Publicado em: 25/09/2009 05:45:23Fórum em Defesa de Aracaju e OAB realizam seminário
Em reunião realizada na tarde dessa quarta-feira, 23, o Fórum em Defesa de Aracaju e a Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Sergipe, definiram os últimos detalhes para a realização do seminário “O Plano Diretor e a e a sua interferência na vida do cidadão”.
O seminário será realizado no dia 05 de outubro, às 08:00h, no Auditório da OAB/SE.
As debatedoras serão a Arquiteta Vera Ferreira e a Doutora em Geografia e Professora aposentada da UFS, Vera França. O mediador será o Presidente da OAB/SE, Henri Clay Andrade.
O seminário será aberto a toda população aracajuana e a expectativa da OAB e da Coordenação do Fórum em Defesa de Aracaju é que o seminário sirva para aprofundar o debate sobre a importância do Plano Diretor.
As debatedoras pretendem abordar os conceitos e os temas mais importantes do Plano Diretor.
Este seminário faz parte da programação de atividades que o “Fórum em Defesa de Aracaju – Qual modelo de cidade você quer?” pretende realizar até o início da tramitação dos projetos de lei do Plano Diretor na Câmara Municipal.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Frases de Sabedoria
A cada minuto que ficamos zangados, perdemos sessenta segundos de felicidade .“ (Thomaz Overbury)
“Grande parte da vitalidade de uma amizade reside no respeito pelas diferenças, e não apenas em desfrutar das semelhanças.” (James Fredericks)
"A leitura de um bom livro é um diálogo incessante em que o livro fala e a alma responde.“ (André Maurois)
"Amo as pessoas que vivem ao meu redor. Amo a alegria e, por isso, a encontro junto a mim. Amo a amizade e, por isso, colho estrelas.“ (Phil Bosmans)
"A vida nos ensinou que o amor não consiste em olhar um para o outro, mas sim olhar juntos para fora na mesma direção." ( Antoine de Saint Exupéry )
"Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem!" (Mario Quintana)
"A suprema felicidade da vida é a convicção de ser amado por aquilo que você é; ou, mais corretamente, de ser amado apesar daquilo que você é." ( Victor Hugo )
"A medida do amor é amar sem medida." ( Santo Agostinho )
"A caridade é o processo de somar alegrias, diminuir males, multiplicar esperanças e dividir a felicidade para que a Terra se realize na condição do esperado Reino de Deus." ( Emmanuel )
"O que nós somos é o presente de Deus a nós. O que nós nos tornamos é nosso presente a Deus." ( Eleanor Powell )
"A busca de Deus é a busca da alegria. O encontro com Deus é a própria alegria." ( Santo Agostinho )
"É apenas com o coração que se pode ver direito; o essencial é invisível aos olhos." ( Antoine de Saint Exupéry )
"Acho impossível que um indivíduo contemplando o céu possa dizer que não existe um Criador. " (Abraham Lincoln)
"O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer." ( Albert Einstein )
"Se você quer transformar o mundo, mexa primeiro em seu interior."( Dalai Lama )
“Dai-me Senhor, a perseverança das ondas do mar, que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo avanço”. (Gabriela Mistral)
“Aprendi com as primaveras a me deixar cortar para poder voltar inteira”. (Cecília Meireles)
“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores” (Cora Caralina)
"O tempo pode apagar lembranças de um rosto, um corpo, mas jamais apagará lembranças de Pessoas que souberam fazer de pequenos instantes, grandes momentos."
"A possibilidade de realizarmos um sonho é o que torna nossa vida interessante." (Paulo Coelho)
O verdadeiro caminho da sabedoria pode ser identificado por apenas três coisas: precisa ter amor, deve ser prático, e pode ser trilhado por qualquer um. (Paulo Coelho)
É preciso correr riscos, seguir certos caminhos e abandonar outros. Nenhuma pessoa é capaz de escolher sem medo. (Paulo Coelho)
Às vezes um acontecimento sem importância é capaz de transformar toda a beleza em um momento de angústia. Insistimos em ver o cisco no olho, e esquecemos as montanhas, os campos e as oliveiras. (Paulo Coelho)
Quem conhece a felicidade não consegue mais aceitar humildemente a tristeza. (Paulo Coelho)
Quando alguém encontra seu caminho, precisa ter coragem suficiente para dar passos errados. As decepções, as derrotas, o desânimo são ferramentas que Deus utiliza para mostrar a estrada. (Paulo Coelho)
Uma coisa é você achar que está no caminho certo, outra é achar que o seu caminho é o único. Nunca podemos julgar a vida dos outros, porque cada um sabe da sua própria dor e renúncia. (Paulo Coelho)
O medo de sofrer é pior do que o próprio sofrimento. E nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca de seus sonhos. (Paulo Coelho)
"Se algum dia tiver que escolher entre o mundo e o Amor...Lembre-se: se escolher o mundo ficará sem Amor,mas se escolher o Amor, com Ele conquistará o mundo" Albert Einstein
Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol. (Pablo Picasso)
A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nos enquanto vivemos. (Norman Cuisins)
Faz a tua ausência para que alguém sinta a tua falta. Mas não prolongue demais para que esse alguém não sinta que pode viver sem você. (Flóra Cavalcanti)
O homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar. (Charles Chaplin)
Amar é encontrar na felicidade de outrem a própria felicidade. (Gottfried Leibnitz)
Amar é encontrar na felicidade de outrem a própria felicidade. (Gottfried Leibnitz)
A flor que me oferecestes, cheirava a mel (Cora Coralina)
Sejas forte, não como o vento que a tudo destrói, mas como a rocha que a tudo suporta
"Digno de admiração é aquele que tendo tropeçado ao dar o primeiro passo, levanta-se e segue em frente." ( Carlos Fox)
"As reticências são os três primeiros passos do pensamento que continua por conta própria o seu caminho" ( Mário Quintana )
"Assim como a semente traça a forma e o destino da árvore, os teus próprios desejos é que te configuram a vida." (Emmanuel)
"Aqueles que amamos nunca morrem; apenas partem antes de nós." (A. Nervo)
" Me ame quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso" (Provérbio chinês")
"O amor é a melhor música na partitura da vida. Sem ele você será um eterno desafinado no imenso coral da humanidade." (Roque Schneider )
"A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para a frente."
"Muitas pessoas perdem as pequenas alegrias enquanto aguardam a grande felicidade.“ (Pearl S. Buck
"Nunca ande pelo caminho traçado, pois ele conduz somente até onde os outros foram." (Grahan Bell)
"Sempre há um pouco de loucura no amor, porém sempre há um pouco de razão na loucura".(F. Nietzshe)
"Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: Nem ele me persegue, nem eu fujo dele, um dia a gente se encontra" (Mário Lago)
“Ha pessoas que nos falam e nem as escutamos; há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam. Mas há pessoas que, simplesmente, aparecem em nossa vida e que marcam para sempre...(Cecília Meireles)
"O amor é a força mais abstrata, e também a mais potente, que há no mundo" (Mahatma Gandhi)
O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. (Fernando Pessoa)
"Corajoso não é aquele que decide suicidar-se para mostar que tem coragem, mas aquele que opta por viver e enfrentar todos os obstáculos da vida!" (Carol)
“Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ame por admiração, pois um dia você se decepciona...Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação!!!"
Amo a liberdade, por isso...Deixo as coisas que amo livres ...Se elas voltarem é porque as conquistei, ...Se não voltarem é porque nunca as possuí. (John Lennon)
Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira (Che Guevara}
Amor é quando as diferenças não são mais capazes de separar. (J. de Bourbon Busset)
O amor não é apenas um sentimento:é também uma arte. (H. de Balzac)
O que há de admirável no amor é que quando um se dedica ao outro, esquecem-se de si mesmos.(M Corday)
Amor masculino é singular; feminino é plural. (C. Aveline
O amor é sempre a inquietação de quem ama. (M. Achard)
"Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho." (Gandhi)
"Nada que é feito com amor é pequeno ou sem valor." (J. Hamilton M. César)
"O rio somente alcança seus objetivos porque aprendeu a superar os obstáculos; seja como ele." (Lenira Poli)
"Uma criança é o amor que se tornou visível." (Novalis)
"O futuro pertence aqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos." (Eleanor Roosevelt)
"Duas coisas indicam fraqueza: calar-se quando é preciso falar, e falar quando é preciso calar-se." (Provérbio Persa)
"Em vão buscaremos ao longe a felicidade. se não a cultivarmos dentro de nós mesmos." (Rousseau)
"Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente." (Shakespeare)
O Sorriso é algo muito precioso para ficar oculto em seu rosto!" (Nívea Motta)
" O verdadeiro amigo é aquele que aparece quando todos já foram embora! "
"Se você viver cem anos eu quero viver cem anos menos um dia, assim nunca terei de viver sem você"- Winnie Pooh.
"O amor e a verdade estão unidos entre si, como as faces de uma moeda. É impossível separá-los. São as forças mais abstratas e mais poderosas desse mundo." (Mahatma Gandhi)
"Que a nossa mensagem seja a nossa própria vida." (Mahatma Gandhi)
"Se cada um dos seus dias for uma centelha de luz, no fim da vida você terá iluminado uma boa parte do mundo." (Merlo)
"É no coração do homem que reside o princípio e o fim de todas as coisas" (Tolstoi)
"Celebrar a vida é somar amigos, experiências e conquistas, dando-lhes sempre algum significado"
"O maravilhoso da fantasia é nossa capacidade de torná-la realidade"
"Quem não pode o que quer, queira o que pode" (Leonardo da Vinci)
"As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes"
"Se nós não tivéssemos defeitos, não teríamos tanto prazer em notá-los nos outros" (La Rochefoucauld)
"Se deres as costas à luz, nada mais verás além do que tua própria sombra..."
"O vôo até a Lua não é tão longo. As distâncias maiores que devemos percorrer estão dentro de nós mesmos"
"Mire as suas metas na lua. Porque, se você errar, ainda vai estar entre as estrelas.
"-Quando o hoje, for para você, apenas uma lembrança, tenha certeza que o meu coração, será seu, eternamente."
"Quando se ama de verdade, nem sempre a reciprocidade é tudo, o importante é que o ser amado, esteja infinitamente Feliz."
"Não preciso me drogar para ser um gênio; Não preciso ser um gênio para ser humano; Mas preciso do seu sorriso para ser feliz." Charles Chaplin
"As pessoas entram em nossas vidas por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem."
"Se cada vez que eu pensasse em você, caísse um pedacinho de mim: - epa!... cadê eu?"
"Covarde não é aquele que chora por amor, e sim aquele que não ama por medo de chorar."
"As mais lindas coisas da vida, não podem ser vistas nem tocadas mas sim sentidas pelo coração"
"Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente." Maurício Ceolin
" Eu me sentia derrotado por não ter sapatos, até que certo dia encontrei um homem que não tinha pés " Harols Abbott
"Se os homens fossem bondosos, verdadeiros, afáveis, íntegros e sagazes...Então teríamos o paraíso na humanidade..." Confúcio
"Nos olhos do jovem arde a chama. Nos do velho brilha a luz." (Victor Hugo)
"A mentira que beneficia vale mais do que a verdade que molesta."
"Não existe nada de completamente errado no mundo, mesmo um relógio parado, consegue estar certo duas vezes por dia." (Paulo Coelho)
"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena." (Fernando Pessoa)
"Não mostre ao seu Deus o tamanho do seu problema, mostre ao seu problema o tamanho do seu Deus."
" As quatro coisas que não voltam para trás: A pedra atirada, a palavra dita, a ocasião perdida, e o tempo passado ".
"As melhores coisas da vida, não podem ser vistas nem tocadas, mas sim sentidas pelo coração"
"Se a criança não receber a devida atenção, em geral, quando adulta, tem dificuldade de amar seus semelhantes." (Dalai-Lama)
"Quando morremos, nada pode ser levado conosco, com a exceção das sementes lançadas por nosso trabalho e do nosso conhecimento". (Dalai-Lama)
"A essência de toda a vida espiritual é a emoção que existe dentro de você, é a sua atitude para com os outros". (Dalai-Lama)
"Se o seu coração é absoluto e sincero, você naturalmente se sente satisfeito e confiante, não tem nenhuma razão para sentir medo dos outros". (Dalai-Lama)
"Se você quer transformar o mundo, experimente primeiro promover o seu aperfeiçoamento pessoal e realizar inovações no seu próprio interior." (Dalai-Lama)
"Fale a verdade, seja ela qual for, clara e objetivamente, usando um toque de voz tranqüilo e agradável, liberto de qualquer preconceito ou hostilidade". (Dalai-Lama)
"Mantenham a mente aberta, assim como a capacidade de se preocupar com a humanidade e a consciência de fazer parte dela" (Dalai-Lama)
"Se seus sonhos estiverem nas nuvens, não se preocupe, pois eles estão no lugar certo; agora construa os alicerces"
"A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido. Não na vitória propriamente dita." (Mahatma Gandhi)
“Grande parte da vitalidade de uma amizade reside no respeito pelas diferenças, e não apenas em desfrutar das semelhanças.” (James Fredericks)
"A leitura de um bom livro é um diálogo incessante em que o livro fala e a alma responde.“ (André Maurois)
"Amo as pessoas que vivem ao meu redor. Amo a alegria e, por isso, a encontro junto a mim. Amo a amizade e, por isso, colho estrelas.“ (Phil Bosmans)
"A vida nos ensinou que o amor não consiste em olhar um para o outro, mas sim olhar juntos para fora na mesma direção." ( Antoine de Saint Exupéry )
"Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem!" (Mario Quintana)
"A suprema felicidade da vida é a convicção de ser amado por aquilo que você é; ou, mais corretamente, de ser amado apesar daquilo que você é." ( Victor Hugo )
"A medida do amor é amar sem medida." ( Santo Agostinho )
"A caridade é o processo de somar alegrias, diminuir males, multiplicar esperanças e dividir a felicidade para que a Terra se realize na condição do esperado Reino de Deus." ( Emmanuel )
"O que nós somos é o presente de Deus a nós. O que nós nos tornamos é nosso presente a Deus." ( Eleanor Powell )
"A busca de Deus é a busca da alegria. O encontro com Deus é a própria alegria." ( Santo Agostinho )
"É apenas com o coração que se pode ver direito; o essencial é invisível aos olhos." ( Antoine de Saint Exupéry )
"Acho impossível que um indivíduo contemplando o céu possa dizer que não existe um Criador. " (Abraham Lincoln)
"O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer." ( Albert Einstein )
"Se você quer transformar o mundo, mexa primeiro em seu interior."( Dalai Lama )
“Dai-me Senhor, a perseverança das ondas do mar, que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo avanço”. (Gabriela Mistral)
“Aprendi com as primaveras a me deixar cortar para poder voltar inteira”. (Cecília Meireles)
“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores” (Cora Caralina)
"O tempo pode apagar lembranças de um rosto, um corpo, mas jamais apagará lembranças de Pessoas que souberam fazer de pequenos instantes, grandes momentos."
"A possibilidade de realizarmos um sonho é o que torna nossa vida interessante." (Paulo Coelho)
O verdadeiro caminho da sabedoria pode ser identificado por apenas três coisas: precisa ter amor, deve ser prático, e pode ser trilhado por qualquer um. (Paulo Coelho)
É preciso correr riscos, seguir certos caminhos e abandonar outros. Nenhuma pessoa é capaz de escolher sem medo. (Paulo Coelho)
Às vezes um acontecimento sem importância é capaz de transformar toda a beleza em um momento de angústia. Insistimos em ver o cisco no olho, e esquecemos as montanhas, os campos e as oliveiras. (Paulo Coelho)
Quem conhece a felicidade não consegue mais aceitar humildemente a tristeza. (Paulo Coelho)
Quando alguém encontra seu caminho, precisa ter coragem suficiente para dar passos errados. As decepções, as derrotas, o desânimo são ferramentas que Deus utiliza para mostrar a estrada. (Paulo Coelho)
Uma coisa é você achar que está no caminho certo, outra é achar que o seu caminho é o único. Nunca podemos julgar a vida dos outros, porque cada um sabe da sua própria dor e renúncia. (Paulo Coelho)
O medo de sofrer é pior do que o próprio sofrimento. E nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca de seus sonhos. (Paulo Coelho)
"Se algum dia tiver que escolher entre o mundo e o Amor...Lembre-se: se escolher o mundo ficará sem Amor,mas se escolher o Amor, com Ele conquistará o mundo" Albert Einstein
Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol. (Pablo Picasso)
A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nos enquanto vivemos. (Norman Cuisins)
Faz a tua ausência para que alguém sinta a tua falta. Mas não prolongue demais para que esse alguém não sinta que pode viver sem você. (Flóra Cavalcanti)
O homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar. (Charles Chaplin)
Amar é encontrar na felicidade de outrem a própria felicidade. (Gottfried Leibnitz)
Amar é encontrar na felicidade de outrem a própria felicidade. (Gottfried Leibnitz)
A flor que me oferecestes, cheirava a mel (Cora Coralina)
Sejas forte, não como o vento que a tudo destrói, mas como a rocha que a tudo suporta
"Digno de admiração é aquele que tendo tropeçado ao dar o primeiro passo, levanta-se e segue em frente." ( Carlos Fox)
"As reticências são os três primeiros passos do pensamento que continua por conta própria o seu caminho" ( Mário Quintana )
"Assim como a semente traça a forma e o destino da árvore, os teus próprios desejos é que te configuram a vida." (Emmanuel)
"Aqueles que amamos nunca morrem; apenas partem antes de nós." (A. Nervo)
" Me ame quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso" (Provérbio chinês")
"O amor é a melhor música na partitura da vida. Sem ele você será um eterno desafinado no imenso coral da humanidade." (Roque Schneider )
"A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para a frente."
"Muitas pessoas perdem as pequenas alegrias enquanto aguardam a grande felicidade.“ (Pearl S. Buck
"Nunca ande pelo caminho traçado, pois ele conduz somente até onde os outros foram." (Grahan Bell)
"Sempre há um pouco de loucura no amor, porém sempre há um pouco de razão na loucura".(F. Nietzshe)
"Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: Nem ele me persegue, nem eu fujo dele, um dia a gente se encontra" (Mário Lago)
“Ha pessoas que nos falam e nem as escutamos; há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam. Mas há pessoas que, simplesmente, aparecem em nossa vida e que marcam para sempre...(Cecília Meireles)
"O amor é a força mais abstrata, e também a mais potente, que há no mundo" (Mahatma Gandhi)
O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. (Fernando Pessoa)
"Corajoso não é aquele que decide suicidar-se para mostar que tem coragem, mas aquele que opta por viver e enfrentar todos os obstáculos da vida!" (Carol)
“Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ame por admiração, pois um dia você se decepciona...Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação!!!"
Amo a liberdade, por isso...Deixo as coisas que amo livres ...Se elas voltarem é porque as conquistei, ...Se não voltarem é porque nunca as possuí. (John Lennon)
Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira (Che Guevara}
Amor é quando as diferenças não são mais capazes de separar. (J. de Bourbon Busset)
O amor não é apenas um sentimento:é também uma arte. (H. de Balzac)
O que há de admirável no amor é que quando um se dedica ao outro, esquecem-se de si mesmos.(M Corday)
Amor masculino é singular; feminino é plural. (C. Aveline
O amor é sempre a inquietação de quem ama. (M. Achard)
"Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho." (Gandhi)
"Nada que é feito com amor é pequeno ou sem valor." (J. Hamilton M. César)
"O rio somente alcança seus objetivos porque aprendeu a superar os obstáculos; seja como ele." (Lenira Poli)
"Uma criança é o amor que se tornou visível." (Novalis)
"O futuro pertence aqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos." (Eleanor Roosevelt)
"Duas coisas indicam fraqueza: calar-se quando é preciso falar, e falar quando é preciso calar-se." (Provérbio Persa)
"Em vão buscaremos ao longe a felicidade. se não a cultivarmos dentro de nós mesmos." (Rousseau)
"Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente." (Shakespeare)
O Sorriso é algo muito precioso para ficar oculto em seu rosto!" (Nívea Motta)
" O verdadeiro amigo é aquele que aparece quando todos já foram embora! "
"Se você viver cem anos eu quero viver cem anos menos um dia, assim nunca terei de viver sem você"- Winnie Pooh.
"O amor e a verdade estão unidos entre si, como as faces de uma moeda. É impossível separá-los. São as forças mais abstratas e mais poderosas desse mundo." (Mahatma Gandhi)
"Que a nossa mensagem seja a nossa própria vida." (Mahatma Gandhi)
"Se cada um dos seus dias for uma centelha de luz, no fim da vida você terá iluminado uma boa parte do mundo." (Merlo)
"É no coração do homem que reside o princípio e o fim de todas as coisas" (Tolstoi)
"Celebrar a vida é somar amigos, experiências e conquistas, dando-lhes sempre algum significado"
"O maravilhoso da fantasia é nossa capacidade de torná-la realidade"
"Quem não pode o que quer, queira o que pode" (Leonardo da Vinci)
"As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes"
"Se nós não tivéssemos defeitos, não teríamos tanto prazer em notá-los nos outros" (La Rochefoucauld)
"Se deres as costas à luz, nada mais verás além do que tua própria sombra..."
"O vôo até a Lua não é tão longo. As distâncias maiores que devemos percorrer estão dentro de nós mesmos"
"Mire as suas metas na lua. Porque, se você errar, ainda vai estar entre as estrelas.
"-Quando o hoje, for para você, apenas uma lembrança, tenha certeza que o meu coração, será seu, eternamente."
