INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SOCIALSUSTENTÁVEL da JUVENTUDE de CUMINHO (IDSSJC) – CAPELA - SE
O Instituto de Desenvolvimento Social e Sustentável (IDSSJC) foi criado em 30 de outubro de 2009-objetiva dar oportunidades de conhecimento, cultura e desenvolvimento sustentável do Projeto Recriando o Cuminho, por decisão dos sócios devidamente qualificados para prover a Organização Social.
O IDSSJC tem por missão o desenvolvimento de modelo de políticas sociais inovadoras, identificadas com a vocação social e cultural da região e agregar valores de eco desenvolvimento nas áreas de produção locais onde, através de manejo participativo, possa ser mantida a biodiversidade, os processos ecológicos e evolutivos de produção.
Para cumprir sua missão, o IDSSJC tem os seguintes objetivos:
I. Desenvolver, incentivar a geração de renda, capacitar, coordenar, executar e administrar a realização de projetos que objetivem a qualificação da mão de obra da juventude do povoado cuminho bem a preservação da biodiversidade, especialmente, a preservação dos sistemas agro florestas produtivos;
II. Promover o desenvolvimento sustentável da Região em articulação com a população local;
III. Arregimentar e gerir fundos econômicos e financeiros legais, provenientes de doações de indivíduos e/ou entidades nacionais e estrangeiras, públicas ou privadas, para o cumprimento da missão;
IV. Desenvolver ou financiar estudos e pesquisas sobre o uso sustentável dos recursos naturais da comunidade;
V. Realizar pesquisas de natureza básica, aplicada e tecnológica nas áreas de sua competência e afins;
VI. Proporcionar e contribuir para o treinamento profissionalizante, e tecnológico visando a qualificação dos recursos humanos com prioridade para o aproveitamento da mão de obra local buscando parcerias nas iniciativas, público e privado, nas áreas de sua competência e afins;
VII. Apoiar e c INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL
O IDSM tem por missão o desenvolvimento de modelo de área protegida para grandes áreas de florestas tropicais onde, através de manejo participativo, possa ser mantida a biodiversidade, os processos ecológicos e evolutivos.
Para cumprir sua missão, o IDSM tem os seguintes objetivos:
VII. Desenvolver, incentivar, coordenar, executar e administrar a realização de projetos que objetivem a conservação e, especialmente, a preservação do conhecimento popular local;
IX. Promover o desenvolvimento sustentável da Região em articulação com a população local;
X. Arregimentar e gerir fundos econômicos e financeiros legais, provenientes de doações de indivíduos e/ou entidades nacionais e estrangeiras, públicas ou privadas, para o cumprimento da missão;
XI. Desenvolver ou financiar estudos e pesquisas sobre o uso sustentável dos recursos naturais das florestas inundadas;
XII. Realizar pesquisas de natureza básica, aplicada e tecnológica nas áreas de sua competência e afins;
XIII. Proporcionar e contribuir para o treinamento cientifico e tecnológico de recursos humanos para o sistema nacional de Ciência e Tecnologia, público e privado, nas áreas de sua competência e afins;
XIV. Apoiar e cooperar com a atuação de entidades públicas e/ou privadas, cujo objetivo coincida ser a conservação, a preservação e a melhoria do meio ambiente da Região Amazônica;
XV. Desenvolver programas educacionais, priorizando as questões ambientais nas florestas inundadas da Amazônia;
XVI IDSSJC Realizar e executar projetos próprios ou de terceiros, realizando eventos, cursos e treinamentos com temas relacionados à conservação e preservação do meio ambiente Amazônico;
XVII. Desenvolver, gerar, licenciar tecnologias e adquirir no país e no exterior materiais, componentes, equipamentos e serviços para cumprir sua missão, por seus próprios meios ou em associação com centros de pesquisa e/ou entidades nacionais e estrangeiras.
Cooperar com a atuação de entidades públicas e/ou privadas, cujo objetivo coincida ser a conservação, a preservação e a melhoria do meio ambiente da Região Amazônica;
VIII. Desenvolver programas educacionais, priorizando as questões ambientais nas florestas inundadas da Amazônia;
XVIII. Realizar e executar projetos próprios ou de terceiros, realizando eventos, cursos e treinamentos com temas relacionados à conservação e preservação do meio ambiente Amazônico;
XIX. Desenvolver, gerar, licenciar tecnologias e adquirir no país e no exterior materiais, componentes, equipamentos e serviços para cumprir sua missão, por seus próprios meios ou em associação com centros de pesquisa e/ou entidades nacionais e estrangeiras.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
especies animais e vegetais
Espécies animais e vegetais
Pássaro - Sangue de Boi (Ramphocelus bresilius)
O Tië-sangue ou Sangue de Boi (Ramphocelus bresilius) é um visitante comum em áreas abertas e semi-abertas. Somente o macho apresenta esta coloração preta e vermelha; a fêmea tem cores mais escuras. Este belíssimo pássaro come frutas de todos os tipos.
Macaco guigó (Callicebus personatus melanochir)Este primata de tamanho médio (aproximadamente 1,5 kg) vive em grupos familiares parecidos com famílias humanas: pai, mãe e filhos. O pai participa intensamente na criação dos filhos. Os filhos deixam o grupo após chegar a idade adulta. Típico para guigós é o canto do grupo que avisa aos vizinhos a ocupação do território e ele pode ser ouvido há centenas de metros de distância. Alimentam-se de frutas e folhas.
Tatu verdadeiro (Dasypus novemcinctus)
Este pequeno mamífero optou pela estratégia da tartaruga, cobrindo seu corpo com pele endurecida. Pode se enrolar e aumentar ainda mais a proteção. Ele é insetívoro, devorando principalmente formigas. Os caçadores perseguem o tatú por causa da sua carne saborosa. No Ecoparque encontramos também o Tatú-peba (Euphractur sexcinctus) e o Tatú rabo-de-couro (Cabassous unicinctus
Camaleão
As lagartixas da ordem iguana são comumente chamadas de camaleões, pois possuem a habilidade de adaptar a sua cor ao ambiente em que se encontram. Iguanas só existem nas Américas. Centenas de espécies habitam a Mata Atlântica, medindo poucos centímetros ou até mais de um metro (teijú). Você consegue ver o animal na foto?
Caititu (Pecari tajacu)
Este pequeno porco selvagem vive em pequenos grupos na mata e em outros ecossistemas. Comem frutos, raízes e pequenos animais. Glândulas de cheiro nas costas identificam os indivíduos e servem para marcar o território. Comum em toda América Latina.
Bromélias (Aechmea mollis) são plantas epífitas, que se utilizam de outras plantas como suporte. Funcionam como importantes reservatórios de água e moradia de alguns seres vivos, como insetos e sapos.
A Imbaúba (Cecropia cinera) é uma árvore pioneira que contribui com a regeneração e rejuvenescimento da mata. Suas enormes folhas são o alimento preferido da preguiça-de-coleira.
O Bicho Preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) é um dos mamíferos mais raros da América do Sul. Ocorre apenas na Mata Atlântica. Vive solitário, pendurado pelos braços e pernas, com o corpo e a cabeça para baixo, alimentando-se de folhas e frutas. Sua característica mais conhecida é a lentidão. Está ameaçada de extinção por causa da caça e destruição do seu habitat. O Bicho-preguiça comum (Bradypus variegatus) também vive em nossa região.
Mico-estrela ou Sagüi (Callithrix Kuhli) É o menor primata da Bahia, com aproximadamente 450g. Vive em grupos familiares parecidos com os dos Micos-Leões-de-Cara-dourada. Além de frutas, insetos e folhas eles ingerem sucos de árvores. Seus dentes inferiores são especialmente adaptados para raspar a casca e chegar até o suco das árvores. Micos-estrela e Mico-leão-de-cara-dourada podem andar em grupos mistos durante parte do dia. Diversas espécies de sagüis são encontradas em todas as áreas de Mata Atlântica.
Pássaro - Sangue de Boi (Ramphocelus bresilius)
O Tië-sangue ou Sangue de Boi (Ramphocelus bresilius) é um visitante comum em áreas abertas e semi-abertas. Somente o macho apresenta esta coloração preta e vermelha; a fêmea tem cores mais escuras. Este belíssimo pássaro come frutas de todos os tipos.
Macaco guigó (Callicebus personatus melanochir)Este primata de tamanho médio (aproximadamente 1,5 kg) vive em grupos familiares parecidos com famílias humanas: pai, mãe e filhos. O pai participa intensamente na criação dos filhos. Os filhos deixam o grupo após chegar a idade adulta. Típico para guigós é o canto do grupo que avisa aos vizinhos a ocupação do território e ele pode ser ouvido há centenas de metros de distância. Alimentam-se de frutas e folhas.
Tatu verdadeiro (Dasypus novemcinctus)
Este pequeno mamífero optou pela estratégia da tartaruga, cobrindo seu corpo com pele endurecida. Pode se enrolar e aumentar ainda mais a proteção. Ele é insetívoro, devorando principalmente formigas. Os caçadores perseguem o tatú por causa da sua carne saborosa. No Ecoparque encontramos também o Tatú-peba (Euphractur sexcinctus) e o Tatú rabo-de-couro (Cabassous unicinctus
Camaleão
As lagartixas da ordem iguana são comumente chamadas de camaleões, pois possuem a habilidade de adaptar a sua cor ao ambiente em que se encontram. Iguanas só existem nas Américas. Centenas de espécies habitam a Mata Atlântica, medindo poucos centímetros ou até mais de um metro (teijú). Você consegue ver o animal na foto?
Caititu (Pecari tajacu)
Este pequeno porco selvagem vive em pequenos grupos na mata e em outros ecossistemas. Comem frutos, raízes e pequenos animais. Glândulas de cheiro nas costas identificam os indivíduos e servem para marcar o território. Comum em toda América Latina.
Bromélias (Aechmea mollis) são plantas epífitas, que se utilizam de outras plantas como suporte. Funcionam como importantes reservatórios de água e moradia de alguns seres vivos, como insetos e sapos.
A Imbaúba (Cecropia cinera) é uma árvore pioneira que contribui com a regeneração e rejuvenescimento da mata. Suas enormes folhas são o alimento preferido da preguiça-de-coleira.
O Bicho Preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) é um dos mamíferos mais raros da América do Sul. Ocorre apenas na Mata Atlântica. Vive solitário, pendurado pelos braços e pernas, com o corpo e a cabeça para baixo, alimentando-se de folhas e frutas. Sua característica mais conhecida é a lentidão. Está ameaçada de extinção por causa da caça e destruição do seu habitat. O Bicho-preguiça comum (Bradypus variegatus) também vive em nossa região.
Mico-estrela ou Sagüi (Callithrix Kuhli) É o menor primata da Bahia, com aproximadamente 450g. Vive em grupos familiares parecidos com os dos Micos-Leões-de-Cara-dourada. Além de frutas, insetos e folhas eles ingerem sucos de árvores. Seus dentes inferiores são especialmente adaptados para raspar a casca e chegar até o suco das árvores. Micos-estrela e Mico-leão-de-cara-dourada podem andar em grupos mistos durante parte do dia. Diversas espécies de sagüis são encontradas em todas as áreas de Mata Atlântica.
Mata atlântica em Sergipe
A Mata Atlântica de Sergipe
A Mata Atlântica do sul de Sergipe é reconhecida mundialmente como uma das áreas mais ricas em biodiversidade do mundo. Trata-se de uma região litorânea de paisagens naturais privilegiadas, com vastos manguezais, restingas, rios, lagoas, cachoeiras, grutas e uma floresta que, embora muito reduzida em relação à enorme extensão da Floresta Atlântica de antigamente, ainda guarda em seu interior uma riqueza sem igual.É constituída por florestas úmidas, caracterizadas por árvores altas com folhas sempre verdes. Esta região é recorde brasileiro em número de espécies de árvores e também abriga vários animais ameaçados de extinção, como o mico- sagui, macaco-prego- e o guigó de sergipe, veado, tatu, paca, cotia, raposa, camaleão, teiú, passaros e cobres. Tudo isso, se contrapõe aos alarmantes índices de desmatamento e diversas ameaças de risco de extinção.
A Mata Atlântica de Sergipe faz parte dos 7% que sobrou da grande Mata Atlântica, que cobria aproximadamente 12% do território nacional antes da colonização do Brasil.
Por isso, está entre os ecossistemas de maior prioridade para conservação em todo o mundo, um hot spot (ponto quente) de alta prioridade para o desenvolvimento de projetos conservacionistas tendo em vista seus índices alarmantes de fragmentação e desmatamento, que ameaçam de extinção diversas espécies da fauna e da flora só encontradas nessa região.
Em 1991, a UNESCO reconheceu a Mata Atlântica como Reserva da Biosfera, e mais recentemente, a mata do junco em Capela virou refúgio de vida silvestre. Além disso, foi declarada como patrimônio nacional na constituição brasileira de 1988.
É uma área rica em diversidade de árvores já registrada no mundo, sendo registradas espécies diferentes em um único hectare.
Surpreendentemente, estudos revelam que dessas espécies muitas são endêmicas e , quer dizer,que só podem ser encontradas aqui e em nenhum outro lugar do planeta, o que confere um caráter dramático à cada hectare adicional de terra desmatada.
A Mata Atlântica do sul de Sergipe é reconhecida mundialmente como uma das áreas mais ricas em biodiversidade do mundo. Trata-se de uma região litorânea de paisagens naturais privilegiadas, com vastos manguezais, restingas, rios, lagoas, cachoeiras, grutas e uma floresta que, embora muito reduzida em relação à enorme extensão da Floresta Atlântica de antigamente, ainda guarda em seu interior uma riqueza sem igual.É constituída por florestas úmidas, caracterizadas por árvores altas com folhas sempre verdes. Esta região é recorde brasileiro em número de espécies de árvores e também abriga vários animais ameaçados de extinção, como o mico- sagui, macaco-prego- e o guigó de sergipe, veado, tatu, paca, cotia, raposa, camaleão, teiú, passaros e cobres. Tudo isso, se contrapõe aos alarmantes índices de desmatamento e diversas ameaças de risco de extinção.
A Mata Atlântica de Sergipe faz parte dos 7% que sobrou da grande Mata Atlântica, que cobria aproximadamente 12% do território nacional antes da colonização do Brasil.
Por isso, está entre os ecossistemas de maior prioridade para conservação em todo o mundo, um hot spot (ponto quente) de alta prioridade para o desenvolvimento de projetos conservacionistas tendo em vista seus índices alarmantes de fragmentação e desmatamento, que ameaçam de extinção diversas espécies da fauna e da flora só encontradas nessa região.
Em 1991, a UNESCO reconheceu a Mata Atlântica como Reserva da Biosfera, e mais recentemente, a mata do junco em Capela virou refúgio de vida silvestre. Além disso, foi declarada como patrimônio nacional na constituição brasileira de 1988.
É uma área rica em diversidade de árvores já registrada no mundo, sendo registradas espécies diferentes em um único hectare.
Surpreendentemente, estudos revelam que dessas espécies muitas são endêmicas e , quer dizer,que só podem ser encontradas aqui e em nenhum outro lugar do planeta, o que confere um caráter dramático à cada hectare adicional de terra desmatada.
