diretrizes", do Samuel Wainer, por que ele...JOEL — Não, a "Diretrizes" fez um papel fabuloso.Pois é, como ele conseguiu driblar a censura?JOEL — Exatamente. Ele conseguiu porque tinha uma grande habilidade. Ele é muito inteligente e chegou um momento que a revista foi fechada. Foi por causa de uma entrevista com o Monteiro Lobato, que não passou pela censura e eu publiquei. Aí fecharam a revista.Mas houve um momento que todo mundo começou a conspirar, nas vésperas do "Manifesto dos Mineiros". E, logo em seguida, a partir de fins de 42, os mineiros começaram a conspirar contra Getúlio, liderados por Virgílio de Melo Franco. Ele se ligou muito a nós. Praticamente era homem de "Diretrizes". Era o homem que traçava a estratégia —recua aqui, avança ali. Ele era muito amigo do Góes Monteiro e estava sempre bem informado.
1960/Folha Imagem


O senador Filinto Muller
Agora, fale sobre os casos de torturas.JOEL — A tortura no Brasil começou depois de 35, depois da repressão violenta, depois da burrada do Prestes. Aquela repressão desfechada pelo Filinto Muller. A coisa virou um acordo. Criou-se o primeiro acordo internacional de torturadores: a Alemanha mandou para cá elementos da Gestapo. Então começou a surgir a tortura científica. Porque até aquela época era na base do cassetete mesmo. Logo depois do golpe a coisa foi terrível, vários morreram, tem gente mutilada.Mas em todo esse episódio, quem ficou com toda a carga, toda apecha da história, foi o Filinto Muller...JOEL — Sim. Mas ele era o chefe. Você vai ver no dia em que fizerem um processo contra a Gestapo. Ele realmente empolgava a Polícia. E de tal maneira ele se imaginou um superministro e achava que acima dele só estava o Getúlio. E desacatou o Vasco Leitão da Cunha, que era o ministro da Justiça em 1943. E, para surpresa dele, o Vasco o prendeu e o pôs fora da polícia. Criou um caso para o Getúlio. O Vasco disse: "Sr. major, recolha-se à sua casa, está preso e destituído".Como é que você vê hoje, já distante, o papel do Exército como sustentáculo do regime?JOEL — Eu acho que é o único responsável. Não o Exército. As Forças Armadas. Não há dúvida. Mesmo durante o Estado Novo, o Exército —Dutra, Góes, essa gente toda, até mesmo o Milton Cavalcanti, que era um integralista— sempre se pôs distante disso, nunca desempenhou um papel policial. Hoje as Forças Armadas estão comprometidas com essa repressão policial. Isso é que é profundamente triste. Porque as classes armadas sempre gozaram da mais alta simpatia junto ao povo, mesmo durante o Estado Novo, devido a sua equidistância, fator de equilíbrio...Eu digo equidistante das manobras políticas do Getúlio. Elas apoiavam, mas era de maneira mais sutil, não tão ostensiva. Colocavam-se em posição de pouco realce. E então o grosso da população, evidentemente, não notava essa participação. Não era nem ostensiva, nem onipresente, nem onisciente. E hoje é. Você pegue por exemplo: onde é que as Forças Armadas, hoje, em que setor da vida brasileira não há predomínio das Forças Armadas? Até nas empresas privadas, ou seja, 60, 50% das empresas têm um coronel, um general, um brigadeiro da reserva...Quer dizer, hoje a presença é total e absoluta, para