"Quando se ama de verdade, nem sempre a reciprocidade é tudo, o importante é que o ser amado, esteja infinitamente Feliz."
"Não preciso me drogar para ser um gênio; Não preciso ser um gênio para ser humano; Mas preciso do seu sorriso para ser feliz." Charles Chaplin
"As pessoas entram em nossas vidas por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem."
"Se cada vez que eu pensasse em você, caísse um pedacinho de mim: - epa!... cadê eu?"
"Covarde não é aquele que chora por amor, e sim aquele que não ama por medo de chorar."
"As mais lindas coisas da vida, não podem ser vistas nem tocadas mas sim sentidas pelo coração"
"Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente." Maurício Ceolin
" Eu me sentia derrotado por não ter sapatos, até que certo dia encontrei um homem que não tinha pés " Harols Abbott
"Se os homens fossem bondosos, verdadeiros, afáveis, íntegros e sagazes...Então teríamos o paraíso na humanidade..." Confúcio
"Nos olhos do jovem arde a chama. Nos do velho brilha a luz." (Victor Hugo)
"A mentira que beneficia vale mais do que a verdade que molesta."
"Não existe nada de completamente errado no mundo, mesmo um relógio parado, consegue estar certo duas vezes por dia." (Paulo Coelho)
"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena." (Fernando Pessoa)
"Não mostre ao seu Deus o tamanho do seu problema, mostre ao seu problema o tamanho do seu Deus."
" As quatro coisas que não voltam para trás: A pedra atirada, a palavra dita, a ocasião perdida, e o tempo passado ".
"As melhores coisas da vida, não podem ser vistas nem tocadas, mas sim sentidas pelo coração"
"Se a criança não receber a devida atenção, em geral, quando adulta, tem dificuldade de amar seus semelhantes." (Dalai-Lama)
"Quando morremos, nada pode ser levado conosco, com a exceção das sementes lançadas por nosso trabalho e do nosso conhecimento". (Dalai-Lama)
"A essência de toda a vida espiritual é a emoção que existe dentro de você, é a sua atitude para com os outros". (Dalai-Lama)
"Se o seu coração é absoluto e sincero, você naturalmente se sente satisfeito e confiante, não tem nenhuma razão para sentir medo dos outros". (Dalai-Lama)
"Se você quer transformar o mundo, experimente primeiro promover o seu aperfeiçoamento pessoal e realizar inovações no seu próprio interior." (Dalai-Lama)
"Fale a verdade, seja ela qual for, clara e objetivamente, usando um toque de voz tranqüilo e agradável, liberto de qualquer preconceito ou hostilidade". (Dalai-Lama)
"Mantenham a mente aberta, assim como a capacidade de se preocupar com a humanidade e a consciência de fazer parte dela" (Dalai-Lama)
"Se seus sonhos estiverem nas nuvens, não se preocupe, pois eles estão no lugar certo; agora construa os alicerces"
"A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido. Não na vitória propriamente dita." (Mahatma Gandhi)
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Bacia do Rio Sergipe
Bacia do Rio Sergipe
CARACTERÍSTICAS DA BACIA
Localização: Contando com uma extensão de 210 quilômetros, o Rio Sergipe nasce na Serra Negra,na divisa com o Estado da Bahia, e atravessa o estado no sentido oeste/leste até desaguar no Oceano Atlântico, entre os municípios de Aracaju e Barra dos Coqueiros, perfazendo uma área de 3.673 Km², o que corresponde a 16,70% do território sergipano.
Afluentes: Entre os principais afluentes que compõem a Bacia Hidrográfica, destacam-se pela margem direita os rios Sovacão, Lages, Campanha, Jacoca, Vermelho, Jacarecica e Pitanga Poxim e pela margem esquerda os rios Salgado, Cágado, Ganhamoroba, Parnamirim e Pomomba; a Lagoa dos Mastros, o Açude da Macela, em Itabaiana e as Barragens Jacarecica I e II. Clima: Na Bacia do Rio Sergipe, como todo o Estado, predomina o clima quente, com verão seco. No sertão, que corresponde a 58% da Bacia, o clima é semi-árido, enquanto na parte do agreste, que cobre 24% das terras, é sub-úmido. Na faixa litorânea (18% da área), o clima é classificado como úmido. As chuvas, normalmente, se concentram nos meses de março e agosto. Na grande Aracaju, a precipitação média anual é de 1.333mm e a temperatura média anual é de 25,2%ºC.
Uso do Solo: Ao longo da Bacia predomina a ocupação das terras com pastagem, correspondendo a 46% da área física da Bacia. Este fato torna a pecuária uma atividade econômica de natureza predatória, sendo responsável por grande parte do desmatamento, As matas pouco densas ocupam 22,6% da área, enquanto 18,5% estão ocupadas pelas lavouras; 5,1% por florestas; 2,2% por mangues; 2% por áreas urbanas; 1,6% por vegetação de dunas; 1,3% por superfícies com água e 0,7% por áreas expostas. (SEPLANTEC, 2002).
Municípios pertencentes à Bacia Hidrográfica: A Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe é constituída por 26 municípios, dos quais oito possuem suas terras inseridas integralmente na área da bacia: Laranjeiras, Nossa Senhora Aparecida, Malhador, Riachuelo, Santa Rosa de Lima, Moita Bonita, São Miguel do Aleixo e Nossa Senhora do Socorro. Os demais estão parcialmente inseridos, destacando-se Aracaju, Areia Branca, Barra dos Coqueiros, Carira, Divina Pastora, Feira Nova, Frei Paulo, Graccho Cardoso, Itabaiana, Itaporanga D 'Ajuda, Maruim, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora das Dores, Rosário do Catete, Santo Amaro da Brotas, São Cristóvão, Siriri e Ribeirópolis. Ao longo do seu percurso, 16 outros rios e vários riachos vão lançando suas águas na calha principal do rio, contribuindo para sua formação e culminando no Oceano Atlântico, através de seu extenso estuário.
Principais usos da água: Abastecimento humano através dos rios Pxim, Jacarecica e poços arterianos perfurados na Bacia, atendendo a população urbana e rural. As barragens Jacarecica I e II e o Açude da Macela são importantes reservatórios de água para a irrigação de hortaliças e frutas. As atividades pesqueiras artesanais, aqüicultura, recreação náutica, turismo e transporte hidroviário lignado a cidade de Aracaju aos municípios vizinhos. O crescimento urbano e o desenvolvimento industrial submetem a Bacia à intensa poluição, resultante dos efluentes domésticos e industriais.
Ocupação Urbana: Dos 1.784.475 habitantes do Estado de Sergipe (IBGE, 2000), 1.010.523 habitam a área de influência da Bacia, o que corresponde a 56,6% da população estadual. Aracaju, capital com 461.561 habitantes, representa 45,67% da população residente na Bacia. O Rio Sergipe se constitui num importante curso d 'água para o desenvolvimento econômico do Estado, contribuindo para as atividades econômicas e tornando-se um corredor atrativo para a implantação de empreendimentos nos setores industrial e de agropecuária.
Problemas da Bacia: Os principais problemas hídricos e ambientais da Bacia são: lixeiras a céu aberto; deficiência de sistema de esgoto; desmatamento; contaminação por fontes diversas e irregularidades no abastecimento de água; má qualidade da água; uso intensivo de agrotóxicos; desperdício de água; exploração de areia/argila; queimadas; deficiência de educação ambiental; pesca e caça predatórias e enchentes.
Fonte: Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambientaml CONDURB - Prefeitura de Aracaju
Grande parte dos efluentes industriais, domésticos e agrotóxicos contribui para a degradação da qualidade da água da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. Segundo o Atlas do IBGE, ano 2000, a maioria da população sergipana (76,8%) não é atendida por rede de esgoto. Isto significa que, de alguma forma, o lançamento dos dejetos se dá diretamente nos corpos d 'água, sem nenhum tratamento. Outro fator é a inexistência de aterros sanitários para a disposição adequada do lixo que, geralmente acumulado a céu aberto, acaba poluindo e contaminando os corpos hídricos que deságuam na Bacia.
Ações que podem contribuir para a recuperação da Bacia Hidrográfica:
• Políticas públicas de saneamento básico; • Gestão participativa e democrática das ações, no que diz respeito à Bacia Hidrográfica; • Compromisso, pela iniciativa privada, de tratar os efluentes oriundos da atividade industrial antes de lançá-los ao rio. • Enraizamento do curso de educação ambiental em todos os níveis de ensino; • Mudança de comportamento da população através de uma consciência ecológica; • Empoderamento do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe; • Compromisso dos gestores públicos federais, estaduais e municipais com ações de melhoria da qualidade da ágrua da Bacia.
CARACTERÍSTICAS DA BACIA
Localização: Contando com uma extensão de 210 quilômetros, o Rio Sergipe nasce na Serra Negra,na divisa com o Estado da Bahia, e atravessa o estado no sentido oeste/leste até desaguar no Oceano Atlântico, entre os municípios de Aracaju e Barra dos Coqueiros, perfazendo uma área de 3.673 Km², o que corresponde a 16,70% do território sergipano.
Afluentes: Entre os principais afluentes que compõem a Bacia Hidrográfica, destacam-se pela margem direita os rios Sovacão, Lages, Campanha, Jacoca, Vermelho, Jacarecica e Pitanga Poxim e pela margem esquerda os rios Salgado, Cágado, Ganhamoroba, Parnamirim e Pomomba; a Lagoa dos Mastros, o Açude da Macela, em Itabaiana e as Barragens Jacarecica I e II. Clima: Na Bacia do Rio Sergipe, como todo o Estado, predomina o clima quente, com verão seco. No sertão, que corresponde a 58% da Bacia, o clima é semi-árido, enquanto na parte do agreste, que cobre 24% das terras, é sub-úmido. Na faixa litorânea (18% da área), o clima é classificado como úmido. As chuvas, normalmente, se concentram nos meses de março e agosto. Na grande Aracaju, a precipitação média anual é de 1.333mm e a temperatura média anual é de 25,2%ºC.
Uso do Solo: Ao longo da Bacia predomina a ocupação das terras com pastagem, correspondendo a 46% da área física da Bacia. Este fato torna a pecuária uma atividade econômica de natureza predatória, sendo responsável por grande parte do desmatamento, As matas pouco densas ocupam 22,6% da área, enquanto 18,5% estão ocupadas pelas lavouras; 5,1% por florestas; 2,2% por mangues; 2% por áreas urbanas; 1,6% por vegetação de dunas; 1,3% por superfícies com água e 0,7% por áreas expostas. (SEPLANTEC, 2002).
Municípios pertencentes à Bacia Hidrográfica: A Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe é constituída por 26 municípios, dos quais oito possuem suas terras inseridas integralmente na área da bacia: Laranjeiras, Nossa Senhora Aparecida, Malhador, Riachuelo, Santa Rosa de Lima, Moita Bonita, São Miguel do Aleixo e Nossa Senhora do Socorro. Os demais estão parcialmente inseridos, destacando-se Aracaju, Areia Branca, Barra dos Coqueiros, Carira, Divina Pastora, Feira Nova, Frei Paulo, Graccho Cardoso, Itabaiana, Itaporanga D 'Ajuda, Maruim, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora das Dores, Rosário do Catete, Santo Amaro da Brotas, São Cristóvão, Siriri e Ribeirópolis. Ao longo do seu percurso, 16 outros rios e vários riachos vão lançando suas águas na calha principal do rio, contribuindo para sua formação e culminando no Oceano Atlântico, através de seu extenso estuário.
Principais usos da água: Abastecimento humano através dos rios Pxim, Jacarecica e poços arterianos perfurados na Bacia, atendendo a população urbana e rural. As barragens Jacarecica I e II e o Açude da Macela são importantes reservatórios de água para a irrigação de hortaliças e frutas. As atividades pesqueiras artesanais, aqüicultura, recreação náutica, turismo e transporte hidroviário lignado a cidade de Aracaju aos municípios vizinhos. O crescimento urbano e o desenvolvimento industrial submetem a Bacia à intensa poluição, resultante dos efluentes domésticos e industriais.
Ocupação Urbana: Dos 1.784.475 habitantes do Estado de Sergipe (IBGE, 2000), 1.010.523 habitam a área de influência da Bacia, o que corresponde a 56,6% da população estadual. Aracaju, capital com 461.561 habitantes, representa 45,67% da população residente na Bacia. O Rio Sergipe se constitui num importante curso d 'água para o desenvolvimento econômico do Estado, contribuindo para as atividades econômicas e tornando-se um corredor atrativo para a implantação de empreendimentos nos setores industrial e de agropecuária.
Problemas da Bacia: Os principais problemas hídricos e ambientais da Bacia são: lixeiras a céu aberto; deficiência de sistema de esgoto; desmatamento; contaminação por fontes diversas e irregularidades no abastecimento de água; má qualidade da água; uso intensivo de agrotóxicos; desperdício de água; exploração de areia/argila; queimadas; deficiência de educação ambiental; pesca e caça predatórias e enchentes.
Fonte: Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambientaml CONDURB - Prefeitura de Aracaju
Grande parte dos efluentes industriais, domésticos e agrotóxicos contribui para a degradação da qualidade da água da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. Segundo o Atlas do IBGE, ano 2000, a maioria da população sergipana (76,8%) não é atendida por rede de esgoto. Isto significa que, de alguma forma, o lançamento dos dejetos se dá diretamente nos corpos d 'água, sem nenhum tratamento. Outro fator é a inexistência de aterros sanitários para a disposição adequada do lixo que, geralmente acumulado a céu aberto, acaba poluindo e contaminando os corpos hídricos que deságuam na Bacia.
Ações que podem contribuir para a recuperação da Bacia Hidrográfica:
• Políticas públicas de saneamento básico; • Gestão participativa e democrática das ações, no que diz respeito à Bacia Hidrográfica; • Compromisso, pela iniciativa privada, de tratar os efluentes oriundos da atividade industrial antes de lançá-los ao rio. • Enraizamento do curso de educação ambiental em todos os níveis de ensino; • Mudança de comportamento da população através de uma consciência ecológica; • Empoderamento do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe; • Compromisso dos gestores públicos federais, estaduais e municipais com ações de melhoria da qualidade da ágrua da Bacia.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Tempo de primavera
Tempo de primavera – por Lizaldo Vieira
Quando for o tempo
Da sombra passar
O calor aumentar
A ave depenar
A folhar cair
O colorido acabar
O cinzento na floresta chegar
O frescor do vento demorar
Folhas e sementes secas
Rolarem
Aromas e flores escassearem
E até mesmo que espécies morram
Não é tempo de desanimo
Não será nada estranho
Está previsto nas estações
É cheiro de vida nova
Na mata
No jardim do Éden
Na relva
No rio
E na selava
No nicho da terra
É chegada a estação
Do colorido
Dos odores
Da vida viva
Dos sabores e amores
Do tempero bom de respirar
Ar puro
Festa na floresta
Na praça
No pomar
É a primavera
Desabrochando beleza
Espantando tristeza
Renovando galhos secos
Retorcidos
Jogando o passado para história
É chegada a hora
De brotos e frutos sadios
Novos ventos balançando a biosfera
Anunciar tempos de quimera
Trocar de roupa
Sacudindo as ferrugens
Expurgar fungos
Tempo de soltar velhas penas
Trocar os ninhos
Escamas e peles
Já não será mais tempo de sombra encolhida
A umidade relativa tímida
Vento aquecido
Sol inclemente
Tempo tinindo e fervendo
Mesmo estando com folhas
E flores mortas
Não importa
É chegada a alegria
Das manhãs de setembro
Com o prenuncio da estação das flores
Nas mesmas árvores
No mesmo pomar
Na mesma floresta
No meso arvoredo
Que não ficarão menos verdes
Menos bonitos
Do que na primavera passada
É primavera
Vida rejuvenescida
Ás léguas
“Quando vier a primavera
Se eu já estiver morta
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes
“Que na primavera passada.”
Quando for o tempo
Da sombra passar
O calor aumentar
A ave depenar
A folhar cair
O colorido acabar
O cinzento na floresta chegar
O frescor do vento demorar
Folhas e sementes secas
Rolarem
Aromas e flores escassearem
E até mesmo que espécies morram
Não é tempo de desanimo
Não será nada estranho
Está previsto nas estações
É cheiro de vida nova
Na mata
No jardim do Éden
Na relva
No rio
E na selava
No nicho da terra
É chegada a estação
Do colorido
Dos odores
Da vida viva
Dos sabores e amores
Do tempero bom de respirar
Ar puro
Festa na floresta
Na praça
No pomar
É a primavera
Desabrochando beleza
Espantando tristeza
Renovando galhos secos
Retorcidos
Jogando o passado para história
É chegada a hora
De brotos e frutos sadios
Novos ventos balançando a biosfera
Anunciar tempos de quimera
Trocar de roupa
Sacudindo as ferrugens
Expurgar fungos
Tempo de soltar velhas penas
Trocar os ninhos
Escamas e peles
Já não será mais tempo de sombra encolhida
A umidade relativa tímida
Vento aquecido
Sol inclemente
Tempo tinindo e fervendo
Mesmo estando com folhas
E flores mortas
Não importa
É chegada a alegria
Das manhãs de setembro
Com o prenuncio da estação das flores
Nas mesmas árvores
No mesmo pomar
Na mesma floresta
No meso arvoredo
Que não ficarão menos verdes
Menos bonitos
Do que na primavera passada
É primavera
Vida rejuvenescida
Ás léguas
“Quando vier a primavera
Se eu já estiver morta
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes
“Que na primavera passada.”
sábado, 12 de setembro de 2009
Sobre o cantor - José Augusto - Conhecido como José Augusto "Sergipano" (Honra e glória para o estado de Sergipe)
José Augusto Costa nasceu na Avenida Santa Terezinha, na Baixinha, em Aquidabã - SE, aos 03/10/1936, onde fez os seus primeiros estudos, e depois foi morar em Aracaju, onde concluindo o 2º grau. Em 1953, estudava, e trabalhava na primeira linha de ônibus coletivo de Aracaju. Filho mais novo (seis irmãos) de Maria Adolfina Costa e de Januário Bispo dos Santos. O jovem José Augusto cantava nas festinhas das escolas e festas de aniversários, pois, a sua vocação para cantor aflorou em plena juventude.Gravou mais de duzentas (200) músicas, em 22 LPs, iniciando a sua carreira de cantor, um sonho de menino, na Gravadora Chantecler, os primeiros sucessos de sua vida profissional, gravando também em outras gravadoras. O seu nome "estourou" nos principais programas radiofônicos da capital paulistana, fazendo sucesso retumbante, admirado pelos nordestinos e pelos brasileiros de um modo em geral. Viajou por todo o país fazendo shows, apresentando-se, em palcos dos cinemas (na época os cinemas eram os principais locais para a apresentação dos artistas. Era a voz mais bonita que se tinha conhecido. As emissoras de Aracaju tocavam os seus discos, diariamente, fato que se repetia em todo o Brasil. José Augusto, com uma agenda cheia de compromissos, ao saber da hospitalização da sua genitora, Dona Adolfina, às pressas veio para Aracaju, mas, por exigência do empresário, viajou para dar um Show em Bonfim, na Bahia, agendado anteriormente, sendo vítima de uma colisão automobilística, perto de Feira de Santana, morrendo instantaneamente, na estrada onde ocorreu o sinistro, aos 05/12/1981. O seu corpo foi sepultado, no jazigo da família, no Cemitério de Santa Isabel. Faleceu o grande cantor sergipano, deixando, uma página de saudade.Sombras - 1964O que tem no Post?01 - Sombras02 - Angústia Da Solidão03 - Murmura O Mar04 - Pertinho De Quem Amo Sem Poder Amar05 - O Destino É Culpado06 - Velhas Cartas De Amor07 - Falta De Classe08 - Beijo Gelado09 - Preciso De Alguém10 - Esta Noite Eu Queria Que O Mundo Acabasse11 - A Beira Do Adeus12 - A Grande Serenata13 - Engano De Carteiro14 - Minha Mãezinha
José Augusto Costa nasceu na Avenida Santa Terezinha, na Baixinha, em Aquidabã - SE, aos 03/10/1936, onde fez os seus primeiros estudos, e depois foi morar em Aracaju, onde concluindo o 2º grau. Em 1953, estudava, e trabalhava na primeira linha de ônibus coletivo de Aracaju. Filho mais novo (seis irmãos) de Maria Adolfina Costa e de Januário Bispo dos Santos. O jovem José Augusto cantava nas festinhas das escolas e festas de aniversários, pois, a sua vocação para cantor aflorou em plena juventude.Gravou mais de duzentas (200) músicas, em 22 LPs, iniciando a sua carreira de cantor, um sonho de menino, na Gravadora Chantecler, os primeiros sucessos de sua vida profissional, gravando também em outras gravadoras. O seu nome "estourou" nos principais programas radiofônicos da capital paulistana, fazendo sucesso retumbante, admirado pelos nordestinos e pelos brasileiros de um modo em geral. Viajou por todo o país fazendo shows, apresentando-se, em palcos dos cinemas (na época os cinemas eram os principais locais para a apresentação dos artistas. Era a voz mais bonita que se tinha conhecido. As emissoras de Aracaju tocavam os seus discos, diariamente, fato que se repetia em todo o Brasil. José Augusto, com uma agenda cheia de compromissos, ao saber da hospitalização da sua genitora, Dona Adolfina, às pressas veio para Aracaju, mas, por exigência do empresário, viajou para dar um Show em Bonfim, na Bahia, agendado anteriormente, sendo vítima de uma colisão automobilística, perto de Feira de Santana, morrendo instantaneamente, na estrada onde ocorreu o sinistro, aos 05/12/1981. O seu corpo foi sepultado, no jazigo da família, no Cemitério de Santa Isabel. Faleceu o grande cantor sergipano, deixando, uma página de saudade.Sombras - 1964O que tem no Post?01 - Sombras02 - Angústia Da Solidão03 - Murmura O Mar04 - Pertinho De Quem Amo Sem Poder Amar05 - O Destino É Culpado06 - Velhas Cartas De Amor07 - Falta De Classe08 - Beijo Gelado09 - Preciso De Alguém10 - Esta Noite Eu Queria Que O Mundo Acabasse11 - A Beira Do Adeus12 - A Grande Serenata13 - Engano De Carteiro14 - Minha Mãezinha
ainda sobre ateros de mangues em aracaju
III Encontro da ANPPAS 23 a 26 de maio de 2006 Brasília-DF
Entre a Terra, o Rio e o Mar: A Tradição de Aterros dos Ecossistemas de Manguezais Aracajuanos – Sergipe (1855 – 1923)
Fernanda Cordeiro de Almeida[1] (PRODEMA-SE/UFS) e Eliane Oliveira de Lima Freire[2] (PRODEMA-SE/UFS)
RESUMO: O objetivo deste trabalho é averiguar como os aterros dos ecossistemas de manguezais em Aracaju transformaram-se numa tradição. A prática de aterros, no século XIX, iniciou-se com a transferência da capital, em 1855 e possuiu uma motivação sanitária, devido à insalubridade presente na época, para evitar a proliferação de doenças como o Cholera Morbus e o Impaludismo. Diante das águas pútridas, paradas, focos de moléstias, os presidentes de Província viram-se obrigados a aterrar lagoas, mangues, apicuns e pântanos. Anos mais tarde, em princípios do século XX, os ecossistemas de manguezais e apicuns cederam lugar ao bairro Industrial, localidade em expansão e de grande relevância econômica para a época. A importância deste estudo deve-se ao fato da prática de aterros ser algo comum na capital sergipana, legitimando-se e perpetuando-se até o presente.
O estabelecimento da nova capital
Corria o ano de 1855, era o dia 3 de março, e mais uma vez o Presidente da Província Ignácio Joaquim Barbosa Filho tentava convencer os deputados provinciais do seu grande sonho – a transferência da capital sergipana:
“É mesmo para notar que a Barra do Cotinguiba pela sua posição topographica domina a porção maior e mais rica da Provincia, pois que se pode e deve considerar como tributários della os povoados de Larangeiras, Maroim, Capella, Santo Amaro e outros, visto que ficam no interior de rios que vem desaguar na mesma Barra.[3]”
A sua insistência tinha motivo: a primeira capital possuía como principal via para o escoamento de mercadorias o rio Paramopama, sujeito ao movimento das marés, o que impedia o acesso de navios de cabotagem. Já a nova proposta estava vinculada à Barra do Cotinguiba, vale fértil de Sergipe. Nesta barra desenvolveram-se os mais prósperos engenhos de açúcar da Província de Sergipe Del Rey. A nova capital foi projetada especificamente para substituir a antiga, São Cristóvão, que já não atendia ás necessidades econômicas do lugar. Naquela época, para garantir o seu desenvolvimento, a província de Sergipe necessitava de um porto para o escoamento da sua produção de açúcar e algodão.
Alguns dias depois, em 17 de março de 1855, a capital sergipana foi transferida da cidade de São Cristóvão para o Povoado de Santo Antônio do Aracaju. As primeiras impressões da cidade foram notadas pelo terceiro vice-presidente da Província, o Comendador José da Trindade Prado, em 25 de setembro de 1855. Conforme Prado, a insalubridade vigente à época deveria ser combatida, visto que a moléstia do Cholera Morbus arrebatara alguns representantes locais dentre eles o Presidente Ignácio Barbosa, o próprio comendador e o quarto vice-presidente[4]. Após sete meses da transferência da capital, o empreendedor desta ação e presidente da Província sucumbiu à doença.
É nesse contexto histórico de insalubridade que surge a cidade de Aracaju. Seus habitantes tiveram que conviver com o clima quente e a natureza aquática do local. Segundo Fernando Porto[5], bem pesadas as coisas a segunda capital sergipana nasceu numa ilha, cercada ao leste pela praia, ao norte por mangues, ao oeste por pântanos e ao sul por uma depressão inundável. Ora, diante deste cenário como a nova capital poderia se desenvolver senão por meio de aterros? Para elaborar o plano de urbanização da cidade, Ignácio Barbosa convidou o então Capitão d’Engenheiros Sebastião José Basílio Pirro.
Obcecado pelo uso de linhas retas, Pirro prendeu-se nas malhas de um traçado em tabuleiro de damas, conforme o classicismo imperante no início do século XIX. Por conta da sua obsessão e por falta de conhecimento do caráter físico do terreno da nova cidade, o engenheiro abusou de aterros. Diante da urgência da situação, ele não conseguiu fazer um plano que melhor se adaptasse às condições físicas do lugar e que facilitasse as subseqüentes obras de abertura de ruas, proporcionando melhor aspecto à cidade, evitando grandes aterros e facilitando os serviços de drenagem[6].
Observando a cartografia abaixo, o mapa de Aracaju, em 1855, mostra claramente a situação dos recursos naturais, como mangues e alagadiços. (Fig. 01). A partir do estabelecimento da nova capital, foram necessárias obras para a implantação de órgãos administrativos que não constavam no plano inicial de Pirro (Fig.2). Mediante a sobreposição do mapa e da planta (Figs. 1 e 2) percebe-se que em apenas dois anos o poder público, através de Capitães de Engenheiros e Presidentes de Província, já havia aterrado boa parte do conjunto original de ecossistemas de manguezais aracajuanos[7].
Figura 01 – Reconstituição topográfica aracajuana feita por Fernando Porto.
Figura 02 – Reconstituição da planta original do Engenheiro Pereira da Silva feita por Fernando Porto.
O surgimento de uma tradição
Se, em apenas dois anos de história, muito do patrimônio natural de Aracaju já havia sido devastado, o que dizer de mais cento e cinqüenta anos? A mudança da capital e o estabelecimento da nova cidade foi apenas o ponto de partida da prática de aterros dos ecossistemas de manguezais. Isto compreende a perpetuação de uma prática que destrói, mata e elimina para sempre os ricos conjuntos de manguezais presentes no litoral aracajuano há milhares de anos.
A tradição de aterros não ocorreu repentinamente. Após o estabelecimento da nova capital e a sua conseqüente expansão territorial, novas obras de urbanização, drenagem e saneamento das ruas foram empreendidas. Estas duas últimas foram feitas através de aterros. De acordo com a documentação pesquisada[8], essa medida pretendia diminuir a insalubridade presente em muitos pontos da cidade e promover o embelezamento da mesma. Os principais alvos foram lagoas, pântanos, depressões inundáveis, charcos, manguezais e apicuns.
Os aterros, no passado, foram efetuados pela iniciativa pública, por meio de obras comandadas pelos Presidentes da Província de Sergipe. Já na atualidade, têm como principal promotora a iniciativa privada através da especulação imobiliária. Assim, a prática constitui um expediente corriqueiro, transitando pelas diversas classes sociais, desde os mais desprovidos economicamente, que constroem seus casebres sobre os mangues, até os mais abastados, que constroem suntuosas mansões à beira dos rios. Por apresentar esta continuidade temporal, atingindo os diferentes níveis sociais, a prática de aterros de manguezais em Aracaju pode ser considerada uma tradição.
Conforme o historiador inglês Eric Hobsbawm[9], o termo “tradição inventada” engloba dois tipos de tradições, tanto as realmente inventadas, construídas e formalmente institucionalizadas, quanto as que surgiram de maneira mais difícil de localizar, num período limitado e determinado de tempo. Ainda na visão de Hobsbawm, “tradição inventada” refere-se a um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras tácitas ou abertamente aceitas: tais realizações visam a inculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição, o que implicaria, automaticamente, uma continuidade em relação ao passado.
Os sociólogos Boudon e Bourricaud ponderam:
“A concepção corrente da tradição, que destaca seus aspectos estritamente reprodutivos, deve, portanto, ser substituída por uma concepção que considere também os aspectos seletivos e, por conseguinte, avaliativos, e sobretudo evolutivos. O que importa, pois, não é somente a tradição como coisa feita, mas também a maneira como ela se faz. A tradição não é um passado, irredutível à razão e à reflexão, que nos oprime com todo o seu peso, mas um processo pelo qual se constitui uma experiência viva e adaptável” [10].
No que diz respeito à tradição de aterros de mangues aracajuanos, o seu surgimento ocorreu de forma institucional, contudo não foi propositalmente inventada. O surgimento dessa tradição ocorreu através do planejamento e execução de obras de saneamento, promovidas pelos presidentes de província, ou seja, surgiram em âmbito público, portanto, de maneira institucional. Portanto, não houve a intenção de criar uma tradição de aterros, mas de legitimá-la através da repetição.
Já o desenvolvimento da tradição de aterros de mangues em Aracaju é representado pela adaptação às necessidades de cada época. Num primeiro momento, ainda no século XIX, os aterros possuíram um fim sanitário, com o intuito de combater a insalubridade reinante. Passados alguns anos, em princípio do século XX, as necessidades expansionistas da cidade culminaram no aterro indiscriminado de manguezais e apicuns, que passaram a ser novos canteiros de obras.
Manguezais e apicuns X Pântanos
Os manguezais e apicuns consistem em ecossistemas de grande valor para o homem. Além de ofertar grande quantidade de frutos do mar para a pesca e captura, oferece também serviços gratuitos que promovem o bem-estar e a segurança humana. Esse tipo de ecossistema permite a fixação de terras e o controle da erosão, controle da linha da costa contra a invasão do mar, reduz a intensidade dos ventos (bosque de manguezal), permite a construção de numerosos nichos de molusco, peixes, crustáceos que buscam nesse ecossistema o abrigo contra predadores, alimentação, reprodução e crescimento.
Diegues classifica as áreas de manguezais utilizadas pelas comunidades humanas através da produção de bens diretos e indiretos[11]. Como usos diretos destacam-se: a utilização de folhas em rações animais e adubo vegetal, extração de madeira para a produção de casas, de instrumentos de pesca, para cercas, para lenha e a produção de tanino para tingimento de redes e curtumes. Como usos indiretos merecem destaque: a captura de peixes, moluscos e crustáceos, além da produção de mel de abelha, mamíferos e pássaros.
No século XIX, muitas vezes, os manguezais e apicuns eram confundidos com pântanos, como será visto em trechos da documentação pesquisada e citada na bibliografia[12]. Por anos, estes ecossistemas foram alvos de aterros e figuraram ao lado de lagoas, charcos e pântanos como ameaça constante à saúde pública.
De acordo com Drummond[13], é tarefa do historiador ambiental manter um diálogo sistemático com as ciências naturais, inclusive com as aplicadas, para entender os quadros físicos e ecológicos das regiões estudadas. Neste caso específico, serão utilizados conceitos que transitam entre a biologia e a oceanografia. A partir de estudos dos ecossistemas, o historiador pode avaliar o papel das sociedades humanas dentro deles, os limites da ação humana e a potencialidade de separação cultural desses limites. Para esclarecer os conceitos dos ecossistemas de manguezal, de apicum e de pântano, faz-se necessário a elucidação dos mesmos:
MANGUEZAL: ecossistema geralmente associado às margens de baías, enseadas, barras, desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias costeiras, onde haja encontro de águas de rios com a do mar, ou diretamente expostos à linha da costa. São sistemas funcionalmente complexos, altamente resilientes e resistentes e, portanto, estáveis. (SCHAEFFER – NOVELLI, 2006)
APICUM: salgado, ecótono, zona de transição, areal, são denominações utilizadas para designar uma zona de solo geralmente arenoso, ensolarada, desprovida de cobertura vegetal ou abrigando uma vegetação herbácea. Aparentemente desprovida de fauna, ou seja, praticamente um deserto, apesar de estar cercada por um ecossistema pululante de vida – o manguezal.(NASCIMENTO,1993)
PÂNTANO: Área alagada com solo de baixa drenagem, esponjoso e ácido, formado por musgo esfagno morto, mas em grande parte decomposto (turfa), e outras matérias vegetais. (ART, 1998)
A partir desses conceitos percebe-se que os ecossistemas citados possuem um aspecto físico bastante similar. É evidente que no século XIX esses conceitos, ou não existiam, ou eram pouco divulgados, portanto a maioria dos políticos que efetuaram os aterros de mangues era leiga. Além do mais, as idéias de preservação da natureza ou de uma crítica ambiental em Sergipe surgiram apenas anos mais tarde, com a criação do serviço florestal no Estado, em 13 de abril de 1914, por meio do Decreto nº581[14]. Apesar da regulamentação do serviço florestal sergipano, nenhum dos seus capítulos versava sobre os mangues e sim sobre florestas, matas e árvores. Esse aspecto da legislação florestal vigente na época ratifica mais uma vez os atos de aterros desenfreados que ocorreram ao longo da segunda metade do século XIX e primeira do século XX, objeto temporal deste estudo.
Durante o processo de análise das mensagens e relatórios dos presidentes de Província (século XIX - Império) e de Estado (século XX - República), foram elaboradas duas hipóteses que tentam indicar o que provocou o surgimento da tradição de aterros dos manguezais aracajuanos. Na primeira hipótese, a efetivação dos aterros dos ecossistemas de manguezais, em fins do século XIX e início do século XX, teve uma motivação sanitária, visando à manutenção da salubridade da capital sergipana. Já na segunda hipótese, a causa dos aterros foi a implantação de um complexo industrial na cidade durante as primeiras décadas do século XX.
A insalubridade impera e o aterro ameniza
Durante a segunda metade do século XIX, as condições de salubridade no império eram bastante precárias. Na corte, cidade do Rio de Janeiro, a febre amarela era considerada a moléstia de maior vulto. Segundo Chalhoub[15], as estimativas indicavam que cerca de um terço da população dos 266 mil habitantes do Rio contraíram febre amarela no verão 1849 – 1850. O vibrião da cólera afetou a corte por volta de 1855 e 1856, atingindo também outras províncias do Império, como é o caso do Pará, Pernambuco, Bahia e Sergipe.
Em setembro de 1855,[16] o Presidente da Província adotou medidas enérgicas, proibindo embarcações da Bahia e de outros portos onde existia a epidemia do Cholera. Dessa forma, o capitão do Porto deveria tomar medidas “hygienicas, sanitarias e policiais”. Na Província do Pará tinha-se a notícia da existência do Cholera Asiático e na da Bahia o Cholera Benigno, vulgar ou sporadico. Na Província do Pará a perda quase diária de pessoas ocasionou grandes prejuízos à lavoura, visto que a maioria dos escravos havia sido dizimada[17]. Em território baiano, o Cholera alastrou-se até mesmo no alto sertão[18].
As condições de salubridade na Província de Sergipe, em fins do século XIX, foram marcadas pela proliferação de doenças de difícil controle para a época. A primeira grande epidemia ocorrida na incipiente cidade de Aracaju foi a do Cholera Morbus. As fontes indicam que várias providências foram tomadas para evitar a proliferação do flagelo. Em 25 de agosto de 1855, foram lançadas no Correio Sergipense[19] as Instruções Sanitárias Populares. Estas eram baseadas “nos mais conceituados Conselhos de Hygiene da cidade da Europa” e versavam sobre as habitações, que deveriam ser ventiladas, limpas e com luz.
Os aterros foram instrumentos de controle de focos das doenças, que na época tinha como vetor as águas paradas e sujas. Um exemplo flagrante da associação dos ecossistemas de manguezais e apicuns à insalubridade pode ser observado no trecho a seguir, do Jornal Correio Sergipense, em 19 de dezembro de 1855:
“Tem sido sepultados no cemitério desta cidade do Aracajú de 30 de outubro até 5 do corrente 108 cadaveres victimas da epidemia reinante, não se comprehende nesse nº cincoenta e tantos que se enterrarão logo no principio da epidemia no apicum (grifo meu) do negro pouco mais de meia legoa de distancia desta cidade[20].”
Após um ano da transferência da capital, o Presidente da Província, Sá e Benevides em relatório dirigido à Assembléia Legislativa, justifica a obra de aterros dos pântanos da capital. Diante do rápido alastramento da cólera, o presidente concebe a obra como de fundamental importância para o “aceio da cidade” como também para livrar os habitantes dos funestos miasmas exalados pelas águas estagnadas e pútridas[21].
Mais tarde, no início do século XX, mais precisamente em 1907, o Presidente do Estado, desembargador Guilherme de Souza Campos apontou a causa da existência de tantos pântanos, as depressões inundáveis. Segundo Campos, as depressões em época invernosa se transformavam em grandes lagoas e mais tarde, com a evaporação das águas, ficavam reduzidas a verdadeiros pântanos prejudiciais à saúde pública[22].
Talvez a maior lagoa temporária (somente na época invernosa) que tenha sido aterrada foi aquela situada no centro da quadra formada pelas ruas Itabaianinha, Santo Amaro, Laranjeiras e Praça Mendes de Moraes no centro da cidade. A lagoa descrita ficava próxima aos alicerces do Colégio Atheneu Sergipense e era foco de constantes infecções[23].
O aterro descrito acima não está diretamente relacionado aos ecossistemas de manguezal ou de apicum, mas aos pântanos e às lagoas invernosas. Na realidade, por serem ecossistemas parecidos eram por vezes confundidos. Contudo, percebe-se a função sanitária da tradição de aterros, que estabelecia a salubridade na capital sergipana na transição dos séculos XIX e XX.
O bairro Industrial e a “ponte do tecido”: uma expansão promissora
Os aterros efetivados na zona norte da capital fizeram surgir aos poucos o chamado Bairro Industrial, presente ainda na atualidade. O que os moradores do bairro não sabem é que imensos aterros devastaram grande parte dos manguezais existentes no local.
O primeiro registro da palavra “apicum” surgiu na administração do Presidente de Sergipe, o Coronel Dr. José Joaquim Pereira Lobo, em setembro de 1920. Para o presidente, os aterros eram considerados uma prioridade. Em seu governo, Lobo priorizou o aterro da zona norte da capital, onde havia a Estação da Estrada de Ferro. Todavia, esta era inacessível a outros pontos da cidade, visto que nos tempos invernosos uma imensa lagoa, que se formava em terrenos de apicum, e separava a Rua de Japaratuba (centro da cidade) do bairro Industrial[24].
Para se ter idéia de como os pântanos e apicuns eram confundidos, vale a pena transcrever este trecho da mensagem apresentada pelo Coronel Pereira Lobo à Assembléia Legislativa de Sergipe:
“Aracajú, sendo uma cidade que ainda possue grandes pântanos e numerosas baixadas, de muito tempo necessita, para que fique liberta dos mesmos e salubrizado o seu clima, de ser cortada de norte a sul e de leste a oeste, afim de ser intensificado o mais possivel o serviço de aterro por locomotivas, que é o único meio que offerece resultados para grandes cubações. Este serviço, que está no meu programma, traz o duplo fim hygienico e economico: hygienico, tornando salubres baixadas e pantanos nefastos (grifo meu), com o aterro; economico, por entregar à cidade maiores extensões de ruas e praças, com o desaterro das dunas[25]”.
Os “pântanos nefastos” descritos por Lobo referem-se às lagoas formadas em terrenos de apicum, visto que os dois termos são utilizados para designar o mesmo local a ser aterrado. No trecho acima é observado um duplo impacto ambiental: o aterro de lagoas de apicum e o desaterro de dunas. As areias das dunas eram utilizadas para o aterro dos “pântanos nefastos”. Para tanto, o carregamento da areia era feito por locomotivas e wagons, devido à grandiosidade dos aterros.
Ainda na mesma mensagem[26], o Coronel Pereira Lobo destaca um projeto organizado pela diretoria de obras: aterro de 250 Km² de área de apicum, situada ao norte da cidade, próxima à fábrica “Sergipe Industrial”. A suntuosa devastação da área de apicum foi justificada pela importância daquele espaço para edificações e logradouros públicos. A partir desse momento, as obras de aterros não se referem apenas à insalubridade, mas à expansão urbana da cidade.
Em 1921[27], Pereira Lobo recorre novamente aos aterros por conta do terrível flagelo que acometera as localidades do litoral: o impaludismo. Além de combater a moléstia, o Coronel pretendia através dos aterros embelezar a cidade de Aracaju. Tal embelezamento foi efetivado através da desapropriação de 126 casas de palha, situadas ao lado norte da cidade, cujos quintais eram focos permanentes de infecção.
Dois anos após, em 1923, outros aterros de apicuns foram propostos; dessa vez, por iniciativa do Intendente Municipal Dr. Baptista Bittencourt. O Intendente na seção de obras públicas de sua mensagem fez alusão à “Ponte do tecido”. Dentre os benefícios da construção da ponte, destacou-se a facilidade de acesso dos operários da Indústria Têxtil (provavelmente da fábrica Sergipe Industrial) ao bairro. Houve ainda o aterro sobre o apicum, uma vez que a área em questão impossibilitava o transito no local que estava sujeita à inundação pelas marés.
O aterro da “Ponte do tecido” mediu quatrocentos metros de comprimento, treze metros de largura e dois de altura, ou seja, 10400m³. Para a efetivação do aterro foi construído um ramal de estrada de ferro na extensão de 700 metros para transportar areia do morro do “Borborema”.
A grandiosidade dos aterros da primeira metade do século XX deve-se ao desenvolvimento urbano da cidade de Aracaju e está associada as construções da estrada de ferro que cresceu concomitantemente aos aterros. Havia, assim, uma relação de dependência, um ciclo vicioso que ao mesmo tempo desterrava dunas, aterrava mangues e ainda ofertava espaço para a construção de mais quilômetros de ferrovia.
Ressalvas à tradição de aterros
Não se podem condenar os atos de aterros empreendidos na capital sergipana em fins do século XIX e início do século XX, visto que as necessidades e os contextos históricos de cada época impunham uma solução drástica para os ecossistemas de manguezais e apicuns. Embora na documentação estudada não apareça a palavra “mangue” ou “manguezal”, o termo apicum pode ser entendido, como foi exposto, como sinônimo. Esta afirmação baseia-se em uma das características da história ambiental descrita por Drummond: o trabalho de campo, no qual o historiador ambiental deve observar a paisagem local, entrevistar moradores antigos, consultar arquivos e cientistas que trabalham na região[28].
O que se destaca neste estudo é o surgimento da trajetória de uma tradição que se legitimou no passado e ainda se perpetua no presente. No oitocentos a insalubridade fez parte da maioria das províncias do império, obrigando seus governantes a lançarem mão de vacinas e de melhorias no saneamento das cidades. No caso de Aracaju, por se tratar de uma cidade estuarina, às margens do rio Sergipe, os aterros foram praticamente inevitáveis para a manutenção da salubridade. Assim, vê-se que na segunda metade do século XIX, os aterros tiveram um fim puramente sanitário.
Já no início do século XX, os aterros foram instrumentos da expansão da cidade e propiciadores do surgimento de um novo bairro, o que ocasionou o crescimento econômico da capital. Portanto, os aterros de ecossistemas de manguezais e apicuns foram realmente “um mal necessário” ao desenvolvimento econômico da capital e à manutenção da saúde pública da capital sergipana. Contudo, as atitudes dos governantes aracajuanos mostram-se ambíguas. Por um lado, a administração pública preocupava-se com medidas preventivas de combate à insalubridade pública, visando à qualidade de vida da população. Por outro, destruiu o patrimônio ambiental desencadeando desequilíbrios ecológicos.
A partir deste estudo percebe-se que a tradição de aterros dos ecossistemas de manguezais foi adaptando-se às necessidades de cada época. Para Boudon e Barricaud: “A tradição não é tratada como um ‘programa’, de que se deve realizar um número infinito de cópias, ela é suscetível de uma variedade de interpretações e comporta, pois, uma certa variabilidade – já que todas asa interpretação leva a marca distintiva do intérprete[29].”
Tradição X Sustentabilidade: uma alternativa para salvar o que ainda resta
Diante do panorama histórico traçado sobre a degradação dos ecossistemas de manguezais, faz-se essencial a reflexão acerca da sustentabilidade dos mesmos, como forma de amenizar os impactos sócio-ambientais que vêm sendo causados por mais de 150 anos. A tradição de aterros de manguezais aracajuanos surgiu num tempo específico (1855) e perdura até os dias atuais.
A investigação desta pesquisa histórica[30] parte de uma preocupação do presente, visto que os ecossistemas de manguezais continuam a ser degradados pelos aracajuanos. Ao investigar os tipos de degradações sofridas pelos ecossistemas de manguezais no passado, os aterros destacaram-se pela freqüência e pela amplitude. Pela freqüência porque se estabeleceu no cotidiano das políticas públicas desde a fundação da cidade de Aracaju (1855) até o presente, atingindo também a esfera privada. E, pela amplitude porque os ecossistemas de manguezais aterrados deixam de existir ou o que sobra, em termos ambientais, é muito pouco, comprometendo a vida das espécies e a sobrevivência de catadores de crustáceos.
Portanto, não se pode enxergar a degradação promovida pelos aterros dos manguezais aracajuanos como algo isolado. Nesse sentido, a proposta de sustentabilidade também deve ser agregada, como forma de ampliar o campo de ação. Como pensar na devastação de uma área sem medir os impactos econômicos, sociais e ambientais conjuntamente?
De acordo com Schaeffer – Novelli[31], os manguezais de Aracaju, compreendidos entre as bacias dos rios Sergipe e Vaza-Barris, passam por uma situação de degradação intensa devido aos despejos orgânicos, viveiros e despejos industriais. Um outro tipo de degradação do presente sofrida pelos manguezais refere-se à ação desenfreada das empresas privadas através da especulação imobiliária que é a maior promotora de aterros, que além de prejudicar os manguezais expropria famílias de pescadores e catadores de caranguejos para construir luxuosos condomínios de alto-luxo[32].
Diegues propõe uma alternativa sustentável para os ecossistemas de manguezais, através de uma nova aproximação das comunidades tradicionais com os ecossistemas de manguezais, atribuindo-se responsabilidades às associações de moradores ou pescadores artesanais no uso sustentado do mangue. O autor propõe também a criação de áreas selecionadas de extrativismos dos mangues a serem salvaguardadas pelas comunidades e de uso exclusivo das mesmas, visando à proteção desses ecossistemas[33].
Não se pretende, a partir deste estudo, julgar a tradição de aterros dos ecossistemas de manguezais aracajuanos, mas de problematizar uma questão do presente, evidenciando sua trajetória, suas motivações, suas limitações e seus impactos sócio-ambientais. Além disso, pretende também alertar para o futuro de um ecossistema necessário em áreas estuarinas e que não tem condições de competir com uma tradição tão arraigada. A incursão de novas pesquisas neste sentido faz-se essencial para desvelar a tradição de aterros e evidenciar os mangues e apicuns que ficaram para sempre “enterrados nas entrelinhas” da história da cidade de Aracaju.
BIBLIOGRAFIA
ART, Henry W. Dicionário de ecologia e ciência ambiental. Trad. Mary Amazonas Leite de Barros, SP: Companhia Melhoramentos, 1998, p. 90.
BOUDON, Raymond e BOURRICAUD, François. Dicionário Crítico de Sociologia. Trad. Maria Letícia Guedes Alcoforado e Durval Ártico. SP: Ed. Ática, 1993. pp. 583 – 588.
CHALHOUB, Sidney. Cidade Febril: cortiços e epidemias na Corte Imperial, São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
DIEGUES, Antonio Carlos Sant’Ana. Ecologia Humana e Planejamento Costeiro. 2ª ed. São Paulo: Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas em Áreas Úmidas Brasileiras, USP, 2001.
DRUMMOND, José Augusto. A HISTÓRIA AMBIENTAL:temas, fontes e linhas de pesquisa. In: Estudos Históricos, nº 8, 1991, 21pp. Disponível em: http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/84.pdf ; acesso em 20/05/2005.
HOBSBAWM, Eric e RANGER, Terence.(Orgs.) A invenção das tradições Trad. Celina Cardim Cavalcante. 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
NASCIMENTO, S. Estudo da importância do “apicum” para o ecossistema de manguezal. Relatório Técnico Preliminar. Sergipe, Governo do Estado de Sergipe, 1993, 27p.
PORTO, Fernando Figueiredo. A cidade do Aracaju 1855 – 1865: ensaio de evolução urbana. 2ªed. Aracaju: Governo de Sergipe/FUNDESC, 1991.
SCHAEFFER – NOVELLI, Yara. Situação Atual do Grupo de Ecossistemas: “Manguezal, Marisma e Apicum”, Incluindo os Principais Vetores de Pressão as Perspectivas para sua Conservação e Uso Sustentado. Disponível em: http://www.anp.gov.br/ibamaperfuracao/refere/manguezal_marisma_apicum.pdf ; Acesso em: 20 de fevereiro de 2006.
WORSTER, Donald. Para Fazer História Ambiental. Tradução José Augusto Drummond. In: Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol. 4, n. 8, 1991, p. 199.
[1] Mestranda do PRODEMA/SE (Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente) da Universidade Federal de Sergipe.
[2] Professora colaboradora do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente do PRODEMA/SE (Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente) da Universidade Federal de Sergipe.
[3] Relatorio apresentado a Assembléa Legislativa Provincial de Sergipe na abertura de sua sessão ordinaria no dia 1.o de março 1855 pelo exm. snr. presidente da provincia, dr. Ignacio Joaquim Barboza. Sergipe, Typ. Provincial, 1855. Disponível em : http://www.crl.edu/content/brazil/serg.htm , Acessado em: 18/02/2006.
[4] Relatorio apresentado pelo terceiro vice-presidente desta Provincia, commendador José da Trindade Prado, por occasião de passar a administração da mesma Provincia ao Primeiro Vice Presidente, Barão de Maroim no dia 25 de setembro de 1855. p.1 Disponível em : http://www.crl.edu/content/brazil/serg.htm , Acessado em: 18/02/2006.
[5] PORTO, Fernando Figueiredo. A cidade do Aracaju 1855 – 1865: ensaio de evolução urbana. 2ªed. Aracaju: Governo de Sergipe/FUNDESC, 1991, p. 35
[6]PORTO, op. cit. p. 31.
[7] PORTO, op. cit. ps. 19 e 41.
[8] A pesquisa consiste na busca de evidências dos aterros de ecossistemas de manguezais em Mensagens e Relatórios dos Presidentes da Província de Sergipe, compreendendo o período de tempo entre 1855 e 1923.
[9] HOBSBAWM, Eric e RANGER, Terence.(Orgs.) A invenção das tradições Trad. Celina Cardim Cavalcante. 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. pp. 09-23.
[10] BOUDON, Raymond e BOURRICAUD, François. Dicionário Crítico de Sociologia. Trad. Maria Letícia Guedes Alcoforado e Durval Ártico. SP: Ed. Ática, 1993. pp. 583 – 588.
[11] DIEGUES, Antonio Carlos Sant’Ana. Ecologia Humana e Planejamento Costeiro. 2ª ed. São Paulo: Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas em Áreas Úmidas Brasileiras, USP, 2001. p. 185-216.
[12] Os termos apicuns associados a insalubridade são claramente encontrados em: Estatística Mortuária. In: Correio Sergipense – ANNO XVIII – Quarta-feira, 19 de dezembro de 1855, nº59, p. 1. Typographia Provincial de Sergipe na cidade de Aracaju, 1855 – Administrador L. F. de M. Cavalcanti; Mensagem apresentada à Assembléia legislativa, em 7 de setembro de 1920, ao installar-se a 1ª sessão ordinária da 14ª legislatura, pelo Coronel Dr. José Joaquim Pereira Lôbo , Presidente do estado. P. 79 e 80. IHGS - SS – 2990 e Mensagem apresentada à Assembléia legislativa, em 7 de setembro de 1921, ao installar-se a 2ª sessão ordinária da 14ª legislatura, pelo Coronel Dr. José Joaquim Pereira Lôbo , Presidente do estado. P. 57. IHGS - SS – 2990.
[13] DRUMMOND, José Augusto. A HISTÓRIA AMBIENTAL:temas, fontes e linhas de pesquisa. In: Estudos Históricos, nº 8, 1991, 21pp. Disponível em: http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/84.pdf ; acesso em 20/05/2005.
[14] Decreto nº581 de 13 de abril de 1914 que expede regulamento para o serviço florestal do Estado de Sergipe, Fundo Leis e Decretos do APES (Arquivo Público do Estado de Sergipe).
[15] CHALHOUB, Sidney. Cidade Febril: cortiços e epidemias na Corte Imperial, São Paulo: Companhia das Letras, 1996. pp.60
[16] Secretaria da Presidência. In: Correio Sergipense – ANNO XVIII – Sábado, 1º de setembro de 1855, nº41, p. 1. Typographia Provincial de Sergipe na cidade de Aracaju, 1855 – Administrador L. F. de M. Cavalcanti. SISDOC (Sistema de Documentação), Sergipe (Estado). Secretaria de Estado da Cultura, SIMH (Sistema Informatizado de Memória Histórica de Sergipe), CD ROM 007.
[17] Relatório do Vice-presidente Pinto Guimarães em 15 de outubro de 1855. http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u1001/000001.html Acessado em 20 de fevereiro de 2006.
[18] Falla recitada na abertura da Assembléa Legislativa da Bahia pelo presidente da provincia, o doutor Alvaro Tiberio de Moncorvo e Lima em 14 de maio de 1856. Bahia, Typ. de Antonio Olavo da França Guerra e Comp., 1856.p. 7 Disponivel em http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/119/000007.html,
[19] Instruções Sanitárias Populares. In: Correio Sergipense – ANNO XVIII – Sábado, 25 de agosto de 1855, nº39, p. 1. Typographia Provincial de Sergipe na cidade de Aracaju, 1855 – Administrador L. F. de M. Cavalcanti. SISDOC (Sistema de Documentação), Sergipe (Estado). Secretaria de Estado da Cultura, SIMH (Sistema Informatizado de Memória Histórica de Sergipe), CD ROM 007.
[20] Estatística Mortuária. In: Correio Sergipense – ANNO XVIII – Quarta-feira, 19 de dezembro de 1855, nº59, p. 1. Typographia Provincial de Sergipe na cidade de Aracaju, 1855 – Administrador L. F. de M. Cavalcanti. SISDOC (Sistema de Documentação), Sergipe (Estado). Secretaria de Estado da Cultura, SIMH (Sistema Informatizado de Memória Histórica de Sergipe), CD ROM 007.
[21] Relatório com que foi aberta a 1ª sessão da Undécima Legislatura da Assemblea Provincial de Sergipe no dia 2 de julho de 1856 pelo Excellentíssimo Presidente Doutor Salvador de Sá e Benevides. Bahia, na Typographia de carlos Poggetti, rua do Corpo Santo, nº47, 1856. Disponível em http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/1051/index.html, Acessado em 20 de fevereiro de 2006.
[22] Mensagem apresentada á Assembléia Legislativa de sergipe na 2ª Sessão ordinária da 8ª Legislatura em 7 de setembro de 1907 pelo Presidente do Estado Desembargador Guilherme de Souza Campos, Aracaju: Typographia do “Estado de Sergipe”, 1902. p. 2 – IHGS (Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe) - SS - 5945
[23] Mensagem apresentada à Assembléia Legislativa do Estado em 7 de setembro de 1910, na instalação da 1ª sessão ordinária da 10ª legislatura pelo Presidente do Estado Dr. José Rodrigues da Costa Doía. Aracaju: typographia d’O estado de Sergipe, 1910, p. 31 – IHGS – SS – 2955.
[24] Mensagem apresentada à Assembléia legislativa, em 7 de setembro de 1920, ao installar-se a 1ª sessão ordinária da 14ª legislatura, pelo Coronel Dr. José Joaquim Pereira Lôbo , Presidente do estado. P. 79 e 80. IHGS - SS – 2990.
[25]Mensagem apresentada à Assembléia legislativa, em 7 de setembro de 1920, ao installar-se a 1ª sessão ordinária da 14ª legislatura, pelo Coronel Dr. José Joaquim Pereira Lôbo , Presidente do estado. P. 79 e 80. IHGS - SS – 2990.
[26] Mensagem apresentada à Assembléia legislativa, em 7 de setembro de 1920, ao installar-se a 1ª sessão ordinária da 14ª legislatura, pelo Coronel Dr. José Joaquim Pereira Lôbo , Presidente do estado. P. 79 e 80. IHGS - SS – 2990.
[27] Mensagem apresentada à Assembléia legislativa, em 7 de setembro de 1921, ao installar-se a 2ª sessão ordinária da 14ª legislatura, pelo Coronel Dr. José Joaquim Pereira Lôbo , Presidente do estado. P. 57. IHGS - SS – 2990.
[28] Ver: DRUMMOND, José Augusto. A HISTÓRIA AMBIENTAL:temas, fontes e linhas de pesquisa. In: Estudos Históricos, nº 8, 1991, 21pp. Disponível em: http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/84.pdf ; acesso em 20/05/2005. A partir da observação do local descrito na documentação citada, o mangue do bairro industrial recebia a designação de apicum. Esta suposição é baseada no fato do conjunto de manguezal presente no bairro estender-se por parte da margem do rio Sergipe. Há uma porção densa do ecossistema no inicio da orla, contudo o mangue cede espaço às construções do bairro continuando apenas quando termina o bairro. Ou seja, os 250 km² de apicum aterrados no início do século XX referem-se muito provavelmente ao ecossistema de manguezal.
[29] BOUDON, Raymond e BOURRICAUD, François. Dicionário Crítico de Sociologia. Trad. Maria Letícia Guedes Alcoforado e Durval Ártico. SP: Ed. Ática, 1993. pp. 583 – 588.
[30] O estudo da história ambiental em Sergipe é algo inédito. O presente estudo é o desdobramento do Projeto de Pesquisa financiado pelo CNPQ e coordenado pela Profª Drª Eliane Oliveira de Lima Freire, sob o título: Fontes para o Patrimônio Ambiental de Aracaju – SE: um estudo sobre a falta da previsibilidade ambiental das políticas da urbanização dos poderes públicos e os impactos ambientais urbanos – 1855 – 2000.
[31] SCHAEFFER – NOVELLI, Yara. Situação Atual do Grupo de Ecossistemas: “Manguezal, Marisma e Apicum”, Incluindo os Principais Vetores de Pressão as Perspectivas para sua Conservação e Uso Sustentado.Disponível em: http://www.anp.gov.br/ibamaperfuracao/refere/manguezal_marisma_apicum.pdf ; Acesso em: 20 de fevereiro de 2006.
[32] DIEGUES, Antonio Carlos Sant’Ana. Ecologia Humana e Planejamento Costeiro. 2ª ed. São Paulo: Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas em Áreas Úmidas Brasileiras, USP, 2001.p. 192.
[33] DIEGUES, Antonio Carlos Sant’Ana. Ecologia Humana e Planejamento Costeiro. 2ª ed. São Paulo: Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas em Áreas Úmidas Brasileiras, USP, 2001.p. 209.
Entre a Terra, o Rio e o Mar: A Tradição de Aterros dos Ecossistemas de Manguezais Aracajuanos – Sergipe (1855 – 1923)
Fernanda Cordeiro de Almeida[1] (PRODEMA-SE/UFS) e Eliane Oliveira de Lima Freire[2] (PRODEMA-SE/UFS)
RESUMO: O objetivo deste trabalho é averiguar como os aterros dos ecossistemas de manguezais em Aracaju transformaram-se numa tradição. A prática de aterros, no século XIX, iniciou-se com a transferência da capital, em 1855 e possuiu uma motivação sanitária, devido à insalubridade presente na época, para evitar a proliferação de doenças como o Cholera Morbus e o Impaludismo. Diante das águas pútridas, paradas, focos de moléstias, os presidentes de Província viram-se obrigados a aterrar lagoas, mangues, apicuns e pântanos. Anos mais tarde, em princípios do século XX, os ecossistemas de manguezais e apicuns cederam lugar ao bairro Industrial, localidade em expansão e de grande relevância econômica para a época. A importância deste estudo deve-se ao fato da prática de aterros ser algo comum na capital sergipana, legitimando-se e perpetuando-se até o presente.
O estabelecimento da nova capital
Corria o ano de 1855, era o dia 3 de março, e mais uma vez o Presidente da Província Ignácio Joaquim Barbosa Filho tentava convencer os deputados provinciais do seu grande sonho – a transferência da capital sergipana:
“É mesmo para notar que a Barra do Cotinguiba pela sua posição topographica domina a porção maior e mais rica da Provincia, pois que se pode e deve considerar como tributários della os povoados de Larangeiras, Maroim, Capella, Santo Amaro e outros, visto que ficam no interior de rios que vem desaguar na mesma Barra.[3]”
A sua insistência tinha motivo: a primeira capital possuía como principal via para o escoamento de mercadorias o rio Paramopama, sujeito ao movimento das marés, o que impedia o acesso de navios de cabotagem. Já a nova proposta estava vinculada à Barra do Cotinguiba, vale fértil de Sergipe. Nesta barra desenvolveram-se os mais prósperos engenhos de açúcar da Província de Sergipe Del Rey. A nova capital foi projetada especificamente para substituir a antiga, São Cristóvão, que já não atendia ás necessidades econômicas do lugar. Naquela época, para garantir o seu desenvolvimento, a província de Sergipe necessitava de um porto para o escoamento da sua produção de açúcar e algodão.
Alguns dias depois, em 17 de março de 1855, a capital sergipana foi transferida da cidade de São Cristóvão para o Povoado de Santo Antônio do Aracaju. As primeiras impressões da cidade foram notadas pelo terceiro vice-presidente da Província, o Comendador José da Trindade Prado, em 25 de setembro de 1855. Conforme Prado, a insalubridade vigente à época deveria ser combatida, visto que a moléstia do Cholera Morbus arrebatara alguns representantes locais dentre eles o Presidente Ignácio Barbosa, o próprio comendador e o quarto vice-presidente[4]. Após sete meses da transferência da capital, o empreendedor desta ação e presidente da Província sucumbiu à doença.
É nesse contexto histórico de insalubridade que surge a cidade de Aracaju. Seus habitantes tiveram que conviver com o clima quente e a natureza aquática do local. Segundo Fernando Porto[5], bem pesadas as coisas a segunda capital sergipana nasceu numa ilha, cercada ao leste pela praia, ao norte por mangues, ao oeste por pântanos e ao sul por uma depressão inundável. Ora, diante deste cenário como a nova capital poderia se desenvolver senão por meio de aterros? Para elaborar o plano de urbanização da cidade, Ignácio Barbosa convidou o então Capitão d’Engenheiros Sebastião José Basílio Pirro.
