quinta-feira, 5 de março de 2009

sobre o necrochorume de cemiterios

Necrochorume de cemiterios contamina a água do sub-solo
A questão envolve substâncias liberadas por matérias em decomposição. Quase todos os cemitérios públicos podem apresentar problemas hidrogeoambientais, ou seja, contaminação das águas subterrâneas (lençóis freáticos) pelo necrochorume, líquido eliminado pelos corpos no primeiro ano do sepultamento.

O sinal de alerta tem sido dado pelo geólogo paulista Lezíro Marques Silva, que pesquisa o assunto desde 1970. Para sua pesquisa o professor percorreu 600 cemitérios municipais e particulares em todo o Brasil, encontrando um quadro no mínimo preocupante: “Em cerca de 75% dos cemitérios públicos há problemas de contaminação e, nos particulares, o índice é de 25%”, afirma, complementando que não registrou qualquer preocupação das autoridades com essa questão.

Os cemitérios percorridos em diversos estados apresentaram problemas de infiltrações hidrogeoambientais. Em meio aos problemas mais comuns constata-se a presença de túmulos malfeitos, com alvenaria rejuntada de forma inadequada e manutenção precária: “Essas deficiências, aliadas à má localização, podem fazer dos cemitérios fontes altamente poluidoras das águas subterrâneas”, alerta.

Segundo o pesquisador, o cadáver de um adulto, pesando em média 70 quilos, produz cerca de 30 litros de necrochorume em seu processo de decomposição. Esse líquido é composto por 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas, entre as quais algumas bastante tóxicas, como a putrefina e a cadaverina: um meio ideas para a proliferação de substâncias responsáveis pela transmissão de doenças infecto-cotagiosas, entre elas a hepatite e a poliomielite.

Em razão dessas características peculiares, esses microorganismos podem proliferar num raio superior a 400 metros do cemitério. Lezíro Silva explica que o necrochorume é facilmente absorvido pela água e, por isso, a contaminação é problemática, principalmente, nos locais onde o abastecimento se dá por poços ou cisternas: “Além da contaminação, a má localização dos cemitérios é outro fator de dificuldade, pois o estado inalterado de alguns corpos – a exemplo da ocorrência de fenômenos como a saponificação (o corpo não se decompõe), nos locais onde o terreno é úmido, e a mumificação, em locais de solo arenoso – obrigam à expansão da área o que ganha contorno dramático nas grandes cidades.

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