segunda-feira, 22 de junho de 2009

Crise ambiental da terra

QUAL A SITUAÇÃO AMBIENTAL DO PLANETA NESSE INICIO MILÊNIO?
Nós iniciamos o terceiro milênio enfrentando um vasto número de problemas ambientais, que ameaçam não só o equilíbrio ecológico do planeta, como a vida de sua biodiversidade, inclusive a vida humana. Isso nos impõe uma reflexão mais cuidadosa sobre algumas questões existenciais de crucial importância:
Nosso planeta tem condições de superar e sobreviver a esses problemas?
Qual a situação atual do meio ambiente planetário?
Para que possamos refletir sobre tais indagações é importante que façamos uma sintética avaliação dos principais problemas ambientais que nos ameaçam nesse começo de milênio. Impõe-se que nos preocupemos imediatamente, pela relevância e urgência de seu enfoque, uma vez que representam perigo iminente ao planeta, a despeito da existência de inúmeros outros, com os seguintes fatores de degradação ambiental:
-Falta de água;-Desmatamento;-Aquecimento global;-Buraco na camada de ozônio;-Chuva ácida;-Lixo;-Perda da biodiversidade;-Poluição;-Queimadas;-Superpopulação.
Iniciemos nossa avaliação pelos problemas relacionados à carência ou má qualidade da água. Ninguém desconhece a gravidade de tal situação hoje em dia. A princípio observamos que, apesar de a Terra ser um planeta coberto por mais de dois terços de água, quase toda ela é composta por água salgada, de difícil utilização. Sobram apenas 2,5% (dois e meio por cento) de toda a água do planeta sob a forma de água doce, mas considerando-se que a maior parte dessa água se encontra sob a forma de gelo nos pólos, outra grande parte em reservatórios subterrâneos inacessíveis, apenas 0,75% (setenta e cinco centésimos por cento), menos de um por cento, de toda a água pode ser disponibilizada ao uso humano, seja para sua alimentação, para asseio e higiene, para lazer, para a produção rural e para o sustento de rebanhos. E desse volume, 0,70% (setenta centésimos por cento) também se encontram em reservatórios subterrâneos, restando, como águas de superfície, apenas 0,05% (cinco centésimos por cento), a vigésima parte de um por cento de toda a água do planeta.
Segundo relatórios da ONU, datados de 2000, "No ritmo atual de poluição e explosão demográfica, as perspectivas são sombrias. Em 25 anos um terço da humanidade estará morrendo por sede ou contaminação de água. As primeiras vítimas serão moradores de metrópoles e regiões desérticas".
Naturalmente, como vinte e cinco anos representam menos que uma geração, essa perspectiva é aterradora. Em média, por cada três pessoas, uma morrerá por problemas de falta de água, ou em razão de sua contaminação.
A água não só nutre toda forma de vida que se conhece no planeta, como é essencial a todos os processos de existência do homem. Privado de água o ser humano, em poucos dias, perece de sede, inanição e desidratação, ou de outras doenças relacionadas à sua carência.
O homem necessita de água:
- como alimento;- na ingestão direta de líquidos;- nas atividades agrícolas;- na elaboração de alimentos;- em necessidades domésticas;- e nos processos industriais.
O corpo humano é composto de cerca de 70% (setenta por cento) de água e para manter-se funcionando normal e sadiamente necessita que sejam ingeridos, por dia, de dois a três litros de água limpa, saudável e potável, mesmo porque, em período idêntico, pode chegar a perder mais de quatro litros de água, pela transpiração, pela urina, pela respiração e pelas fezes.
Uma das grandes preocupações, em todo o mundo, é o desperdício de água. No Brasil, por exemplo, vemos que enquanto a média ideal de gasto de água por dia por pessoa é de quarenta litros, a média de utilização ultrapassa aos duzentos litros. Além do mais, estima-se que 70% (setenta por cento) de toda a água tratada no país são desperdiçados em vazamentos. Não bastasse isso, o consumo sobe em média 5% (cinco por cento) ao ano – tendendo a aumentar proporcionalmente ao aumento da população, o que equivale ao volume de água de um lago da Usina de Itaipu a cada quatro anos.
