quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Abacaxi

A CULTURA DO ABACAXI
Nome científico: Ananas comosus L. MerrilFamília: Bromelia ceae Nomes populares: Abacaxi, ananás Nome em inglês: Pineapple Origem: Continente Americano (Brasil e Paraguai)
É fruta brasileira!, afirmam uns. Outros dizem-na de origem paraguaia. Ou indiana. Mas é fato que os tupis articulavam uma palavra - iuaka´ti, formada por iua = fruta e ka´ti = cheirosa, recendente.
Nem é regional, mas nacional, à disposição por toda parte. Além de agradar ao paladar, faz bem à saúde graças a seu recheio de vitaminas, sais minerais, calorias. Há os que consomem a fruta como se remédio fosse. A famacopéia aceitou os ditos da experiência popular e aproveitou a bromelina do abacaxi para o fabrico de xaropes. De seu lado, as cozinheiras e os chefes dos restaurantes famosos recorrem ao abacaxi para o amaciamento de carnes, transformando pescoço em valorizado filé.
E o folclore? Quem não entoou o alegre "O que é que tem coroa e não é rei, tem escama e não é peixe, tem espada e não é general...?" O bem querer do nosso povo pelo abacaxi vem de longes dias. Léry, falando com entusiasmo francês, anotou, quem sabe depois de muito lamber os dedos: "O fruto mais saboroso da América". E já que nos metemos com velhos cronistas, lembremos o bom Gândavo: "Não há fruta neste reino que no gosto lhe faça vantagem".
Por essas e outras deveríamos abolir o mau costume de apontar para pessoas e coisas ruins, acusando: "É um abacaxi!".ESCOLHA DA ÁREA E PREPARO DO SOLO
Os solos para plantio do abacaxi devem ser de textura média (areno-argilosa) ou leve (arenosa), e bem drenados, de preferência planos, com boa profundidade e com pH em torno de 5.0 . Não devem ser sujeitos ao encharcamento. ÉPOCA DO PLANTIO
De preferência, no início da estação chuvosa, o que facilita o pegamento das mudas. Esta indicação não é rígida e o plantio pode ser efetuado durante todo o ano, a depender da umidade do solo, da disponibilidade de mudas e da época que deseja colher o fruto.CULTIVARES (VARIEDADES)
Na escolha da variedade deve-se levar em conta o destino da produção (consumo "in natura" ou indústria). As cultivares mais conhecidas no Brasil são: Pérola ou Branco de Pernambuco, Smooth Cayenne e Jupi. A Smooth Cayenne só tem espinhos nas extremidades das folhas. É a preferida para o mercado externo e para a industrialização, principalmente na fabricação de compotas (fatias em calda).
As variedades Perolera e Primavera são as mais resistentes à fusariose, possuem folhas sem espinhos e frutos de boa qualidade.MUDAS
Mudas sadias e com um comprimento maior do que um palmo (mais de 25cm) devem ser utilizadas. Devem ser escolhidas em plantios onde o número de frutos doentes (podres) tenha sido mínimo. Descartar as mudas que apresentarem o menor sinal de goma. Escolher somente mudas sadias e vigorosas. Os tipos de mudas comumente usados são: coroa, filhote, filhote-rebentão e rebentão.MÉTODO DE PLANTIO
O plantio pode ser feito em covas, sulcos e fendas (plantio inclinado). Não havendo sulcador, pode-se abrir as covas com enxada, pá de plantio tipo havaiano ou com coveadeira (mecanizada).DISPOSIÇÃO DAS COVAS OU SULCOS
O plantio das mudas pode ser feito em filas simples ou duplas; dar preferência ao sistema de fileiras duplas. Em terrenos com declive, dispor as covas ou sulcos em curva de nível.ESPAÇAMENTO E DENSIDADE
A distância entre as plantas pode variar de acordo com a variedade, o destino da produção, o nível de mecanização e outros fatores. Para produção de frutos in natura ou suco, o espaçamento deve ser mais fechado - frutos com peso variando de 1,1-1,5kg. Na produção para industrialização devem ser utilizados espaçamentos maiores (menos plantas por área) - frutos acima de 1,5kg.
Espaçamentos recomendados:
Usar os espaçamentos menores com as variedades sem espinhos nas folhasPLANTIO
Obtidas as mudas, efetuar uma seleção descartando todas aquelas que apresentarem o menor sinal de goma ou podridão. Expor ao sol (uma a duas semanas) para evitar o apodrecimento após o plantio.CUSTOS DE PRODUÇÃO E ANÁLISE DE RENTABILIDADE
- Espaçamento 0,80m x 0,30m (41.600 plantas/ha)
- Espaçamento 0,90m x 0,30m (37.000 plantas/ha)
- VIVEIRO - Espaçamento 0,10m x 0,10m (550.000 mudas/ha)PRODUÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL
- Produção Nacional: Fonte IBGE - Produção Agrícola Municipal, 2002. Consultado em 11/12/2003
- Produção Internacional: SOURCE FAO (2003). Atualizado em 03/02/2004 e consultado em 14/04/2004CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS
A lavoura deve ser mantida livre de plantas daninhas. O controle do mato pode ser feito com capinas manuais (enxada), cultivos à tração animal, uso de cobertura morta e herbicidas recomendados para a cultura, à base de diuron (1,6 a 3,2kg/ha), simazina (2,4 a 3,21/ha), ametrina (2,4 a 3,21/ha) ou outros, aplicados em pré-emergência das plantas daninhas. O uso de herbicidas reduz a mão-de-obra e é o método mais eficiente. O pulverizador deve ser calibrado para garantir a dose correta.
Em áreas infestadas por plantas daninhas de difícil controle (tiririca, capim sapé, grama-seda etc) recomenda-se a aplicação de herbicidas à base de glifosate, na dosagem de cinco a sete litros do p.c./ha, sobre as plantas daninhas, uma a duas semanas antes da aração ou da gradagemCORREÇÃO DA ACIDEZ E ADUBAÇÃO
É conveniente fazer análise do solo das áreas onde os plantios serão implantados e adubados, encaminhando-as para laboratórios competentes. Os adubos devem ser aplicados no solo (junto às plantas) ou nas axilas das folhas basais. Não deixar cair adubo no olho da planta.IRRIGAÇÃO
Na maioria das regiões, as chuvas ocorrem em períodos definidos, com escassez em alguns meses, fazendo com que a irrigação se torne necessária para a cultura do abacaxizeiro.
A quantidade de água recomendada é de 60 a 120 mm/mês aplicada a depender das condições de solo e clima. A cultura deve ser irrigada por todo o ciclo. O abacaxizeiro é tão sensível à falta quanto ao excesso de água.
Os métodos de irrigação mais usados são os de aspersão, pivô central e autopropelido. Micro aspersão e gotejamento podem também ser usados.CONTROLE DE PRAGAS
As pragas mais comuns são a broca do fruto (Thecla basalides) e a cochonilha (Dysmicoccus brevipes), esta última causadora da "murcha do abacaxi".
A broca do fruto é a larva de uma pequena borboleta que ataca a inflorescência do abacaxi, cavando galerias e provocando o aparecimento de uma substância com aspecto de goma. O tratamento pode ser feito com carbaril (260 gramas em 100 litros d’água); paration metílico, diazinon (90 ml/100 1 de água), na base de 30 a 50 ml da solução por planta.
A cochonilha é um inseto pequeno, sem asas, que se apresenta coberto por uma espécie de farinha branca. Seu combate pode ser feito com paration metílico (90 ml/100 1 de água) dimetoato (60 ml/100 1 água) e vamidotion (30 ml/100 1 de água). O tratamento de mudas só é recomendado nos casos de alta infestação de pragas.CONTROLE DE DOENÇAS
A fusariose do abacaxizeiro é a principal doença desta cultura. Para controlar a fusariose, utilizar mudas sadias, selecionar as mudas a fim de eliminar sintomas de fusariose e vistoriar o plantio periodicamente.
A podridão negra é uma doença de pós-colheita. Pode ser controlada das seguintes maneiras: colher os frutos com uma parte do pedúnculo (de aproximadamente 2 cm), evitar ferimentos na superfície dos frutos e, proteger o ferimento resultante do corte na colheita.COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO
A colheita pode ser feita com o auxílio de um facão. Corta-se a haste a uns cinco cm abaixo do fruto. Só colher os frutos quando a cor da casca estiver mudando de verde escuro para bronzeado-amarelado e os frutilhos se tornarem achatados. Frutos para a indústria podem ser colhidos maduros e sem as mudas.CONSORCIAÇÃO DE CULTURAS
O abacaxi pode ser consorciado com feijão, amendoim, quiabo, repolho, tomate e outras culturas de ciclo curto, que são plantadas nas entrelinhas e na mesma época da cultura do abacaxi. O consórcio deve restringir-se aos primeiros seis meses do ciclo do abacaxi.