Materia do Mopec Sobre a rodovia SE 226/Capela
Mopec denuncia que obra da SE-226 infringe lei ambiental
Publicada: 29/10/2009/ Jornal da Cidade - aracaju
Texto: Bruna Carvalho (Estagiária) O coordenador do Movimento Popular Ecológico (Mopec), Lizaldo Vieira, pretende solicitar, ainda esta semana, a intervenção do Ministério Público Estadual (MPE) para embargar a obra de implantação da Rodovia SE-226, que vai ligar a BR-101 ao município de Capela. O ambientalista denuncia que o Departamento Estadual de Infra-Estrutura Rodoviária de Sergipe (DER) está infringindo a Legislação Ambiental Federal e, por conta disso, mais de 800 hectares de área da Mata do Junco, segunda maior reserva de Mata Atlântica do Estado de Sergipe, está ameaçada de devastação. “O local onde foram iniciadas as obras também serve de abrigo e refúgio do ‘macaco guigó’, uma espécie endêmica que está na lista dos animais em extinção no mundo”, alertou o líder do Mopec, informando que a área de Mata Atlântica, que ainda sobrevive no Estado, corresponde a menos de 1% da floresta original. Iniciada em outubro deste ano, a obra do trecho conhecido como estrada do Miranda, atinge os povoados: Terra Dura, Miranda, Boa Vista, Estreito e Lagoa Seca, comunidades onde, segundo Lizaldo Vieira, os moradores serão prejudicados. “A malha rodoviária está sendo, praticamente, duplicada e há trechos onde a pista fica a menos de dez metros das casas. Consultei algumas pessoas desta região e observei que não foi feita consulta pública, o que é obrigatório por lei, antes que obras desta magnitude sejam realizadas”, detalhou o defensor ambiental. Ilegalidade Até o fim das obras, que possui um prazo de 180 dias para conclusão, serão investidos mais de R$ 9,4 milhões nos 16 quilômetros rodovia. “Não sou contra o desenvolvimento do Estado, mas a construção também não deve seguir ilegalmente, pois num futuro próximo ela pode servir como instrumento de morte aos seres humanos e às espécies silvestres que são abrigadas no local”, disse Lizaldo. Com base na Resolução 001 de 23.01.1986 EIA/ Rima, da Legislação Ambiental Federal, o coordenador do Mopec alertou que a obra precisa estar amparada com um relatório de impacto ambiental. “Cobrei explicações da Adema e não obtive uma resposta consistente sobre a execução do projeto. Sem contar que os moradores não foram informados sobre a compensação ambiental, que é um mecanismo financeiro para encobrir os impactos ambientais da área” explicou o ambientalista. O coordenador do Mopec está elaborando um documento contendo informações sobre as irregularidades e o impacto que a obra pode causar. “Ainda hoje pretendo entregá-lo ao MPE, para cobrar que ela seja paralisada. Uma vez que a construção da rodovia seja concluída, o tráfego e a velocidade dos veículos vão triplicar e, como a estrada corta a Mata Atlântica, muitos animais estarão ameaçados. Por isso, há necessidade de planejamento para colocação de sinalização ou placas educativas alertando sobre a presença de animais silvestres. ”, frisou. Licença O diretor de Tecnologia do DER, Antonio Vasconcelos, admitiu que a licença ambiental ainda está sendo elaborada, mesmo depois de as obras já terem sido iniciadas. “Eu acredito que a Adema conclua e emita esta licença ainda esta semana. Mas quero deixar claro que a construção não atingiu a área de reserva da Mata Atlântica”, defendeu. Sobre as residências situadas nas proximidades da rodovia, o diretor do DER informou que todos os moradores já foram informados sobre a propriedade de desapropriação. “Não dá para revelar quantas casas serão retiradas por conta da continuidade das obras, pois o levantamento está sendo feito. Porém, todos serão devidamente ressarcidos. Além disso, o Estado todo será beneficiado, já que essa estrada antes era vicinal. A rodovia agora será pavimentada e terá dez metros de largura”, adiantou Antonio Vasconcelos. “O próprio DER se auto-denuncia, pois no site do órgão há fotos que mostram as máquinas devastando a área de Mata Atlântica”, retrucou Lizaldo Vieira.
Publicada: 29/10/2009/ Jornal da Cidade - aracaju
Texto: Bruna Carvalho (Estagiária) O coordenador do Movimento Popular Ecológico (Mopec), Lizaldo Vieira, pretende solicitar, ainda esta semana, a intervenção do Ministério Público Estadual (MPE) para embargar a obra de implantação da Rodovia SE-226, que vai ligar a BR-101 ao município de Capela. O ambientalista denuncia que o Departamento Estadual de Infra-Estrutura Rodoviária de Sergipe (DER) está infringindo a Legislação Ambiental Federal e, por conta disso, mais de 800 hectares de área da Mata do Junco, segunda maior reserva de Mata Atlântica do Estado de Sergipe, está ameaçada de devastação. “O local onde foram iniciadas as obras também serve de abrigo e refúgio do ‘macaco guigó’, uma espécie endêmica que está na lista dos animais em extinção no mundo”, alertou o líder do Mopec, informando que a área de Mata Atlântica, que ainda sobrevive no Estado, corresponde a menos de 1% da floresta original. Iniciada em outubro deste ano, a obra do trecho conhecido como estrada do Miranda, atinge os povoados: Terra Dura, Miranda, Boa Vista, Estreito e Lagoa Seca, comunidades onde, segundo Lizaldo Vieira, os moradores serão prejudicados. “A malha rodoviária está sendo, praticamente, duplicada e há trechos onde a pista fica a menos de dez metros das casas. Consultei algumas pessoas desta região e observei que não foi feita consulta pública, o que é obrigatório por lei, antes que obras desta magnitude sejam realizadas”, detalhou o defensor ambiental. Ilegalidade Até o fim das obras, que possui um prazo de 180 dias para conclusão, serão investidos mais de R$ 9,4 milhões nos 16 quilômetros rodovia. “Não sou contra o desenvolvimento do Estado, mas a construção também não deve seguir ilegalmente, pois num futuro próximo ela pode servir como instrumento de morte aos seres humanos e às espécies silvestres que são abrigadas no local”, disse Lizaldo. Com base na Resolução 001 de 23.01.1986 EIA/ Rima, da Legislação Ambiental Federal, o coordenador do Mopec alertou que a obra precisa estar amparada com um relatório de impacto ambiental. “Cobrei explicações da Adema e não obtive uma resposta consistente sobre a execução do projeto. Sem contar que os moradores não foram informados sobre a compensação ambiental, que é um mecanismo financeiro para encobrir os impactos ambientais da área” explicou o ambientalista. O coordenador do Mopec está elaborando um documento contendo informações sobre as irregularidades e o impacto que a obra pode causar. “Ainda hoje pretendo entregá-lo ao MPE, para cobrar que ela seja paralisada. Uma vez que a construção da rodovia seja concluída, o tráfego e a velocidade dos veículos vão triplicar e, como a estrada corta a Mata Atlântica, muitos animais estarão ameaçados. Por isso, há necessidade de planejamento para colocação de sinalização ou placas educativas alertando sobre a presença de animais silvestres. ”, frisou. Licença O diretor de Tecnologia do DER, Antonio Vasconcelos, admitiu que a licença ambiental ainda está sendo elaborada, mesmo depois de as obras já terem sido iniciadas. “Eu acredito que a Adema conclua e emita esta licença ainda esta semana. Mas quero deixar claro que a construção não atingiu a área de reserva da Mata Atlântica”, defendeu. Sobre as residências situadas nas proximidades da rodovia, o diretor do DER informou que todos os moradores já foram informados sobre a propriedade de desapropriação. “Não dá para revelar quantas casas serão retiradas por conta da continuidade das obras, pois o levantamento está sendo feito. Porém, todos serão devidamente ressarcidos. Além disso, o Estado todo será beneficiado, já que essa estrada antes era vicinal. A rodovia agora será pavimentada e terá dez metros de largura”, adiantou Antonio Vasconcelos. “O próprio DER se auto-denuncia, pois no site do órgão há fotos que mostram as máquinas devastando a área de Mata Atlântica”, retrucou Lizaldo Vieira.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Sobre o povoado Mussuca em Sergipe
A dança de São Gonçalo da Mussuca
Christiane Rocha Falcão
chfalcao@gmail.com
Universidade Federal de Sergipe
Resumo
A Dança de São Gonçalo de Amarante no povoado Mussuca, localizado no município sergipano de Laranjeiras, é
uma das manifestações folclóricas mais divulgadas e assediadas, tanto pela mídia como pelo público (aqui leia-se
poder público como fomentador de eventos de difusão dessas manifestações além da sociedade civil), dentro do
plano apresentações-espetáculo, cujo conteúdo simbólico esteja em congruência com o conceito de fenômeno da
cultura popular sergipana. O presente estudo se propõe a identificar dentro do culto de origem portuguesa valores
culturais determinados pela Cultura Negra, possivelmente adicionados ao culto ainda no período do Brasil colonial,
e tendo como abordagem a transmissão de tais valores na medida do tempo até os dias de hoje. Fatos e dados,
importantes para o entendimento do processo de formação do folguedo atual, se perderam na memória individual
dos participantes, mas a obediência a alguns rituais próprios da dança e de costumes negros traz à tona
questionamentos a cerca da tão pregada postergação das manifestações populares rurais, principalmente.
Palavras-chave: São Gonçalo, influências afro, Sergipe.
História oral e história oficial
O presente trabalho tem como objeto de estudo a manifestação folclórica dança de São Gonçalo de
Amarante, realizada no povoado Mussuca situado no município sergipano de Laranjeiras. O texto utilizará,
fundamentalmente, o embasamento de três principais textos: A dança de São Gonçalo: re-leitura
coreológica e história, monografia de mestrado em Artes, pela Unicamp, da professora Valéria Rachid Otávio;
a edição de um dos Cadernos de Folclore “Dança de São Gonçalo”, de autoria da professora mestra em
Antropologia Beatriz Góes Dantas; e o livro O folclore negro no Brasil, do estudioso Arthur Ramos.
Angariando informações contidas nessas obras, e adotando como método de pesquisa de campo a
apreensão da História Oral da manifestação na localidade, realizada durante o período de 2004 ao início de
2006, o estudo se propõe a iniciar questionamentos sobre o processo de mestiçagem de valores culturais
europeus, provavelmente iniciados na Idade Média, e a convergência com matrizes culturais negras e
indígenas quando do seu encontro em terras brasileiras, que terão nesse texto apenas o início de um estudo
mais profundo.
O folguedo folclórico é uma das manifestações populares brasileiras mais antigas, configurando-se como
prática do catolicismo popular (Otávio 2004, Dantas 1976). A estudiosa em danças populares, Valéria Rachid
A dança de São Gonçalo da Mussuca
Christiane Rocha Falcão
UNIrevista - Vol. 1, n° 3 (julho 2006)
2
Otávio, realizou um amplo estudo no qual consta um meticuloso histórico da conjuntura religiosa-políticaartística
da Europa e principalmente de Portugal no decorrer desde a Idade Média até a chegada do culto a
São Gonçalo em diversas partes do Brasil. A autora estuda toda a trajetória da religiosidade portuguesa no
decorrer da história da Igreja Católica portuguesa, até a chegada dos cultos a santos ao Brasil colonial. A
inserção do catolicismo na América Portuguesa se dá a partir de 1549, principalmente, com a atuação da
Ordem dos Jesuítas 1 criada pelo espanhol Ignácio de Loyola, cujos primeiros missionários vieram na
companhia de Tomé de Souza. Na conjuntura histórica, a Igreja nesse momento estava na fase de
implantação dos mandados da contra-reforma, em especial o Concílio de Trento (1545-1563)2.
O folclore brasileiro é de imigração, e o contributo das diversas manifestações deve ser avaliado em meio às
iniciativas de um Estado teolígicopolítico que evitava perder o controle político e ideológico sobre a
sociedade colonial. A questão das três raças formadoras sob o tacão de um Estado cada vez mais
centralizador deve ser enfrentada no plano das determinações históricas concretas, de suas instituições
educacionais, religiosas e sociais – (Monteiro, 2002)3.
Em várias partes do Brasil encontram-se manifestações de louvor a São Gonçalo. Valéria Otávio apresenta
também a existência do culto a dois santos de mesmo nome: São Gonçalo Garcia4, santo dos pardos,
também trazido na época colonial, e cultuado ainda hoje no Recife, Pernambuco, e São Gonçalo de
Amarante. A maior parte do culto está destinada a São Gonçalo de Amarante.
São Gonçalo de Amarante
“São Gonçalo brincava com seis mulhé sorteira”
Dona Pureza, mariposa do falecido mestre Paulino, primeiro patrão do São Gonçalo do século XX5.
Estima-se que o santo português nasceu em 1187 e morreu em 1259 (Otávio, 2002; Dantas 1976),
participou da Ordem dos Dominicanos6, e quando da sua morte foi beatificado pelo Papa Júlio III. O Rei de
Portugal, D. João, logo de sua canonização, teria se tornado devoto do santo, espalhando o culto ao santo
por todo o país principalmente na região norte de Portugal (Volpatto)7. Alguns jesuítas vieram para o Brasil,
como colonizadores, trazendo a crença em São Gonçalo para diferentes partes do país. Em Portugal, a festa
em louvor ao santo possui duas datas festivas; 10 de janeiro e em junho.
1 Ordem dos Jesuítas – fundada pelo espanhol Ignácio Loyola, tinha como direcionamento a evangelização voltada para o
culto de santos, diferente da abordagem católica na época na Europa que pregava os mandamentos como principal
observação religiosa.
2 A Contra-Reforma foi a resposta às 95 teses de Martinho Lutero acerca dos paradigmas e diacronias da Igreja Católica.
Para formatar suas respostas a Igreja realizou o Concílio de Trento.
3 Monteiro, Mariana. Espetáculo e devoção: Burlesco e Teologia Política nas Danças Populares Brasileiras. Tese de
Doutoramento. Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São
Paulo, 2002, p. 043.
4 São Gonçalo Garcia foi um santo pardo, filho de um português com uma indiana, e quando conhecido em Portugal por
um brasileiro, também tido como pardo, este trouxe o santo para prestigiar a sua raça, extremamente discriminada no
século XV (Otávio, 2002).
5 Entrevista feita com Dona Pureza em maio de 2005.
6 Ordem dos Dominicanos - Dominicanos ou Ordem Dominicana, é uma ordem religiosa católica que tem como objetivo a
pregação da mensagem de Jesus Cristo e a conversão ao cristianismo. Foi fundada em Toulouse, França, no ano de 1216
por São Domingos de Gusmão, sacerdote castelhano.
7 http://www.rosanevolpatto.trd.br/
A dança de São Gonçalo da Mussuca
Christiane Rocha Falcão
UNIrevista - Vol. 1, n° 3 (julho 2006)
3
O primeiro relato de uma festa para São Gonçalo do Amarante é de que aconteceu em Salvador, em 1718” e
teria sido do viajante francês Gentil de la Barbinais, citado por Câmara Cascudo como um dos primeiros
relatores sobre a folga de São Gonçalo, na Bahia (Cascudo, 1969:687).
Em seu texto, Valéria Otávio relata que a um certo ponto da vida, São Gonçalo teria trabalhado para uma
mulher velha e rica chamada Loba, e que com esse dinheiro teria construído a ponte que liga os dois lados
da cidade de Amarante, cortada pelo rio Tâmega, e teria construído também um convento. Atualmente,
persevera-se, ainda, uma tradição culinária local que tem no cozimento de bolos e pães, os testículos de São
Gonçalo, uma suposição de que a origem do culto ainda remonta a tradições pagãs locais (Otávio, 2002).
Possuía a fama de casamenteiro, e após sua morte, rapidamente o seu culto se espalhou, devido a milagres
a ele relacionados.