O Brasil possui o maior volume de água doce disponível dentre os demais países do planeta, com cerca de 13% (treze por cento) do volume total. Apesar disso, a quase totalidade dessa água se encontra na Região Norte e, de qualquer forma, a situação é preocupante. Recentemente, o brasileiro conviveu com o risco de apagões e com racionamento de luz. Em futuro bastante próximo, provavelmente se sujeitará a racionamento não só de luz, como da própria água.
Os problemas da carência de água, a nível global, ocorrem, principalmente, em razão de distribuição irregular dos reservatórios, de contaminação, da poluição, do desperdício e da maior demanda ocasionada pelo crescimento demográfico e pela ampliação dos rebanhos.
Mais de um bilhão da população mundial, ou seja, mais de um sexto dessa população, não tem acesso à água potável ou tratada, enquanto mais de vinte e cinco mil pessoas morrem por dia por carência de água.
No Brasil, mais da metade dos municípios não possuem água tratada e a água existente é permanentemente contaminada por sujeiras e detritos que a tornam imprestável e até estéril. A poluição dos mananciais, aqui, se dá, principalmente, na região sul, por pesticidas, agrotóxicos e outros produtos químicos; na região sudeste, além dessas causas, as maiores fontes de poluição são dos esgotos industriais e residenciais; no centro, grande problema é causado por metais tóxicos, como o mercúrio usado nos garimpos.
A distribuição irregular de reservatórios e a falta de saneamento básico fazem com que a água chegue a ter um custo bastante elevado em certas regiões do país.
A nível mundial, a questão se agrava, sendo que hoje uma em cada três pessoas padecem de escassez, de doenças ou perecem pela falta ou má qualidade da água e essa proporção em cerca de vinte e cinco anos se inverterá, sendo que em cada três, duas pessoas estarão sofrendo desses males pela mesma causa, falta ou má qualidade da água, segundo dados da Organização das Nações Unidas. Provavelmente, a necessidade de água será, nos próximos anos, a maior causa de guerras e litígios internacionais. Hoje em dia já existem mais de setenta conflitos declarados por causa de água.
No ritmo atual já em 2008, mais da metade da população mundial não disporá de água doce potável.
O problema ambiental seguinte de nossa lista, a ser apontado como alarmante, é o desmatamento. Provavelmente, a maior riqueza de cobertura vegetal do mundo se encontra em nosso País, o que impõe que tomemos medidas preservacionistas imediatas e eficazes, sob pena de amargarmos déficites perigosos de áreas de vegetação, como ocorre com as Filipinas, e outros países do mundo, despidos de quase toda sua cobertura vegetal original.
A maior floresta tropical do mundo, a Amazônica já sofreu, desde 1500, em território brasileiro, onde se encontra mais de sua metade, um desmatamento equivalente a 13% (treze por cento) da área brasileira original. Pior situação se encontra a Mata Atlântica que hoje possui apenas 7,5% (sete e meio por cento) da área existente na época do descobrimento. Os cerrados brasileiros, responsáveis pela maior variedade de vida no país, se resumem, hoje, a apenas 20% (vinte por cento), tendo, no mesmo período, sofrido uma devastação de 80% (oitenta por cento) de sua área.
A Amazônia brasileira é de tal proporção que nela cabe meio continente europeu, mas, nos últimos trinta anos, já foi devastada em cerca de seiscentos mil quilômetros quadrados, área maior que a do território da França. Enquanto isso, por outro lado, a despeito da luta de ambientalistas e órgãos governamentais envolvidos, foram criados apenas cento e vinte e quatro parques na Amazônia brasileira, com áreas de preservação de cerca de minguados sessenta e quatro mil quilômetros quadrados.