Obcecado pelo uso de linhas retas, Pirro prendeu-se nas malhas de um traçado em tabuleiro de damas, conforme o classicismo imperante no início do século XIX. Por conta da sua obsessão e por falta de conhecimento do caráter físico do terreno da nova cidade, o engenheiro abusou de aterros. Diante da urgência da situação, ele não conseguiu fazer um plano que melhor se adaptasse às condições físicas do lugar e que facilitasse as subseqüentes obras de abertura de ruas, proporcionando melhor aspecto à cidade, evitando grandes aterros e facilitando os serviços de drenagem[6].
Observando a cartografia abaixo, o mapa de Aracaju, em 1855, mostra claramente a situação dos recursos naturais, como mangues e alagadiços. (Fig. 01). A partir do estabelecimento da nova capital, foram necessárias obras para a implantação de órgãos administrativos que não constavam no plano inicial de Pirro (Fig.2). Mediante a sobreposição do mapa e da planta (Figs. 1 e 2) percebe-se que em apenas dois anos o poder público, através de Capitães de Engenheiros e Presidentes de Província, já havia aterrado boa parte do conjunto original de ecossistemas de manguezais aracajuanos[7].
Figura 01 – Reconstituição topográfica aracajuana feita por Fernando Porto.
Figura 02 – Reconstituição da planta original do Engenheiro Pereira da Silva feita por Fernando Porto.
O surgimento de uma tradição
Se, em apenas dois anos de história, muito do patrimônio natural de Aracaju já havia sido devastado, o que dizer de mais cento e cinqüenta anos? A mudança da capital e o estabelecimento da nova cidade foi apenas o ponto de partida da prática de aterros dos ecossistemas de manguezais. Isto compreende a perpetuação de uma prática que destrói, mata e elimina para sempre os ricos conjuntos de manguezais presentes no litoral aracajuano há milhares de anos.
A tradição de aterros não ocorreu repentinamente. Após o estabelecimento da nova capital e a sua conseqüente expansão territorial, novas obras de urbanização, drenagem e saneamento das ruas foram empreendidas. Estas duas últimas foram feitas através de aterros. De acordo com a documentação pesquisada[8], essa medida pretendia diminuir a insalubridade presente em muitos pontos da cidade e promover o embelezamento da mesma. Os principais alvos foram lagoas, pântanos, depressões inundáveis, charcos, manguezais e apicuns.
Os aterros, no passado, foram efetuados pela iniciativa pública, por meio de obras comandadas pelos Presidentes da Província de Sergipe. Já na atualidade, têm como principal promotora a iniciativa privada através da especulação imobiliária. Assim, a prática constitui um expediente corriqueiro, transitando pelas diversas classes sociais, desde os mais desprovidos economicamente, que constroem seus casebres sobre os mangues, até os mais abastados, que constroem suntuosas mansões à beira dos rios. Por apresentar esta continuidade temporal, atingindo os diferentes níveis sociais, a prática de aterros de manguezais em Aracaju pode ser considerada uma tradição.
Conforme o historiador inglês Eric Hobsbawm[9], o termo “tradição inventada” engloba dois tipos de tradições, tanto as realmente inventadas, construídas e formalmente institucionalizadas, quanto as que surgiram de maneira mais difícil de localizar, num período limitado e determinado de tempo. Ainda na visão de Hobsbawm, “tradição inventada” refere-se a um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras tácitas ou abertamente aceitas: tais realizações visam a inculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição, o que implicaria, automaticamente, uma continuidade em relação ao passado.
Os sociólogos Boudon e Bourricaud ponderam:
“A concepção corrente da tradição, que destaca seus aspectos estritamente reprodutivos, deve, portanto, ser substituída por uma concepção que considere também os aspectos seletivos e, por conseguinte, avaliativos, e sobretudo evolutivos. O que importa, pois, não é somente a tradição como coisa feita, mas também a maneira como ela se faz. A tradição não é um passado, irredutível à razão e à reflexão, que nos oprime com todo o seu peso, mas um processo pelo qual se constitui uma experiência viva e adaptável” [10].
No que diz respeito à tradição de aterros de mangues aracajuanos, o seu surgimento ocorreu de forma institucional, contudo não foi propositalmente inventada. O surgimento dessa tradição ocorreu através do planejamento e execução de obras de saneamento, promovidas pelos presidentes de província, ou seja, surgiram em âmbito público, portanto, de maneira institucional. Portanto, não houve a intenção de criar uma tradição de aterros, mas de legitimá-la através da repetição.
Já o desenvolvimento da tradição de aterros de mangues em Aracaju é representado pela adaptação às necessidades de cada época. Num primeiro momento, ainda no século XIX, os aterros possuíram um fim sanitário, com o intuito de combater a insalubridade reinante. Passados alguns anos, em princípio do século XX, as necessidades expansionistas da cidade culminaram no aterro indiscriminado de manguezais e apicuns, que passaram a ser novos canteiros de obras.
Manguezais e apicuns X Pântanos
Os manguezais e apicuns consistem em ecossistemas de grande valor para o homem. Além de ofertar grande quantidade de frutos do mar para a pesca e captura, oferece também serviços gratuitos que promovem o bem-estar e a segurança humana. Esse tipo de ecossistema permite a fixação de terras e o controle da erosão, controle da linha da costa contra a invasão do mar, reduz a intensidade dos ventos (bosque de manguezal), permite a construção de numerosos nichos de molusco, peixes, crustáceos que buscam nesse ecossistema o abrigo contra predadores, alimentação, reprodução e crescimento.
Diegues classifica as áreas de manguezais utilizadas pelas comunidades humanas através da produção de bens diretos e indiretos[11]. Como usos diretos destacam-se: a utilização de folhas em rações animais e adubo vegetal, extração de madeira para a produção de casas, de instrumentos de pesca, para cercas, para lenha e a produção de tanino para tingimento de redes e curtumes. Como usos indiretos merecem destaque: a captura de peixes, moluscos e crustáceos, além da produção de mel de abelha, mamíferos e pássaros.
No século XIX, muitas vezes, os manguezais e apicuns eram confundidos com pântanos, como será visto em trechos da documentação pesquisada e citada na bibliografia[12]. Por anos, estes ecossistemas foram alvos de aterros e figuraram ao lado de lagoas, charcos e pântanos como ameaça constante à saúde pública.
De acordo com Drummond[13], é tarefa do historiador ambiental manter um diálogo sistemático com as ciências naturais, inclusive com as aplicadas, para entender os quadros físicos e ecológicos das regiões estudadas. Neste caso específico, serão utilizados conceitos que transitam entre a biologia e a oceanografia. A partir de estudos dos ecossistemas, o historiador pode avaliar o papel das sociedades humanas dentro deles, os limites da ação humana e a potencialidade de separação cultural desses limites. Para esclarecer os conceitos dos ecossistemas de manguezal, de apicum e de pântano, faz-se necessário a elucidação dos mesmos:
MANGUEZAL: ecossistema geralmente associado às margens de baías, enseadas, barras, desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias costeiras, onde haja encontro de águas de rios com a do mar, ou diretamente expostos à linha da costa. São sistemas funcionalmente complexos, altamente resilientes e resistentes e, portanto, estáveis. (SCHAEFFER – NOVELLI, 2006)
APICUM: salgado, ecótono, zona de transição, areal, são denominações utilizadas para designar uma zona de solo geralmente arenoso, ensolarada, desprovida de cobertura vegetal ou abrigando uma vegetação herbácea. Aparentemente desprovida de fauna, ou seja, praticamente um deserto, apesar de estar cercada por um ecossistema pululante de vida – o manguezal.(NASCIMENTO,1993)
PÂNTANO: Área alagada com solo de baixa drenagem, esponjoso e ácido, formado por musgo esfagno morto, mas em grande parte decomposto (turfa), e outras matérias vegetais. (ART, 1998)
A partir desses conceitos percebe-se que os ecossistemas citados possuem um aspecto físico bastante similar. É evidente que no século XIX esses conceitos, ou não existiam, ou eram pouco divulgados, portanto a maioria dos políticos que efetuaram os aterros de mangues era leiga. Além do mais, as idéias de preservação da natureza ou de uma crítica ambiental em Sergipe surgiram apenas anos mais tarde, com a criação do serviço florestal no Estado, em 13 de abril de 1914, por meio do Decreto nº581[14]. Apesar da regulamentação do serviço florestal sergipano, nenhum dos seus capítulos versava sobre os mangues e sim sobre florestas, matas e árvores. Esse aspecto da legislação florestal vigente na época ratifica mais uma vez os atos de aterros desenfreados que ocorreram ao longo da segunda metade do século XIX e primeira do século XX, objeto temporal deste estudo.
Durante o processo de análise das mensagens e relatórios dos presidentes de Província (século XIX - Império) e de Estado (século XX - República), foram elaboradas duas hipóteses que tentam indicar o que provocou o surgimento da tradição de aterros dos manguezais aracajuanos. Na primeira hipótese, a efetivação dos aterros dos ecossistemas de manguezais, em fins do século XIX e início do século XX, teve uma motivação sanitária, visando à manutenção da salubridade da capital sergipana. Já na segunda hipótese, a causa dos aterros foi a implantação de um complexo industrial na cidade durante as primeiras décadas do século XX.
A insalubridade impera e o aterro ameniza
Durante a segunda metade do século XIX, as condições de salubridade no império eram bastante precárias. Na corte, cidade do Rio de Janeiro, a febre amarela era considerada a moléstia de maior vulto. Segundo Chalhoub[15], as estimativas indicavam que cerca de um terço da população dos 266 mil habitantes do Rio contraíram febre amarela no verão 1849 – 1850. O vibrião da cólera afetou a corte por volta de 1855 e 1856, atingindo também outras províncias do Império, como é o caso do Pará, Pernambuco, Bahia e Sergipe.
Em setembro de 1855,[16] o Presidente da Província adotou medidas enérgicas, proibindo embarcações da Bahia e de outros portos onde existia a epidemia do Cholera. Dessa forma, o capitão do Porto deveria tomar medidas “hygienicas, sanitarias e policiais”. Na Província do Pará tinha-se a notícia da existência do Cholera Asiático e na da Bahia o Cholera Benigno, vulgar ou sporadico. Na Província do Pará a perda quase diária de pessoas ocasionou grandes prejuízos à lavoura, visto que a maioria dos escravos havia sido dizimada[17]. Em território baiano, o Cholera alastrou-se até mesmo no alto sertão[18].
As condições de salubridade na Província de Sergipe, em fins do século XIX, foram marcadas pela proliferação de doenças de difícil controle para a época. A primeira grande epidemia ocorrida na incipiente cidade de Aracaju foi a do Cholera Morbus. As fontes indicam que várias providências foram tomadas para evitar a proliferação do flagelo. Em 25 de agosto de 1855, foram lançadas no Correio Sergipense[19] as Instruções Sanitárias Populares. Estas eram baseadas “nos mais conceituados Conselhos de Hygiene da cidade da Europa” e versavam sobre as habitações, que deveriam ser ventiladas, limpas e com luz.
Os aterros foram instrumentos de controle de focos das doenças, que na época tinha como vetor as águas paradas e sujas. Um exemplo flagrante da associação dos ecossistemas de manguezais e apicuns à insalubridade pode ser observado no trecho a seguir, do Jornal Correio Sergipense, em 19 de dezembro de 1855:
“Tem sido sepultados no cemitério desta cidade do Aracajú de 30 de outubro até 5 do corrente 108 cadaveres victimas da epidemia reinante, não se comprehende nesse nº cincoenta e tantos que se enterrarão logo no principio da epidemia no apicum (grifo meu) do negro pouco mais de meia legoa de distancia desta cidade[20].”
Após um ano da transferência da capital, o Presidente da Província, Sá e Benevides em relatório dirigido à Assembléia Legislativa, justifica a obra de aterros dos pântanos da capital. Diante do rápido alastramento da cólera, o presidente concebe a obra como de fundamental importância para o “aceio da cidade” como também para livrar os habitantes dos funestos miasmas exalados pelas águas estagnadas e pútridas[21].
Mais tarde, no início do século XX, mais precisamente em 1907, o Presidente do Estado, desembargador Guilherme de Souza Campos apontou a causa da existência de tantos pântanos, as depressões inundáveis. Segundo Campos, as depressões em época invernosa se transformavam em grandes lagoas e mais tarde, com a evaporação das águas, ficavam reduzidas a verdadeiros pântanos prejudiciais à saúde pública[22].
Talvez a maior lagoa temporária (somente na época invernosa) que tenha sido aterrada foi aquela situada no centro da quadra formada pelas ruas Itabaianinha, Santo Amaro, Laranjeiras e Praça Mendes de Moraes no centro da cidade. A lagoa descrita ficava próxima aos alicerces do Colégio Atheneu Sergipense e era foco de constantes infecções[23].
O aterro descrito acima não está diretamente relacionado aos ecossistemas de manguezal ou de apicum, mas aos pântanos e às lagoas invernosas. Na realidade, por serem ecossistemas parecidos eram por vezes confundidos. Contudo, percebe-se a função sanitária da tradição de aterros, que estabelecia a salubridade na capital sergipana na transição dos séculos XIX e XX.
O bairro Industrial e a “ponte do tecido”: uma expansão promissora
Os aterros efetivados na zona norte da capital fizeram surgir aos poucos o chamado Bairro Industrial, presente ainda na atualidade. O que os moradores do bairro não sabem é que imensos aterros devastaram grande parte dos manguezais existentes no local.
O primeiro registro da palavra “apicum” surgiu na administração do Presidente de Sergipe, o Coronel Dr. José Joaquim Pereira Lobo, em setembro de 1920. Para o presidente, os aterros eram considerados uma prioridade. Em seu governo, Lobo priorizou o aterro da zona norte da capital, onde havia a Estação da Estrada de Ferro. Todavia, esta era inacessível a outros pontos da cidade, visto que nos tempos invernosos uma imensa lagoa, que se formava em terrenos de apicum, e separava a Rua de Japaratuba (centro da cidade) do bairro Industrial[24].
Para se ter idéia de como os pântanos e apicuns eram confundidos, vale a pena transcrever este trecho da mensagem apresentada pelo Coronel Pereira Lobo à Assembléia Legislativa de Sergipe:
“Aracajú, sendo uma cidade que ainda possue grandes pântanos e numerosas baixadas, de muito tempo necessita, para que fique liberta dos mesmos e salubrizado o seu clima, de ser cortada de norte a sul e de leste a oeste, afim de ser intensificado o mais possivel o serviço de aterro por locomotivas, que é o único meio que offerece resultados para grandes cubações. Este serviço, que está no meu programma, traz o duplo fim hygienico e economico: hygienico, tornando salubres baixadas e pantanos nefastos (grifo meu), com o aterro; economico, por entregar à cidade maiores extensões de ruas e praças, com o desaterro das dunas[25]”.
Os “pântanos nefastos” descritos por Lobo referem-se às lagoas formadas em terrenos de apicum, visto que os dois termos são utilizados para designar o mesmo local a ser aterrado. No trecho acima é observado um duplo impacto ambiental: o aterro de lagoas de apicum e o desaterro de dunas. As areias das dunas eram utilizadas para o aterro dos “pântanos nefastos”. Para tanto, o carregamento da areia era feito por locomotivas e wagons, devido à grandiosidade dos aterros.
Ainda na mesma mensagem[26], o Coronel Pereira Lobo destaca um projeto organizado pela diretoria de obras: aterro de 250 Km² de área de apicum, situada ao norte da cidade, próxima à fábrica “Sergipe Industrial”. A suntuosa devastação da área de apicum foi justificada pela importância daquele espaço para edificações e logradouros públicos. A partir desse momento, as obras de aterros não se referem apenas à insalubridade, mas à expansão urbana da cidade.
Em 1921[27], Pereira Lobo recorre novamente aos aterros por conta do terrível flagelo que acometera as localidades do litoral: o impaludismo. Além de combater a moléstia, o Coronel pretendia através dos aterros embelezar a cidade de Aracaju. Tal embelezamento foi efetivado através da desapropriação de 126 casas de palha, situadas ao lado norte da cidade, cujos quintais eram focos permanentes de infecção.
Dois anos após, em 1923, outros aterros de apicuns foram propostos; dessa vez, por iniciativa do Intendente Municipal Dr. Baptista Bittencourt. O Intendente na seção de obras públicas de sua mensagem fez alusão à “Ponte do tecido”. Dentre os benefícios da construção da ponte, destacou-se a facilidade de acesso dos operários da Indústria Têxtil (provavelmente da fábrica Sergipe Industrial) ao bairro. Houve ainda o aterro sobre o apicum, uma vez que a área em questão impossibilitava o transito no local que estava sujeita à inundação pelas marés.
O aterro da “Ponte do tecido” mediu quatrocentos metros de comprimento, treze metros de largura e dois de altura, ou seja, 10400m³. Para a efetivação do aterro foi construído um ramal de estrada de ferro na extensão de 700 metros para transportar areia do morro do “Borborema”.
A grandiosidade dos aterros da primeira metade do século XX deve-se ao desenvolvimento urbano da cidade de Aracaju e está associada as construções da estrada de ferro que cresceu concomitantemente aos aterros. Havia, assim, uma relação de dependência, um ciclo vicioso que ao mesmo tempo desterrava dunas, aterrava mangues e ainda ofertava espaço para a construção de mais quilômetros de ferrovia.
Ressalvas à tradição de aterros
Não se podem condenar os atos de aterros empreendidos na capital sergipana em fins do século XIX e início do século XX, visto que as necessidades e os contextos históricos de cada época impunham uma solução drástica para os ecossistemas de manguezais e apicuns. Embora na documentação estudada não apareça a palavra “mangue” ou “manguezal”, o termo apicum pode ser entendido, como foi exposto, como sinônimo. Esta afirmação baseia-se em uma das características da história ambiental descrita por Drummond: o trabalho de campo, no qual o historiador ambiental deve observar a paisagem local, entrevistar moradores antigos, consultar arquivos e cientistas que trabalham na região[28].
O que se destaca neste estudo é o surgimento da trajetória de uma tradição que se legitimou no passado e ainda se perpetua no presente. No oitocentos a insalubridade fez parte da maioria das províncias do império, obrigando seus governantes a lançarem mão de vacinas e de melhorias no saneamento das cidades. No caso de Aracaju, por se tratar de uma cidade estuarina, às margens do rio Sergipe, os aterros foram praticamente inevitáveis para a manutenção da salubridade. Assim, vê-se que na segunda metade do século XIX, os aterros tiveram um fim puramente sanitário.
Já no início do século XX, os aterros foram instrumentos da expansão da cidade e propiciadores do surgimento de um novo bairro, o que ocasionou o crescimento econômico da capital. Portanto, os aterros de ecossistemas de manguezais e apicuns foram realmente “um mal necessário” ao desenvolvimento econômico da capital e à manutenção da saúde pública da capital sergipana. Contudo, as atitudes dos governantes aracajuanos mostram-se ambíguas. Por um lado, a administração pública preocupava-se com medidas preventivas de combate à insalubridade pública, visando à qualidade de vida da população. Por outro, destruiu o patrimônio ambiental desencadeando desequilíbrios ecológicos.
A partir deste estudo percebe-se que a tradição de aterros dos ecossistemas de manguezais foi adaptando-se às necessidades de cada época. Para Boudon e Barricaud: “A tradição não é tratada como um ‘programa’, de que se deve realizar um número infinito de cópias, ela é suscetível de uma variedade de interpretações e comporta, pois, uma certa variabilidade – já que todas asa interpretação leva a marca distintiva do intérprete[29].”
Tradição X Sustentabilidade: uma alternativa para salvar o que ainda resta
Diante do panorama histórico traçado sobre a degradação dos ecossistemas de manguezais, faz-se essencial a reflexão acerca da sustentabilidade dos mesmos, como forma de amenizar os impactos sócio-ambientais que vêm sendo causados por mais de 150 anos. A tradição de aterros de manguezais aracajuanos surgiu num tempo específico (1855) e perdura até os dias atuais.
A investigação desta pesquisa histórica[30] parte de uma preocupação do presente, visto que os ecossistemas de manguezais continuam a ser degradados pelos aracajuanos. Ao investigar os tipos de degradações sofridas pelos ecossistemas de manguezais no passado, os aterros destacaram-se pela freqüência e pela amplitude. Pela freqüência porque se estabeleceu no cotidiano das políticas públicas desde a fundação da cidade de Aracaju (1855) até o presente, atingindo também a esfera privada. E, pela amplitude porque os ecossistemas de manguezais aterrados deixam de existir ou o que sobra, em termos ambientais, é muito pouco, comprometendo a vida das espécies e a sobrevivência de catadores de crustáceos.
Portanto, não se pode enxergar a degradação promovida pelos aterros dos manguezais aracajuanos como algo isolado. Nesse sentido, a proposta de sustentabilidade também deve ser agregada, como forma de ampliar o campo de ação. Como pensar na devastação de uma área sem medir os impactos econômicos, sociais e ambientais conjuntamente?
De acordo com Schaeffer – Novelli[31], os manguezais de Aracaju, compreendidos entre as bacias dos rios Sergipe e Vaza-Barris, passam por uma situação de degradação intensa devido aos despejos orgânicos, viveiros e despejos industriais. Um outro tipo de degradação do presente sofrida pelos manguezais refere-se à ação desenfreada das empresas privadas através da especulação imobiliária que é a maior promotora de aterros, que além de prejudicar os manguezais expropria famílias de pescadores e catadores de caranguejos para construir luxuosos condomínios de alto-luxo[32].