Na cidade do Porto, em Portugal, o ato de se dançar nas ocasiões de comemoração à São Gonçalo era
chamado de Festa das Regateiras. Ocasião em que participavam as mulheres que queriam se casar. A dança
era feita dentro da igreja, o que nos remete à Idade Média e Moderna em Portugal. Mas hoje não se dança
mais para São Gonçalo dentro da Igreja. (Otávio, 2002)
Várias histórias são contadas sobre o santo, que teria sido de família nobre. Uma delas é que possuía alma
farrista, e para se esquivar dos valores pecaminosos, ele cantava e bailava com pregos nos pés. A versão
contada pelos moradores mais velhos do povoado Mussuca/SE, sobre a história de São Gonçalo, é a de que
se tratava de um sacerdote católico que em certa altura da carreira religiosa resolveu se direcionar para
missões mais populares. Então teria se tornado marinheiro, e observando que nos cais de porto das cidades
portuguesas havia sempre mulheres à espera dos marinheiros, para vender-lhes o corpo, ele teria
improvisado instrumentos com bambus e madeira, e sempre no fim da tarde ia para o cais para tocar
música chamando as mulheres para dançar. As músicas continham mensagens de devoção a Deus, que
fizeram algumas prostitutas se converterem. Conta-se ainda que uma delas estava grávida, e no fim da
gestação, já convertida, ela batizou os filhos gêmeos de Cosme e Damião, segundo dona Pureza de 97 anos,
umas das moradoras mais antigas do povoado Mussuca8, mariposa do São Gonçalo, esposa do então do
mestre Paulino. Beatriz Góes Dantas (1976) atesta que durante os ensaios promovidos por São Gonçalo,
uma das mulheres, que estava grávida, teria entrado em processo de parto de repente e pela situação, São
Gonçalo teria sido o parteiro, e por isso o culto ao santo abrange a evangelização, o pedido de casamento e
de filhos.
Também os cortejos, hoje muito realizados quando dos Encontros Culturais de Laranjeiras9, remetem ao
século XIV, quando se realizam danças nas ruas, no que se chamavam de balés ambulatórios (Otávio, 2002).
Os cortejos no Brasil colonial eram sempre para prestigiar a chegada ou qualquer outra solenidade política.
8 Dados arrecadados em entrevistas gravadas em abril de 2005.
9 O anual Encontro Cultural de Laranjeiras é um evento que traz em sua estrutura um simpósio e apresentações de
grupos, em palco ou em cortejos pela cidade.
A dança de São Gonçalo da Mussuca
Christiane Rocha Falcão
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(...) Porque se existe fenômeno típico de desnivelamento dum gênero artístico, é o teatro folclórico. Ele
nasce como imposição de grupos dominantes que, na celebração, ensinam por meio de mimetismo
dramático a vida imperante dos espíritos, dos deuses (Andrade, 1982)
Mussuca
O povoado Mussuca fica localizado no município de Laranjeiras, a 23 km da capital sergipana. Durante o
processo de colonização, mais precisamente no século XVIII, pelo menos duas igrejas foram construídas
tendo como padroeiro São Gonçalo: uma em Laranjeiras, nas proximidades do Engenho Ilha, no povoado
Mussuca; e a outra em São Cristóvão, no alto do Cristo, muito embora hoje não existam mais traços do
culto no local.
Para os engenhos em terras laranjeirenses vieram os padres jesuítas, responsáveis por instaurar a religião
católica nas novas conquistas e “salvar as almas dos negros do inferno”. Os negros escravos guardavam
consigo sua cultura, suas danças e manifestações cultural-religiosas, como o maculelê, maracatus, o
candomblé, e outras, que eram tidas como demoníacas, e por isso precisavam ser reprimidas. Os padres
proibiram essas manifestações e deram início a um processo de catequese forçada. Uma das ações da
catequese foi a teatralização da salvação de prostitutas por São Gonçalo de Amarante. Não se sabe
exatamente por que hoje apenas homens brincam no grupo, vestidos de mulheres, mas de acordo com Seu
Laurindo, um dos moradores mais antigos da Mussuca, seu avô havia contado que as mulheres não podiam
participar de tais eventos, deveriam apenas aprender a bordar e fazer rendas como as sinhás.10
Hoje o grupo do povoado Mussuca possui doze figuras, homens vestidos de mulher representando as
prostitutas, dois deles tocam os querequechés, similares a ganzás e feitos de bambu, tocados com auxílio de
um palito com movimentos verticais; o patrão, geralmente o mais velho do grupo, vestido de marinheiro,
toca a caixa; um grupo de violeiros e a mariposa, senhora que guarda a imagem de São Gonçalo. Quando
questionados sobre a origem do folguedo na Mussuca, alguns moradores contam que São Gonçalo teria ido
ao povoado (sic).
O folguedo é religioso e tem no pagamento de promessas a sua essência. Na ocasião, a pessoa que recebeu
a “graça do milagre” por São Gonçalo vai até a Mussuca e combina com o líder do grupo, hoje o patrão
Mestre Sales, o dia e horário, e a pessoa se responsabiliza pelo transporte e alimentação do grupo. O
pagamento de promessas é uma louvação com mais doze músicas, a maioria em louvor ao santo. A
dinâmica é composta por um ensaio matutino que pode ser dentro da igreja próxima à residência do
pagador da promessa, ou em sua residência. Ao meio-dia o grupo realiza uma cerimônia especial durante o
almoço11. Antes de comer, os brincantes, que são puxados pelo patrão, hoje por Dona Nadir, entoam
ajoelhados a música: “Ô meu papagaio”, com os pratos a sua frente, e então almoçam. Á tarde se
preparam para o louvor que tem como precedência uma procissão com a imagem de São Gonçalo à frente,
nos braços da mariposa12. A o fim da procissão pelas ruas da localidade onde se realizou a promessa, o
10 Entrevista feita em setembro de 2005.
11 Ainda não se tem a conclusão da origem da tradição do almoço.
12 A presença da mariposa, como guardiã da imagem, não tem origem clara, mas adotando-se algumas referências do
livro “O folclore negro no Brasil”, pode-se chegar a possibilidade da figura da mariposa ter sido uma contribuição negra,
A dança de São Gonçalo da Mussuca
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grupo se coloca em formação na casa do dono do ex-voto13 , ou, no caso de representar um pedido
relacionado a alguém já falecido, no cemitério.14
Outra ocasião especial para o São Gonçalo da Mussuca é a Festa do Senhor da Cruz, realizada todo domingo
de Páscoa. Durante todo o dia, os componentes do grupo realizam um ritual simples e em conjunto. Pela
manhã, após os batizados na igreja do Senhor da Cruz, acontece o ensaio do São Gonçalo. A comunidade,
curiosos e a imprensa sempre assistem ao ensaio. Os bancos da igreja são empilhados nos cantos,
transformando a igreja num grande salão. Apenas com partes da indumentária, como a toca ou os colares,
as figuras ensaiam a apresentação que acontecerá mais a noite. O almoço tradicional é feito coletivamente,
embora nos últimos anos esteja se fazendo cada um em sua casa. À tarde acontece a missa, e a procissão
do Senhor da Cruz, em que o grupo acompanha a caminhada já com a indumentária, mas atentos aos hinos
entoados na procissão. No fim da procissão, o padre dá a benção final na porta da igreja, e ali mesmo o
grupo faz sua evolução.
Eles brincam periodicamente representando a cultura popular do Estado de Sergipe em eventos
institucionais, e por terem parte das indumentárias patrocinadas pela Prefeitura do Município, se apresentam
“de graça”, tendo o “contratante” a responsabilidade pelo transporte e alimentação do grupo, e em caso de
viagens mais longas, a hospedagem também fica por conta do contratante. As apresentações-espetáculo são
mais curtas, posto que não possuem tantos cânticos de louvação, para que o evento se torne mais rápido e
dinâmico, como atestam Dona Nadir e Mestre Sales.
O grupo é formado pelos seguintes personagens:
Patrão – Líder do grupo. Representante de São Gonçalo, vestido de Marinheiro, posto que muitos acreditam
se dever a ligação do santo com o mar, como também acreditam em Portugal e no sul do Brasil (Araújo,
1967: 31,75). Antigamente tira os versos e os figuras respondiam. Atualmente quem “puxa” os versos é
uma cantora, Dona Nadir.15 Ele é o comandante da dança, e seus gestos e os toques na caixa são os sinais.
Patrões da Dança de São Gonçalo mais conhecidos, e que nos ajudam a ter um parâmetro de cálculo de pelo
menos 150 anos de existência do culto ao santo português em terras laranjeirenses, foram: Manoel do
Anginho; José Paulino, o primeiro patrão do século XX; Eupídio Bispo; e o atual patrão Mestre Sales16.
Mariposa – Senhora que leva o santo à frente do grupo nos cortejos. Não possui indumentária fixa.
Tocadores - (01) caixa usada pelo patrão; dois (02) cavaquinhos; e um (01) violão, e não têm uma
indumentária fixa também.
posto que os negros tivessem tradições totêmicas, personificando animais com significados de caráter. A borboleta,
mariposa, seria um mensageiro, em algumas tradições africanas.
13 As promessas, ou ex-votos, são marcas do catolicismo popular brasileiro, e têm diversas formas de rituais, como por
exemplo, os amuletos de cera ou madeira designados a Padre Cícero (CE) ou a Nosso Senhor dos Passos, em São
Cristóvão (SE).
14 Essa dinâmica foi compreendida sob observação das brincadeiras do grupo, conversas constantes com os brincantes e
na leitura de textos como os de Beatriz Góes Dantas (1976).
15 Tradicionalmente, quem puxa os versos em solo é o patrão, sendo respondido pelos figuras. Atualmente, quem puxa os
versos é Dona Nadir, uma senhora de aproximadamente 50 anos, filha de um dos patrões, Paulino. O grupo optou por ter
Dona Nadir como “puxadora” por conta das apresentações-espetáculo, quando se utiliza um equipamento de sonorização,
e um microfone para o patrão seria um grande incômodo. Alguns pesquisadores, como Jorge Ducci (2005), músico,
atestam que esse fato descaracteriza o folguedo.
16 Essa ordem dos patrões foi estabelecida em conversa com Dona Pureza, Dona Nadir, Seu Sales e Seu Laurindo, as
principais fontes de dados na pesquisa de campo.
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Figuras - A indumentária dos dançantes é composta por: calça de brim branca, camisa branca sem manga
com bicos na gola e nas cavas, saia estampada com bicos de renda, um xale branco de crochê enfeitado
com fitas coloridas enviesado no peito dos figuras, um lenço branco com uma fita vermelha ou azul, como
tem sido ultimamente, na cabeça, além dos adereços, colares, brincos e pulseiras. Na ponta de cada fila
ficam os guias que tocam cada um o pule, forma de reco-reco feito de bambu.
A dinâmica básica para apresentações-espetáculos do grupo é a seguinte:
Ora viva
Nas hora de Deus amém
Pai, Filho e Espírito Santo
Ora viva, Ora viva.
Viva São Gonçalo Viva
São Gonçalo já foi santo
hoje em dia é marinheiro
Ora viva, Ora Viva...
Vamos embarcar com ele
para o Rio de Janeiro
pra dançar o São Gonçalo
tem que ter o pé ligeiro
Quem não tem casa nem rede
dorme no couro da vaca.
A disposição do grupo é a seguinte: em fileira horizontal, os tocadores e a “puxadora”. Entre os tocadores e
o restante do grupo, fica o patrão. Perpendicularmente aos tocadores ficam as duas filas, ou cordões. Na
frente de cada fila, ficam os “frentistas”, figuras que tocam os querequexés. A coreografia base dos figuras
dispostos em filas é composta de dois passos pra um lado e dois passos pro outro.
Vosso Rei pediu uma dança
A dança de São Gonçalo da Mussuca
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É de ponta de pé, é de carcanhá
Onde mora nosso Rei de Conga
É de ponta de pé, é de carcanhá
Segundo passo da evolução: A partir dos frentistas, cada figura vem para a frente do grupo, dançando, e
brinca colocando “calcanhá junto com calcanhá” do patrão. Logo após, cada frentista, junto com o patrão,
leva seu cordão realiza um círculo para seu lado, ou seja, os dois em lados opostos. Um dos lados para, e o
outro passa entre um componente e outro do lado que ficou parado, repetindo-se o movimento, trocando as
filas de função.
Inderê mamãe Zambi
mãe Zambi oi ela ai
Inderê mamãe Zambi
oi ela ai
Inderê Mamãe Zambi
Nesse momento, cada figura, a começar pelos frentistas, cruza com o correspondente em diagonal da fila
oposta, e num momento ao centro como se fossem se chocar, mas realizam manobras e giros.
Ô Suzanê
Mas cadê mãe Suzana – Ô Suzanê
Mãe Suzana morreu - Ô Suzanê
Lá no pé da ladeira - Ô Suzanê
Ai meu Deus cadê ela - Ô Suzanê
Mas cadê Mãe Suzana - Ô Suzanê
Ai, ai, ai cadê ela - Ô Suzanê
Ginauê
Ginauê ô querimbambuê
ô ginuá, ô ginuá
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catinga lavandê
ginuá, ô querimbambaê
ô vai, ô querimbambaê
(esta canção não vem sendo executada quando das apresentações fora do povoado)
Adeus parente
que eu vou me imbora
pra terra de Conga
vou ver Angola
Já vou me imbora
Eu vou agora
Pra terra de Conga
vou ver Angola
Chula
Chorei Maria, já chorei não choro mais
a vida de solteiro, já gozei não gozo mais
Essa primeira cantiga, para São Gonçalo eu canto
eu perdi a minha agulha no caminho pra Amerante
(esta versão é a mais cantada ultimamente).
Antes, a música inteira ainda possuía as partes:
Menina minha menina
coração de dois de ouro
se tu quer casar comigo
deixe de tanto namoro
Menina minha menina
coração de maravilha
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foi você que me ensinou
agora tenho outra vida
Minha mãe me deu uma surra
por causa de uma tinela
quanto mais se ela visse
o namoro da janela
Esses versos agora fazem parte dos hinos do grupo samba-de-parelha. A líder do grupo de samba, Dona
Nadir, é agora também “puxadora” dos hinos do São Gonçalo. Talvez por isso os cantos do São Gonçalo
tenham passado também para o samba-de-parelha.
Durante a chula, os figuras dançam de braços erguidos, requebrando o quadril no ritmo da dança. Esse
aspecto da dança é diferenciado dos outros grupos. O requebrar seria um ponto de fuga de vestígios da
cinética da dança africana. Dançando dessa forma, todos recuam no espaço, vindo de um a um dançar com
o patrão e depois com o figura que vem saindo para o mesmo movimento.
Ora Viva – A mesma canção do início
Antigamente ainda se dançava mais uma chula ao final. A ordem das músicas varia de apresentação para
apresentação, dependendo do tempo e também de acordo com o gosto do grupo.
Durante a última música, todos os figurantes se ajoelham diante dos tocadores, balançando o tronco
respondendo vivas a São Gonçalo.
A cultura negra no culto europeu
A presença de características inegavelmente africanas no culto é o grande interesse deste artigo. A
inquietação foi despertada numa entrevista realizada com a senhora Isaura Ramos, historiadora e
responsável pelo Museu de Cultura Afro do município de Laranjeiras.
A ritmização da caixa tocada pelo patrão, acompanhada pelos instrumentos de corda e pules, “apresenta um
ritmo acentuadamente sincopado” (Dantas, 1976: 07). O ritmo sincopado é típico dos vários segmentos da
Música Popular Brasileira, como o samba, o maxixe e o choro, principalmente, e tem como característica os
“saltos”, as ondulações entre acordes e notas. A síncope, na música, possui herança africana, e também é
encontrada em rumbas, ritmo típico cubano. Desse ritmo, tem-se a continuidade da característica negra, o
requebro nos quadris aplicado pelos figuras, principalmente, quando do toque da chula. Os participantes
A dança de São Gonçalo da Mussuca
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levantam os braços e requebram os quadris se movendo até o centro, o meio entre os dois cordões, dois a
dois, um de cada coluna, para um movimento que muito se assemelha a um cumprimento.