A FLORAÇÃO NATURAL DO ABACAXIZEIRO
A floração natural precoce é um problema bastante comum. Dificulta o manejo da cultura e a colheita, encarecendo o custo de produção, inviabilizando a exploração da soca (segundo ciclo) e afetando a comercialização do produto.
Por tratar-se de problema intensamente afetado por condições climáticas, até o momento ainda não existem medidas de controle do fenômeno que possam dar a segurança desejada. Encontram-se em fase de pesquisa medidas que visem a evitar ou, pelo menos retardar a floração natural.
Alguns cuidados: evitar que as plantas atinjam porte elevado ou idade avançada; evitar plantios no período de outubro a dezembro, o que é muito comum em regiões com chuvas de verão (Cerrado); evitar a utilização de mudas velhas para os plantios, etc.

O abacaxi [Ananas comosus (L) Merril] é uma autêntica fruta das regiões tropicais e subtropicais, consumido em todo o mundo, tanto ao natural quanto na forma de produtos industrializados. As excelentes características qualitativas dessa fruta refletem na sua importância socioeconômica1.
O mercado internacional de frutas é um mercado em expansão. Em 2002, foram produzidos cerca de 65 milhões de toneladas de frutas, valor resultante de um aumento aproximado de 3 milhões de toneladas desde o último biênio. Nesse período, a América Latina e os Países Caribenhos foram responsáveis por 57% das exportações mundiais das principais frutas tropicais frescas, entre as quais se destacam: manga, abacaxi, mamão papaia e abacate.
Em 2005, esse mercado gerou um volume de US$ 51,3 bilhões, um aumento de aproximadamente 53% em relação a 2002. Os principais mercados de destino das exportações mundiais foram os Estados Unidos, a Comunidade Européia, o Japão, o Canadá e a China (incluindo Hong Kong). Tais países são responsáveis por 86% de toda fruta tropical fresca importada. Em termos percentuais, as taxas de crescimento de importações de frutas são freqüentemente muito elevadas e uniformes para as frutas mais negociadas, tais como mangas e abacaxi.
Durante o mês de dezembro 2007, as exportações do agronegócio totalizaram US$ 4,630 bilhões, o que representou um crescimento de 11,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. As importações cresceram 29,2%, alcançando um valor de US$ 857 milhões. A balança comercial do agronegócio registrou um superávit de US$ 3,772 bilhões. As exportações do agronegócio em 2007 totalizaram US$ 58,415 bilhões, um recorde histórico para o setor. Em relação a 2006, as exportações apresentaram um aumento de US$ 8,992 bilhões, o que significou uma taxa de crescimento de 18,2%. Com isso, as exportações do agronegócio corresponderam a 36,4% das exportações totais brasileiras no período, que foram de US$ 160 bilhões. As importações apresentaram variação anual de 30,2%, totalizando US$ 8,719 bilhões. Como conseqüência, registrou-se um superávit da balança comercial do agronegócio de US$ 49,696 bilhões, também um recorde histórico.
O Brasil é o maior produtor mundial de frutas tropicais e, devido à diversidade de solo e de clima, é possível a produção de frutas de clima temperado e subtropical, produtos com potencial para o mercado externo. Destaca-se na produção mundial de frutas, ocupando a terceira posição, precedida da China e da Índia, com base em estatísticas divulgadas pela Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO).
A fruticultura brasileira vem, ao longo dos anos, se preparando para competir mais ativamente no mercado internacional e para aumentar sua participação na economia do País. Segundo o Instituto Brasileiro de Frutas (IBRAF), em 2005 a fruticultura nacional movimentou US$ 5,8 milhões somente com produtos frescos e US$ 12,2 bilhões quando se consideram todos os derivados das frutas. De acordo com dados de 2005 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a fruticultura brasileira representa algo em torno de 11,5% do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola e 0,625% do nacional.