Estudos recentes levados a efeito pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e pelo Smithsonian Institution prevêem em uma visão mais otimista uma degradação, de pelo menos 28% (vinte e oito por cento), ou, em uma mais pessimista, de até 42% (quarenta e dois por cento) da Amazônia original nos próximos vinte anos. Hoje, o desmatamento da Amazônia brasileira – responsável por 20% (vinte por cento) de toda a biodiversidade mundial – chega a dezoito mil quilômetros quadrados por ano, o equivalente a um milhão e oitocentos mil Maracanãs, ou quase cinqüenta quilômetros por dia, equivalentes a quase cinco mil Maracanãs, ou mais de dois quilômetros quadrados por hora – o tamanho de uma cidade de porte médio.
Assim como a própria água, e porque há uma interdependência inseparável entre elas, a cobertura vegetal é indispensável à vida do planeta e à vida humana, sendo absolutamente necessária, entre outras coisas:
-como ambiente aos ecossistemas;-para liberar oxigênio, necessário à respiração da maioria dos seres vivos;-para absorver dióxido de carbono;-para sombrear e refrescar;-para reter água na terra e umidade no ar;-para produzir frutos, alimentos e abrigo;-e para proteger o solo da desertificação.
As principais causas da destruição da cobertura vegetal no planeta são as queimadas, a extração comercial desordenada e a ocupação humana, com suas peculiares derrubadas de árvores e limpezas de terrenos para construir, utilizar madeiras em suas habitações e lenha como combustível residencial e industrial, e ampliar áreas pastoris e agrícolas.
A ocupação humana ocorre, em sua maioria, nas beiras de estradas, chegando a atingir até cem quilômetros de suas margens. Além disso, o consumo de madeira cresceu em mais de 60% (sessenta por cento) em apenas quarenta anos, principalmente como lenha nas regiões mais pobres. Com o aumento da pobreza, aumenta o desmatamento para a utilização de madeira.
Outro problema preocupante é o aquecimento global. Aumentos periódicos de temperatura são comuns (em períodos de cerca de cento e vinte mil anos), mas o aquecimento hoje é causado em grande parte pelo modo de vida e ocupação ambiental do ser humano e vai afetar sua existência, de maneira drástica, em curto prazo.
O "efeito estufa" é causado principalmente pelo acúmulo de gás carbônico na biosfera, o que impede a fuga de parte do calor para o espaço. É imprescindível à vida no planeta por manter um aquecimento equilibrado. Sem os gases "efeito estufa" a temperatura média seria em torno de -18º C (dezoito graus Celsius negativos), com dias absurdamente quentes, pela incidência direta do sol, e noites extremamente geladas, pela falta de retenção do calor solar. A intervenção humana nos processos naturais está acelerando esse aquecimento. Desde 1860, época em que se iniciaram medições a respeito, pouco depois do início da era industrial, até o ano de 2000, a temperatura média do globo subiu cerca de um grau.
A concentração desses gases está crescendo de forma e velocidade preocupantes em função da intervenção humana nos processos naturais, principalmente por causa de:
-queima de combustíveis fósseis, na sua maioria petróleo, em carros e indústrias;
-incêndios e queimadas;
-aumento das plantações de arroz e da criação de gado, atividades que depositam metano, óxido nitroso e outros gases na atmosfera.
A emissão de gases dessa natureza deve dobrar neste século XXI, chegando a aumentar a temperatura em até 6.º C (seis graus Celsius), elevando os níveis dos oceanos em proporções gigantescas e causando uma série enorme de catástrofes e prejuízos naturais. Dentre tais prejuízos estarão a morte dos recifes de corais, responsáveis por abrigar e alimentar a maior parte da vida marinha animal, o alagamento de áreas urbanizadas, o aumento no número de furacões, tempestades e outras catástrofes, a morte prematura de seres da biodiversidade mundial pelo excesso de calor ou por afogamento, o aumento das doenças e maiores dificuldades em trata-las, o desmatamento causado pela inundação de áreas verdes, e pela migração de seres humanos e animais para áreas mais elevadas e secas. Como um perverso ciclo vicioso, o aquecimento agravará e será agravado pelas queimadas, pela desertificação, pelo desmatamento, pela diminuição de áreas verdes, com a conseqüente ocupação desordenada, provocando em retorno o aumento da miséria, da fome, e uma inevitável aceleração nos processos de degradação...