Cada cantiga chama-se jornada, no caso da Dança do São Gonçalo na Mussuca são nove as jornadas
cantadas em apresentações profanas17. A letra das cinco jornadas intermediárias de uma apresentação, que
não seja o pagamento de alguma promessa, provêem de letras inspiradas em temáticas africanas (Dantas,
1976:07). Tais músicas também podem ser ouvidas quando das apresentações de outros grupos folclóricos
que têm em si raízes negras, como a peleja do Lambe-Sujo contra os Caboclinhos18 e o Cacumbi19 No
pagamento das promessas as músicas em louvor ao santo português são em maior quantidade. Uma
possível interpretação desses fatos é que os negros, após o período de cativeiro no Engenho Ilha, situado na
Mussuca, tenham entrando em contato com os negros do município de Laranjeiras e ainda outros de fora da
região e tenham espontaneamente inserido suas canções nos ritos de culto a São Gonçalo.
Além da musicalidade singular, também as indumentárias dos figuras guardam em si significados culturais
negros. Os colares coloridos não seriam simples adornos, mas sim contas africanas de culto aos orixás,
introduzidas pelos escravos. Essa hipótese é reforçada pelo fato de que em ocasiões de simples ensaios, os
figuras dançam sem as vestes, mas sempre com as contas no pescoço. Outras peças, como o xale e o
turbante seriam heranças dos africanos colonizados na África primeiramente por mouros, e posteriormente
trazidos para o Brasil (Dantas, 1976: 06)
Arthur Ramos em seus dois livros mais famosos: “O folclore negro no Brasil”, 1935, e “O negro brasileiro”,
1934, levanta a teoria de que os traços culturais africanos nunca foram suplantados pela colonização forçada,
mas que permaneceram na psique coletiva dos seus descendentes. Seu trabalho possui o subtítulo de
“Pesquisa explorativa do inconsciente coletivo dos negros”, em que afirma: “Os mitos se perdem, mas a
lembrança do dinamismo mítico é preservado” (Ramos, 1935).
Ainda:
Os mitos africanos no Brasil adaptaram-se ao tipo de sociedade aqui encontrada. Deformaram-se,
conservando embora os elementos dinâmico-emocionais de origem, expressões de complexos primitivos...
Fragmentaram-se e passaram ao folclore. O folclore é uma sobrevivência emocional.
Observar esses fatos leva a crer, diz Maria Isaura (1958), que a resistência das matrizes africanas recriou a
brincadeira portuguesa.
Referências
Andrade, Mário de - Danças dramáticas do Brasil. 2ª ed., Belo Horizonte: Ed. Itatiaia-INL, 1982.
Cascudo, Luís da Câmara - Dicionário do Folclore brasileiro. Rio de Janeiro: MEC, 1962.
17 As apresentações profanas são aquelas em que não se tem pagamento de promessas, são apenas representativas.
18 O folguedo “lambe-sujo e caboclinhos” é a interpretação da tomada de um quilombo, no qual os brincantes do grupo
dos Lambe-Sujos se pintam de negro e os Caboclinhos de vermelho e fazem, junto com o público, uma brincadeira que
leva em conta uma parte da História do Brasil.
19 Cacumbi é um grupo folclórico que tem sua origem nas batalhas dos Cucumbis ou dos reis de Congo.
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Evans-Pritchard, E. E., 1976 (1951) Apêndice IV – Algumas reflexões sobre o trabalho de campo. In
Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande, Rio de Janeiro, Zahar editores Kuper, Adam 1988.
Ferreira, Marieta de Moraes & Amado, Janaína (coord.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro:
Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1996.
FUNDESC – Manifestações folclóricas, danças e folguedos. Governo do Estado de Sergipe.
Monteiro, Mariana. Espetáculo e devoção: burlesco e teologia política nas danças populares brasileiras. Tese
de Doutoramento. Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo, 2002.
Otávio, Valéria Rachid. Dança de São Gonçalo: re-interpretação coreológica e história. Tese de Mestrado.
Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas – SP , 2004.
Queiroz, Maria Isaura Pereira de. A dança de São Gonçalo num povoado bahiano. São Paulo: Livraria
Progresso, 1958.
Ramos, Arthur. Folclore negro no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1935.
Ramos, Arthur. O negro brasileiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1934.
Sá, Antônio Fernando Araújo. “História Oral da luta dos trabalhadores rurais sem-terra em Sergipe (1985-
1996)”. In Combates entre história e memórias. São Cristóvão: Editora UFS; Aracaju: Fundação
Oviêdo Teixeira, 2005.
Sá. Antônio Fernando Araújo. “Os lugares da memória da luta camponesa”. In Revista Candeeiro. São
Cristóvão: Adufs-Sind março de 2001, ano 4, versão 6.
SITES CONSULTADOS
http://jangadabrasil.com.br/janeiro41/fe41020b.htm
http://www.irdeb.ba.gov.br/Cd6letra13.htmhttp://jangadabrasil.com.br/outubro14
Christiane Rocha Falcão
chfalcao@gmail.com
Universidade Federal de Sergipe
Resumo
A Dança de São Gonçalo de Amarante no povoado Mussuca, localizado no município sergipano de Laranjeiras, é
uma das manifestações folclóricas mais divulgadas e assediadas, tanto pela mídia como pelo público (aqui leia-se
poder público como fomentador de eventos de difusão dessas manifestações além da sociedade civil), dentro do
plano apresentações-espetáculo, cujo conteúdo simbólico esteja em congruência com o conceito de fenômeno da
cultura popular sergipana. O presente estudo se propõe a identificar dentro do culto de origem portuguesa valores
culturais determinados pela Cultura Negra, possivelmente adicionados ao culto ainda no período do Brasil colonial,
e tendo como abordagem a transmissão de tais valores na medida do tempo até os dias de hoje. Fatos e dados,
importantes para o entendimento do processo de formação do folguedo atual, se perderam na memória individual
dos participantes, mas a obediência a alguns rituais próprios da dança e de costumes negros traz à tona
questionamentos a cerca da tão pregada postergação das manifestações populares rurais, principalmente.
Palavras-chave: São Gonçalo, influências afro, Sergipe.
História oral e história oficial
O presente trabalho tem como objeto de estudo a manifestação folclórica dança de São Gonçalo de
Amarante, realizada no povoado Mussuca situado no município sergipano de Laranjeiras. O texto utilizará,
fundamentalmente, o embasamento de três principais textos: A dança de São Gonçalo: re-leitura
coreológica e história, monografia de mestrado em Artes, pela Unicamp, da professora Valéria Rachid Otávio;
a edição de um dos Cadernos de Folclore “Dança de São Gonçalo”, de autoria da professora mestra em
Antropologia Beatriz Góes Dantas; e o livro O folclore negro no Brasil, do estudioso Arthur Ramos.
Angariando informações contidas nessas obras, e adotando como método de pesquisa de campo a
apreensão da História Oral da manifestação na localidade, realizada durante o período de 2004 ao início de
2006, o estudo se propõe a iniciar questionamentos sobre o processo de mestiçagem de valores culturais
europeus, provavelmente iniciados na Idade Média, e a convergência com matrizes culturais negras e
indígenas quando do seu encontro em terras brasileiras, que terão nesse texto apenas o início de um estudo
mais profundo.
O folguedo folclórico é uma das manifestações populares brasileiras mais antigas, configurando-se como
prática do catolicismo popular (Otávio 2004, Dantas 1976). A estudiosa em danças populares, Valéria Rachid
A dança de São Gonçalo da Mussuca
Christiane Rocha Falcão
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Otávio, realizou um amplo estudo no qual consta um meticuloso histórico da conjuntura religiosa-políticaartística
da Europa e principalmente de Portugal no decorrer desde a Idade Média até a chegada do culto a
São Gonçalo em diversas partes do Brasil. A autora estuda toda a trajetória da religiosidade portuguesa no
decorrer da história da Igreja Católica portuguesa, até a chegada dos cultos a santos ao Brasil colonial. A
inserção do catolicismo na América Portuguesa se dá a partir de 1549, principalmente, com a atuação da
Ordem dos Jesuítas 1 criada pelo espanhol Ignácio de Loyola, cujos primeiros missionários vieram na
companhia de Tomé de Souza. Na conjuntura histórica, a Igreja nesse momento estava na fase de
implantação dos mandados da contra-reforma, em especial o Concílio de Trento (1545-1563)2.
O folclore brasileiro é de imigração, e o contributo das diversas manifestações deve ser avaliado em meio às
iniciativas de um Estado teolígicopolítico que evitava perder o controle político e ideológico sobre a
sociedade colonial. A questão das três raças formadoras sob o tacão de um Estado cada vez mais
centralizador deve ser enfrentada no plano das determinações históricas concretas, de suas instituições
educacionais, religiosas e sociais – (Monteiro, 2002)3.
Em várias partes do Brasil encontram-se manifestações de louvor a São Gonçalo. Valéria Otávio apresenta
também a existência do culto a dois santos de mesmo nome: São Gonçalo Garcia4, santo dos pardos,
também trazido na época colonial, e cultuado ainda hoje no Recife, Pernambuco, e São Gonçalo de
Amarante. A maior parte do culto está destinada a São Gonçalo de Amarante.
São Gonçalo de Amarante
“São Gonçalo brincava com seis mulhé sorteira”
Dona Pureza, mariposa do falecido mestre Paulino, primeiro patrão do São Gonçalo do século XX5.
Estima-se que o santo português nasceu em 1187 e morreu em 1259 (Otávio, 2002; Dantas 1976),
participou da Ordem dos Dominicanos6, e quando da sua morte foi beatificado pelo Papa Júlio III. O Rei de
Portugal, D. João, logo de sua canonização, teria se tornado devoto do santo, espalhando o culto ao santo
por todo o país principalmente na região norte de Portugal (Volpatto)7. Alguns jesuítas vieram para o Brasil,
como colonizadores, trazendo a crença em São Gonçalo para diferentes partes do país. Em Portugal, a festa
em louvor ao santo possui duas datas festivas; 10 de janeiro e em junho.
1 Ordem dos Jesuítas – fundada pelo espanhol Ignácio Loyola, tinha como direcionamento a evangelização voltada para o
culto de santos, diferente da abordagem católica na época na Europa que pregava os mandamentos como principal
observação religiosa.
2 A Contra-Reforma foi a resposta às 95 teses de Martinho Lutero acerca dos paradigmas e diacronias da Igreja Católica.
Para formatar suas respostas a Igreja realizou o Concílio de Trento.
3 Monteiro, Mariana. Espetáculo e devoção: Burlesco e Teologia Política nas Danças Populares Brasileiras. Tese de
Doutoramento. Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São
Paulo, 2002, p. 043.
4 São Gonçalo Garcia foi um santo pardo, filho de um português com uma indiana, e quando conhecido em Portugal por
um brasileiro, também tido como pardo, este trouxe o santo para prestigiar a sua raça, extremamente discriminada no
século XV (Otávio, 2002).
5 Entrevista feita com Dona Pureza em maio de 2005.
6 Ordem dos Dominicanos - Dominicanos ou Ordem Dominicana, é uma ordem religiosa católica que tem como objetivo a
pregação da mensagem de Jesus Cristo e a conversão ao cristianismo. Foi fundada em Toulouse, França, no ano de 1216
por São Domingos de Gusmão, sacerdote castelhano.
7 http://www.rosanevolpatto.trd.br/
A dança de São Gonçalo da Mussuca
Christiane Rocha Falcão
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O primeiro relato de uma festa para São Gonçalo do Amarante é de que aconteceu em Salvador, em 1718” e
teria sido do viajante francês Gentil de la Barbinais, citado por Câmara Cascudo como um dos primeiros
relatores sobre a folga de São Gonçalo, na Bahia (Cascudo, 1969:687).
Em seu texto, Valéria Otávio relata que a um certo ponto da vida, São Gonçalo teria trabalhado para uma
mulher velha e rica chamada Loba, e que com esse dinheiro teria construído a ponte que liga os dois lados
da cidade de Amarante, cortada pelo rio Tâmega, e teria construído também um convento. Atualmente,
persevera-se, ainda, uma tradição culinária local que tem no cozimento de bolos e pães, os testículos de São
Gonçalo, uma suposição de que a origem do culto ainda remonta a tradições pagãs locais (Otávio, 2002).
Possuía a fama de casamenteiro, e após sua morte, rapidamente o seu culto se espalhou, devido a milagres
a ele relacionados.
Na cidade do Porto, em Portugal, o ato de se dançar nas ocasiões de comemoração à São Gonçalo era
chamado de Festa das Regateiras. Ocasião em que participavam as mulheres que queriam se casar. A dança
era feita dentro da igreja, o que nos remete à Idade Média e Moderna em Portugal. Mas hoje não se dança
mais para São Gonçalo dentro da Igreja. (Otávio, 2002)
Várias histórias são contadas sobre o santo, que teria sido de família nobre. Uma delas é que possuía alma
farrista, e para se esquivar dos valores pecaminosos, ele cantava e bailava com pregos nos pés. A versão
contada pelos moradores mais velhos do povoado Mussuca/SE, sobre a história de São Gonçalo, é a de que
se tratava de um sacerdote católico que em certa altura da carreira religiosa resolveu se direcionar para
missões mais populares. Então teria se tornado marinheiro, e observando que nos cais de porto das cidades
portuguesas havia sempre mulheres à espera dos marinheiros, para vender-lhes o corpo, ele teria
improvisado instrumentos com bambus e madeira, e sempre no fim da tarde ia para o cais para tocar
música chamando as mulheres para dançar. As músicas continham mensagens de devoção a Deus, que
fizeram algumas prostitutas se converterem. Conta-se ainda que uma delas estava grávida, e no fim da
gestação, já convertida, ela batizou os filhos gêmeos de Cosme e Damião, segundo dona Pureza de 97 anos,
umas das moradoras mais antigas do povoado Mussuca8, mariposa do São Gonçalo, esposa do então do
mestre Paulino. Beatriz Góes Dantas (1976) atesta que durante os ensaios promovidos por São Gonçalo,
uma das mulheres, que estava grávida, teria entrado em processo de parto de repente e pela situação, São
Gonçalo teria sido o parteiro, e por isso o culto ao santo abrange a evangelização, o pedido de casamento e
de filhos.
Também os cortejos, hoje muito realizados quando dos Encontros Culturais de Laranjeiras9, remetem ao
século XIV, quando se realizam danças nas ruas, no que se chamavam de balés ambulatórios (Otávio, 2002).
Os cortejos no Brasil colonial eram sempre para prestigiar a chegada ou qualquer outra solenidade política.
8 Dados arrecadados em entrevistas gravadas em abril de 2005.
9 O anual Encontro Cultural de Laranjeiras é um evento que traz em sua estrutura um simpósio e apresentações de
grupos, em palco ou em cortejos pela cidade.
A dança de São Gonçalo da Mussuca
Christiane Rocha Falcão
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(...) Porque se existe fenômeno típico de desnivelamento dum gênero artístico, é o teatro folclórico. Ele
nasce como imposição de grupos dominantes que, na celebração, ensinam por meio de mimetismo
dramático a vida imperante dos espíritos, dos deuses (Andrade, 1982)
Mussuca
O povoado Mussuca fica localizado no município de Laranjeiras, a 23 km da capital sergipana. Durante o
processo de colonização, mais precisamente no século XVIII, pelo menos duas igrejas foram construídas
tendo como padroeiro São Gonçalo: uma em Laranjeiras, nas proximidades do Engenho Ilha, no povoado
Mussuca; e a outra em São Cristóvão, no alto do Cristo, muito embora hoje não existam mais traços do
culto no local.
