quinta-feira, 16 de julho de 2009

Sobre a mata do crasto

Mata do Crasto (SE) Por Silvio Oliveira(INFONET) - Natureza e história, patrimônio dos sergipanos
Encravada entre áreas de manguezais e faunas fluviais, a Mata do Crasto, no município de Santa Luzia do Itanhy é uma reserva de Mata Atlântica, a pouco mais de 75 km de Aracaju. A reserva fica em propriedade particular, pertinho de pontos turísticos.
16/07/2009 - 15:59
Logo que se chega ao povoado Crasto, município de Santa Luzia do Itanhy, litoral Sul do Estado de Sergipe e distante pouco mais de 75km de Aracaju, percebe-se que a natureza foi generosa com o local. Um vilarejo encravado às margens do encontro dos rios Piauitinga com o Vaza-Barris. Do lado esquerdo, um trapiche datado do início do século XIX dar as boas-vindas aos visitantes. Do lado direito, uma plantação de coqueiros à beira-rio faz sombra para diversas canoas que se perfilam à espera do pescador. Mais ao centro do povoado, um tamarineiro grandioso desenha a praça principal no meio de um vilarejo de casas, tipicamente construídas para abrigar funcionários do trapiche por onde século passado escoava produção de açúcar, gado, cana-de-açúcar e todos os produtos fabricados nos tempos áureos dos engenhos e estâncias do sul de Sergipe.

No alto da montanha, uma igreja secular em ruínas simboliza a presença dos jesuítas na região. O desenho está formado para quem gosta de conhecer um pouco da história de Sergipe, num misto de contato com a natureza, aventura, ecoturismo e descanso, mas não é só o povoado Crasto que é motivo de visitação. A região também guarda a Mata do Crato, uma reserva de Mata Atlântica de pouco mais de 700 hectares, parte do total de 1.700 de uma área particular, que por gerações os mesmos proprietários são os que garantem a integridade da Mata.

Como o município de Santa Luzia do Itanhy se situa num antigo território de engenhos, a mata resistiu às queimadas, as plantações de cana-de-açúcar, também a pecuária e mais recentemente monocultura do côco e transformo-se num Patrimônio Natural de todos os sergipanos e primeira Reserva Particular de Fauna e da Flora do Estado de Sergipe.

A densidade, a altura das árvores e a dificuldade de penetração da luz do sol denunciam logo ao primeiro olhar que a presença do homem predador não se faz presente com constância na área. Uma grande quantidade de cipós se apóia nas árvores dificultando a passagem. Centenárias maçarandubas, jequetibás, embiruçus, muricis e até de liquens e musgos retratam a Mata Atlântica preservada no litoral de Sergipe.

Situada bem pertinho de pontos turísticos como Mangue Seco e a praia do Saco, a área ainda não possui infraestrutura para visitação, nem hospedaria e por se tratar de área de preservação ambiental e particular é necessário pedir autorização para conhecê-la, mas é possível visitá-la sem muito contratempo..

Não é difícil o visitante ver pacas, tatus, pássaros de diversas espécies e primatas, o que atraiu os olhos de caçadores. Constantemente os funcionários da fazenda são surpreendidos por pessoas que retiram da mata sem nenhum critério.

Estudiosos, pesquisadores e visitantes mais aguçados pelo contato com a natureza têm visitado o local. A visita é feita com prévio agendamento com os proprietários e é acompanhado por um funcionário da fazenda, que mora no povoado do Crasto há registros de que pesquisadores americanos já vem sondando a área para observar e fotografar algumas espécies da fauna e flora.

Com um olhar mais aguçado, percebe-se que a Mata do Crasto e desenhada por agronegócios e povoados, isolando-a num ponto do horizonte. Como a Mata do Crasto está cravada numa região de grande interesse turístico e agrícola, a preocupação é a retirada de madeira clandestinamente e disfarçadamente, além da previsão da pavimentação asfáltica e chegada de aparelhos turísticos no local sem se preocupar com o desenvolvimento sustentável.

A grande beleza natural da área atrai os olhares de todos: aqueles que pesquisam e preservam, bem como, os que têm visão turística, porém, a expansão turística com improvisações amadorísticas, sem sustentabilidade, possivelmente será desastroso e terá o efeito reverso. Vale a pena recorrer a estudos técnicos e planejamento sustentável. Só assim o povoado e a Mata do Crasto continuarão sendo patrimônio natural de todos dos sergipanos.

Dicas de viagem

Existe a preocupação de a visitação ser somente de observação. O telefone (79) 3522 1499 para possível agendamento. Raimundo de Andrade Santos, administrador da Fazenda Crasto.

Há uma pequena pousada que também é restaurante no povoado. Os quartos são arejados, com ventilador e banheiro individual. Conversando com o dono, pode-se frtar embarcações e ir até Mangue Seco.

Como chegar

Para se chegar lá, deve-se pegar a BR 101 sentido Bahia. Ao chegar à cidade de Estância, a 56km de Aracaju, mais precisamente no posto Cachoeira, os visitantes devem entrar à esquerda, pegar uma rodovia estadual e percorrer 8 km até o município de Santa Luzia do Itanhy. Segue-se pela sede municipal, e percorre uma estrada de chão batido de 7km até o povoado Crasto.Essa estrada passa por dentro da Mata.

Curiosidade

Em uma área estadual de 22.050 km², apenas 5.750 km² de área é coberta por ecossistemas de Mata Atlântica, compreendendo pontos estanques que vão desde a foz do rio São Francisco até a região de Mangue Seco, divisa com a Bahia. Além da Mata do Crasto (Santa Luzia do Itanhy), existe também uma mata primitiva de grande valor ecológico no município de Capela, região Agreste do Estado, a Mata do Juco.

Também possui remanescentes da mata nos municípios de Pirambu, onde se situa a Reserva Biológica de Santa Izabel; Itabaiana, localizado no Parque Nacional da Serra de Itabaiana e Parque dos Falcões; Estância, Itaporanga D’Ajuda, Pacatuba e Nossa Senhora do Socorro, onde situa a Floresta Nacional do Ibura.

Fotos: Fernando Silva

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