É triste e doloroso saber que o ser humano é o principal gerador desses perniciosos acontecimentos e a maior influência em seu descontrole
. Pior: age em amparado em valores artificiais, como poderes político, social e econômico, dinheiro e progresso, aos quais atribui cega e desmesurada importância... Apenas por interesses econômicos os países ricos do mundo não chegam a uma conclusão quanto à contenção da emissão de gases prejudiciais ao efeito estufa. O exemplo mais marcante vem dos Estados Unidos, país que, enquanto é responsável pela emissão de 25% (vinte e cinco por cento) dos gases depositados na atmosfera concorre com apenas 4% (quatro por cento) da população mundial. Mesmo assim, seus dirigentes se negam a assinar o Protocolo de Kioto, que prevê prazos para a redução dessas emissões.
A seguir, vêm os problemas relativos ao desgaste na camada de ozônio que protege a atmosfera terrestre e os fenômenos das chamadas chuvas ácidas. A camada de ozônio, na estratosfera, retém parte dos raios ultravioletas vindos do sol. Os buracos são assim chamados em razão da existência de áreas onde a camada de ozônio é mais rarefeita. Em 1987 foram captadas, por satélites, enormes áreas sobre os pólos onde a camada de ozônio estaria excessivamente rarefeita. Estudos realizados em anos seguintes, principalmente em 1991, descobriram aumentos consideráveis nesses "buracos", com carência de ozônio sobre a Antártida, em área maior que a do continente europeu. Foi também detectada uma elevação substancial na concentração de gases cloro-fluorcarbonados, de larga utilização humana.
Os prejuízos causados pelo excesso de raios ultravioletas nos sistemas vivos do planeta são imensuráveis e desconhecidos. No ser humano, atribuem-se-lhes doenças como câncer e envelhecimento precoce da pele, manchas solares, queimaduras e prejuízos ao sistema imunológico. São temidas, ainda, doenças desconhecidas provocadas por alterações genéticas e pela infiltração de um volume excessivo de raios ultravioletas em níveis mais profundos da pele.
Nos ecossistemas marinhos, há prejuízos aos fitoplanctos, algas unicelulares responsáveis não só pela cadeia alimentar dos oceanos, como por grande emissão de oxigênio. Em todo o mundo vegetal, a incidência excessiva de raios ultravioletas prejudica a fotossíntese e provoca mutações genéticas, alterando estruturas de DNA.
Chuvas ácidas são provocadas por gases provenientes de combustíveis fósseis que se convertem, através de reações químicas na atmosfera, em ácidos nítrico e sulfúrico, aumentando a acidez de cursos de água e das fontes, inclusive dos lençóis freáticos. Esses ácidos, depostos pela chuva ou neve, causam desequilíbrio ao meio ambiente e provocam morte de peixes, da cobertura vegetal, tornam a água imprópria ao consumo, acidificam terras prejudicando o plantio, a germinação e até a evolução de muitas culturas agrícolas. Em um mundo onde a fome aumenta a cada dia, constituem outro fator de redução das reservas alimentícias.
O problema ambiental, dentre aqueles mais graves, que talvez mais se evidencie, é o problema do lixo. Cada brasileiro produz, em média, quatrocentos e quarenta mil quilos de lixo por ano, sendo que o Brasil é responsável pela produção de oitenta e oito milhões de toneladas por ano, ou duzentos e quarenta mil toneladas por dia. Habitualmente, na grande maioria, o lixo recolhido pelos serviços públicos de limpeza, vai para os chamados lixões e para os aterros sanitários. Muitos detritos, por outro lado, acabam sendo jogados a esmo, pela própria população, diretamente no ambiente. Os materiais que compõem o lixo envenenam e poluem terra, água e ar. Vários, mesmo aterrados, chegam a demorar anos, ou até séculos para se decompor...
Em São Paulo, a cidade mais rica do país, existe uma produção diária de mais de treze mil e oitocentas toneladas de lixo por dia, das quais apenas 1% (um por cento) é reciclado; cerca de 92% (noventa e dois por cento) vão para grandes aterros sanitários e 7% (sete por cento) para incineradores e usinas de compostagem. Isso, segundo dados da própria Limpurb. O lixo aterrado é uma bomba de efeito retardado que, em médio prazo, transformar-se-á em sério problema de degradação ambiental. O lixo incinerado, ao contrário, é bomba de efeito imediato, já que os incineradores depositam diretamente na atmosfera vários poluentes e materiais de alta toxidade.