Para os engenhos em terras laranjeirenses vieram os padres jesuítas, responsáveis por instaurar a religião
católica nas novas conquistas e “salvar as almas dos negros do inferno”. Os negros escravos guardavam
consigo sua cultura, suas danças e manifestações cultural-religiosas, como o maculelê, maracatus, o
candomblé, e outras, que eram tidas como demoníacas, e por isso precisavam ser reprimidas. Os padres
proibiram essas manifestações e deram início a um processo de catequese forçada. Uma das ações da
catequese foi a teatralização da salvação de prostitutas por São Gonçalo de Amarante. Não se sabe
exatamente por que hoje apenas homens brincam no grupo, vestidos de mulheres, mas de acordo com Seu
Laurindo, um dos moradores mais antigos da Mussuca, seu avô havia contado que as mulheres não podiam
participar de tais eventos, deveriam apenas aprender a bordar e fazer rendas como as sinhás.10
Hoje o grupo do povoado Mussuca possui doze figuras, homens vestidos de mulher representando as
prostitutas, dois deles tocam os querequechés, similares a ganzás e feitos de bambu, tocados com auxílio de
um palito com movimentos verticais; o patrão, geralmente o mais velho do grupo, vestido de marinheiro,
toca a caixa; um grupo de violeiros e a mariposa, senhora que guarda a imagem de São Gonçalo. Quando
questionados sobre a origem do folguedo na Mussuca, alguns moradores contam que São Gonçalo teria ido
ao povoado (sic).
O folguedo é religioso e tem no pagamento de promessas a sua essência. Na ocasião, a pessoa que recebeu
a “graça do milagre” por São Gonçalo vai até a Mussuca e combina com o líder do grupo, hoje o patrão
Mestre Sales, o dia e horário, e a pessoa se responsabiliza pelo transporte e alimentação do grupo. O
pagamento de promessas é uma louvação com mais doze músicas, a maioria em louvor ao santo. A
dinâmica é composta por um ensaio matutino que pode ser dentro da igreja próxima à residência do
pagador da promessa, ou em sua residência. Ao meio-dia o grupo realiza uma cerimônia especial durante o
almoço11. Antes de comer, os brincantes, que são puxados pelo patrão, hoje por Dona Nadir, entoam
ajoelhados a música: “Ô meu papagaio”, com os pratos a sua frente, e então almoçam. Á tarde se
preparam para o louvor que tem como precedência uma procissão com a imagem de São Gonçalo à frente,
nos braços da mariposa12. A o fim da procissão pelas ruas da localidade onde se realizou a promessa, o
10 Entrevista feita em setembro de 2005.
11 Ainda não se tem a conclusão da origem da tradição do almoço.
12 A presença da mariposa, como guardiã da imagem, não tem origem clara, mas adotando-se algumas referências do
livro “O folclore negro no Brasil”, pode-se chegar a possibilidade da figura da mariposa ter sido uma contribuição negra,
A dança de São Gonçalo da Mussuca
Christiane Rocha Falcão
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grupo se coloca em formação na casa do dono do ex-voto13 , ou, no caso de representar um pedido
relacionado a alguém já falecido, no cemitério.14
Outra ocasião especial para o São Gonçalo da Mussuca é a Festa do Senhor da Cruz, realizada todo domingo
de Páscoa. Durante todo o dia, os componentes do grupo realizam um ritual simples e em conjunto. Pela
manhã, após os batizados na igreja do Senhor da Cruz, acontece o ensaio do São Gonçalo. A comunidade,
curiosos e a imprensa sempre assistem ao ensaio. Os bancos da igreja são empilhados nos cantos,
transformando a igreja num grande salão. Apenas com partes da indumentária, como a toca ou os colares,
as figuras ensaiam a apresentação que acontecerá mais a noite. O almoço tradicional é feito coletivamente,
embora nos últimos anos esteja se fazendo cada um em sua casa. À tarde acontece a missa, e a procissão
do Senhor da Cruz, em que o grupo acompanha a caminhada já com a indumentária, mas atentos aos hinos
entoados na procissão. No fim da procissão, o padre dá a benção final na porta da igreja, e ali mesmo o
grupo faz sua evolução.
Eles brincam periodicamente representando a cultura popular do Estado de Sergipe em eventos
institucionais, e por terem parte das indumentárias patrocinadas pela Prefeitura do Município, se apresentam
“de graça”, tendo o “contratante” a responsabilidade pelo transporte e alimentação do grupo, e em caso de
viagens mais longas, a hospedagem também fica por conta do contratante. As apresentações-espetáculo são
mais curtas, posto que não possuem tantos cânticos de louvação, para que o evento se torne mais rápido e
dinâmico, como atestam Dona Nadir e Mestre Sales.
O grupo é formado pelos seguintes personagens:
Patrão – Líder do grupo. Representante de São Gonçalo, vestido de Marinheiro, posto que muitos acreditam
se dever a ligação do santo com o mar, como também acreditam em Portugal e no sul do Brasil (Araújo,
1967: 31,75). Antigamente tira os versos e os figuras respondiam. Atualmente quem “puxa” os versos é
uma cantora, Dona Nadir.15 Ele é o comandante da dança, e seus gestos e os toques na caixa são os sinais.
Patrões da Dança de São Gonçalo mais conhecidos, e que nos ajudam a ter um parâmetro de cálculo de pelo
menos 150 anos de existência do culto ao santo português em terras laranjeirenses, foram: Manoel do
Anginho; José Paulino, o primeiro patrão do século XX; Eupídio Bispo; e o atual patrão Mestre Sales16.
Mariposa – Senhora que leva o santo à frente do grupo nos cortejos. Não possui indumentária fixa.
Tocadores - (01) caixa usada pelo patrão; dois (02) cavaquinhos; e um (01) violão, e não têm uma
indumentária fixa também.
posto que os negros tivessem tradições totêmicas, personificando animais com significados de caráter. A borboleta,
mariposa, seria um mensageiro, em algumas tradições africanas.
13 As promessas, ou ex-votos, são marcas do catolicismo popular brasileiro, e têm diversas formas de rituais, como por
exemplo, os amuletos de cera ou madeira designados a Padre Cícero (CE) ou a Nosso Senhor dos Passos, em São
Cristóvão (SE).
14 Essa dinâmica foi compreendida sob observação das brincadeiras do grupo, conversas constantes com os brincantes e
na leitura de textos como os de Beatriz Góes Dantas (1976).
15 Tradicionalmente, quem puxa os versos em solo é o patrão, sendo respondido pelos figuras. Atualmente, quem puxa os
versos é Dona Nadir, uma senhora de aproximadamente 50 anos, filha de um dos patrões, Paulino. O grupo optou por ter
Dona Nadir como “puxadora” por conta das apresentações-espetáculo, quando se utiliza um equipamento de sonorização,
e um microfone para o patrão seria um grande incômodo. Alguns pesquisadores, como Jorge Ducci (2005), músico,
atestam que esse fato descaracteriza o folguedo.
16 Essa ordem dos patrões foi estabelecida em conversa com Dona Pureza, Dona Nadir, Seu Sales e Seu Laurindo, as
principais fontes de dados na pesquisa de campo.
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Figuras - A indumentária dos dançantes é composta por: calça de brim branca, camisa branca sem manga
com bicos na gola e nas cavas, saia estampada com bicos de renda, um xale branco de crochê enfeitado
com fitas coloridas enviesado no peito dos figuras, um lenço branco com uma fita vermelha ou azul, como
tem sido ultimamente, na cabeça, além dos adereços, colares, brincos e pulseiras. Na ponta de cada fila
ficam os guias que tocam cada um o pule, forma de reco-reco feito de bambu.
A dinâmica básica para apresentações-espetáculos do grupo é a seguinte:
Ora viva
Nas hora de Deus amém
Pai, Filho e Espírito Santo
Ora viva, Ora viva.
Viva São Gonçalo Viva
São Gonçalo já foi santo
hoje em dia é marinheiro
Ora viva, Ora Viva...
Vamos embarcar com ele
para o Rio de Janeiro
pra dançar o São Gonçalo
tem que ter o pé ligeiro
Quem não tem casa nem rede
dorme no couro da vaca.
A disposição do grupo é a seguinte: em fileira horizontal, os tocadores e a “puxadora”. Entre os tocadores e
o restante do grupo, fica o patrão. Perpendicularmente aos tocadores ficam as duas filas, ou cordões. Na
frente de cada fila, ficam os “frentistas”, figuras que tocam os querequexés. A coreografia base dos figuras
dispostos em filas é composta de dois passos pra um lado e dois passos pro outro.
Vosso Rei pediu uma dança
A dança de São Gonçalo da Mussuca
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É de ponta de pé, é de carcanhá
Onde mora nosso Rei de Conga
É de ponta de pé, é de carcanhá
Segundo passo da evolução: A partir dos frentistas, cada figura vem para a frente do grupo, dançando, e
brinca colocando “calcanhá junto com calcanhá” do patrão. Logo após, cada frentista, junto com o patrão,
leva seu cordão realiza um círculo para seu lado, ou seja, os dois em lados opostos. Um dos lados para, e o
outro passa entre um componente e outro do lado que ficou parado, repetindo-se o movimento, trocando as
filas de função.
Inderê mamãe Zambi
mãe Zambi oi ela ai
Inderê mamãe Zambi
oi ela ai
Inderê Mamãe Zambi
Nesse momento, cada figura, a começar pelos frentistas, cruza com o correspondente em diagonal da fila
oposta, e num momento ao centro como se fossem se chocar, mas realizam manobras e giros.
Ô Suzanê
Mas cadê mãe Suzana – Ô Suzanê
Mãe Suzana morreu - Ô Suzanê
Lá no pé da ladeira - Ô Suzanê
Ai meu Deus cadê ela - Ô Suzanê
Mas cadê Mãe Suzana - Ô Suzanê
Ai, ai, ai cadê ela - Ô Suzanê
Ginauê
Ginauê ô querimbambuê
ô ginuá, ô ginuá
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catinga lavandê
ginuá, ô querimbambaê
ô vai, ô querimbambaê
(esta canção não vem sendo executada quando das apresentações fora do povoado)
Adeus parente
que eu vou me imbora
pra terra de Conga
vou ver Angola
Já vou me imbora
Eu vou agora
Pra terra de Conga
vou ver Angola
Chula
Chorei Maria, já chorei não choro mais
a vida de solteiro, já gozei não gozo mais
Essa primeira cantiga, para São Gonçalo eu canto
eu perdi a minha agulha no caminho pra Amerante
(esta versão é a mais cantada ultimamente).
Antes, a música inteira ainda possuía as partes:
Menina minha menina
coração de dois de ouro
se tu quer casar comigo
deixe de tanto namoro
Menina minha menina
coração de maravilha
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foi você que me ensinou
agora tenho outra vida
Minha mãe me deu uma surra
por causa de uma tinela
quanto mais se ela visse
o namoro da janela
Esses versos agora fazem parte dos hinos do grupo samba-de-parelha. A líder do grupo de samba, Dona
Nadir, é agora também “puxadora” dos hinos do São Gonçalo. Talvez por isso os cantos do São Gonçalo
tenham passado também para o samba-de-parelha.
Durante a chula, os figuras dançam de braços erguidos, requebrando o quadril no ritmo da dança. Esse
aspecto da dança é diferenciado dos outros grupos. O requebrar seria um ponto de fuga de vestígios da
cinética da dança africana. Dançando dessa forma, todos recuam no espaço, vindo de um a um dançar com
o patrão e depois com o figura que vem saindo para o mesmo movimento.
Ora Viva – A mesma canção do início
Antigamente ainda se dançava mais uma chula ao final. A ordem das músicas varia de apresentação para
apresentação, dependendo do tempo e também de acordo com o gosto do grupo.
Durante a última música, todos os figurantes se ajoelham diante dos tocadores, balançando o tronco
respondendo vivas a São Gonçalo.
A cultura negra no culto europeu
A presença de características inegavelmente africanas no culto é o grande interesse deste artigo. A
inquietação foi despertada numa entrevista realizada com a senhora Isaura Ramos, historiadora e
responsável pelo Museu de Cultura Afro do município de Laranjeiras.
A ritmização da caixa tocada pelo patrão, acompanhada pelos instrumentos de corda e pules, “apresenta um
ritmo acentuadamente sincopado” (Dantas, 1976: 07). O ritmo sincopado é típico dos vários segmentos da
Música Popular Brasileira, como o samba, o maxixe e o choro, principalmente, e tem como característica os
“saltos”, as ondulações entre acordes e notas. A síncope, na música, possui herança africana, e também é
encontrada em rumbas, ritmo típico cubano. Desse ritmo, tem-se a continuidade da característica negra, o
requebro nos quadris aplicado pelos figuras, principalmente, quando do toque da chula. Os participantes
A dança de São Gonçalo da Mussuca
Christiane Rocha Falcão
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levantam os braços e requebram os quadris se movendo até o centro, o meio entre os dois cordões, dois a
dois, um de cada coluna, para um movimento que muito se assemelha a um cumprimento.
Cada cantiga chama-se jornada, no caso da Dança do São Gonçalo na Mussuca são nove as jornadas
cantadas em apresentações profanas17. A letra das cinco jornadas intermediárias de uma apresentação, que
não seja o pagamento de alguma promessa, provêem de letras inspiradas em temáticas africanas (Dantas,
1976:07). Tais músicas também podem ser ouvidas quando das apresentações de outros grupos folclóricos
que têm em si raízes negras, como a peleja do Lambe-Sujo contra os Caboclinhos18 e o Cacumbi19 No
pagamento das promessas as músicas em louvor ao santo português são em maior quantidade. Uma
possível interpretação desses fatos é que os negros, após o período de cativeiro no Engenho Ilha, situado na
Mussuca, tenham entrando em contato com os negros do município de Laranjeiras e ainda outros de fora da
região e tenham espontaneamente inserido suas canções nos ritos de culto a São Gonçalo.
Além da musicalidade singular, também as indumentárias dos figuras guardam em si significados culturais
negros. Os colares coloridos não seriam simples adornos, mas sim contas africanas de culto aos orixás,
introduzidas pelos escravos. Essa hipótese é reforçada pelo fato de que em ocasiões de simples ensaios, os
figuras dançam sem as vestes, mas sempre com as contas no pescoço. Outras peças, como o xale e o
turbante seriam heranças dos africanos colonizados na África primeiramente por mouros, e posteriormente
trazidos para o Brasil (Dantas, 1976: 06)
Arthur Ramos em seus dois livros mais famosos: “O folclore negro no Brasil”, 1935, e “O negro brasileiro”,
1934, levanta a teoria de que os traços culturais africanos nunca foram suplantados pela colonização forçada,
mas que permaneceram na psique coletiva dos seus descendentes. Seu trabalho possui o subtítulo de
“Pesquisa explorativa do inconsciente coletivo dos negros”, em que afirma: “Os mitos se perdem, mas a
lembrança do dinamismo mítico é preservado” (Ramos, 1935).
Ainda:
Os mitos africanos no Brasil adaptaram-se ao tipo de sociedade aqui encontrada. Deformaram-se,
conservando embora os elementos dinâmico-emocionais de origem, expressões de complexos primitivos...
Fragmentaram-se e passaram ao folclore. O folclore é uma sobrevivência emocional.
Observar esses fatos leva a crer, diz Maria Isaura (1958), que a resistência das matrizes africanas recriou a
brincadeira portuguesa.
Referências
Andrade, Mário de - Danças dramáticas do Brasil. 2ª ed., Belo Horizonte: Ed. Itatiaia-INL, 1982.
Cascudo, Luís da Câmara - Dicionário do Folclore brasileiro. Rio de Janeiro: MEC, 1962.
17 As apresentações profanas são aquelas em que não se tem pagamento de promessas, são apenas representativas.
18 O folguedo “lambe-sujo e caboclinhos” é a interpretação da tomada de um quilombo, no qual os brincantes do grupo
dos Lambe-Sujos se pintam de negro e os Caboclinhos de vermelho e fazem, junto com o público, uma brincadeira que
leva em conta uma parte da História do Brasil.
