quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Artigo sobre os novos paradigmas da sociedade

O que queremos?
Sociedade sustentável ou desenvolvimento sustentado?
Hilara Cortinhas – 02/11/2008
Enquanto uns se preocupam com o meio ambiente, outros pensam apenas no bolso.
Esta, talvez, seja a razão para vermos que essa meta está em primeira marcha, bem devagar.
Existe a condição de se filosofar em vários modelos de sociedades sustentáveis, firmadas em modos culturais, históricos, de relações com os ecossistemas existentes na biosfera e dos seres humanos entre si. Este paradigma se permeia no reconhecimento da existência da vasta biodiversidade, da diversidade cultural entre os povos como a homogeneização sociocultural imposta pelo mercado capitalista mundial.
A sociedade sustentável parece estar mais próxima da dignidade da pessoa humana, como princípio primeiro do Estado democrático de Direito. Se baseia na noção de que as pessoas, sobretudo as mais pobres, devem ser sujeitos e não objetos do "desenvolvimento". O meio ambiente e o desenvolvimento, são meios e não fins em si mesmos. Assim, podemos nos referir à sustentabilidade dos modos de vida, onde a qualidade de vida passa a ser uma prioridade. É um princípio ético, normativo e, portanto, não existe uma única definição de sistema sustentável.
A sustentabilidade é linear, ilimitada e supõe o infinito dos recursos naturais. Também nos desperta uma consciência de que estamos vivendo num planeta muito extenso, mas que se tornou pequeno devido às suas super-populações, onde os recursos estão se exaurindo, alguns renováveis e outros não.
Hoje, o que temos é um gigante nocivo chamado ser humano. Ele é o principal autor de grandes desastres que o mundo sofreu e ainda sofre, só que hoje, em processo muito mais danoso.
Qual a solução? É a elaboração de um sistema sustentável calculado na medida certa e igualitário no qual todos venham a se beneficiar, ou estão, entraremos num conflito do qual não conseguiríamos mais sair.
Uma sociedade é sustentável quando se organiza e se comporta de tal forma que ela, através das gerações, consegue garantir a vida dos cidadãos e dos ecossistemas na qual está inserida. Quanto mais uma sociedade se funda sobre recursos renováveis e recicláveis, mais sustentabilidade ostenta. Isso não significa que não possa usar de recursos não renováveis. Mas ao fazê-lo, deve praticar grande racionalidade especialmente por amor à única Terra que temos e em solidariedade para com gerações futuras.
A sustentabilidade global requer uma drástica diminuição do crescimento mundial. As sociedades sustentáveis terão populações estáveis, como as que têm hoje em dia 13 países europeus e o Japão. A população mundial deverá se estabilizar no máximo em oito bilhões de pessoas. As economias sustentáveis não serão potencializadas por combustíveis fósseis mas sim por energia solar e suas muitas formas diretas e indiretas; luz solar para aquecimento e eletricidade fotovoltaica; energia eólica e hídrica... e assim por diante. A energia nuclear deixará de ser usada devido a sua longa lista de desvantagens e riscos econômicos, sociais e ambientais.
Portanto, se quisermos nos transformar em uma sociedade sustentável teremos que trabalhar muito para sermos, primeiramente, uma sociedade justa que resolve suas diferenças e problemas, buscando soluções que atendam aos interesses da maioria, sempre na visão do bem comum.
Todo início de mudança é difícil, exige determinação, fé em si e nos outros e, principalmente, saber onde queremos chegar. Ficar acreditando que somos simples expectadores desse processo evolutivo é abrirmos mão de um direito e dever de procurar estar sempre melhorando como pessoa e como sociedade. Somos protagonistas e responsáveis da maior obra da criação divina.
Para viabilizar a sociedade sustentável é imperativo uma nova postura, tanto dos agentes econômicos, que devem passar a incorporar as chamadas externalidades, como dos juristas, que devem criar um conjunto de regras adequadas para tornar efetivas as proposições emanadas das áreas técnicas. Destes – dos juristas – a gravidade do problema recebeu uma resposta rápida, que consagrou o direito a um meio ambiente equilibrado e sadio capaz de proporcionar qualidade de vida, como um direito fundamental do cidadão.

Nenhum comentário: