terça-feira, 20 de outubro de 2009

sobre a água na mata atlântica

Mata Atlântica apresenta um alto índice pluviométrico e, em média, estes valores variam entre 1.800 e 3.600 mm/ano, podendo chegar à 4.000 mm/ano, como é o caso de Paranapiacaba (SP). Por este motivo, está incluída nas florestas pluviais do Planeta (pluvio = chuva).
Esta característica é conseqüência da condensação da brisa oceânica carregada de vapor que é empurrada para as regiões continentais chegando nas escarpas das serras. Quando estes ventos atingem determinada altura e grau de condensação, encontram correntes de ar com diferentes temperaturas fazendo com que o excesso de vapor d´água se precipite em forma de chuva ou nevoeiro (serração), tornando o ambiente muito úmido.
Mas, qual será o papel da água nesta floresta?
Ao cair sobre a floresta, escorre pelas folhas e troncos até atingir a serrapilheira e, ao umedecê-la, acelera o processo de decomposição. Ao atingir o solo infiltra-se alimentando o lençol freático até aflorar na superfície, através dos "olhos d´água" ou nascentes. As folhas das plantas dos diversos estratos (arbóreo, arbustivo e herbáceo) têm o papel importante de diminuir a intensidade com que a água chega no solo, prevenindo a erosão e protegendo plantas muito jovens. Ao percorrer este caminho vertical, a água vai sendo enriquecida com sais minerais e substâncias orgânicas que serão incorporadas ao solo e assim a água, torna-se disponível para as raízes, sendo utilizada na hidratação das células e na fotossíntese.
A água contribui também para a determinação da fisionomia da floresta, uma vez que, através da chuva, carrega o material superficial do solo das regiões mais íngremes, expondo as rochas e tornando o solo raso. No meio das encostas, deposita parte do material vindo de cima, mas também transporta mais sedimento para baixo, não só através da chuva, mas escava fundos de rios e riachos. O sopé da serra é uma área plana, que acaba sendo entulhada de sedimento de diferentes origens vindos das regiões mais altas.
Em alguns locais onde predominam as rochas calcárias, os rios e a água infiltrada no solo, contribuem para a formação de cavernas, podendo originar grandes complexos cavernícolas, como é o caso da região do Vale do Ribeira (SP).
A maioria dos rios é perene, constantemente alimentados pela água da chuva que, com maior intensidade, contribui para a mudança de curso destes rios, resultando na erosão de suas margens externas e acúmulo de sedimento nas margens internas. À partir da mudança de curso, também podem ser formadas lagoas de água doce, brejos e lagunas de água salobra (próximas ao mar). Estes rios, alimentados pela chuva, são chamados "rios de água clara", mas também existem os "rios de água preta", que possuem lentos cursos de água que drenam as planícies das restingas e mangues, recebendo grande quantidade de matéria orgânica ainda em decomposição, o que lhes confere a coloração escura. São rios que formam os estuários e, portanto, possuem relação com a água salgada, dependendo das condições da maré e da época do ano.
Existem alguns mecanismos desenvolvidos pelas plantas para adaptarem-se à quantidade de água disponível. Em locais muito úmidos, a eliminação de água pelas bordas das folhas (gutação) é um deles. Plantas que vivem sobre as rochas, onde a disponibilidade de água é muito menor do que no solo, possuem estruturas de armazenamento de água e podem até comportar-se como plantas de deserto, se necessário. Mais detalhes sobre as plantas e suas adaptações, serão vistos em FLORA. Quanto aos animais aquáticos, peixes, camarões, lagostins e caranguejos, habitam o leito dos rios. O fluxo de água proporciona uma temperatura amena, alimento e oxigênio. Na foz dos rios (estuários) vivem também mamíferos aquáticos e freqüentam peixes de água salgada, aumentando a diversidade de espécies e a abundância. Mais detalhes em FAUNA.

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