não falar do Serviço Nacional de Informações, que deve saber mais coisas de mim do que eu mesmo. Se eu quiser disputar, amanhã, qualquer coisa, em suma, uma pretensão qualquer, que dependa da aprovação do SNI, evidentemente que eu não serei nada, nunca. Eu me lembro da segunda vez que fui preso, até hoje não sei porquê, estou doido pra saber, não tenho a menor idéia: eu fiz um depoimento, eu mesmo escrevi, entreguei e de repente me tiram fotografias e pela primeira vez sujei o dedo. Eu e o Carlos Heitor Cony...Quando foi isso?JOEL — Isso foi logo depois de 68, 69, no terror.Voltando um pouco, como foi a questão do Estado Novo, porque hoje em dia se aponta o Exército como o grande beneficiário do Estado Novo, funcionando pelos bastidores...JOEL — Mas é evidente que é. Não haveria o Estado Novo sem o apoio do Exército. Naquele tempo não eram nem as Forças Armadas, era o Exército. Hoje, são as Forças Armadas. Tem a Aeronáutica, que tem poder de fogo, tem a Marinha, que tem poder de fogo. Naquele tempo não dava porque praticamente não existia, era o Campo dos Afonsos, uns teco-teco do CAN (Correio Aéreo Nacional). A Aeronáutica só tinha fama de liberal, era o brigadeiro Eduardo Gomes, aquela coisa. Era o Exército. E, sem o Exército, o apoio do Exército, Getúlio não teria dado o golpe, claro.Houve algum caso de dissidência entre os militares?JOEL — Que eu me lembre, não. O Exército em peso apoiou o Getúlio. Se houve, foi caso sem maior relevância. Houve dissidência civil, de gente do governo. O Osvaldo Aranha, por exemplo, ficou violentamente contra o Estado Novo, deixou de ser ministro e foi ser embaixador em Washington.No caso da censura, como foi que a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) se comportou na época?JOEL — A ABI era o Herbert Moses, homem do Getúlio. Era todo paternal quando falava do Getúlio, um áulico. Onde o Getúlio ia, ele ia atrás, não tinha nenhuma expressão.Bem, quando o Brasil declara guerra, a situação sofre uma mudança radical...JOEL — Mudança muito pouca. A única mudança que sofreu, sob o ponto de vista interno, foi a permissão para se falar mal do Hitler, do Mussolini e do Hiroito. Somente.Esse foi o abrandamento?JOEL — Foi o único, o único. Claro, se a gente estava em guerra contra esses cavalheiros, era o mínimo que o governo tinha que permitir, senão era uma fraude. O resto não mudou coisa nenhuma. Abrandou um pouquinho em relação às esquerdas, quando o nosso querido Luís Carlos Prestes, essa cavalgadura, em 1943, depois de o Getúlio declarar guerra ao Eixo, manda um telegrama, da cadeia, onde ele estava confinado desde 36, depois da mulher ter sido exterminada no campo de concentração pelo Himmell, pelo Hitler, ele manda um telegrama de apoio à política - como é que ele chamava? Política, não é realista não - liberal. Apoiar o Getúlio porque tinha declarado guerra. Não foi Getúlio quem declarou. Quem declarou guerra foi o povo na rua, meu Deus do Céu. E tanto assim que no discurso dele ele se virou pro povo e disse assim: "Vocês estão me obrigando a isso". Ele próprio reconheceu. Depois que Prestes passou esse telegrama vergonhosíssimo - uma das coisas mais vergonhosas que eu já vi na minha vida.