19 Cacumbi é um grupo folclórico que tem sua origem nas batalhas dos Cucumbis ou dos reis de Congo.
A dança de São Gonçalo da Mussuca
Christiane Rocha Falcão
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11
Evans-Pritchard, E. E., 1976 (1951) Apêndice IV – Algumas reflexões sobre o trabalho de campo. In
Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande, Rio de Janeiro, Zahar editores Kuper, Adam 1988.
Ferreira, Marieta de Moraes & Amado, Janaína (coord.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro:
Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1996.
FUNDESC – Manifestações folclóricas, danças e folguedos. Governo do Estado de Sergipe.
Monteiro, Mariana. Espetáculo e devoção: burlesco e teologia política nas danças populares brasileiras. Tese
de Doutoramento. Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo, 2002.
Otávio, Valéria Rachid. Dança de São Gonçalo: re-interpretação coreológica e história. Tese de Mestrado.
Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas – SP , 2004.
Queiroz, Maria Isaura Pereira de. A dança de São Gonçalo num povoado bahiano. São Paulo: Livraria
Progresso, 1958.
Ramos, Arthur. Folclore negro no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1935.
Ramos, Arthur. O negro brasileiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1934.
Sá, Antônio Fernando Araújo. “História Oral da luta dos trabalhadores rurais sem-terra em Sergipe (1985-
1996)”. In Combates entre história e memórias. São Cristóvão: Editora UFS; Aracaju: Fundação
Oviêdo Teixeira, 2005.
Sá. Antônio Fernando Araújo. “Os lugares da memória da luta camponesa”. In Revista Candeeiro. São
Cristóvão: Adufs-Sind março de 2001, ano 4, versão 6.
SITES CONSULTADOS
http://jangadabrasil.com.br/janeiro41/fe41020b.htm
http://www.irdeb.ba.gov.br/Cd6letra13.htmhttp://jangadabrasil.com.br/outubro14
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Aspectos importantes da mata atlântica
"Todo o Brasil é um jardim em frescura e bosque e não se vê em todo o ano árvores nem erva sêca. Os arvoredos se vão às nuvens de admirável altura e grossura e variedade de espécies..."
Padre José de Anchieta
Em nossas casas, escritórios e nos diversos ambientes em que vivemos ou freqüentamos, estamos cercados de produtos provenientes das florestas. São móveis de madeiras nobres, carpetes de fibras vegetais, a vassoura de piaçava, os sucos de pitanga, caju, maracujá; remédios extraídos de plantas medicinais; palmito, mandioca, chá-mate, pinhão, jabuticabas e tantas outras delícias; cestos de taquara e cipós; bromélias, samambaias em vasos de xaxim, orquídeas, avencas e muitas outras plantas ornamentais. Tudo isso é Mata Atlântica, uma das mais ricas, belas e ameaçadas florestas do planeta.
A exploração de tais produtos, além de fornecer alimentos, conforto, saúde, prazer, significam a geração de empregos e renda para brasileiros e de divisas de exportação para o país. No entanto, se prosseguir a exploração predatória, também pode significar o fim da nossa Mata, já reduzida a apenas 7% de sua área original.
Tudo depende da nossa capacidade de saber manejar esses recursos respeitando a capacidade da natureza repor seus estoques e manter suas funções ecológicas.
A busca de um desenvolvimento sustentado ecologicamente, equilibrado economicamente viável e socialmente justo passa entre outros aspectos pela criação de parques, pela preservação de áreas e ecossistemas frágeis, pela recuperação de áreas degradadas e necessariamente também pelo bom manejo dos recursos naturais.
Assim, é preciso viabilizar uma produção sustentável e, ao mesmo tempo, um consumo sustentável. A legislação, a pesquisa, a educação e outros campos nos fornecem importantes instrumentos nesta direção. Mais recentemente, também o mercado econômico vem oferecendo novos mecanismos úteis para a desejada sustentabilidade. Entre estes, destacam-se os processos de certificação a exemplo dos selos verdes, cujo papel é informar e assegurar ao consumidor consciente que certos produtos são produzidos pela forma responsável e sustentável.
Veja abaixo alguns dos Recursos Florestais da Mata Atlântica e clique nas publicações da RBMA para saber mais.
O pau-brasilA tintura extraída do pau-brasil (Caesalpinia echinata) era usada para tingir sedas, linhos e algodões, dando aos tecidos uma cor de brasa, entre o vermelho e o púrpura: a cor dos reis e dos nobres e tão difícil de obter naquela época. Os índios levavam cerca de três horas para derrubá-las, utilizando seus machados de pedra. Com a chegada dos portugueses e dos machados de ferro, o tempo de corte diminuiu para apenas quinze minutos. De tanto ser explorada, a árvore quase entrou em extinção. Hoje em dia, sua madeira é muito apreciada para fabricação de arcos de violino e outros instrumentos musicais.
Piaçava – Attalea funiferaÁrea de ocorrência: região litorânea da Bahia.O nome é de origem tupi e significa “planta fibrosa com a qual se faz utensílios caseiros”. Citada na carta de Pero Vaz de Caminha, foi usada durante toda a era colonial pelos navegadores na confecção de cordas para amarrar navios.É utilizada ainda na fabricação de vassouras, como isolante térmico e para a cobertura de casas e choupanas.
Palmito juçara - Euterpe edulisÁrea de ocorrência: do sul da Bahia ao norte do Rio Grande do Sul.Originariamente utilizado pelos indígenas, o palmito é hoje consumido em larga escala devido ao seu agradável sabor.É uma planta muito importante ecologicamente, pois seu fruto serve de alimento para vários animais.
Bromélias - várias espéciesÁrea de ocorrência: todo o Brasil especialmente na Mata Atlântica. Antes de Colombo fazer sua segunda viagem para o Novo Mundo, em 1493, as bromélias eram desconhecidas para os europeus. Nesta viagem, a única bromélia que despertou a atenção de Colombo foi o abacaxi, descrito como “maior do que um melão e com sabor muito adocicado e cheiroso”. São adequadas ao paisagismo devido à sua coloração, folhagem, porte, plasticidade de uso e por serem resistentes e necessitarem de pouco solo. O seu néctar é foco de atração para os beija-flores, seus principais polinizadores.
Xaxim – Dicksonia sellowianaÁrea de ocorrência: regiões Sul e Sudeste. Após ser retirado da mata, o xaxim vai parar nas fábricas, onde é serrado e moldado em hastes, vasos e placas.O pó que sobra é vendido para o cultivo de orquídeas, samambaias e outras plantas, pois tem alta capacidade de retenção de água e boa drenagem.
As Plantas MedicinaisEspinheira-santa - Maytenus ilicifoliaÁrea de ocorrência: região Sul e pequenas manchas em São Paulo e Mato Grosso do Sul.O chá de suas folhas é comprovadocientificamente contra gastrites e úlceras gástricas ou duodenais. No Paraguai ela é reputada como anticoncepcional. O fruto da espinheira-santa atrai muitos pássaros para as regiões onde é nativa.
Carqueja – Baccharis trimeraÁrea de ocorrência: todo o Brasil.É um importante medicamento para os problemas do fígado. Na medicina popular é usada para combater gripes, febres, problemas intestinais e impotência. Alguns produtores de cerveja utilizam-na como substituto do lúpulo.
Chapéu-de-couro – E. grandiflorus e E. macrophillusÁrea de ocorrência: toda a área de Mata Atlântica – Piauí ao Rio Grande do Sul.É usada na medicina popular como anti-reumática e diurética, contra inflamação de garganta e de pele, artrite, reumatismo, sífilis, laxante, diurético, depurador do sangue e eliminador de ácido úrico. Também é utilizada na composição de alguns refrigerantes.
Ginseng brasileiro - Pfaffia paniculataÁrea de ocorrência: áreas tropicais e subtropicais, desde a região amazônica até o sul do país.É reputada como tônica, antitumoral, antidiabética, complemento alimentar e afrodisíaco. Possui boa aceitação no mercado interno como substituto do ginseng verdadeiro.
Caju – Anacardium occidentale Área de ocorrência: Mata Atlântica (Ceará até Bahia e Rio de Janeiro) e também Amazônia e Cerrado. O que chamamos de fruta do caju é, na verdade, o pedúnculo. Este apresenta alto valor nutritivo, possuindo até seis vezes mais vitamina C que a laranja, além desais minerais, cálcio, ferro e fósforo. Pode ser utilizado para bebidas, doces, condimentos, farinha e ração, entre outros usos. No entanto, a principal parte explorada do caju é a amêndoa encontrada na sua castanha, que atinge bons preços tanto no mercado interno como no externo. Já o pedúnculo ("a fruta") é muito desperdiçado. 94% da produção é jogada fora.
Araucária – Araucaria angustifoliaÁrea de ocorrência: região Sul e pequenas manchas em São Paulo e Minas Gerais.A araucária, único pinheiro nativo da Mata Atlântica, apresenta sua copa em formato de taça. Sua altura pode chegar aos 50 metros, e alguns exemplares alcançam até 300 anos de idade. Sua madeira pode ser utilizada para confecção de móveis, vigamentos, cabos de vassoura, palitos de dente e de fósforo, além de produzir papel de ótima qualidade.Sua semente é o pinhão, que possui alto valor nutritivo e serve de alimento tanto para o homem como para vários animais da floresta.
Erva-mate – Ilex paraguariensisÁrea de ocorrência: região Sul e partes em São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Para os índios, a erva-mate dava resistência às jornadas de trabalho, reduzindo a fadiga, fome e sede. Eles usavam a erva em todos os lugares e a toda hora, sem distinções de sexo ou idade.Seu efeito é mais prolongado que o do café, não deixando porém efeitos colaterais ou residuais, como irritabilidade e insônia. A erva também é de grande utilidade para moléstias da bexiga, facilita a digestão e ainda favorece a evacuação e a mictação.
Caixeta - Tabebuia cassinoidesÁrea de ocorrência: Pernambuco ao norte de Santa Catarina. Preferencialmente nas áreas alagadiças da faixa litorânea.A caixeta cresce em regiões úmidas do litoral, perto de mangues e brejos - fornece uma madeira leve e macia, ideal para embalagens e artesanato.Na região do Vale do Ribeira, em São Paulo, ela vinha sendo explorada de maneira muito intensa e com grande desperdício de material, desde sua retirada da mata até chegar ao produto final. Para contornar o problema, entidades ambientalistas e as Secretarias do Meio Ambiente e da Agricultura, elaboraram um Plano de Manejo, com o apoio da comunidade local e de instituições de pesquisa. Atualmente, o projeto já conta com uma serraria própria para uso da comunidade no município de Iguape.
Publicações da RBMA
Padre José de Anchieta
Em nossas casas, escritórios e nos diversos ambientes em que vivemos ou freqüentamos, estamos cercados de produtos provenientes das florestas. São móveis de madeiras nobres, carpetes de fibras vegetais, a vassoura de piaçava, os sucos de pitanga, caju, maracujá; remédios extraídos de plantas medicinais; palmito, mandioca, chá-mate, pinhão, jabuticabas e tantas outras delícias; cestos de taquara e cipós; bromélias, samambaias em vasos de xaxim, orquídeas, avencas e muitas outras plantas ornamentais. Tudo isso é Mata Atlântica, uma das mais ricas, belas e ameaçadas florestas do planeta.
A exploração de tais produtos, além de fornecer alimentos, conforto, saúde, prazer, significam a geração de empregos e renda para brasileiros e de divisas de exportação para o país. No entanto, se prosseguir a exploração predatória, também pode significar o fim da nossa Mata, já reduzida a apenas 7% de sua área original.
Tudo depende da nossa capacidade de saber manejar esses recursos respeitando a capacidade da natureza repor seus estoques e manter suas funções ecológicas.
A busca de um desenvolvimento sustentado ecologicamente, equilibrado economicamente viável e socialmente justo passa entre outros aspectos pela criação de parques, pela preservação de áreas e ecossistemas frágeis, pela recuperação de áreas degradadas e necessariamente também pelo bom manejo dos recursos naturais.
Assim, é preciso viabilizar uma produção sustentável e, ao mesmo tempo, um consumo sustentável. A legislação, a pesquisa, a educação e outros campos nos fornecem importantes instrumentos nesta direção. Mais recentemente, também o mercado econômico vem oferecendo novos mecanismos úteis para a desejada sustentabilidade. Entre estes, destacam-se os processos de certificação a exemplo dos selos verdes, cujo papel é informar e assegurar ao consumidor consciente que certos produtos são produzidos pela forma responsável e sustentável.
Veja abaixo alguns dos Recursos Florestais da Mata Atlântica e clique nas publicações da RBMA para saber mais.
O pau-brasilA tintura extraída do pau-brasil (Caesalpinia echinata) era usada para tingir sedas, linhos e algodões, dando aos tecidos uma cor de brasa, entre o vermelho e o púrpura: a cor dos reis e dos nobres e tão difícil de obter naquela época. Os índios levavam cerca de três horas para derrubá-las, utilizando seus machados de pedra. Com a chegada dos portugueses e dos machados de ferro, o tempo de corte diminuiu para apenas quinze minutos. De tanto ser explorada, a árvore quase entrou em extinção. Hoje em dia, sua madeira é muito apreciada para fabricação de arcos de violino e outros instrumentos musicais.
Piaçava – Attalea funiferaÁrea de ocorrência: região litorânea da Bahia.O nome é de origem tupi e significa “planta fibrosa com a qual se faz utensílios caseiros”. Citada na carta de Pero Vaz de Caminha, foi usada durante toda a era colonial pelos navegadores na confecção de cordas para amarrar navios.É utilizada ainda na fabricação de vassouras, como isolante térmico e para a cobertura de casas e choupanas.
Palmito juçara - Euterpe edulisÁrea de ocorrência: do sul da Bahia ao norte do Rio Grande do Sul.Originariamente utilizado pelos indígenas, o palmito é hoje consumido em larga escala devido ao seu agradável sabor.É uma planta muito importante ecologicamente, pois seu fruto serve de alimento para vários animais.
Bromélias - várias espéciesÁrea de ocorrência: todo o Brasil especialmente na Mata Atlântica. Antes de Colombo fazer sua segunda viagem para o Novo Mundo, em 1493, as bromélias eram desconhecidas para os europeus. Nesta viagem, a única bromélia que despertou a atenção de Colombo foi o abacaxi, descrito como “maior do que um melão e com sabor muito adocicado e cheiroso”. São adequadas ao paisagismo devido à sua coloração, folhagem, porte, plasticidade de uso e por serem resistentes e necessitarem de pouco solo. O seu néctar é foco de atração para os beija-flores, seus principais polinizadores.
Xaxim – Dicksonia sellowianaÁrea de ocorrência: regiões Sul e Sudeste. Após ser retirado da mata, o xaxim vai parar nas fábricas, onde é serrado e moldado em hastes, vasos e placas.O pó que sobra é vendido para o cultivo de orquídeas, samambaias e outras plantas, pois tem alta capacidade de retenção de água e boa drenagem.
As Plantas MedicinaisEspinheira-santa - Maytenus ilicifoliaÁrea de ocorrência: região Sul e pequenas manchas em São Paulo e Mato Grosso do Sul.O chá de suas folhas é comprovadocientificamente contra gastrites e úlceras gástricas ou duodenais. No Paraguai ela é reputada como anticoncepcional. O fruto da espinheira-santa atrai muitos pássaros para as regiões onde é nativa.
Carqueja – Baccharis trimeraÁrea de ocorrência: todo o Brasil.É um importante medicamento para os problemas do fígado. Na medicina popular é usada para combater gripes, febres, problemas intestinais e impotência. Alguns produtores de cerveja utilizam-na como substituto do lúpulo.
Chapéu-de-couro – E. grandiflorus e E. macrophillusÁrea de ocorrência: toda a área de Mata Atlântica – Piauí ao Rio Grande do Sul.É usada na medicina popular como anti-reumática e diurética, contra inflamação de garganta e de pele, artrite, reumatismo, sífilis, laxante, diurético, depurador do sangue e eliminador de ácido úrico. Também é utilizada na composição de alguns refrigerantes.