Diegues propõe uma alternativa sustentável para os ecossistemas de manguezais, através de uma nova aproximação das comunidades tradicionais com os ecossistemas de manguezais, atribuindo-se responsabilidades às associações de moradores ou pescadores artesanais no uso sustentado do mangue. O autor propõe também a criação de áreas selecionadas de extrativismos dos mangues a serem salvaguardadas pelas comunidades e de uso exclusivo das mesmas, visando à proteção desses ecossistemas[33].
Não se pretende, a partir deste estudo, julgar a tradição de aterros dos ecossistemas de manguezais aracajuanos, mas de problematizar uma questão do presente, evidenciando sua trajetória, suas motivações, suas limitações e seus impactos sócio-ambientais. Além disso, pretende também alertar para o futuro de um ecossistema necessário em áreas estuarinas e que não tem condições de competir com uma tradição tão arraigada. A incursão de novas pesquisas neste sentido faz-se essencial para desvelar a tradição de aterros e evidenciar os mangues e apicuns que ficaram para sempre “enterrados nas entrelinhas” da história da cidade de Aracaju.
BIBLIOGRAFIA
ART, Henry W. Dicionário de ecologia e ciência ambiental. Trad. Mary Amazonas Leite de Barros, SP: Companhia Melhoramentos, 1998, p. 90.
BOUDON, Raymond e BOURRICAUD, François. Dicionário Crítico de Sociologia. Trad. Maria Letícia Guedes Alcoforado e Durval Ártico. SP: Ed. Ática, 1993. pp. 583 – 588.
CHALHOUB, Sidney. Cidade Febril: cortiços e epidemias na Corte Imperial, São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
DIEGUES, Antonio Carlos Sant’Ana. Ecologia Humana e Planejamento Costeiro. 2ª ed. São Paulo: Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas em Áreas Úmidas Brasileiras, USP, 2001.
DRUMMOND, José Augusto. A HISTÓRIA AMBIENTAL:temas, fontes e linhas de pesquisa. In: Estudos Históricos, nº 8, 1991, 21pp. Disponível em: http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/84.pdf ; acesso em 20/05/2005.
HOBSBAWM, Eric e RANGER, Terence.(Orgs.) A invenção das tradições Trad. Celina Cardim Cavalcante. 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
NASCIMENTO, S. Estudo da importância do “apicum” para o ecossistema de manguezal. Relatório Técnico Preliminar. Sergipe, Governo do Estado de Sergipe, 1993, 27p.
PORTO, Fernando Figueiredo. A cidade do Aracaju 1855 – 1865: ensaio de evolução urbana. 2ªed. Aracaju: Governo de Sergipe/FUNDESC, 1991.
SCHAEFFER – NOVELLI, Yara. Situação Atual do Grupo de Ecossistemas: “Manguezal, Marisma e Apicum”, Incluindo os Principais Vetores de Pressão as Perspectivas para sua Conservação e Uso Sustentado. Disponível em: http://www.anp.gov.br/ibamaperfuracao/refere/manguezal_marisma_apicum.pdf ; Acesso em: 20 de fevereiro de 2006.
WORSTER, Donald. Para Fazer História Ambiental. Tradução José Augusto Drummond. In: Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol. 4, n. 8, 1991, p. 199.
[1] Mestranda do PRODEMA/SE (Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente) da Universidade Federal de Sergipe.
[2] Professora colaboradora do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente do PRODEMA/SE (Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente) da Universidade Federal de Sergipe.
[3] Relatorio apresentado a Assembléa Legislativa Provincial de Sergipe na abertura de sua sessão ordinaria no dia 1.o de março 1855 pelo exm. snr. presidente da provincia, dr. Ignacio Joaquim Barboza. Sergipe, Typ. Provincial, 1855. Disponível em : http://www.crl.edu/content/brazil/serg.htm , Acessado em: 18/02/2006.
[4] Relatorio apresentado pelo terceiro vice-presidente desta Provincia, commendador José da Trindade Prado, por occasião de passar a administração da mesma Provincia ao Primeiro Vice Presidente, Barão de Maroim no dia 25 de setembro de 1855. p.1 Disponível em : http://www.crl.edu/content/brazil/serg.htm , Acessado em: 18/02/2006.
[5] PORTO, Fernando Figueiredo. A cidade do Aracaju 1855 – 1865: ensaio de evolução urbana. 2ªed. Aracaju: Governo de Sergipe/FUNDESC, 1991, p. 35
[6]PORTO, op. cit. p. 31.
[7] PORTO, op. cit. ps. 19 e 41.
[8] A pesquisa consiste na busca de evidências dos aterros de ecossistemas de manguezais em Mensagens e Relatórios dos Presidentes da Província de Sergipe, compreendendo o período de tempo entre 1855 e 1923.
[9] HOBSBAWM, Eric e RANGER, Terence.(Orgs.) A invenção das tradições Trad. Celina Cardim Cavalcante. 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. pp. 09-23.
[10] BOUDON, Raymond e BOURRICAUD, François. Dicionário Crítico de Sociologia. Trad. Maria Letícia Guedes Alcoforado e Durval Ártico. SP: Ed. Ática, 1993. pp. 583 – 588.
[11] DIEGUES, Antonio Carlos Sant’Ana. Ecologia Humana e Planejamento Costeiro. 2ª ed. São Paulo: Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas em Áreas Úmidas Brasileiras, USP, 2001. p. 185-216.
[12] Os termos apicuns associados a insalubridade são claramente encontrados em: Estatística Mortuária. In: Correio Sergipense – ANNO XVIII – Quarta-feira, 19 de dezembro de 1855, nº59, p. 1. Typographia Provincial de Sergipe na cidade de Aracaju, 1855 – Administrador L. F. de M. Cavalcanti; Mensagem apresentada à Assembléia legislativa, em 7 de setembro de 1920, ao installar-se a 1ª sessão ordinária da 14ª legislatura, pelo Coronel Dr. José Joaquim Pereira Lôbo , Presidente do estado. P. 79 e 80. IHGS - SS – 2990 e Mensagem apresentada à Assembléia legislativa, em 7 de setembro de 1921, ao installar-se a 2ª sessão ordinária da 14ª legislatura, pelo Coronel Dr. José Joaquim Pereira Lôbo , Presidente do estado. P. 57. IHGS - SS – 2990.
[13] DRUMMOND, José Augusto. A HISTÓRIA AMBIENTAL:temas, fontes e linhas de pesquisa. In: Estudos Históricos, nº 8, 1991, 21pp. Disponível em: http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/84.pdf ; acesso em 20/05/2005.
[14] Decreto nº581 de 13 de abril de 1914 que expede regulamento para o serviço florestal do Estado de Sergipe, Fundo Leis e Decretos do APES (Arquivo Público do Estado de Sergipe).
[15] CHALHOUB, Sidney. Cidade Febril: cortiços e epidemias na Corte Imperial, São Paulo: Companhia das Letras, 1996. pp.60
[16] Secretaria da Presidência. In: Correio Sergipense – ANNO XVIII – Sábado, 1º de setembro de 1855, nº41, p. 1. Typographia Provincial de Sergipe na cidade de Aracaju, 1855 – Administrador L. F. de M. Cavalcanti. SISDOC (Sistema de Documentação), Sergipe (Estado). Secretaria de Estado da Cultura, SIMH (Sistema Informatizado de Memória Histórica de Sergipe), CD ROM 007.
[17] Relatório do Vice-presidente Pinto Guimarães em 15 de outubro de 1855. http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u1001/000001.html Acessado em 20 de fevereiro de 2006.
[18] Falla recitada na abertura da Assembléa Legislativa da Bahia pelo presidente da provincia, o doutor Alvaro Tiberio de Moncorvo e Lima em 14 de maio de 1856. Bahia, Typ. de Antonio Olavo da França Guerra e Comp., 1856.p. 7 Disponivel em http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/119/000007.html,
[19] Instruções Sanitárias Populares. In: Correio Sergipense – ANNO XVIII – Sábado, 25 de agosto de 1855, nº39, p. 1. Typographia Provincial de Sergipe na cidade de Aracaju, 1855 – Administrador L. F. de M. Cavalcanti. SISDOC (Sistema de Documentação), Sergipe (Estado). Secretaria de Estado da Cultura, SIMH (Sistema Informatizado de Memória Histórica de Sergipe), CD ROM 007.
[20] Estatística Mortuária. In: Correio Sergipense – ANNO XVIII – Quarta-feira, 19 de dezembro de 1855, nº59, p. 1. Typographia Provincial de Sergipe na cidade de Aracaju, 1855 – Administrador L. F. de M. Cavalcanti. SISDOC (Sistema de Documentação), Sergipe (Estado). Secretaria de Estado da Cultura, SIMH (Sistema Informatizado de Memória Histórica de Sergipe), CD ROM 007.
[21] Relatório com que foi aberta a 1ª sessão da Undécima Legislatura da Assemblea Provincial de Sergipe no dia 2 de julho de 1856 pelo Excellentíssimo Presidente Doutor Salvador de Sá e Benevides. Bahia, na Typographia de carlos Poggetti, rua do Corpo Santo, nº47, 1856. Disponível em http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/1051/index.html, Acessado em 20 de fevereiro de 2006.
[22] Mensagem apresentada á Assembléia Legislativa de sergipe na 2ª Sessão ordinária da 8ª Legislatura em 7 de setembro de 1907 pelo Presidente do Estado Desembargador Guilherme de Souza Campos, Aracaju: Typographia do “Estado de Sergipe”, 1902. p. 2 – IHGS (Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe) - SS - 5945
[23] Mensagem apresentada à Assembléia Legislativa do Estado em 7 de setembro de 1910, na instalação da 1ª sessão ordinária da 10ª legislatura pelo Presidente do Estado Dr. José Rodrigues da Costa Doía. Aracaju: typographia d’O estado de Sergipe, 1910, p. 31 – IHGS – SS – 2955.
[24] Mensagem apresentada à Assembléia legislativa, em 7 de setembro de 1920, ao installar-se a 1ª sessão ordinária da 14ª legislatura, pelo Coronel Dr. José Joaquim Pereira Lôbo , Presidente do estado. P. 79 e 80. IHGS - SS – 2990.
[25]Mensagem apresentada à Assembléia legislativa, em 7 de setembro de 1920, ao installar-se a 1ª sessão ordinária da 14ª legislatura, pelo Coronel Dr. José Joaquim Pereira Lôbo , Presidente do estado. P. 79 e 80. IHGS - SS – 2990.
[26] Mensagem apresentada à Assembléia legislativa, em 7 de setembro de 1920, ao installar-se a 1ª sessão ordinária da 14ª legislatura, pelo Coronel Dr. José Joaquim Pereira Lôbo , Presidente do estado. P. 79 e 80. IHGS - SS – 2990.
[27] Mensagem apresentada à Assembléia legislativa, em 7 de setembro de 1921, ao installar-se a 2ª sessão ordinária da 14ª legislatura, pelo Coronel Dr. José Joaquim Pereira Lôbo , Presidente do estado. P. 57. IHGS - SS – 2990.
[28] Ver: DRUMMOND, José Augusto. A HISTÓRIA AMBIENTAL:temas, fontes e linhas de pesquisa. In: Estudos Históricos, nº 8, 1991, 21pp. Disponível em: http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/84.pdf ; acesso em 20/05/2005. A partir da observação do local descrito na documentação citada, o mangue do bairro industrial recebia a designação de apicum. Esta suposição é baseada no fato do conjunto de manguezal presente no bairro estender-se por parte da margem do rio Sergipe. Há uma porção densa do ecossistema no inicio da orla, contudo o mangue cede espaço às construções do bairro continuando apenas quando termina o bairro. Ou seja, os 250 km² de apicum aterrados no início do século XX referem-se muito provavelmente ao ecossistema de manguezal.
[29] BOUDON, Raymond e BOURRICAUD, François. Dicionário Crítico de Sociologia. Trad. Maria Letícia Guedes Alcoforado e Durval Ártico. SP: Ed. Ática, 1993. pp. 583 – 588.
[30] O estudo da história ambiental em Sergipe é algo inédito. O presente estudo é o desdobramento do Projeto de Pesquisa financiado pelo CNPQ e coordenado pela Profª Drª Eliane Oliveira de Lima Freire, sob o título: Fontes para o Patrimônio Ambiental de Aracaju – SE: um estudo sobre a falta da previsibilidade ambiental das políticas da urbanização dos poderes públicos e os impactos ambientais urbanos – 1855 – 2000.
[31] SCHAEFFER – NOVELLI, Yara. Situação Atual do Grupo de Ecossistemas: “Manguezal, Marisma e Apicum”, Incluindo os Principais Vetores de Pressão as Perspectivas para sua Conservação e Uso Sustentado.Disponível em: http://www.anp.gov.br/ibamaperfuracao/refere/manguezal_marisma_apicum.pdf ; Acesso em: 20 de fevereiro de 2006.
[32] DIEGUES, Antonio Carlos Sant’Ana. Ecologia Humana e Planejamento Costeiro. 2ª ed. São Paulo: Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas em Áreas Úmidas Brasileiras, USP, 2001.p. 192.
[33] DIEGUES, Antonio Carlos Sant’Ana. Ecologia Humana e Planejamento Costeiro. 2ª ed. São Paulo: Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas em Áreas Úmidas Brasileiras, USP, 2001.p. 209.
Matéria sobre meio ambiente em aracaju
Técnica de Produção, Reportagem e Redação Jornalística
“No sítio das águas a cidade dos aterros”
Publicado em Cidade, Ciência e Tecnologia, Cultura, História por micheletavares em 27 27UTC Maio 27UTC 2009
Por Allana Andrade (allanarafaela@gmail.com ) eNikos Elefthérios (nikos.grego@gmail.com)
Professora Maria Augusta Mundim Vargas. Foto: Allana Andrade
Após assistir uma palestra com a professora sobre a relação do homem com a natureza e seu entendimento com a mesma, acrescentando a preocupação com o meio ambiente e a crescente expansão de Aracaju, nos sentimos motivados a compartilhar e aprofundar esse tema, com um enfoque diferenciado, tocando em pontos pouco abordados como a falta de conhecimento da área que foi aterrada em nossa capital e a interferência da construção de barragens na água do rio São Francisco, no trecho que passa pelo estado de Sergipe.
Para tanto, a equipe do Em Pauta UFS entrevistou Maria Augusta Mundim Vargas (*), professora voluntária do Departamento de Geografia e dos Núcleos de Pós-Graduação em Geografia (NPGEO) e de Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA), que além dessas questões discorreu sobre o meio ambiente no litoral sergipano, a revitalização do Baixo São Francisco, além de temas como: sociedade, cultura e desenvolvimento urbano em Sergipe.
Em Pauta UFS: Como e quando a senhora iniciou seu trabalho com o meio ambiente?
Maria Augusta Mundim Vargas: Eu trabalho com meio ambiente desde a década de 70. Em órgãos de meio ambiente desde 1975, numa época em que pouco se falava ou quase não se falava em meio ambiente. Foi logo depois da “Estocolmo 72”. Mas a preocupação era conhecer, fazer o diagnóstico do meio ambiente, [...], nesta época eu morava em Minas Gerais. Quando mudei para Sergipe, na década de 80, comecei a trabalhar desenvolvendo pesquisas na Administração Estadual do Meio Ambiente (ADEMA), órgão recém criado em Sergipe, com a função de organizar a relação do poder executivo estadual com o meio ambiente.
Em Pauta UFS: Quais as principais pesquisas realizadas com a sua colaboração na ADEMA?
Maria Augusta: Na ADEMA realizamos dois grandes trabalhos. O primeiro, foi o “Zoneamento Ecológico do Estado”, que considero um marco para Sergipe. E o outro, foi um estudo muito completo dos manguezais, do caranguejo-uçá (que é uns dos produtos mais importantes da região, que está incorporado na alimentação e cultura dos sergipanos) e sobre os caranguejeiros. Tiveram outros estudos, sobre a desertificação, resíduos de lixo no município, mas acho esses dois os mais importantes.
Em Pauta UFS: Quando a senhora resolveu voltar para a academia?
Maria Augusta: Enquanto trabalhava na ADEMA pesquisando, senti uma necessidade muito forte de continuar a minha formação. Eu sentia “sede” da academia. Foi quando comecei a fazer mestrado na UFS, sendo inclusive da primeira turma do curso de mestrado que a universidade criou. “A natureza das políticas no sertão sergipano”, foi o tema. Colocando na natureza das políticas, um duplo sentido, o da natureza das políticas e das políticas agindo sobre a natureza. Uma vez na academia, não quis mais sair, então fiz uma opção de vida e larguei o trabalho como técnica na ADEMA optando por ser professora de graduação e mestrado na UFS, dando aulas em disciplinas ligadas à natureza como: Planejamento Ambiental, Biogeografia, Leituras de Cartas, além do tema de mestrado. Meu doutorado foi iniciado na França, com o professor Ignacy Sachs, um estudioso que apresentou trabalhos sobre eco-desenvolvimento e desenvolvimento sustentável tanto na “Estocolmo 72” quanto na “ECO-92”, porém foi concluído em Rio Claro (São Paulo), novamente com um tema ligado à natureza. Dessa vez estudei todo o Baixo São Francisco, focando na vida das pessoas que moram na região ribeirinha, a forma como viam as mudanças realizadas nele, de que maneira absorviam as políticas que alteravam o meio ambiente, além do papel da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) neste trecho.
Em Pauta UFS: Você e outros pesquisadores criaram um mestrado interinstitucional. Como é esse projeto?
Maria Augusta: Após terminar o doutorado, eu, o professor Rodrigo Ramalho, de Alagoas e a professora Vania Fonseca, começamos a discutir a criação de um mestrado em desenvolvimento relacionado ao meio ambiente, mas queríamos fazer um projeto diferente, que agregasse outras instituições. Era um mestrado interinstitucional e regional onde o que se lecionasse aqui na UFS fosse ensinado, por exemplo, na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). A palestra que vocês assistiram era a aula inaugural das turmas de mestrado que ensinei no período entre 1995 e 2007. Nesta aula eu desconstruía o conceito de natureza. Porque a natureza é natural, mas o conceito dela é algo construído culturalmente. No mestrado, mostrava que cada pessoa podia contribuir para uma mudança, de postura, de ação, de mudança de costume. A visão romântica da natureza, por exemplo, é a de pessoas que não possuem respeito pela natureza, que estão longe dela, que ficam idealizando. No caso das oficinas, eu faço tanto para crianças de 5ª série como para adultos, estive em Goiânia recentemente e apresentei essa palestra no mestrado, porque acho importante a gente quebrar, desconstruir esse conceito.
Em Pauta UFS: Qual é a relação dos sergipanos com o meio ambiente?
Maria Augusta: Essa relação entre sergipanos com Sergipe, não é diferente da dos paulistas com São Paulo, ou em outros estados. Vou fazer um panorama geral sobre esse assunto. Essa relação mantém-se na utilização da natureza como um recurso, mas um recurso de exploração, que vem fazendo com que espécies desapareçam, além de sua utilização para a geração de lucros. O que difere uma região da outra é uma tomada maior ou menor de conscientização e normatização dos meios. Tomamos como exemplo movimentos de artistas ou a opinião de pessoas da área, como nas reportagens que vi, há alguns dias, em que artistas levaram para o congresso um número grande de assinaturas para que seja barrada a ocupação da Amazônia, utilizem-na de forma sustentável e que empresas internacionais parem de explorar madeira de qualquer forma e passem para a exploração sustentável. Além disso, a verba destinada a secretarias como da cultura e do meio ambiente (em Aracaju não existe a de meio ambiente) é inferior àquelas recebidas por outras secretarias, gerando um problema, pois necessita de muito investimento para os projetos.
Em Pauta UFS: E na cidade de Aracaju como se dá essa relação?
Maria Augusta: Aracaju foi uma cidade planejada entre rios, por causa do porto, em uma área com água em abundância. Localizada à beira do rio Sergipe e tendo como limite sul o rio Vaza Barris, com um emaranhado de canais ao redor, um cenário típico de estuário tropical. Nessa época a idéia do racionalismo, do progresso, que o meio ambiente deveria ser “vencido pela técnica” era o que predominava. Surgiu então, a idéia da técnica vencer através do aterro e começaram a aterrar. Eu digo que “no sítio das águas a cidade dos aterros”, pois a cidade foi criada a partir de aterros. Nós temos
A Orla de Atalaia em diferentes épocas. http://www.aracaju.se.gov.br/154anos
um padrão de ocupação mais próximo ao séc. XIX. Mas de que forma podemos manter um padrão de ocupação que está mais próximo do século XIX, se estamos em 2009? Isso é inaceitável! Portanto coloco dois marcos nesse processo:
Na década de 70: com o boom da urbanização do Brasil em um dos estudos mais importantes feitos na capital, dizia-se que para pensar a expansão de Aracaju era preciso pensar a drenagem da cidade, a macro drenagem.
Na década de 90: Participei do chamado Plano Diretor de Aracaju. Este pensava em consolidar a malha na cidade que já estava habitada ou planejar a ida para a zona de expansão, que assim é chamada até hoje, área que vai do Aeroporto até o Mosqueiro. A expansão em Aracaju só poderia ser liberada depois de um estudo sobre a macro-drenagem porque a região possui problemas com canais paralelos ao mar e não há como simplesmente construir sem saber para onde essa água vai escoar.
Exatamente como está acontecendo agora com as chuvas, não tem chovido mais do que o normal, só houve um pequeno aumento pluviométrico, mesmo assim estamos tendo problemas. Uma coisa é mudar, ter a consciência, e a outra é agir em conjunto, juntar a sociedade e as esferas municipal e estadual.O que ocorre é o poder público à reboque doa acontecimentos e assim não tem órgão que dê conta de Aracaju, de Sergipe e do país.