18.dez.1964-Acervo UH/Folha Imagem


O presidente Humberto Castelo Branco
Na Itália, acompanhando a FEB, como foi?JOEL — Bom, havia duas alas. O comandante da FEB era um homem muito decente, muito honesto, o velho Mascarenhas de Morais, homem sério, compreendeu? Sem grande brilho, mas muito competente, inclusive bom comandante, apesar de um pouco duro. Mas ele era fanaticamente getulista. Ele tinha adoração pessoal pelo Getúlio, era amigo pessoal do Getúlio. Mas havia a ala liberal do Exército. Com essa é que nós correspondentes nos entendíamos melhor. Liberal naquele tempo, né? Era o Cordeiro de Farias, era o Nelson de Melo, o Castelo Branco. Não me lembro do Castelo Branco, apenas que ele procurava a gente pra perguntar se tinha jornal do Rio e gostava de falar com o Rubem Braga sobre Anatole France. Não cheguei a notar o Castelo Branco, não. Talvez lá dentro, mas assim como personalidade, com ponto-de-vista firmado era um homem calado, quieto.Agora um paralelo entre o regime de 37 e esse de 64.JOEL — Bom, eu acho este muito pior. Eu acho este muito pior porque este é consciente. É a ditadura que eles imaginam pra mil anos, porque não é propriamente uma ditadura efêmera. Eles imaginam um Estado, um Reich, que dure eternamente. É o que eles chamam Sistema. É evidente que não vai durar, são os sonhos idiotas. Todo ditador tem desses sonhos: César teve, Napoleão e...Você admite as reformas?JOEL — Ah, as reformas são vigiadas, policiadas e superintendidas, editadas, proclamadas e publicadas pelo Sistema. Nenhuma reforma que arranhe ou que tire um pouco da força centrífuga do Sistema, da força do Poder. Isso não é reforma, bobagens. Reforma de Petrônio Portela, meu Deus do Céu. Eu conheci Petrônio Portela, em 1963, bajulando João Goulart. Ele e Virgílio Távora não saiam daqui do Palácio das Laranjeiras. Na véspera da revolução ele deitou um manifesto e depois recolheu. E eles pensam que a gente perde a memória e não sabe disso. São uns cínicos deslavados. Está aí, eu tenho cópia do manifesto dele. Tenho aí, tenho aqui, guardado, dele e do Lomanto. Fizeram dois manifestos, um contra e outro a favor. Virgílio Távora chamava o Jango Goulart de meu compadre.Como você está vendo o papel da imprensa nessa fase que nós estamos vivendo?JOEL — Está muito bom. Eu estou achando formidável. Não tem dúvida, está perfeito, porque é toda. Quem é que não está contra? Mas a imprensa tem que ter inteligência, a imprensa não vai ficar contra os leitores. Um jornal que apareça aí pra defender o governo não vende 500 exemplares. E, se não vende 500 exemplares, não tem anúncio nem da Coca-Cola, que dá pra todo mundo. Tem que estar, é evidente, não tem saída.

Joel Silveira

São Paulo, terça-feira, 9 de janeiro de 1979
Jornalistas contam a História — 5
5 - O ESTADO NOVO E O GETULISMO
Depoimento de JOEL SILVEIRAao repórter Gilberto Negreiros
A história das ditaduras é também a da resistência ao arbítrio, à prepotência e à sedução do poder. Nesta verdade elementar, um ensinamento profundo: nem sempre a melhor atitude diante do inevitável é ceder e desfrutar. "É lamentável que o exemplo de "O Estado de S. Paulo" não tenha sido imitado pelos outros jornais. Uma reação geral da imprensa teria apressado a queda da ditadura".Quem afirma é Joel Silveira, que aos 18 anos chegava ao Rio de Janeiro e ingressava na imprensa carioca 9 meses antes do golpe desfechado por Getúlio no dia 10 de novembro de 1937.Por paradoxal que tenha sido, o período do Estado Novo permitiu que ele e mais um grupo de jovens jornalistas, em que se destacaram também David Nasser, Edmar Morel e Samuel Wainer, viesse a alcançar a notoriedade na fase da chamada "grande reportagem" dos anos 40. Esta, na realidade, foi a forma encontrada pelos jornais para sobreviver à censura imposta pela ditadura.O resultado dessa transformação imposta pelas circunstâncias foi a valorização do repórter como principal figura da redação, onde até então pontificavam editorialistas e articulistas.Para Joel Silveira, a fama viria com a reportagem "Grã-finos em São Paulo", feita em 1943 para o "Diário da Noite", na qual ele —um sergipano mais para o tipo rude e de sotaque nordestino inescondível— contou suas incursões, disfarçado de "gentleman", pelos salões das famílias quatrocentonas paulistas.No Palácio do Catete, Getúlio Vargas, que tinha pela burguesia um desprezo especial, conta Joel Silveira, "delirava com a reportagem". Lembrando essa faceta do caráter do "chefe do governo", como era chamado Getúlio pelos áulicos do Estado Novo, observa que "todos os ditadores têm seus caprichos".Nem mesmo tendo Getúlio como leitor, Joel Silveira ficou imune ao crivo do DIP. "Quando me inscrevi para seguir com a FEB como correspondente de guerra, eles fizeram de tudo para que eu não embarcasse. A acusação era a de sempre: comunista."