Estima-se que 25% (vinte por cento) da população brasileira depositem o lixo diretamente no ambiente, em terrenos baldios, encostas, cursos de água, estradas de áreas rurais, ruas, etc. Esse lixo, muitas vezes carregado pelas águas de chuvas torrenciais, acaba poluindo e degradando os cursos de água, entupindo esgotos e canalizações e, com isso, provocando enchentes, assoreamento, desvio de cursos, erosão, e muitos outros inumeráveis prejuízos. Mesmo o lixo recolhido, a maioria é depositada a céu aberto, nos chamados lixões, sujeitando-se a queimadas, a ser carregado pelas chuvas, a se espalhar nos ventos, distribuindo não só um fétido mal cheiro na atmosfera, como gases venenosos e fumaça, muitas vezes de alto poder de toxidade, com um evidente e incalculável prejuízo ambiental.
O lixo industrial, habitualmente composto de resíduos extremamente tóxicos, principalmente quando queimados é também causa de grandes problemas ecológicos e é extremamente prejudicial à saúde humana.
Em médio prazo grande risco vem do chamado lixo atômico. O lixo atômico é composto principalmente de plutônio, que leva cerca de meio milhão de anos para perder seu potencial agressivo. A produção anual de plutônio é de cerca de duzentos a duzentos e cinqüenta quilos, sendo que bastariam quinhentos gramas para causar câncer de pulmão em todos os habitantes do planeta. Hoje, os países mais ricos, que são os maiores produtores de energia atômica e seus resíduos, procuram fazer convênios com os países pobres, sujeitando-os a receber lixo atômico ou perigoso. Por causa de riscos dessa natureza, muitos países já possuem leis proibindo o recebimento de lixo perigoso.
Na seqüência dos grandes e catastróficos riscos ambientais em análise, está a perda da biodiversidade, ou seja, a perda dos elementos vivos que o planeta Terra, durante quatro bilhões de ano, cultivou e evoluiu. A biodiversidade estimada no planeta é de cinco a cinqüenta milhões de espécies.
Dessas, apenas cerca de um milhão e quatrocentos mil foram identificadas e catalogadas. Ou seja, há a possibilidade de que existam entre três milhões e seiscentas mil a quarenta e oito milhões e seiscentas mil espécies desconhecidas.
Das espécies conhecidas,
-800 mil são de insetos;-250 mil de vegetais;- 40 mil de vertebrados;-e as restantes são de invertebrados, algas, fungos e microorganismos.
No Brasil, grande paraíso da biodiversidade mundial, encontram-se dez a 20% (vinte por cento) de todas as espécies existentes no planeta. No entanto, esse imenso tesouro de vida, essa imensa riqueza de material genético e orgânico, essa fonte abundante de elementos medicamentosos e alimentícios, está sendo destruída em larga escala, dentre alguns outros fatores, principalmente por queimadas, desmatamentos, extração mineral e comércio ilegal de espécies.
A velocidade da destruição é tamanha que entre 1500 e 1850 estima-se que uma espécie foi eliminada em cada dez anos;entre 1850 e 1950, esse número saltou para uma espécie por ano.
Em 1990 estima-se que foram eliminadas dez espécies por dia;em 2000, uma espécie por hora ou vinte e quatro por dia. Quantas espécies são eliminadas hoje? Quantasdesaparecerão nos próximos anos? Uma por segundo, talvez.
A gravidade da situação é tamanha que, de 1975 a 2000, ou seja, em apenas vinte e cinco anos, foram extintas 20% (vinte por cento) das espécies vivas do planeta.
