quarta-feira, 17 de junho de 2009
Sobre a árvore juazeiro
JUAZEIRO (1)Zizyphus joazeiro Mart MÃE DO SERTÃO Por Mylton Severiano Árvore sertaneja, símbolo de resistência, continua verde em plena seca. Proporciona sombra e teto aos viajantes; alimento para rebanhos quando nada mais resta de forragem. Com casca de juazeiro, nordestinos se banham, lavam roupa e escovam os dentes. Em 1877, uma seca se abate sobre o Nordeste. Tão inclemente, que ficará na memória: “a seca dos dois sete”. Num povoado cearense, com duas ruas, meia centena de casas e uma escola, o que resta de verde são três frondosas árvores na frente da capelinha. O recém-chegado padre, homem atarracado, carismático e bem falante, prega que tais árvores, características daquelas paragens, são “uma bênção dos céus”. Tratava-se de três juazeiros, que cresceram juntos – raridade, pois juazeiro em geral é árvore solitária. E o padre era Cícero Romão Batista, o Padim Ciço. Suas palavras, como a sombra dos juazeiros, traziam alívio e esperança ao sertanejo. A árvore das caatingas e dos cerrados, de copa densa, folhuda, é típica do Nordeste brasileiro. Cresce devagar, e pode passar dos cem anos. Sempre viçosa: é planta que os botânicos chamam de perenifólia, ou seja, a folha só cai de velha quando uma nova já nasceu. O nome guarda uma curiosidade: é palavra híbrida, mistura tupi com português. Juazeiro vem de ayuá (fruta dos espinhos em tupi) + (z) eiro (sufixo da língua portuguesa: que contém). Ou seja, árvore que contém a fruta dos espinhos. Eles cobrem os ramos e têm até 4 centímetros de comprimento. Capricho da natureza: impedem que você apanhe o juá, mas ele cai naturalmente quando maduro. É frutinha amarela, redonda, 2 centímetros de diâmetro, doce, apreciada também por pássaros e animais domésticos. Com o juá, donas de casa fazem geléia. Seco, serve para produzir vinho tipo moscatel. Juazeiro não faz questão de muita água; mas, se houver, gosta. E como. Normalmente atinge 10 metros de altura. Mas, onde disponha de mais água, como nas baixadas úmidas e margens de riachos, estica-se até 15 metros – altura de um prédio de cinco andares. Uma utilidade inimaginável para o brasileiro de outras plagas: ponto de referência. Imagine, naqueles descampados, de repente um juazeiro: confirma para o viajante que o rumo que lhe indicaram está certo. Por seu biorritmo, garante a produção de mel nos meses mais secos, novembro e dezembro, quando a maioria das plantas da caatinga e do cerrado se apresenta sem folhas, e sem flores. Onde as abelhas iriam encontrar néctar? Para sorte delas, e do povo, é nessa época que o juazeiro está no auge da floração. FARMÁCIA POPULAR PARA QUE NÃO SERVE? O juá tem vitamina C e sua água amacia a pele. A medicina popular usa a entrecasca do juazeiro macerada, via oral, para tratar má digestão, úlcera gástrica; e o xarope da folha, como expectorante. Pesquisadores provaram que substâncias do juazeiro, dentre outras propriedades, fortalecem o coração e exercem ação relaxante na musculatura lisa da traquéia. O povo usa a infusão ou maceração da casca como antitérmico, contra doenças de pele, caspa, queda de cabelo, seborréia. http://www.almanaquebrasil.com.br/plantando.asp
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