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Proponho que você comece falando sobre como a imprensa recebeu o Estado Novo, o golpe do Estado Novo.JOEL SILVEIRA — Cheguei ao Rio de Janeiro no dia 13 de fevereiro de 1937, eu tinha 18 anos. O Estado Novo foi no dia 10 de novembro, de maneira que o peguei logo no começo. Quando o Getúlio deu o golpe, com o apoio das Forças Armadas, eu já estava no Rio. Recebeu apoio do general Dutra, do general Góes Monteiro e do general Milton Cavalcanti, que era integralista; general Dutra e general Góes Monteiro eram simpatizantes do nazismo. O general Góes Monteiro inclusive foi condecorado por Hitler.Eram simpatizantes.JOEL — Sim. O Góes Monteiro não perdia uma recepção na embaixada alemã. Foi condecorado pelo embaixador. E foi ele que, num dos primeiros atos, baixou a censura total e absoluta à imprensa. E a seguir o DIP foi ampliado, quase que com dimensão de Ministério, e controlado por um teórico do fascismo, chamado Lourival Fontes. Homem fabulosamente inteligente, cultíssimo, mas fascista. Ele mesmo me confessou: "Eu sou fascista". Ele já era fascista há muito tempo, desde 1924/25, quando foi diretor de uma revista chamada "Hierarquia", de orientação fascista, inclusive subvencionada pela embaixada italiana. Isso também ficou provado.Bem, mas ele assumiu o controle total da imprensa. Um ou outro jornal que tentou se rebelar foi imediatamente fechado. Mas a grande imprensa daquele tempo imediatamente aderiu ao Estado Novo. Toda. Com exceção de "O Estado de S. Paulo". É só você pegar as manchetes do dia 28.Mesmo o "Correio da Manhã"?JOEL — O "Correio da Manhã" aderiu, não podia ser contra. Mas os elogios eram magros. O grosso da imprensa ficou do lado do Estado Novo e assim se conservou ou compulsoriamente ou gostosamente. Até que o próprio "Correio da Manhã" rompeu essa asfixia, esse sufoco, com a entrevista do José Américo, feita pelo Carlos Lacerda.Então, eu era secretário do jornal literário "Dom Casmurro", um jornal de propriedade do Brício de Abreu e do Álvaro Moreira. Depois fui repórter e secretário da revista "Diretrizes", um semanário de propriedade do Samuel Wainer. Então, diariamente a gente recebia, lá pelas nove e meia dez horas, um telefonema com aquela vozinha: "Silveira, olha aqui, está falando fulano (geralmente dava só o primeiro nome), não pode sair aquilo, evite comentários...". Eram as coisas mais desagradáveis. Era a briga do Beijo. Vargas que se embriagava no Cassino da Urca, dava um bofetão em alguém e a vozinha: "nenhum comentário sobre a briga do Beijo, heim".E essas ordens da censura eram plenamente acatadas?JOEL — Ah, claro, plenamente. Se a gente não acatasse, eles fechavam. E você vai ver como fecharam "Diretrizes". Está lá o Samuel na "Folha" e pode dizer isso. Mas a gente dizia: um momentinho. Botava o papel na máquina e pedia para repetir a ordem. Datilografava e pregava numa cartolina. Anos seguidos eu guardei aquilo. Você veja que até esse processo de censurar a imprensa foi copiado do Ministério da Cultura Popular do Mussolini.A Constituição do Estado Novo, que dizem ser do Chico Campos, não