Ginseng brasileiro - Pfaffia paniculataÁrea de ocorrência: áreas tropicais e subtropicais, desde a região amazônica até o sul do país.É reputada como tônica, antitumoral, antidiabética, complemento alimentar e afrodisíaco. Possui boa aceitação no mercado interno como substituto do ginseng verdadeiro.
Caju – Anacardium occidentale Área de ocorrência: Mata Atlântica (Ceará até Bahia e Rio de Janeiro) e também Amazônia e Cerrado. O que chamamos de fruta do caju é, na verdade, o pedúnculo. Este apresenta alto valor nutritivo, possuindo até seis vezes mais vitamina C que a laranja, além desais minerais, cálcio, ferro e fósforo. Pode ser utilizado para bebidas, doces, condimentos, farinha e ração, entre outros usos. No entanto, a principal parte explorada do caju é a amêndoa encontrada na sua castanha, que atinge bons preços tanto no mercado interno como no externo. Já o pedúnculo ("a fruta") é muito desperdiçado. 94% da produção é jogada fora.
Araucária – Araucaria angustifoliaÁrea de ocorrência: região Sul e pequenas manchas em São Paulo e Minas Gerais.A araucária, único pinheiro nativo da Mata Atlântica, apresenta sua copa em formato de taça. Sua altura pode chegar aos 50 metros, e alguns exemplares alcançam até 300 anos de idade. Sua madeira pode ser utilizada para confecção de móveis, vigamentos, cabos de vassoura, palitos de dente e de fósforo, além de produzir papel de ótima qualidade.Sua semente é o pinhão, que possui alto valor nutritivo e serve de alimento tanto para o homem como para vários animais da floresta.
Erva-mate – Ilex paraguariensisÁrea de ocorrência: região Sul e partes em São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Para os índios, a erva-mate dava resistência às jornadas de trabalho, reduzindo a fadiga, fome e sede. Eles usavam a erva em todos os lugares e a toda hora, sem distinções de sexo ou idade.Seu efeito é mais prolongado que o do café, não deixando porém efeitos colaterais ou residuais, como irritabilidade e insônia. A erva também é de grande utilidade para moléstias da bexiga, facilita a digestão e ainda favorece a evacuação e a mictação.
Caixeta - Tabebuia cassinoidesÁrea de ocorrência: Pernambuco ao norte de Santa Catarina. Preferencialmente nas áreas alagadiças da faixa litorânea.A caixeta cresce em regiões úmidas do litoral, perto de mangues e brejos - fornece uma madeira leve e macia, ideal para embalagens e artesanato.Na região do Vale do Ribeira, em São Paulo, ela vinha sendo explorada de maneira muito intensa e com grande desperdício de material, desde sua retirada da mata até chegar ao produto final. Para contornar o problema, entidades ambientalistas e as Secretarias do Meio Ambiente e da Agricultura, elaboraram um Plano de Manejo, com o apoio da comunidade local e de instituições de pesquisa. Atualmente, o projeto já conta com uma serraria própria para uso da comunidade no município de Iguape.
Publicações da RBMA
Sobre a agenda 21
Na Conferência das Nações Unias sobre Meio Ambiente e desenvolvimento, no Rio de Janeiro- a Rio-92, a comunidade internacional adotou a Agenda 21, como um compromisso entre várias nações do planeta para a implantação de um modelo de desenvolvimento sustentável para o século XXI. Contém 2500 recomendações e responsabilidades a curto, médio e longo prazos, inclusive propostas detalhadas sobre como reduzir padrões de consumo sustentáveis, combater a pobreza, proteger a atmosfera, os oceanos e a biodiversidade, e promover a agricultura sustentável. Da mesma forma que os países se reuniram e criaram a Agenda 21, as cidades, os bairros, os clubes, as escolas também podem fazer suas próprias Agendas 21 locais.
Sobre aimportancia da preservação da mata atlântica
Movimentos conservacionistas e ambientalistas começaram no Brasil na década de 1930. A primeira área protegida, o Parque Nacional de Itatiaia (RJ), foi estabelecido em 1937. (Por, 1992)
No nível governamental, as primeiras leis importantes, foram aprovadas em 1934, regulando a utilização da água, exploração da floresta, caça e pesca. (Por, 1992)
No âmbito mundial em 1968, a UNESCO sugeriu que fosse estabelecida uma rede mundial de proteção para áreas especiais do planeta. Em 1971, foi criado o programa MaB (Man and Biosphere), o Homem e a Biosfera, com o objetivo de conciliar a proteção do ambiente ao desenvolvimento humano. Nesta mesma década, 1977, foi criado o Parque Estadual da Serra do Mar, que justaposto ao Parque da Serra da Bocaina, formou com ele o maior corredor de proteção do bioma Mata Atlântica, até então. (Rocha, 1998)
Entre as organizações não governamentais houve um aumento na sua participação nas últimas décadas, com a atividade de organizações mais antigas como a Fundação Brasileira de Conservação da Natureza (FBCN), mais novas, como a Fundação SOS Mata Atlântica e ONGs internacionais como a WWF e a Conservation International, que atuam na preservação da Mata Atlântica de diversas formas: colaborando na definição de um método e sua aplicação, possibilitando a identificação de prioridades para a proteção da Mata Atlântica, apoiando movimentos contra agressões ao ecossistema e desenvolvendo projetos de educação ambiental.
Muitos já perceberam que a única forma de enfrentar o enorme desafio da civilização de nossos dias é construindo uma nova concepção de desenvolvimento, que não destrua a natureza, que atenda às necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras.
Com a defesa da mata e a criação de Unidades de Conservação um novo problema surgiu: as populações tradicionais que vivem nas áreas destinadas à conservação. Há muitas gerações, utilizam seus recursos, originalmente em harmonia com o ambiente. Estes povos foram, em muitos casos, vítimas de uma política ambiental restritiva e sem a devida visão social, que os tratava como intrusos de suas próprias terras. Atualmente, os programas de gerenciamento das Unidades de Conservação contemplam a participação da comunidade local, envolvendo-a no seu gerenciamento e dando abertura para a utilização de seus recursos.
Algumas práticas podem ser desenvolvidas de tal forma que causem um mínimo impacto e permitam a utilização da mata, como é o caso do ecoturismo, respeitando os limites naturais das áreas visitadas, os costumes e tradições locais. O manejo sustentável dos recursos florestais, como é o caso do palmito Jussara (em risco de extinção) e da fauna local, projetos de agricultura orgânica, de apicultura, a utilização de energias alternativas (eólica e solar), a criação das Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN), a implantação da Agenda 21 local, o ICMS ecológico, que destina recursos de impostos de circulação de mercadorias aos municípios que abrigam parques e áreas protegidas, são alguns dos exemplos dos mecanismos de conservação existentes atualmente. Mas ainda existem lacunas a serem preenchidas no campo do desenvolvimento sustentável até que se alcance uma relação equilibrada e sadia entre as atividades econômicas e sociais e a Mata Atlântica.
No nível governamental, as primeiras leis importantes, foram aprovadas em 1934, regulando a utilização da água, exploração da floresta, caça e pesca. (Por, 1992)
No âmbito mundial em 1968, a UNESCO sugeriu que fosse estabelecida uma rede mundial de proteção para áreas especiais do planeta. Em 1971, foi criado o programa MaB (Man and Biosphere), o Homem e a Biosfera, com o objetivo de conciliar a proteção do ambiente ao desenvolvimento humano. Nesta mesma década, 1977, foi criado o Parque Estadual da Serra do Mar, que justaposto ao Parque da Serra da Bocaina, formou com ele o maior corredor de proteção do bioma Mata Atlântica, até então. (Rocha, 1998)
Entre as organizações não governamentais houve um aumento na sua participação nas últimas décadas, com a atividade de organizações mais antigas como a Fundação Brasileira de Conservação da Natureza (FBCN), mais novas, como a Fundação SOS Mata Atlântica e ONGs internacionais como a WWF e a Conservation International, que atuam na preservação da Mata Atlântica de diversas formas: colaborando na definição de um método e sua aplicação, possibilitando a identificação de prioridades para a proteção da Mata Atlântica, apoiando movimentos contra agressões ao ecossistema e desenvolvendo projetos de educação ambiental.
Muitos já perceberam que a única forma de enfrentar o enorme desafio da civilização de nossos dias é construindo uma nova concepção de desenvolvimento, que não destrua a natureza, que atenda às necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras.
Com a defesa da mata e a criação de Unidades de Conservação um novo problema surgiu: as populações tradicionais que vivem nas áreas destinadas à conservação. Há muitas gerações, utilizam seus recursos, originalmente em harmonia com o ambiente. Estes povos foram, em muitos casos, vítimas de uma política ambiental restritiva e sem a devida visão social, que os tratava como intrusos de suas próprias terras. Atualmente, os programas de gerenciamento das Unidades de Conservação contemplam a participação da comunidade local, envolvendo-a no seu gerenciamento e dando abertura para a utilização de seus recursos.
Algumas práticas podem ser desenvolvidas de tal forma que causem um mínimo impacto e permitam a utilização da mata, como é o caso do ecoturismo, respeitando os limites naturais das áreas visitadas, os costumes e tradições locais. O manejo sustentável dos recursos florestais, como é o caso do palmito Jussara (em risco de extinção) e da fauna local, projetos de agricultura orgânica, de apicultura, a utilização de energias alternativas (eólica e solar), a criação das Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN), a implantação da Agenda 21 local, o ICMS ecológico, que destina recursos de impostos de circulação de mercadorias aos municípios que abrigam parques e áreas protegidas, são alguns dos exemplos dos mecanismos de conservação existentes atualmente. Mas ainda existem lacunas a serem preenchidas no campo do desenvolvimento sustentável até que se alcance uma relação equilibrada e sadia entre as atividades econômicas e sociais e a Mata Atlântica.
Sobre os impactos ambientais na mata atlântica
A destruição da Mata Atlântica começou no início da colonização européia, com a extração do pau-brasil (Caesalpinia echinata) e continua até os dias atuais, principalmente pela pressão urbana.
A Mata Atlântica originalmente ocupava 16% do território brasileiro, distribuída por 17 Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas gerais, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, e Piauí. Atualmente este ecossistema está reduzido a menos de 7% de sua extensão original, dispostos de forma fragmentada ao longo da costa brasileira, no interior das regiões Sul e Sudeste, além de trechos nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e no interior dos estados nordestinos. (MMA, 2000). Do que se perdeu, pouco se sabe, milhares, ou talvez milhões, de espécies não puderam ser conhecidas.
Das espécies vegetais, muitas correm risco de extinção por terem seu ecossistema reduzido, por serem retiradas da mata para comercialização ilegal ou por serem extraídas de forma irracional como ocorreu com o pau-brasil e atualmente ocorre com o palmito juçara (Euterpe edulis), entre muitas outras espécies.
Para a fauna, observa-se um número elevado de espécies ameaçadas de extinção, sendo a fragmentação deste ecossistema, uma das principais causas. A fragmentação do habitat de algumas espécies, principalmente de mamíferos de médio e grande porte, faz com que as populações remanescentes, em geral, estejam subdivididas e representadas por um número consideravelmente pequeno de indivíduos (Câmara, 1991).
Apesar de toda a destruição que o ecossistema vem sofrendo, aproximadamente 100 milhões de brasileiros dependem desta floresta para a produção de água, manutenção do equilíbrio climático e controle da erosão e enchentes. Em 1985, em Cubatão, no litoral do estado de São Paulo, devido à poluição intensa das indústrias da cidade (conhecida, no passado, como Vale da Morte) e às chuvas fortes do mês de fevereiro, houve um enorme deslizamento da Serra do Mar sobre esta cidade, gerando uma situação de calamidade pública. Comunidades tradicionais que habitam áreas costeiras, vem sendo "empurradas" para o interior ou para as grandes capitais por conta do avanço imobiliário nestas regiões.
Principais agressões à Mata Atlântica:
Está sendo derrubada para:
Extração de madeira;
Moradia, construção de cidades;
Agricultura;
Industrialização, e conseqüentemente poluição;
Construção de rodovias
Além de derrubada sofre:
Pesca predatória em seus rios;
Turismo desordenado;
Comércio ilegal de plantas e animais nativos;
Exportação ilegal de material genético;
Fragmentação das áreas preservadas.
A Mata Atlântica originalmente ocupava 16% do território brasileiro, distribuída por 17 Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas gerais, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, e Piauí. Atualmente este ecossistema está reduzido a menos de 7% de sua extensão original, dispostos de forma fragmentada ao longo da costa brasileira, no interior das regiões Sul e Sudeste, além de trechos nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e no interior dos estados nordestinos. (MMA, 2000). Do que se perdeu, pouco se sabe, milhares, ou talvez milhões, de espécies não puderam ser conhecidas.
Das espécies vegetais, muitas correm risco de extinção por terem seu ecossistema reduzido, por serem retiradas da mata para comercialização ilegal ou por serem extraídas de forma irracional como ocorreu com o pau-brasil e atualmente ocorre com o palmito juçara (Euterpe edulis), entre muitas outras espécies.
Para a fauna, observa-se um número elevado de espécies ameaçadas de extinção, sendo a fragmentação deste ecossistema, uma das principais causas. A fragmentação do habitat de algumas espécies, principalmente de mamíferos de médio e grande porte, faz com que as populações remanescentes, em geral, estejam subdivididas e representadas por um número consideravelmente pequeno de indivíduos (Câmara, 1991).
Apesar de toda a destruição que o ecossistema vem sofrendo, aproximadamente 100 milhões de brasileiros dependem desta floresta para a produção de água, manutenção do equilíbrio climático e controle da erosão e enchentes. Em 1985, em Cubatão, no litoral do estado de São Paulo, devido à poluição intensa das indústrias da cidade (conhecida, no passado, como Vale da Morte) e às chuvas fortes do mês de fevereiro, houve um enorme deslizamento da Serra do Mar sobre esta cidade, gerando uma situação de calamidade pública. Comunidades tradicionais que habitam áreas costeiras, vem sendo "empurradas" para o interior ou para as grandes capitais por conta do avanço imobiliário nestas regiões.
Principais agressões à Mata Atlântica:
Está sendo derrubada para:
Extração de madeira;
Moradia, construção de cidades;
Agricultura;
Industrialização, e conseqüentemente poluição;
Construção de rodovias
Além de derrubada sofre:
Pesca predatória em seus rios;
Turismo desordenado;
Comércio ilegal de plantas e animais nativos;
Exportação ilegal de material genético;
Fragmentação das áreas preservadas.
Sobre a vegetação da mata atlântica
A vegetação da Mata Atlântica é conhecida principalmente por sua exuberância e diversidade, é uma das mais ricas do planeta. A Serra do Mar (SP) contém mais de 800 espécies de árvores, sem falar nas plantas não arbóreas, como as trepadeiras, ervas e gramíneas.
A floresta pode ser dividida em extratos. O extrato superior é chamado de dossel (20-30m), que é composto pelas árvores mais altas, adultas, que recebem toda a intensidade da luz solar que chega na superfície do planeta. As copas destas árvores formam uma espécie de mosaico, devido à diversidade de espécies. Aí estão as canelas, as leguminosas (anjicos e jacarandás), os ipês, o manacá-da-serra, o guapuruvú, entre muitas outras. As árvores do interior da mata fazem parte do extrato arbustivo, formado por espécies arbóreas que vivem toda a sua vida sombreadas pelas árvores do dossel. Entre elas estão as jabuticabeiras, o palmito Jussara e as begônias, por exemplo. O extrato herbáceo é formado por plantas de pequeno porte que vivem próximas ao solo, como é o caso de arbustos, ervas, gramíneas, musgos, selaginelas e plantas jovens que irão compor os outros extratos quando atingirem a fase adulta.