De 1950 a 2000, em cinqüenta anos, foi eliminado 1/5 (um quinto) das florestas tropicais. Hoje,mais de 14% (quatorze por cento) das espécies vegetais estão em extinção. 2/3 (dois terços) das nove mil e seiscentas espécies de aves, 11% (onze por cento) das quatro mil e quatrocentas espécies de mamíferos encontram-se em perigo iminente de desaparecimento; 1/3 (um terço) de todas as espécies de peixes estão sob ameaça e 11% (onze por cento) correm risco de extinção.
Um outro fantasma que paira sobre o planeta, ameaçando-o, é a poluição em suas múltiplas facetas: poluição atmosférica, das águas, sonora, visual.
Quanto à poluição atmosférica, desde o início da revolução industrial – por volta de meados do século dezoito – duzentos e setenta e um bilhões de toneladas de carbono foram depositadas na atmosfera. No curto período dos últimos cinqüenta anos, apenas os Estados Unidos lançaram cento e oitenta e seis bilhões de toneladas.
Todo esse excessivo volume de carbono lançado na atmosfera tem causado, sérios problemas, como o acréscimo excessivo dos gases "efeito estufa", a deposição de resíduos tóxicos nas bacias hidrográficas e o venenoso e altamente tóxico "smog" - uma massa de ar estagnado composto por uma mistura de diversos gases, vapores de ar e fumaça. Hoje em dia são corriqueiros os casos de internações hospitalares e até mesmo de óbitos de crianças, de animais domésticos, de pessoas idosas ou com doenças cárdio-respiratórias, intoxicados pelo ar poluído.
Nos grandes centros urbanos 80% (oitenta por cento) da poluição atmosférica vêm dos escapamentos de veículos com motores de combustão, sendo que os outros 20% (vinte por cento) se originam de fábricas, de incineradores de lixo, de incêndios, etc. A queima de combustível fóssil é, portanto, o maior poluidor da atmosfera dos centros urbanos. Essa aterradora realidade permanece oculta, de forma premeditada, por interesses econômicos escorados na riqueza movimentada pelo comércio do petróleo.
A poluição das águas é causada principalmente por lixo urbano e industrial, esgotos urbanos e industriais, deposição de detritos e diversas formas de sujeiras, mercúrio dos garimpos, resíduos de baterias e pilhas e agrotóxicos, pesticidas e outros produtos químicos aplicados desordenadamente em lavouras, na pecuária e no combate a pragas e parasitas.
Grande fator de poluição das águas marinhas e dos litorais, desequilibrando a vida que ali existe e a dos demais seres que dela se servem como alimento, são os vazamentos de petróleo, de plataformas de extração, de canalizações ou de navios transportadores.
A seu turno, a poluição sonora, com níveis de pressão acima daqueles indicados para o nosso organismo, comum em quase todos os cantos das cidades de grande e médio portes, provoca estresse, distúrbios físicos, mentais, psicológicos, insônia, deficiência auditiva, altera a pressão arterial, causa problemas digestivos, provoca má irrigação sangüínea da pele e até impotência e frigidez sexual
A poluição do solo vem principalmente da deposição de lixos e resíduos e da excessiva e má utilização de agrotóxicos e algumas formas de adubo. Afeta ao mesmo tempo a água, o solo e a atmosfera.
A poluição visual prejudica a qualidade de vida das pessoas, ofende sua integridade psíquica, causando nervosismo, cansaço e mal estar e confunde alguns animais, prejudicando profundamente seus hábitos, interferindo em seus processos de acasalamento, de procriação e de sobrevivência.
Outra fonte de degradação ambiental preocupante, são as queimadas. As queimadas, principalmente as rurais, mas também as urbanas, são responsáveis em grande parte pela perda da biodiversidade, destruindo animais, seus habitats e grande variedade de plantas. Grandes riquezas naturais são permanentemente perdidas no meio das cinzas das queimadas. A prática de limpar campos e áreas urbanas com fogo provoca prejuízos incalculáveis e devastações irrecuperáveis.
As queimadas causam uma vasta gama de prejuízos ambientais e à saúde do ser humano. Nesse último aspecto, em razão dos gases depositados no ar e aspirados, causam doenças respiratórias, asfixias, doenças alérgicas, irritação e outras doenças oculares, doenças de pele, doenças cardiovasculares e uma enormidade de outros incômodos, como mal estar, enjôos, falta de ar, inquietação, irritabilidade, dores de cabeça, fadiga visual, etc.
As queimadas provocam o ressecamento da atmosfera, seja pela deposição direta de gases, seja pelo calor produzido. Dificultam as chuvas; aumentam a poluição do ar, do solo e das águas; acrescem à atmosfera quantidades impróprias de gases efeito estufa, colaborando no excessivo aquecimento global. Deixam na atmosfera resíduos tóxicos provenientes da queima de lixo, de materiais químicos e industriais, tais como borrachas, tintas, plásticos e materiais de construção. Aceleram ou iniciam um processo de desertificação, provocando desmatamentos e deixando áreas enfraquecidas e propícias a erosões. E, além de tudo isso, depois de algum tempo esterilizam o solo, tornando-o impróprio ao cultivo.
O ponto de partida desses grandes problemas ambientais é o aumento irregular e desmedido da população humana no planeta. Atualmente, mais de seis bilhões de habitantes ocupam o planeta. Para 2010, segundo dados do IPV -Índice Planeta Vivo- do Fundo Mundial da Natureza,
estão previstos sete bilhões de habitantes e para 2021, oito bilhões.
Nos últimos vinte e cinco anos a população cresceu em dois bilhões de pessoas; no mesmo período, a cobertura florestal planetária diminuiu 10% (dez por cento); as cem principais espécies que vivem em água doce reduziram-se em 45% (quarenta e cinco por cento); desapareceram 50% (cinqüenta por cento) de todos os mangues e várzeas e houve uma queda de 30% (trinta por cento) nos ecossistemas, em uma proporção de 1,5% (um e meio por cento) ao ano.
Como é fácil de se verificar, o aumento da população é causa de desmatamento para ocupação da área, para utilização de madeira nas construções e como combustível doméstico. Provoca uma maior produção de lixo, o que causa e a conseqüente maior deposição de lixo e resíduos no solo, nos rios e oceanos, eliminando formas de vida. É necessário o aumento das atividades produtivas agrícolas, pecuárias e industriais, para satisfazer o acréscimo populacional. Em um círculo vicioso, há o aumento da emissão de gás carbônico, de incêndios e queimadas, uma maior demanda por habitação e alimentos.
O aumento populacional é mais acelerado nos países e nas regiões mais pobres. Enquanto países desenvolvidos, ou pessoas de médio poder aquisitivo, preocupam-se com o controle e a redução da natalidade, nas faixas de maior pobreza, inclusive pela falta de orientação e educação sexual, há um crescimento desordenado. Por essa razão,
nos próximos trinta anos, os países mais pobres responderão por 90% (noventa por cento) do crescimento populacional.
Segundo o relatório "State of the World", do Worldwatch Institute, "dentro de no máximo uma geração países como Mauritânia, Etiópia e Haiti estarão praticamente sem vegetação por causa da busca de lenha para cozinhar".
Nos últimos quarenta anos, pelo acréscimo da demanda por alimentos, a pesca oceânica saltou de dezoito milhões de toneladas anuais para noventa e cinco milhões. As espécies mais importantes em todas as regiões do globo estão praticamente esgotadas e sem possibilidades de se recuperar, já que a pesca não só persiste, como tem aumentado, paralelamente ao aumento da população.
Estima-se o nascimento de noventa milhões de novos habitantes por ano, o que vai exigir pelo menos vinte e seis milhões de toneladas de alimentos a mais em cada ano, volume que cresce proporcionalmente ao crescimento demográfico. E todo esse alimento tem que ser extraído de um único lugar: nosso planeta. Um planeta devastado, enfraquecido, esgotado, e que aparentemente não tem uma única chance, sequer, de usufruir um descanso, um pausa, para que possa se recuperar e persistir na sagrada missão de manter a vida e permitir que evolua, como vem fazendo há quatro bilhões de anos...
Frente a esse quadro perturbador de degradação é hora de perguntar: DEVEMOS NOS PREOCUPAR COM OS PROBLEMAS AMBIENTAIS DO MUNDO?

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