é. Ele apenas traduziu do polaco. Você lê hoje e é exatamente igual, com uns laivos corporativistas, que era o negócio do Mussolini e do Salazar. Todos eles aqui estavam certos de que o Hitler e o Mussolini, o nazi-fascismo, iam ganhar. O Dutra era um nazista fervoroso, admirador, o Góes Monteiro, a mesma coisa.Ficando por enquanto no DIP, ele exercia também controle sobre a publicidade?JOEL — O DIP exercia um duplo controle: um controle autoritário proibitivo, da censura propriamente dita. E tinha o controle através da corrupção. O caso da isenção para a importação do papel da imprensa. Você importava o papel da Finlândia, do Canadá, mas tudo sob o controle do DIP. E tinha o derrame de dinheiro, que era tentador. Por exemplo, o DIP criou uma série de livros pequenos, tudo sobre o Getúlio: "Vargas e o Teatro", "Vargas e o Cinema", "Vargas e a Literatura". Pagavam um dinheirão, em termos de época. Um pobre intelectual que ganhava, vamos dizer, Cr$ 1.500,00 com a edição de um romance, eles botavam dez mil cruzeiros no bolso dele para escrever quarenta páginas sobre a coisa. Isso era um negócio terrível. Poucos resistiram.Poderia citar alguns nomes?JOEL — Não é bom porque a maioria são meus amigos (sic). A fraqueza humana é terrível. Eu sei, por exemplo, que o Graciliano Ramos resistiu. Osório Borba e Carlos Drummond de Andrade também. Resistiram, particularmente, os intelectuais de esquerda, o pessoal ligado ao Partido Comunista, por motivos conhecidos, né?Sobre essa coisa de corrupção, o Lourival Fontes criou uma revista chamada "Cultura". Uma revista maravilhosamente bem feita, porque ele era muito inteligente, muito culto, escrevia muito bem. Terminou meu amigo, há três ou quatro anos, porque ele é sergipano e eu também. Sergipe tem coisas engraçadíssimas. Veja você, a terra de João Ribeiro, de Tobias Barreto, dois sujeitos liberais, e Silvio Romero, que era um rebelde, deu os dois maiores teóricos do fascismo do Brasil: Lourival Fontes e Jackson Figueiredo. Coisa esquisita, não? Pois bem. O Fontes criou a revista e dava, para cada colaboração, cinco mil cruzeiros, dinheiro da época. E o suplemento literário do "Diário de Notícias", do velho Dantas, pagava duzentos cruzeiros.O mercado de trabalho era limitadíssimo, porque os jornais tinham tudo pronto da Agência Nacional. Vinha tudo mastigado. As redações tinham quatro ou cinco pessoas que faziam o jornal todo. Vinha tudo pronto, com ordem, inclusive, de publicar em tal página, com tal destaque. O DIP chegava ao ponto de dizer que tipo devia ser usado: negrito, corpo 9, à esquerda. Entendeu? E qualquer sinal de rebeldia cortavam o papel e a publicidade. A publicidade o governo controlava, vamos dizer, 60% e ao mesmo tempo intimidava as empresas privadas. Ninguém queria ficar contra o Banco do Brasil. Sob o ponto de vista da censura, eu considero o Estado Novo mais tenebroso, porque não tinha saída. Hoje existe o recurso de você deixar o espaço em branco. Naquele tempo, se fizesse isso, fechavam o jornal.Quando o Lourival Fontes saiu, botaram lá um homem chamado Coelho dos Reis, que era coronel. Quando o Brasil declarou