A produção mundial de abacaxi, em 2006, foi de aproximadamente 18,2 milhões de toneladas2. Cerca de 60% dessa produção concentrou-se nos seis principais países produtores, que são: Tailândia (15%), Brasil (14%), Filipinas (10%), China (8%), Índia (7%) e Costa Rica (7%).
No Brasil, berço da cultura e um dos maiores produtores mundiais, a cultura é economicamente explorada na maioria dos Estados, dando uma importante contribuição à geração de renda e emprego e, portanto, à fixação do homem no campo3.
As regiões Nordeste e Sudeste obtêm o maior cultivo, porém, a planta encontra excelentes condições para o seu desenvolvimento e produção em quase todo o território brasileiro. A região Sudeste participa com 30% da produção nacional de abacaxi e estima-se que na safra de 2008 o Estado de São Paulo atingirá o 4º lugar em produção, com um total de 173.318 mil frutos produzidos. A meso-região de Araçatuba contribuiu, em 2006, com 79% do abacaxi paulista e destes 66% foram produzidos no município de Guaraçaí, representando 52% da produção de abacaxi em São Paulo4.
A participação do Brasil no mercado externo de abacaxi é pequena, apesar de ser um fruto típico das regiões tropicais e subtropicais, e de o País sustentar a segunda maior produção mundial. No entanto, para se ter competitividade no mercado externo, é necessária a oferta de frutos de excelente qualidade.
Qualidade é a palavra-chave no mercado externo de frutas, embora seja pouco entendida no mercado brasileiro, razão pela qual sua exportação é tão baixa. A qualidade de um fruto reúne seus atributos sensoriais, o valor nutritivo e a segurança alimentar que ele oferece5. A qualidade interna dos frutos e suas características físicas são conferidas por um conjunto de constituintes físicos e químicos da polpa, responsáveis pelo sabor e aroma característicos e que são importantes para a sua aceitação final. Sabe-se que condições climáticas, estádios de maturação, diferenças varietais, nutrição mineral das plantas, entre outros fatores, exercem influência acentuada na composição química do abacaxi.
As cultivares Smooth Cayenne e Pérola lideram o mercado brasileiro, e esta última é bastante apreciada para o consumo tanto in natura como industrializados, pois apresentam ótima qualidade organoléptica, decorrente do sabor e aroma característicos, com boa fonte de vitaminas, açúcares e fibra, além de auxiliar no processo digestivo6.
O cultivar Smooth Cayenne é o mais plantado no mundo, correspondendo a 70% da produção mundial, conhecida também por abacaxi havaiano. Suas características de sabor e aroma, com um bom equilíbrio entre acidez e açúcar, tornam o abacaxi muito apreciado nas regiões produtoras e nos países importadores7. De alto valor nutricional, a polpa do abacaxi é energética e contém boas quantidades das vitaminas A, B1 e C.
No Brasil, apesar da importância da cultivar Smooth Cayenne em algumas regiões produtoras, sobretudo no Estado de São Paulo, há um amplo predomínio da cultivar Pérola, variedade quase que exclusivamente brasileira, que representa aproximadamente 80% da produção nacional8.
Há preferência do mercado externo pela cultivar Smooth Cayenne, em função de suas características externas e de coloração da polpa, enquanto o mercado interno prefere a Pérola, por seu sabor mais doce e menos ácido. O abacaxi, por ser uma fruta não-climatérica, o ponto de colheita apresenta uma influência marcante sobre o sabor, principalmente nas cultivares que apresentam acidez mais pronunciada. Além disso, a aplicação do etefon em frutos com maturidade fisiológica incompleta, visando a atender a uma janela de mercado, tem causado efeitos negativos na qualidade organoléptica do abacaxi9.
Atualmente o mercado exige produtos com alta qualidade, que se define com uma série de características que interferem no grau de excelência ou superioridade dos produtos. Uma grande mudança nos padrões de consumo de alimentos vem ocorrendo nas últimas décadas. Tem-se observado que os consumidores estão mais preocupados com a qualidade, quanto à escolha de seus alimentos.
Como a qualidade é um instrumento fundamental para se obter vantagens no mercado, pois é ela que influencia o comportamento do consumidor, é necessário ter informações acerca do produto, de modo que este possa satisfazer as necessidades do consumidor.

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