Em Pauta UFS: Como se deu os aterros realizados em Aracaju principalmente no Bairro 13 de Julho e no Jardins?
Maria Augusta: Onde hoje é a beira do rio do Bico do Pato (local da armação da árvore de Natal) até a foz era uma praia. Começou o aterramento dos canais que iam do Augusto’s para o rio. Aterraram o mangue, sem ter para onde escoar, a água “arrastou” a avenida e a praça inteira, temos um exemplo de aterro “vivo” dentro de nossa cidade. O problema foi que, tudo que o rio tirou dali, como as pedras, ele depositou no Havaizinho próximo ao projeto Tamar, causando o afastamento do mar, pois estuários têm dessas mudanças. O shopping e o bairro Jardins, não existiam, a área era coberta por manguezais, existiam fazendas na região da Praça da Imprensa e próximas à Av. Hermes Fontes. Onde hoje é a Pizzaria Tarantella e a Escola Parque de Sergipe eram sedes das fazendas, sendo que, ainda vemos casas com arquitetura e resquícios de fazenda. No lugar da Nova Saneamento existiam apenas dunas com inúmeros pés de mangaba.
Em Pauta UFS: Então Aracaju não foi uma cidade planejada como as pessoas falam?
Maria Augusta: Aracaju foi projetada no passado, tendo apenas o que hoje é o centro da cidade realmente planejado e construído em forma de um
http://www.aracaju.se.gov.br/154anos/index.php?act=galerias
tabuleiro de xadrez. Depois disso o crescimento da cidade seguiu de maneira desordenada, sem acompanhamento ou controle, por falta de dados e estudos reais. Apenas em 1979 fizeram o primeiro sobrevôo em nossa cidade, para conhecer a região, mas não sabiam como chegar àquela realidade. Os responsáveis pegavam um mapa da cidade na prefeitura apenas com as quadras e avenidas desenhadas, não tinham noção de morros, lagoas e curvas de nível. O mesmo acontecia na zona de expansão, lá é como uma lâmina, uma fitinha muito estreita do mar, repleta de canais, com lagoas por todo o caminho, então não é só construir, temos que planejar para onde a água vai depois. O mapeamento de curvas de nível só foi realizado em 2000 (no primeiro governo Déda).
Em Pauta UFS: Quais são os impactos da transposição do Rio São Francisco em Sergipe?
Maria Augusta: A transposição não atinge Sergipe porque antes de chegar aqui a água passa pelas usinas de Paulo Afonso e Xingó. A discussão da transposição é histórica, vem desde os tempos do império colonial (quando viam o rio como um “oásis”, o “Nilo brasileiro”), até a construção de barragens para a geração de energia que não seria para o Nordeste, a agroindústria com a CODEVASF, a irrigação e modernização da área. A questão da transposição não é transpor o rio, e sim criar o projeto de irrigação que é algo caro. Isso tudo depende do cunho político. Pois tem uma realidade a ser feita, mas até chegar a melhorar a qualidade de vida da população vai demorar. Sergipe fica com o final do rio, recebendo uma água dura, “sem vida”, pois é uma água de barragem. Isso afeta a fauna, pois os peixes da piracema não conseguem subir para se reproduzir. Com a construção das barragens sobrou para nosso estado uma água cada vez mais sem vida, onde os ribeirinhos têm estranheza e não reconhecem o rio, não sabem lidar com ele. Além disso, há a perda da força do rio, que fica para a erosão e causa o adentramento do mar quando se encontram. O projeto de revitalização do Baixo São Francisco é a grande reivindicação de Sergipe e dos sergipanos, sobretudo dos ribeirinhos. Na cidade de Propriá se fazia uma semana de cultura e identidade, onde toda a representação política e cultural se encontrava para discutir o Baixo São Francisco.
Em Pauta UFS: Quais são os problemas enfrentados pelo rio São Francisco? E o que devemos fazer?
Maria Augusta: São vários os problemas, como o esgotamento sanitário
Área do Baixo São Francisco. http://www.canoadetolda.org.br
nas bacias, os fazendeiros que barram os afluentes dos rios que passam em suas terras, desmatando próximo para pastagens, desviando e represando a água. Além disso, tem muitas cidades próximas às margens que polui com esgotos a exemplo de Propriá e Penedo.
Precisamos revegetar para continuar construindo, pois o rio está debilitado depois da construção da usina de Xingó, cuidar das bacias e realizar trabalhos que envolvam secretarias de agricultura, educação e pesquisa.
(*) Graduada em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (1974), mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe (1988) e doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1999).
google_protectAndRun("render_ads.js::google_render_ad", google_handleError, google_render_ad);
Ads by Google
Mestrado e DoutoradoMercosul: janeiro e julho educ. - administ. - direito - saúdewww.ideiaeduc.com.br
eXDental 2009eXDental. O mais completo e moderno software odontológico do mercado!www.exdental.com.br
Mudanças ClimáticasPós online da Gama Filho forma especialista em Mudanças Climáticaswww.PosEAD.com.br
Trans LourençoPara Sergipe e todo Brasil pague . 3x no Cartão id 80*33410 / 80*22790www.mudancaslourenco.com.br
2 comentários
« Entendendo o funcionamento interno da BICEN
“Bravo!” »
2 Respostas
Subscribe to comments with RSS.
Maria Augusta said, on 5 05UTC Junho 05UTC 2009 at 7:36 pm
Meus caros, gostei muito do trabalho de edição de vcs. Pela quantidade de informação é natural que ocorram alguns erros e assim seguem as correções que anotei .1-caranguejo-uçá (ucides cordatus); 2- doutorado na França com Ignacy Sachs; 3- um professor de Alagoas, autor do projeto (Prof. Rodrigo Ramalho) e a profa. Vania Fonseca; 4- .. aqui na UFS fosse ensinado, por exemplo na UFAL (retirar a UFBA pq ela não entrou no Programa); 5- na década de 90 (retirar o hoje). Participei do … habitada e planejar o crescimento para a zona de expansão; 6- … possui canais e lagoas paralelos ao mar; 7- uma coisa é mudar… nós precisamos agir em conjunto, juntar a sociedade e as esferas municipal e estadual. O que ocorre é o poder publico à reboque dos acontecimentos e assim, não tem órgão publico que dê conta de Aracaju, de Sergiepe e do país. 8- Onde hoje é a beira do rio (não a 13 de julho) do bico do Pato (local da árvore de natal) até a foz era uma praia,,, vendida (retirar depois); 9- O projeto de revitalização do Baixo São Francisco é a grande reivindicação de Sergipe e dos sergipanos, sobretudo dos ribeirinhos. 10- …se encontrava para discutir (tire representat). 11- ….cidades proximas às margens que poluem… Mais uma vez, parabens, o prazer foi meu, Maria Augusta
“No sítio das águas a cidade dos aterros”
Publicado em Cidade, Ciência e Tecnologia, Cultura, História por micheletavares em 27 27UTC Maio 27UTC 2009
Por Allana Andrade (allanarafaela@gmail.com ) eNikos Elefthérios (nikos.grego@gmail.com)
Professora Maria Augusta Mundim Vargas. Foto: Allana Andrade
Após assistir uma palestra com a professora sobre a relação do homem com a natureza e seu entendimento com a mesma, acrescentando a preocupação com o meio ambiente e a crescente expansão de Aracaju, nos sentimos motivados a compartilhar e aprofundar esse tema, com um enfoque diferenciado, tocando em pontos pouco abordados como a falta de conhecimento da área que foi aterrada em nossa capital e a interferência da construção de barragens na água do rio São Francisco, no trecho que passa pelo estado de Sergipe.
Para tanto, a equipe do Em Pauta UFS entrevistou Maria Augusta Mundim Vargas (*), professora voluntária do Departamento de Geografia e dos Núcleos de Pós-Graduação em Geografia (NPGEO) e de Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA), que além dessas questões discorreu sobre o meio ambiente no litoral sergipano, a revitalização do Baixo São Francisco, além de temas como: sociedade, cultura e desenvolvimento urbano em Sergipe.
Em Pauta UFS: Como e quando a senhora iniciou seu trabalho com o meio ambiente?
Maria Augusta Mundim Vargas: Eu trabalho com meio ambiente desde a década de 70. Em órgãos de meio ambiente desde 1975, numa época em que pouco se falava ou quase não se falava em meio ambiente. Foi logo depois da “Estocolmo 72”. Mas a preocupação era conhecer, fazer o diagnóstico do meio ambiente, [...], nesta época eu morava em Minas Gerais. Quando mudei para Sergipe, na década de 80, comecei a trabalhar desenvolvendo pesquisas na Administração Estadual do Meio Ambiente (ADEMA), órgão recém criado em Sergipe, com a função de organizar a relação do poder executivo estadual com o meio ambiente.
Em Pauta UFS: Quais as principais pesquisas realizadas com a sua colaboração na ADEMA?
Maria Augusta: Na ADEMA realizamos dois grandes trabalhos. O primeiro, foi o “Zoneamento Ecológico do Estado”, que considero um marco para Sergipe. E o outro, foi um estudo muito completo dos manguezais, do caranguejo-uçá (que é uns dos produtos mais importantes da região, que está incorporado na alimentação e cultura dos sergipanos) e sobre os caranguejeiros. Tiveram outros estudos, sobre a desertificação, resíduos de lixo no município, mas acho esses dois os mais importantes.
Em Pauta UFS: Quando a senhora resolveu voltar para a academia?
Maria Augusta: Enquanto trabalhava na ADEMA pesquisando, senti uma necessidade muito forte de continuar a minha formação. Eu sentia “sede” da academia. Foi quando comecei a fazer mestrado na UFS, sendo inclusive da primeira turma do curso de mestrado que a universidade criou. “A natureza das políticas no sertão sergipano”, foi o tema. Colocando na natureza das políticas, um duplo sentido, o da natureza das políticas e das políticas agindo sobre a natureza. Uma vez na academia, não quis mais sair, então fiz uma opção de vida e larguei o trabalho como técnica na ADEMA optando por ser professora de graduação e mestrado na UFS, dando aulas em disciplinas ligadas à natureza como: Planejamento Ambiental, Biogeografia, Leituras de Cartas, além do tema de mestrado. Meu doutorado foi iniciado na França, com o professor Ignacy Sachs, um estudioso que apresentou trabalhos sobre eco-desenvolvimento e desenvolvimento sustentável tanto na “Estocolmo 72” quanto na “ECO-92”, porém foi concluído em Rio Claro (São Paulo), novamente com um tema ligado à natureza. Dessa vez estudei todo o Baixo São Francisco, focando na vida das pessoas que moram na região ribeirinha, a forma como viam as mudanças realizadas nele, de que maneira absorviam as políticas que alteravam o meio ambiente, além do papel da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) neste trecho.
Em Pauta UFS: Você e outros pesquisadores criaram um mestrado interinstitucional. Como é esse projeto?
Maria Augusta: Após terminar o doutorado, eu, o professor Rodrigo Ramalho, de Alagoas e a professora Vania Fonseca, começamos a discutir a criação de um mestrado em desenvolvimento relacionado ao meio ambiente, mas queríamos fazer um projeto diferente, que agregasse outras instituições. Era um mestrado interinstitucional e regional onde o que se lecionasse aqui na UFS fosse ensinado, por exemplo, na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). A palestra que vocês assistiram era a aula inaugural das turmas de mestrado que ensinei no período entre 1995 e 2007. Nesta aula eu desconstruía o conceito de natureza. Porque a natureza é natural, mas o conceito dela é algo construído culturalmente. No mestrado, mostrava que cada pessoa podia contribuir para uma mudança, de postura, de ação, de mudança de costume. A visão romântica da natureza, por exemplo, é a de pessoas que não possuem respeito pela natureza, que estão longe dela, que ficam idealizando. No caso das oficinas, eu faço tanto para crianças de 5ª série como para adultos, estive em Goiânia recentemente e apresentei essa palestra no mestrado, porque acho importante a gente quebrar, desconstruir esse conceito.
Em Pauta UFS: Qual é a relação dos sergipanos com o meio ambiente?
Maria Augusta: Essa relação entre sergipanos com Sergipe, não é diferente da dos paulistas com São Paulo, ou em outros estados. Vou fazer um panorama geral sobre esse assunto. Essa relação mantém-se na utilização da natureza como um recurso, mas um recurso de exploração, que vem fazendo com que espécies desapareçam, além de sua utilização para a geração de lucros. O que difere uma região da outra é uma tomada maior ou menor de conscientização e normatização dos meios. Tomamos como exemplo movimentos de artistas ou a opinião de pessoas da área, como nas reportagens que vi, há alguns dias, em que artistas levaram para o congresso um número grande de assinaturas para que seja barrada a ocupação da Amazônia, utilizem-na de forma sustentável e que empresas internacionais parem de explorar madeira de qualquer forma e passem para a exploração sustentável. Além disso, a verba destinada a secretarias como da cultura e do meio ambiente (em Aracaju não existe a de meio ambiente) é inferior àquelas recebidas por outras secretarias, gerando um problema, pois necessita de muito investimento para os projetos.
Em Pauta UFS: E na cidade de Aracaju como se dá essa relação?
Maria Augusta: Aracaju foi uma cidade planejada entre rios, por causa do porto, em uma área com água em abundância. Localizada à beira do rio Sergipe e tendo como limite sul o rio Vaza Barris, com um emaranhado de canais ao redor, um cenário típico de estuário tropical. Nessa época a idéia do racionalismo, do progresso, que o meio ambiente deveria ser “vencido pela técnica” era o que predominava. Surgiu então, a idéia da técnica vencer através do aterro e começaram a aterrar. Eu digo que “no sítio das águas a cidade dos aterros”, pois a cidade foi criada a partir de aterros. Nós temos
A Orla de Atalaia em diferentes épocas. http://www.aracaju.se.gov.br/154anos
um padrão de ocupação mais próximo ao séc. XIX. Mas de que forma podemos manter um padrão de ocupação que está mais próximo do século XIX, se estamos em 2009? Isso é inaceitável! Portanto coloco dois marcos nesse processo:
Na década de 70: com o boom da urbanização do Brasil em um dos estudos mais importantes feitos na capital, dizia-se que para pensar a expansão de Aracaju era preciso pensar a drenagem da cidade, a macro drenagem.
Na década de 90: Participei do chamado Plano Diretor de Aracaju. Este pensava em consolidar a malha na cidade que já estava habitada ou planejar a ida para a zona de expansão, que assim é chamada até hoje, área que vai do Aeroporto até o Mosqueiro. A expansão em Aracaju só poderia ser liberada depois de um estudo sobre a macro-drenagem porque a região possui problemas com canais paralelos ao mar e não há como simplesmente construir sem saber para onde essa água vai escoar.
Exatamente como está acontecendo agora com as chuvas, não tem chovido mais do que o normal, só houve um pequeno aumento pluviométrico, mesmo assim estamos tendo problemas. Uma coisa é mudar, ter a consciência, e a outra é agir em conjunto, juntar a sociedade e as esferas municipal e estadual.O que ocorre é o poder público à reboque doa acontecimentos e assim não tem órgão que dê conta de Aracaju, de Sergipe e do país.
Em Pauta UFS: Como se deu os aterros realizados em Aracaju principalmente no Bairro 13 de Julho e no Jardins?
Maria Augusta: Onde hoje é a beira do rio do Bico do Pato (local da armação da árvore de Natal) até a foz era uma praia. Começou o aterramento dos canais que iam do Augusto’s para o rio. Aterraram o mangue, sem ter para onde escoar, a água “arrastou” a avenida e a praça inteira, temos um exemplo de aterro “vivo” dentro de nossa cidade. O problema foi que, tudo que o rio tirou dali, como as pedras, ele depositou no Havaizinho próximo ao projeto Tamar, causando o afastamento do mar, pois estuários têm dessas mudanças. O shopping e o bairro Jardins, não existiam, a área era coberta por manguezais, existiam fazendas na região da Praça da Imprensa e próximas à Av. Hermes Fontes. Onde hoje é a Pizzaria Tarantella e a Escola Parque de Sergipe eram sedes das fazendas, sendo que, ainda vemos casas com arquitetura e resquícios de fazenda. No lugar da Nova Saneamento existiam apenas dunas com inúmeros pés de mangaba.
Em Pauta UFS: Então Aracaju não foi uma cidade planejada como as pessoas falam?
Maria Augusta: Aracaju foi projetada no passado, tendo apenas o que hoje é o centro da cidade realmente planejado e construído em forma de um
http://www.aracaju.se.gov.br/154anos/index.php?act=galerias
tabuleiro de xadrez. Depois disso o crescimento da cidade seguiu de maneira desordenada, sem acompanhamento ou controle, por falta de dados e estudos reais. Apenas em 1979 fizeram o primeiro sobrevôo em nossa cidade, para conhecer a região, mas não sabiam como chegar àquela realidade. Os responsáveis pegavam um mapa da cidade na prefeitura apenas com as quadras e avenidas desenhadas, não tinham noção de morros, lagoas e curvas de nível. O mesmo acontecia na zona de expansão, lá é como uma lâmina, uma fitinha muito estreita do mar, repleta de canais, com lagoas por todo o caminho, então não é só construir, temos que planejar para onde a água vai depois. O mapeamento de curvas de nível só foi realizado em 2000 (no primeiro governo Déda).
Em Pauta UFS: Quais são os impactos da transposição do Rio São Francisco em Sergipe?
Maria Augusta: A transposição não atinge Sergipe porque antes de chegar aqui a água passa pelas usinas de Paulo Afonso e Xingó. A discussão da transposição é histórica, vem desde os tempos do império colonial (quando viam o rio como um “oásis”, o “Nilo brasileiro”), até a construção de barragens para a geração de energia que não seria para o Nordeste, a agroindústria com a CODEVASF, a irrigação e modernização da área. A questão da transposição não é transpor o rio, e sim criar o projeto de irrigação que é algo caro. Isso tudo depende do cunho político. Pois tem uma realidade a ser feita, mas até chegar a melhorar a qualidade de vida da população vai demorar. Sergipe fica com o final do rio, recebendo uma água dura, “sem vida”, pois é uma água de barragem. Isso afeta a fauna, pois os peixes da piracema não conseguem subir para se reproduzir. Com a construção das barragens sobrou para nosso estado uma água cada vez mais sem vida, onde os ribeirinhos têm estranheza e não reconhecem o rio, não sabem lidar com ele. Além disso, há a perda da força do rio, que fica para a erosão e causa o adentramento do mar quando se encontram. O projeto de revitalização do Baixo São Francisco é a grande reivindicação de Sergipe e dos sergipanos, sobretudo dos ribeirinhos. Na cidade de Propriá se fazia uma semana de cultura e identidade, onde toda a representação política e cultural se encontrava para discutir o Baixo São Francisco.
Em Pauta UFS: Quais são os problemas enfrentados pelo rio São Francisco? E o que devemos fazer?
Maria Augusta: São vários os problemas, como o esgotamento sanitário
Área do Baixo São Francisco. http://www.canoadetolda.org.br
nas bacias, os fazendeiros que barram os afluentes dos rios que passam em suas terras, desmatando próximo para pastagens, desviando e represando a água. Além disso, tem muitas cidades próximas às margens que polui com esgotos a exemplo de Propriá e Penedo.
Precisamos revegetar para continuar construindo, pois o rio está debilitado depois da construção da usina de Xingó, cuidar das bacias e realizar trabalhos que envolvam secretarias de agricultura, educação e pesquisa.
(*) Graduada em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (1974), mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe (1988) e doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1999).
google_protectAndRun("render_ads.js::google_render_ad", google_handleError, google_render_ad);
Ads by Google
Mestrado e DoutoradoMercosul: janeiro e julho educ. - administ. - direito - saúdewww.ideiaeduc.com.br
eXDental 2009eXDental. O mais completo e moderno software odontológico do mercado!www.exdental.com.br
Mudanças ClimáticasPós online da Gama Filho forma especialista em Mudanças Climáticaswww.PosEAD.com.br
Trans LourençoPara Sergipe e todo Brasil pague . 3x no Cartão id 80*33410 / 80*22790www.mudancaslourenco.com.br
2 comentários
« Entendendo o funcionamento interno da BICEN
“Bravo!” »
2 Respostas
Subscribe to comments with RSS.
Maria Augusta said, on 5 05UTC Junho 05UTC 2009 at 7:36 pm
Meus caros, gostei muito do trabalho de edição de vcs. Pela quantidade de informação é natural que ocorram alguns erros e assim seguem as correções que anotei .1-caranguejo-uçá (ucides cordatus); 2- doutorado na França com Ignacy Sachs; 3- um professor de Alagoas, autor do projeto (Prof. Rodrigo Ramalho) e a profa. Vania Fonseca; 4- .. aqui na UFS fosse ensinado, por exemplo na UFAL (retirar a UFBA pq ela não entrou no Programa); 5- na década de 90 (retirar o hoje). Participei do … habitada e planejar o crescimento para a zona de expansão; 6- … possui canais e lagoas paralelos ao mar; 7- uma coisa é mudar… nós precisamos agir em conjunto, juntar a sociedade e as esferas municipal e estadual. O que ocorre é o poder publico à reboque dos acontecimentos e assim, não tem órgão publico que dê conta de Aracaju, de Sergiepe e do país. 8- Onde hoje é a beira do rio (não a 13 de julho) do bico do Pato (local da árvore de natal) até a foz era uma praia,,, vendida (retirar depois); 9- O projeto de revitalização do Baixo São Francisco é a grande reivindicação de Sergipe e dos sergipanos, sobretudo dos ribeirinhos. 10- …se encontrava para discutir (tire representat). 11- ….cidades proximas às margens que poluem… Mais uma vez, parabens, o prazer foi meu, Maria Augusta
sobre aterros e ocupações de mangues em aracaju
ARACAJU: CRESCIMENTO URBANO E DESTRUIÇÃO DOS MANGUEZAIS[1]
Julia Maria de Santana[2]
Edson Magalhães Bastos Júnior[3]
Rosemeri Melo e Souza[4]
Resumo
Resultado do projeto de pesquisa Geração de Ambiências Didáticas em Geografia, este artigo buscou analisar a relação entre urbanização e destruição do ecossistema manguezal no município de Aracaju. Ao longo de sua formação histórica, Aracaju tem desconsiderado a fragilidade ambiental encontrada no sítio onde o município foi assentado. Contemporaneamente, são observadas duas formas de apropriação espacial do ecossistema manguezal com níveis de predação intrinsecamente ligados ao status político-econômico desses agentes, a saber: populações de baixa renda, ao norte da capital sergipana, e ao sul tanto por estas populações como, principalmente, pela indústria da construção civil (para fins de especulação imobiliária).