guerra, então, os militares acharam que à frente do DIP não poderia ficar um civil. É aquele negócio, sempre o negócio da segurança nacional. Sempre o velho pretexto. O Coelho dos Reis era um homem sério, um coronel burocrata. Mas ficou pouco. Botaram então um capitão chamado Amilcar Dutra de Menezes. Esse era de uma ignorância total e absoluta. Eu tenho a impressão que botaram até como piada. Mas tinha veleidades de literatura.Mas há registros da história da época que falam da preocupação do governo do Estado Novo com os jornalistas...JOEL — Mas isso está no capítulo do suborno; da corrupção. Isentavam o jornalista do Imposto de Renda, o dono do jornal não pagava o papel. Mas tudo isso era o lado corrupto da ditadura.Mas tinha aquele círculo...JOEL — Tinha, mas eram todos de quinta categoria. Tinha, por exemplo, o assessor de imprensa, o que ficava do lado dele, era um homem chamado Hugo Mosca. Está vivo até hoje o pobre do Mosca, bom sujeito, mas era assim uma espécie de "Bobo da Corte" do Getúlio. Era o Gregório de um lado e o Mosca de outro.Não precisava de lei, não tinha Congresso, não havia justiça, não havia nada. É como o Geisel, se quiser mandar prender a mim e a você, manda. Na maior tranquilidade. Como já me prenderam cinco vezes, me prendem a sexta. E o autocrata, compreendeu, é o dono do poder absoluto. Getúlio fazia isso rindo.O Conselho Nacional de Imprensa...JOEL — O Conselho Nacional de Imprensa era o Roberto Marinho. É isto que eu estou dizendo. O Conselho se reunia uma vez por semana.Quem mais fazia parte do Conselho?JOEL — Que eu me lembro, Oséas Bota e o Chateaubriand. Este nunca ia diretamente. Mandava um. Tenho a impressão que era o Astregésilo de Athayde, que é um velho pau pra toda obra. Mas tomando dinheiro do Banco do Brasil e tudo, aquela coisa.A distribuição era feita através do Conselho?JOEL — Tudo ali no Conselho. O Conselho era formado por diretores de jornais. Você veja o papel da imprensa durante o Estado Novo. Foi o mais escabroso possível. Foi a rendição total."Diretrizes" e "Voz Operária", que era dos comunas, aguentaram. O resto se entregou mesmo. E "O Estado de S. Paulo", aquela coisa do Júlio Mesquita, invasão do Estado Novo, compreendeu? E tudo isso não teve graça. Isso precisa ser contado um dia.Mas, a propósito de "Diretrizes", do Samuel Wainer, por que ele...JOEL — Não, a "Diretrizes" fez um papel fabuloso.Pois é, como ele conseguiu driblar a censura?JOEL — Exatamente. Ele conseguiu porque tinha uma grande habilidade. Ele é muito inteligente e chegou um momento que a revista foi fechada. Foi por causa de uma entrevista com o Monteiro Lobato, que não passou pela censura e eu publiquei. Aí fecharam a revista.Mas houve um momento que todo mundo começou a conspirar, nas vésperas do "Manifesto dos Mineiros". E, logo em seguida, a partir de fins de 42, os mineiros começaram a conspirar contra Getúlio, liderados por Virgílio de Melo Franco. Ele se ligou muito a nós. Praticamente era homem de "Diretrizes". Era o homem que traçava a estratégia —recua aqui, avança ali. Ele era muito amigo do Góes Monteiro e estava sempre bem informado.