Palavras-chave: Aracaju, urbanização, manguezal.
Abstract
Resulting of the research project “Didactics Environments at Geography Teaching”, this article analyses the relationship between urbanization and the depletion of mangrove ecosystem at Aracaju, State capital of Sergipe, Brazil. Located at an environmental fragile site, in that city increases an spatial appropriation of mangrove by low income inhabitants, at North zone and construction of high level residences at South zone of the city.
Key-words: Aracaju, urbanization, mangrove
1. Introdução
Um dos elementos definidores do conceito de Geração de Ambiências Didáticas é a relação meio em torno/meio entre, a partir do qual esta concepção
significa elencar as questões e os problemas do meio em torno como suporte ou veículo para os processos educacionais de algum meio entre (uma sala de aula, por exemplo). Isso significa uma valorização dos temas e da cultura do mundo mais proximamente vivido (REGO, 2002: 201).
[1] Artigo resultante do projeto de pesquisa Geração de Ambiências Didáticas em Geografia, concluído em outubro de 2003.
[2] Bacharelanda em Geografia/Universidade Federal de Sergipe. juliajum@yahoo.com.br
[3] Bacharelando em Geografia/Universidade Federal de Sergipe. eddjunior@yahoo.com.br
[4] Profª Drª do Departamento de Educação/Universidade Federal de Sergipe (Orientadora). rome@ufs.br
Julia Maria de Santana[2]
Edson Magalhães Bastos Júnior[3]
Rosemeri Melo e Souza[4]
Resumo
Resultado do projeto de pesquisa Geração de Ambiências Didáticas em Geografia, este artigo buscou analisar a relação entre urbanização e destruição do ecossistema manguezal no município de Aracaju. Ao longo de sua formação histórica, Aracaju tem desconsiderado a fragilidade ambiental encontrada no sítio onde o município foi assentado. Contemporaneamente, são observadas duas formas de apropriação espacial do ecossistema manguezal com níveis de predação intrinsecamente ligados ao status político-econômico desses agentes, a saber: populações de baixa renda, ao norte da capital sergipana, e ao sul tanto por estas populações como, principalmente, pela indústria da construção civil (para fins de especulação imobiliária).
Palavras-chave: Aracaju, urbanização, manguezal.
Abstract
Resulting of the research project “Didactics Environments at Geography Teaching”, this article analyses the relationship between urbanization and the depletion of mangrove ecosystem at Aracaju, State capital of Sergipe, Brazil. Located at an environmental fragile site, in that city increases an spatial appropriation of mangrove by low income inhabitants, at North zone and construction of high level residences at South zone of the city.
Key-words: Aracaju, urbanization, mangrove
1. Introdução
Um dos elementos definidores do conceito de Geração de Ambiências Didáticas é a relação meio em torno/meio entre, a partir do qual esta concepção
significa elencar as questões e os problemas do meio em torno como suporte ou veículo para os processos educacionais de algum meio entre (uma sala de aula, por exemplo). Isso significa uma valorização dos temas e da cultura do mundo mais proximamente vivido (REGO, 2002: 201).
[1] Artigo resultante do projeto de pesquisa Geração de Ambiências Didáticas em Geografia, concluído em outubro de 2003.
[2] Bacharelanda em Geografia/Universidade Federal de Sergipe. juliajum@yahoo.com.br
[3] Bacharelando em Geografia/Universidade Federal de Sergipe. eddjunior@yahoo.com.br
[4] Profª Drª do Departamento de Educação/Universidade Federal de Sergipe (Orientadora). rome@ufs.br
Artigo sobre ateros de mangues em aracaju
Ocupação da Cidade
Aracaju - A paisagem urbana e o meio ambiente
Aracaju foi planejada para ser a capital através da Lei nº 413, de 17 de março de 1855, com sítio definido. À margem direita do Rio Sergipe, junto a sua foz, e portanto, sobre uma planície fluvio-marinha, foi eleita como melhor local para a instalação do novo porto e a nova capital.A planície costeira sergipana desenvolveu-se a leste do Grupo Barreiras (com datação no terciário), seguindo o modelo clássico de deposição costeira com avanços na direção do mar em decorrência do fluxo contínuo de sedimentos recebidos durante todo o período quaternário e, no caso de Aracaju, depositados pelo rio Sergipe.O ambiente natural de planície costeira e estuarino, típico de zonas tropicais, era dominado pelos ecossistemas de manguezal e de restinga. O manguezal ou mangue é um tipo de vegetação litorânea, que se constitui num dos mais típicos ecossistemas tropicais de grande importância ecológica e geológica das regiões estuarinas.A elevada representatividade em área do ecossistema de manguezal, em toda a costa sergipana, bem como no estuário do rio Sergipe, é justificada pelas peculiaridades da configuração geomorfológica e sedimentológica dos estuários, configuração esta definida pelos movimentos de recuo e avanço do mar ocorrido no quaternário. Esses movimentos definiram o posicionamento recuado do Grupo Barreiras nos dias atuais, assim como o emaranhado de canais que constituem a feição morfológica das áreas estuarinas.A importância ecológica dos manguezais se deve à elevada produtividade de proteína animal e ao fato de constituírem-se no "elo básico das cadeias alimentares economicamente importantes" (ODUM: JOHANES, 1975), pois deles dependem 2/3 da população de peixes do mundo (SCHAEFFER-NOVELLI; COTRON, 1981). Em termos geológicos, constituem no fator fundamental de estabilização dos estuários. As plantas, adaptadas ao substrato lodoso, quase fluído, resistem aos fluxos das marés, impedindo a ação erosiva destrutiva das ondas sobre os terrenos subseqüentes.Embora pobre em espécies vegetais, abriga uma fauna diversificada de grande valor protéico e econômico, ressaltando o caranguejo-uçá, aratu, guaiamum, camarão, ostra, dentre outros. Já as restingas revestem as areias frontais e/ou interiores das áreas litorâneas. No sítio de Aracaju, as restingas correspondiam aos "apicuns" e às dunas anteriores ao Grupo Barreiras e a toda extensão de cordões arenosos que compõem a zona de expansão urbana que se estende do aeroporto ao povoado Mosqueiro.Os solos são predominantemente arenosos, mas, no entanto, com menor teor de salinidade que, a depender das condições de umidade e exposição aos ventos, abrigam espécies xeromorfas, como as plantas dos "carrascos", até espécies arbóreas tais como cajueiro, mangabeira, murta, facheiro, aroeira-da-praia e outras.
A ocupação da cidade - Na porção setentrional do local estabelecido para a instalação da capital, já existia o povoado Santo Antônio, que desde o século XVII tinha como atividade principal a extração do sal. Erigido sobre uma colina, a povoação desenvolveu-se de forma anárquica, com arruamentos sinuosos e ocupação dispersa.Ao contrário, a capital foi planejada sobre uma área de aproximadamente 1 km2 com forma geométrica próxima a um quadrado e com arranjo das vias em tabuleiro de xadrez. Os limites da cidade correspondem ao norte à base da colina do Santo Antônio, ao sul a atual avenida Desembargador Maynard, à leste o Rio Sergipe e à oeste uma cadeia de dunas que atualmente corresponde ao alinhamento da avenida Pedro Calazans.Para a execução do plano, fazia-se necessário ratificar as margens do rio Sergipe, onde foi construída a avenida Ivo do Prado, bem como executar obras de aterro e terraplenagem. Como a função portuária definiu a localização da nova capital, Aracaju surgiu assim, derrubando e aterrando mangues e baixios inundáveis, ratificando canais e margens do Rio Sergipe, desmontando dunas e "apicuns" e eliminando restingas.A estrutura urbana foi-se formando sob forte controle urbanístico. Inicialmente, seu crescimento deu-se em direção ao eixo de ligação terrestre com a antiga capital, mas a estrutura urbana permaneceu rígida. Às margens do Rio Sergipe, nas proximidades da Av. Ivo do Prado concentraram-se as casas das classes mais abastadas, mais ao norte os armazéns, o porto e o mercado e, ao sul, sobre os terrenos entremeados de alagadiços, as classes mais pobres.No entanto, tal controle só foi possível e visível no sítio planejado. Construída com função portuária e industrial, além da centralidade da administração pública, Aracaju atraiu contingente populacional significativo desde as primeiras décadas, que se instalou de forma dispersa e desordenada na periferia da área planejada, dando início ao processo de expansão da cidade.Assim, rapidamente, a ocupação "extrapolou" o limite do plano. Os elevados preços dos terrenos no sítio planejado eram impeditivos para a população recém chegada em busca de emprego. Dentre os fatores que mais contribuíram para o rápido crescimento de Aracaju, há que pontuar a implantação, entre 1908 e 1914, dos serviços de água, de rede de esgotos, de eletricidade, de transporte urbano a tração animal, estrada de ferro e, entre 1929/30, a ocorrência de uma grande estiagem no sertão.A população total era de 4.000 habitantes em 1860. Em 1900, já abrigava 17.000 e, em 1940, 59.031 habitantes. Após a planificação de 1855, a cidade recebeu planos somente quando problemas urbanos se mostraram significativos, no decorrer dos anos sessenta. Anterior a essa data há que sinalizar alguns avanços nas leis de ocupação do solo ocorridos, sobretudo, para justificar ou regular fatos já existentes. (FRANÇA; LOUREIRO,1998).Essa análise retrospectiva deixa evidente que a descrição do crescimento urbano de Aracaju somente é possível através do acompanhamento das grandes mudanças e alterações na paisagem natural e edificada. Contudo, a edificação da cidade pode ser caracterizada por um processo de conquista desordenado e disperso em termos espaciais, porém, perverso e danoso, ecológico e socialmente, na medida em que se processou sobre os ecossistemas de mangue e restinga, cuja "conquista" humana exige vultosos e contínuos investimentos em obras e saneamento, o que não ocorreu.
Aracaju e as águas - Os atuais 176 km2 do território do município estendem-se entre o Rio do Sal, penúltimo tributário do Rio Sergipe, ao norte, e o Rio Vasa Barris ao sul. Entre eles, deságua o Rio Poxim cuja bacia interliga-se ao Rio Vasa Barris através do Canal Santa Maria.A topografia suave e baixa da planície fluvio-marinha determinou o emaranhado de canais que se formaram entre essas bacias e sub-bacias e, entre as águas, a construção da cidade.Dessa maneira, o processo de construção e, sobretudo, de expansão da cidade deu-se concomitantemente pela ocupação das partes mais elevadas, daí disperso e desordenado, e pela artificialização de áreas alagadiças mais baixas, através de aterros igualmente descontínuos e desordenados.Como os serviços de infra-estrutura e saneamento básico não foram sendo implantados conjuntamente e, nesse sentido Aracaju não foge à regra geral do processo de urbanização do espaço brasileiro, foi-se consolidando nos aracajuanos, uma percepção negativa do ambiente natural que cortava e dividia as áreas construídas e, ainda, criava vazios na malha urbana.Os mangues e os canais são os principais fatos de ruptura e descontinuidade do ambiente construído. Escoadouros dos esgotos e águas servidas passaram a ser percebidos como áreas sujas e transmissoras de doenças. Em conseqüência, ocorre a apropriação do termo mangue como sinônimo de confusão, bagunça, baderna, desordem, zona de meretrício, dentre outros.Se por um lado, o processo de expansão deu-se de forma desordenada e dispersa, a divisão social do espaço manteve como imperativo sua divisão econômica. Os mangues e as áreas pantanosas foram e continuam sendo ocupados pela população de baixa renda, ampliando cada vez mais a imagem negativa do ambiente natural.Planejada nos dias atuais, Aracaju seria vetada pela avaliação ambiental da legislação vigente. Contudo, a construção de uma cidade sustentável é possível e somente viável com a eliminação do entendimento da natureza intocável, que "congelaria" Aracaju, bem como do entendimento do ambiente natural indesejado, a ser conquistado e artificializado.
(* ) Maria Augusta Vargas é professora universitária, mestre em Desenvolvimento Regional pela UFS e doutora em Geografia pela Universidade Estadual de Rio Claro (MG).
Aracaju - A paisagem urbana e o meio ambiente
Aracaju foi planejada para ser a capital através da Lei nº 413, de 17 de março de 1855, com sítio definido. À margem direita do Rio Sergipe, junto a sua foz, e portanto, sobre uma planície fluvio-marinha, foi eleita como melhor local para a instalação do novo porto e a nova capital.A planície costeira sergipana desenvolveu-se a leste do Grupo Barreiras (com datação no terciário), seguindo o modelo clássico de deposição costeira com avanços na direção do mar em decorrência do fluxo contínuo de sedimentos recebidos durante todo o período quaternário e, no caso de Aracaju, depositados pelo rio Sergipe.O ambiente natural de planície costeira e estuarino, típico de zonas tropicais, era dominado pelos ecossistemas de manguezal e de restinga. O manguezal ou mangue é um tipo de vegetação litorânea, que se constitui num dos mais típicos ecossistemas tropicais de grande importância ecológica e geológica das regiões estuarinas.A elevada representatividade em área do ecossistema de manguezal, em toda a costa sergipana, bem como no estuário do rio Sergipe, é justificada pelas peculiaridades da configuração geomorfológica e sedimentológica dos estuários, configuração esta definida pelos movimentos de recuo e avanço do mar ocorrido no quaternário. Esses movimentos definiram o posicionamento recuado do Grupo Barreiras nos dias atuais, assim como o emaranhado de canais que constituem a feição morfológica das áreas estuarinas.A importância ecológica dos manguezais se deve à elevada produtividade de proteína animal e ao fato de constituírem-se no "elo básico das cadeias alimentares economicamente importantes" (ODUM: JOHANES, 1975), pois deles dependem 2/3 da população de peixes do mundo (SCHAEFFER-NOVELLI; COTRON, 1981). Em termos geológicos, constituem no fator fundamental de estabilização dos estuários. As plantas, adaptadas ao substrato lodoso, quase fluído, resistem aos fluxos das marés, impedindo a ação erosiva destrutiva das ondas sobre os terrenos subseqüentes.Embora pobre em espécies vegetais, abriga uma fauna diversificada de grande valor protéico e econômico, ressaltando o caranguejo-uçá, aratu, guaiamum, camarão, ostra, dentre outros. Já as restingas revestem as areias frontais e/ou interiores das áreas litorâneas. No sítio de Aracaju, as restingas correspondiam aos "apicuns" e às dunas anteriores ao Grupo Barreiras e a toda extensão de cordões arenosos que compõem a zona de expansão urbana que se estende do aeroporto ao povoado Mosqueiro.Os solos são predominantemente arenosos, mas, no entanto, com menor teor de salinidade que, a depender das condições de umidade e exposição aos ventos, abrigam espécies xeromorfas, como as plantas dos "carrascos", até espécies arbóreas tais como cajueiro, mangabeira, murta, facheiro, aroeira-da-praia e outras.
A ocupação da cidade - Na porção setentrional do local estabelecido para a instalação da capital, já existia o povoado Santo Antônio, que desde o século XVII tinha como atividade principal a extração do sal. Erigido sobre uma colina, a povoação desenvolveu-se de forma anárquica, com arruamentos sinuosos e ocupação dispersa.Ao contrário, a capital foi planejada sobre uma área de aproximadamente 1 km2 com forma geométrica próxima a um quadrado e com arranjo das vias em tabuleiro de xadrez. Os limites da cidade correspondem ao norte à base da colina do Santo Antônio, ao sul a atual avenida Desembargador Maynard, à leste o Rio Sergipe e à oeste uma cadeia de dunas que atualmente corresponde ao alinhamento da avenida Pedro Calazans.Para a execução do plano, fazia-se necessário ratificar as margens do rio Sergipe, onde foi construída a avenida Ivo do Prado, bem como executar obras de aterro e terraplenagem. Como a função portuária definiu a localização da nova capital, Aracaju surgiu assim, derrubando e aterrando mangues e baixios inundáveis, ratificando canais e margens do Rio Sergipe, desmontando dunas e "apicuns" e eliminando restingas.A estrutura urbana foi-se formando sob forte controle urbanístico. Inicialmente, seu crescimento deu-se em direção ao eixo de ligação terrestre com a antiga capital, mas a estrutura urbana permaneceu rígida. Às margens do Rio Sergipe, nas proximidades da Av. Ivo do Prado concentraram-se as casas das classes mais abastadas, mais ao norte os armazéns, o porto e o mercado e, ao sul, sobre os terrenos entremeados de alagadiços, as classes mais pobres.No entanto, tal controle só foi possível e visível no sítio planejado. Construída com função portuária e industrial, além da centralidade da administração pública, Aracaju atraiu contingente populacional significativo desde as primeiras décadas, que se instalou de forma dispersa e desordenada na periferia da área planejada, dando início ao processo de expansão da cidade.Assim, rapidamente, a ocupação "extrapolou" o limite do plano. Os elevados preços dos terrenos no sítio planejado eram impeditivos para a população recém chegada em busca de emprego. Dentre os fatores que mais contribuíram para o rápido crescimento de Aracaju, há que pontuar a implantação, entre 1908 e 1914, dos serviços de água, de rede de esgotos, de eletricidade, de transporte urbano a tração animal, estrada de ferro e, entre 1929/30, a ocorrência de uma grande estiagem no sertão.A população total era de 4.000 habitantes em 1860. Em 1900, já abrigava 17.000 e, em 1940, 59.031 habitantes. Após a planificação de 1855, a cidade recebeu planos somente quando problemas urbanos se mostraram significativos, no decorrer dos anos sessenta. Anterior a essa data há que sinalizar alguns avanços nas leis de ocupação do solo ocorridos, sobretudo, para justificar ou regular fatos já existentes. (FRANÇA; LOUREIRO,1998).Essa análise retrospectiva deixa evidente que a descrição do crescimento urbano de Aracaju somente é possível através do acompanhamento das grandes mudanças e alterações na paisagem natural e edificada. Contudo, a edificação da cidade pode ser caracterizada por um processo de conquista desordenado e disperso em termos espaciais, porém, perverso e danoso, ecológico e socialmente, na medida em que se processou sobre os ecossistemas de mangue e restinga, cuja "conquista" humana exige vultosos e contínuos investimentos em obras e saneamento, o que não ocorreu.
Aracaju e as águas - Os atuais 176 km2 do território do município estendem-se entre o Rio do Sal, penúltimo tributário do Rio Sergipe, ao norte, e o Rio Vasa Barris ao sul. Entre eles, deságua o Rio Poxim cuja bacia interliga-se ao Rio Vasa Barris através do Canal Santa Maria.A topografia suave e baixa da planície fluvio-marinha determinou o emaranhado de canais que se formaram entre essas bacias e sub-bacias e, entre as águas, a construção da cidade.Dessa maneira, o processo de construção e, sobretudo, de expansão da cidade deu-se concomitantemente pela ocupação das partes mais elevadas, daí disperso e desordenado, e pela artificialização de áreas alagadiças mais baixas, através de aterros igualmente descontínuos e desordenados.Como os serviços de infra-estrutura e saneamento básico não foram sendo implantados conjuntamente e, nesse sentido Aracaju não foge à regra geral do processo de urbanização do espaço brasileiro, foi-se consolidando nos aracajuanos, uma percepção negativa do ambiente natural que cortava e dividia as áreas construídas e, ainda, criava vazios na malha urbana.Os mangues e os canais são os principais fatos de ruptura e descontinuidade do ambiente construído. Escoadouros dos esgotos e águas servidas passaram a ser percebidos como áreas sujas e transmissoras de doenças. Em conseqüência, ocorre a apropriação do termo mangue como sinônimo de confusão, bagunça, baderna, desordem, zona de meretrício, dentre outros.Se por um lado, o processo de expansão deu-se de forma desordenada e dispersa, a divisão social do espaço manteve como imperativo sua divisão econômica. Os mangues e as áreas pantanosas foram e continuam sendo ocupados pela população de baixa renda, ampliando cada vez mais a imagem negativa do ambiente natural.Planejada nos dias atuais, Aracaju seria vetada pela avaliação ambiental da legislação vigente. Contudo, a construção de uma cidade sustentável é possível e somente viável com a eliminação do entendimento da natureza intocável, que "congelaria" Aracaju, bem como do entendimento do ambiente natural indesejado, a ser conquistado e artificializado.
(* ) Maria Augusta Vargas é professora universitária, mestre em Desenvolvimento Regional pela UFS e doutora em Geografia pela Universidade Estadual de Rio Claro (MG).
Assinar:
Postagens (Atom)