1960/Folha Imagem


O senador Filinto Muller
Agora, fale sobre os casos de torturas.JOEL — A tortura no Brasil começou depois de 35, depois da repressão violenta, depois da burrada do Prestes. Aquela repressão desfechada pelo Filinto Muller. A coisa virou um acordo. Criou-se o primeiro acordo internacional de torturadores: a Alemanha mandou para cá elementos da Gestapo. Então começou a surgir a tortura científica. Porque até aquela época era na base do cassetete mesmo. Logo depois do golpe a coisa foi terrível, vários morreram, tem gente mutilada.Mas em todo esse episódio, quem ficou com toda a carga, toda apecha da história, foi o Filinto Muller...JOEL — Sim. Mas ele era o chefe. Você vai ver no dia em que fizerem um processo contra a Gestapo. Ele realmente empolgava a Polícia. E de tal maneira ele se imaginou um superministro e achava que acima dele só estava o Getúlio. E desacatou o Vasco Leitão da Cunha, que era o ministro da Justiça em 1943. E, para surpresa dele, o Vasco o prendeu e o pôs fora da polícia. Criou um caso para o Getúlio. O Vasco disse: "Sr. major, recolha-se à sua casa, está preso e destituído".Como é que você vê hoje, já distante, o papel do Exército como sustentáculo do regime?JOEL — Eu acho que é o único responsável. Não o Exército. As Forças Armadas. Não há dúvida. Mesmo durante o Estado Novo, o Exército —Dutra, Góes, essa gente toda, até mesmo o Milton Cavalcanti, que era um integralista— sempre se pôs distante disso, nunca desempenhou um papel policial. Hoje as Forças Armadas estão comprometidas com essa repressão policial. Isso é que é profundamente triste. Porque as classes armadas sempre gozaram da mais alta simpatia junto ao povo, mesmo durante o Estado Novo, devido a sua equidistância, fator de equilíbrio...Eu digo equidistante das manobras políticas do Getúlio. Elas apoiavam, mas era de maneira mais sutil, não tão ostensiva. Colocavam-se em posição de pouco realce. E então o grosso da população, evidentemente, não notava essa participação. Não era nem ostensiva, nem onipresente, nem onisciente. E hoje é. Você pegue por exemplo: onde é que as Forças Armadas, hoje, em que setor da vida brasileira não há predomínio das Forças Armadas? Até nas empresas privadas, ou seja, 60, 50% das empresas têm um coronel, um general, um brigadeiro da reserva...Quer dizer, hoje a presença é total e absoluta, para não falar do Serviço Nacional de Informações, que deve saber mais coisas de mim do que eu mesmo. Se eu quiser disputar, amanhã, qualquer coisa, em suma, uma pretensão qualquer, que dependa da aprovação do SNI, evidentemente que eu não serei nada, nunca. Eu me lembro da segunda vez que fui preso, até hoje não sei porquê, estou doido pra saber, não tenho a menor idéia: eu fiz um depoimento, eu mesmo escrevi, entreguei e de repente me tiram fotografias e pela primeira vez sujei o dedo. Eu e o Carlos Heitor Cony...Quando foi isso?JOEL — Isso foi logo depois de 68, 69, no terror.Voltando um pouco, como foi a questão do Estado Novo, porque hoje em dia se aponta o Exército como o grande beneficiário do Estado Novo, funcionando pelos bastidores...JOEL — Mas é evidente que é. Não haveria o Estado Novo sem o apoio do Exército. Naquele tempo não eram nem as Forças Armadas, era o Exército. Hoje, são as Forças Armadas. Tem a Aeronáutica, que tem poder de fogo, tem a Marinha, que tem poder de fogo. Naquele tempo não dava porque praticamente não existia, era o Campo dos Afonsos, uns teco-teco do CAN (Correio Aéreo Nacional). A Aeronáutica só tinha fama de liberal, era o brigadeiro Eduardo Gomes, aquela coisa. Era o Exército. E, sem o Exército, o apoio do Exército, Getúlio não teria dado o golpe, claro.Houve algum caso de dissidência entre os militares?JOEL — Que eu me lembre, não. O Exército em peso apoiou o Getúlio. Se houve, foi caso sem maior relevância. Houve dissidência civil, de gente do governo. O Osvaldo Aranha, por exemplo, ficou violentamente contra o Estado Novo, deixou de ser ministro e foi ser embaixador em Washington.No caso da censura, como foi que a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) se comportou na época?JOEL — A ABI era o Herbert Moses, homem do Getúlio. Era todo paternal quando falava do Getúlio, um áulico. Onde o Getúlio ia, ele ia atrás, não tinha nenhuma expressão.Bem, quando o Brasil declara guerra, a situação sofre uma mudança radical...JOEL — Mudança muito pouca. A única mudança que sofreu, sob o ponto de vista interno, foi a permissão para se falar mal do Hitler, do Mussolini e do Hiroito. Somente.Esse foi o abrandamento?JOEL — Foi o único, o único. Claro, se a gente estava em guerra contra esses cavalheiros, era o mínimo que o governo tinha que permitir, senão era uma fraude. O resto não mudou coisa nenhuma. Abrandou um pouquinho em relação às esquerdas, quando o nosso querido Luís Carlos Prestes, essa cavalgadura, em 1943, depois de o Getúlio declarar guerra ao Eixo, manda um telegrama, da cadeia, onde ele estava confinado desde 36, depois da mulher ter sido exterminada no campo de concentração pelo Himmell, pelo Hitler, ele manda um telegrama de apoio à política - como é que ele chamava? Política, não é realista não - liberal. Apoiar o Getúlio porque tinha declarado guerra. Não foi Getúlio quem declarou. Quem declarou guerra foi o povo na rua, meu Deus do Céu. E tanto assim que no discurso dele ele se virou pro povo e disse assim: "Vocês estão me obrigando a isso". Ele próprio reconheceu. Depois que Prestes passou esse telegrama vergonhosíssimo - uma das coisas mais vergonhosas que eu já vi na minha vida.
18.dez.1964-Acervo UH/Folha Imagem


O presidente Humberto Castelo Branco
Na Itália, acompanhando a FEB, como foi?JOEL — Bom, havia duas alas. O comandante da FEB era um homem muito decente, muito honesto, o velho Mascarenhas de Morais, homem sério, compreendeu? Sem grande brilho, mas muito competente, inclusive bom comandante, apesar de um pouco duro. Mas ele era fanaticamente getulista. Ele tinha adoração pessoal pelo Getúlio, era amigo pessoal do Getúlio. Mas havia a ala liberal do Exército. Com essa é que nós correspondentes nos entendíamos melhor. Liberal naquele tempo, né? Era o Cordeiro de Farias, era o Nelson de Melo, o Castelo Branco. Não me lembro do Castelo Branco, apenas que ele procurava a gente pra perguntar se tinha jornal do Rio e gostava de falar com o Rubem Braga sobre Anatole France. Não cheguei a notar o Castelo Branco, não. Talvez lá dentro, mas assim como personalidade, com ponto-de-vista firmado era um homem calado, quieto.Agora um paralelo entre o regime de 37 e esse de 64.JOEL — Bom, eu acho este muito pior. Eu acho este muito pior porque este é consciente. É a ditadura que eles imaginam pra mil anos, porque não é propriamente uma ditadura efêmera. Eles imaginam um Estado, um Reich, que dure eternamente. É o que eles chamam Sistema. É evidente que não vai durar, são os sonhos idiotas. Todo ditador tem desses sonhos: César teve, Napoleão e...Você admite as reformas?JOEL — Ah, as reformas são vigiadas, policiadas e superintendidas, editadas, proclamadas e publicadas pelo Sistema. Nenhuma reforma que arranhe ou que tire um pouco da força centrífuga do Sistema, da força do Poder. Isso não é reforma, bobagens. Reforma de Petrônio Portela, meu Deus do Céu. Eu conheci Petrônio Portela, em 1963, bajulando João Goulart. Ele e Virgílio Távora não saiam daqui do Palácio das Laranjeiras. Na véspera da revolução ele deitou um manifesto e depois recolheu. E eles pensam que a gente perde a memória e não sabe disso. São uns cínicos deslavados. Está aí, eu tenho cópia do manifesto dele. Tenho aí, tenho aqui, guardado, dele e do Lomanto. Fizeram dois manifestos, um contra e outro a favor. Virgílio Távora chamava o Jango Goulart de meu compadre.Como você está vendo o papel da imprensa nessa fase que nós estamos vivendo?JOEL — Está muito bom. Eu estou achando formidável. Não tem dúvida, está perfeito, porque é toda. Quem é que não está contra? Mas a imprensa tem que ter inteligência, a imprensa não vai ficar contra os leitores. Um jornal que apareça aí pra defender o governo não vende 500 exemplares. E, se não vende 500 exemplares, não tem anúncio nem da Coca-Cola, que dá pra todo mundo. Tem que estar, é evidente, não tem saída.