Em regiões de floresta atlântica onde o índice pluviométrico é maior, tornando o ambiente muito úmido, é favorecida a existência de briófitas (musgos) e pteridófitas (samambaias, por exemplo). Entretanto, para outras plantas, o excesso de umidade pode ser prejudicial e suas folhas, muitas vezes, apresentam adaptação para não reterem água, sendo inclinadas, ponteagudas, cerificadas e sulcadas, facilitando o escoamento da água, evitando o acúmulo, que poderia causar apodrecimento dos tecidos.
Existem plantas que crescem sobre outras, utilizando troncos e folhas como substrato de fixação: as epífitas (epi= sobre / fito= planta) e as lianas. As primeiras são as bromélias, orquídeas, cactáceas, entre outras, que não retiram seus nutrientes do solo. As lianas, são as trepadeiras, que se fixam no solo mas utilizam outras plantas para apoiarem-se na tentativa de alcançar o dossel. Muitas destas plantas tiveram que adaptar-se a períodos de seca, pois contam apenas com as chuvas e a umidade do ar para obtenção de água, já que não estão ligadas ao solo. Estas adaptações dizem respeito ao armazenamento de água em suas folhas ou, como no caso das bromélias, a formação de um reservatório de água no centro da planta, que também serve de moradia e local para alimentação e reprodução de muitos animais. As plantas epífitas e lianas não são necessariamente parasitas, muitas utilizam a planta hospedeira somente para fixação e apoio, não sendo prejudicial.
No chão da floresta, misturados à serrapilheira, vivem inúmeras espécies de fungos, como os cogumelos basidiomicetos (ex. orelha de pau). Outro tipo de fungo, são as micorrizas, que vivem associadas às raízes das árvores auxiliando na absorção de nutrientes. Também misturados ao solo, estão as sementes e plântulas que aguardam uma entrada de luz para iniciarem seu processo de crescimento.
A luminosidade é pouca no interior da mata, por ser filtrada pelo dossel. As plantas dos extratos inferiores normalmente possuem folhas maiores, para aumentar a superfície de captação de luz. A perda de folhas, dirigindo um maior gasto de energia para o crescimento do caule e este, sendo fino e longo, também parece ser uma estratégia para a planta alcançar o dossel e conseqüentemente, mais luz.
A interação entre animais e plantas na Mata Atlântica se dá através de um processo de co-evolução. Pode-se observar especializações extremamente singulares, onde apenas uma espécie de inseto tem a capacidade de polinizar uma determinada espécie de planta. Insetos, aves e mamíferos são os principais polinizadores e dispersores de sementes, mas também existe a dispersão pelo vento (eólica) e pela água, como é o caso dos musgos e algumas plantas com sementes capazes de boiar.
A floresta pode ser dividida em extratos. O extrato superior é chamado de dossel (20-30m), que é composto pelas árvores mais altas, adultas, que recebem toda a intensidade da luz solar que chega na superfície do planeta. As copas destas árvores formam uma espécie de mosaico, devido à diversidade de espécies. Aí estão as canelas, as leguminosas (anjicos e jacarandás), os ipês, o manacá-da-serra, o guapuruvú, entre muitas outras. As árvores do interior da mata fazem parte do extrato arbustivo, formado por espécies arbóreas que vivem toda a sua vida sombreadas pelas árvores do dossel. Entre elas estão as jabuticabeiras, o palmito Jussara e as begônias, por exemplo. O extrato herbáceo é formado por plantas de pequeno porte que vivem próximas ao solo, como é o caso de arbustos, ervas, gramíneas, musgos, selaginelas e plantas jovens que irão compor os outros extratos quando atingirem a fase adulta.
Em regiões de floresta atlântica onde o índice pluviométrico é maior, tornando o ambiente muito úmido, é favorecida a existência de briófitas (musgos) e pteridófitas (samambaias, por exemplo). Entretanto, para outras plantas, o excesso de umidade pode ser prejudicial e suas folhas, muitas vezes, apresentam adaptação para não reterem água, sendo inclinadas, ponteagudas, cerificadas e sulcadas, facilitando o escoamento da água, evitando o acúmulo, que poderia causar apodrecimento dos tecidos.
Existem plantas que crescem sobre outras, utilizando troncos e folhas como substrato de fixação: as epífitas (epi= sobre / fito= planta) e as lianas. As primeiras são as bromélias, orquídeas, cactáceas, entre outras, que não retiram seus nutrientes do solo. As lianas, são as trepadeiras, que se fixam no solo mas utilizam outras plantas para apoiarem-se na tentativa de alcançar o dossel. Muitas destas plantas tiveram que adaptar-se a períodos de seca, pois contam apenas com as chuvas e a umidade do ar para obtenção de água, já que não estão ligadas ao solo. Estas adaptações dizem respeito ao armazenamento de água em suas folhas ou, como no caso das bromélias, a formação de um reservatório de água no centro da planta, que também serve de moradia e local para alimentação e reprodução de muitos animais. As plantas epífitas e lianas não são necessariamente parasitas, muitas utilizam a planta hospedeira somente para fixação e apoio, não sendo prejudicial.
No chão da floresta, misturados à serrapilheira, vivem inúmeras espécies de fungos, como os cogumelos basidiomicetos (ex. orelha de pau). Outro tipo de fungo, são as micorrizas, que vivem associadas às raízes das árvores auxiliando na absorção de nutrientes. Também misturados ao solo, estão as sementes e plântulas que aguardam uma entrada de luz para iniciarem seu processo de crescimento.
A luminosidade é pouca no interior da mata, por ser filtrada pelo dossel. As plantas dos extratos inferiores normalmente possuem folhas maiores, para aumentar a superfície de captação de luz. A perda de folhas, dirigindo um maior gasto de energia para o crescimento do caule e este, sendo fino e longo, também parece ser uma estratégia para a planta alcançar o dossel e conseqüentemente, mais luz.
A interação entre animais e plantas na Mata Atlântica se dá através de um processo de co-evolução. Pode-se observar especializações extremamente singulares, onde apenas uma espécie de inseto tem a capacidade de polinizar uma determinada espécie de planta. Insetos, aves e mamíferos são os principais polinizadores e dispersores de sementes, mas também existe a dispersão pelo vento (eólica) e pela água, como é o caso dos musgos e algumas plantas com sementes capazes de boiar.
Sobre a fauna da floresta atlântica
A fauna da Floresta Atlântica representa uma das mais ricas em diversidade de espécies e está entre as cinco regiões do mundo que possuem o maior número de espécies endêmicas. Está intimamente relacionada com a vegetação, tendo uma grande importância na polinização de flores, e dispersão de frutos e sementes. A precariedade dos levantamentos sobre a fauna da Mata Atlântica torna sua descrição e análise mais difícil que no caso da vegetação (Adams, 2000), mas, apesar da carência de informações para alguns grupos taxonômicos, estudos comprovam uma diversidade bastante alta.
Os animais podem ser divididos em dois grupos, de acordo com o grau de exigência:
Os generalistas são pouco exigentes, apresentam hábitos alimentares variados, altas taxas de crescimento e alto potencial de dispersão. Estes fatores permitem a estes animais viverem em áreas de vegetação mais aberta ou mata secundária. São chamados de generalistas por causa do alto grau de tolerância e à capacidade de aproveitar eficientemente diferentes recursos oferecidos pelo ambiente. Ex: sabiá-laranjeira, sanhaço, pica-pau, gambá, morcegos, entre outros.
Os especialistas, ao contrário dos primeiros, são extremamente exigentes quanto aos hábitats que acupam. São animais que vivem em áreas de floresta primária ou secundária em alto grau de regeneração, apresentando uma dieta bastante específica. Para este grupo, a alteração do ambiente significa a necessidade de procurar novos hábitats que apresentem condições semelhantes às anteriores. Ocorre também a necessidade de grandes áreas para sobreviverem, sendo que sua redução pode ocasionar a impossibilidade de encontrar um parceiro para reprodução, comprometendo o número de indivíduos da espécie, podendo levá-la à extinção. Alguns destes animais, por representarem o topo de cadeias alimentares, possuem um número reduzido de filhotes, o que dificulta ainda mais a manutenção destas populações. Ex: onça-pintada, mono-carvoeiro, jacutingas, gavião-pombo, entre outros.
A relação entre animais e plantas da Mata Atlântica é bastante harmônica. O fornecimento de alimento ao animal em troca do auxílio na perpetuação de uma espécie vegetal, é bastante comum. As plantas com flores e seus polinizadores foram adaptando hábitos e necessidades ao longo de milhões de anos de convívio. Flores grandes e coloridas atraem muitos beija-flores, as perfumadas atraem as mariposas e algumas flores, para atrair moscas, exalam um perfume semelhante ao de podridão. Acredita-se que três a cada quatro espécies vegetais da Mata Atlântica, sejam dispersadas por animais, principalmente por aves e mamíferos, que alimentam-se de frutos e defecam as sementes ou as eliminam antes da ingestão. Pássaros frugívoros possuem grande percepção visual e se alimentam de sementes muitas vezes bem pequenas. Jacarés e lagartos, aproveitam os frutos caídos no chão e mamíferos como os macacos, acabam proporcionando a dispersão em grandes áreas.
Um breve resumo sobre os grupos:
Mamíferos
No final do Pleistoceno, com a extinção maciça dos animais gigantes, a fauna brasileira de mamíferos terrestres foi empobrecida, mas as variedade de espécies de pequeno porte se manteve.
A Mata Atlântica possui 250 espécies de mamíferos, sendo 55 endêmicas, com a possibilidade de existirem diversas espécies desconhecidas. São os componentes da fauna que mais sofreram com os vastos desmatamentos e a caça, verificando-se o desaparecimento total de algumas espécies em certos locais.
Há uma grande quantidade de roedores e quirópteros (morcegos), e apesar de não ser tão rica em primatas quanto a Amazônia, possui um número razoável de espécies (Adams, 2000).
Exceto em relação aos primatas, quase nada se sabe sobre a situação dos demais grupos de mamíferos da Mata Atlântica. (Coimbra filho, 1984; Câmara, 1991).
Aves
A Mata Atlântica apresenta uma das mais elevadas riquezas de aves do planeta, com 1020 espécies. É um importante centro de endemismo, com 188 espécies endêmicas e 104 ameaçadas de extinção. Estas espécies encontram-se ameaçadas principalmente pela destruição de hábitats, pelo comércio ilegal e pela caça seletiva de várias espécies. Um dos grupos que corre maior risco de extinção é o das aves de rapina (gaviões, por exemplo), que apesar de ter uma ampla distribuição, estão sofrendo uma drástica redução de seus nichos. Várias espécies quase se extinguiram pela caça, como é o caso dos beija-flores e psitacídeos em geral (araras, papagaios, periquitos) (Por, 1992).
Anfíbios
Com hábitos predominantemente noturnos e discretos, o que os torna pouco visíveis em seu ambiente natural, os anfíbios representam um dos mais fascinantes grupos. Exploram praticamente todos os hábitats disponíveis; apresentam estratégias reprodutivas altamente diversificadas e muitas vezes bastante sofisticadas, ocupam posição variável na cadeia alimentar e possuem vocalizações características, demonstrando a diversificação biológica e seu sucesso evolutivo.
Em relação aos anuros (sapos, rãs e pererecas), um ecossistema bastante importante é o conhecido "copo" das bromélias, um reservatório que serve de moradia, alimentação e local para reprodução de algumas espécies.
A Mata Atlântica concentra 370 espécies de anfíbios, cerca de 65% das espécies brasileiras conhecidas. Destas, 90 são endêmicas, evidenciando a importância deste grupo.
Répteis
Em relação à fauna de répteis, grande parte apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo em outras formações como a Amazônia, Cerrado e até na Caatinga. No entanto, são conhecidas muitas espécies endêmicas da Mata Atlântica, por exemplo, o jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris) (MMA,2000). Uma comparação entre os répteis da Amazônia, da Mata Atlântica e do Nordeste dos Andes (Dixon, 1979, apud Por, 1992) mostrou que a Mata Atlântica possui 150 espécies, das quais 43 também existem na Amazônia, 1 nos Andes e 18 são de larga distribuição neotropical. O endemismo dos répteis da Mata Atlântica é bastante acentuado, entretanto novas espécies ainda estão sendo descobertas. (Por, 1992)
Peixes
Os ecossistemas aquáticos da Mata Atlântica brasileira possuem fauna de peixes muito variada, associada de forma íntima à floresta que lhe proporciona proteção e alimento. ( MMA, 2000)
O número total de espécies de peixes da Mata Atlântica é 350, destas, 133 são endêmicas. O alto grau de endemismo é resultado do processo de evolução das espécies, em área isolada das demais bacias hidrográficas brasileiras. (MMA, 2000)
A maior parte dos rios encontra-se degradada, principalmente pela eliminação das matas ciliares, erosão, assoreamento, poluição e represamento. Apesar de estudada há bastante tempo, a fauna de água doce brasileira não é bem conhecida . Nos rios da mata ombrófila densa, existem espécies dependentes da floresta para seu ciclo de vida, principalmente aquelas que se alimentam de insetos, folhas, frutos e flores (Adams, 2000), contribuindo também para a dispersão de sementes e frutos e para a manutenção do equilíbrio do ambiente aquático.
Os animais podem ser divididos em dois grupos, de acordo com o grau de exigência:
Os generalistas são pouco exigentes, apresentam hábitos alimentares variados, altas taxas de crescimento e alto potencial de dispersão. Estes fatores permitem a estes animais viverem em áreas de vegetação mais aberta ou mata secundária. São chamados de generalistas por causa do alto grau de tolerância e à capacidade de aproveitar eficientemente diferentes recursos oferecidos pelo ambiente. Ex: sabiá-laranjeira, sanhaço, pica-pau, gambá, morcegos, entre outros.
Os especialistas, ao contrário dos primeiros, são extremamente exigentes quanto aos hábitats que acupam. São animais que vivem em áreas de floresta primária ou secundária em alto grau de regeneração, apresentando uma dieta bastante específica. Para este grupo, a alteração do ambiente significa a necessidade de procurar novos hábitats que apresentem condições semelhantes às anteriores. Ocorre também a necessidade de grandes áreas para sobreviverem, sendo que sua redução pode ocasionar a impossibilidade de encontrar um parceiro para reprodução, comprometendo o número de indivíduos da espécie, podendo levá-la à extinção. Alguns destes animais, por representarem o topo de cadeias alimentares, possuem um número reduzido de filhotes, o que dificulta ainda mais a manutenção destas populações. Ex: onça-pintada, mono-carvoeiro, jacutingas, gavião-pombo, entre outros.
A relação entre animais e plantas da Mata Atlântica é bastante harmônica. O fornecimento de alimento ao animal em troca do auxílio na perpetuação de uma espécie vegetal, é bastante comum. As plantas com flores e seus polinizadores foram adaptando hábitos e necessidades ao longo de milhões de anos de convívio. Flores grandes e coloridas atraem muitos beija-flores, as perfumadas atraem as mariposas e algumas flores, para atrair moscas, exalam um perfume semelhante ao de podridão. Acredita-se que três a cada quatro espécies vegetais da Mata Atlântica, sejam dispersadas por animais, principalmente por aves e mamíferos, que alimentam-se de frutos e defecam as sementes ou as eliminam antes da ingestão. Pássaros frugívoros possuem grande percepção visual e se alimentam de sementes muitas vezes bem pequenas. Jacarés e lagartos, aproveitam os frutos caídos no chão e mamíferos como os macacos, acabam proporcionando a dispersão em grandes áreas.
Um breve resumo sobre os grupos:
Mamíferos
No final do Pleistoceno, com a extinção maciça dos animais gigantes, a fauna brasileira de mamíferos terrestres foi empobrecida, mas as variedade de espécies de pequeno porte se manteve.
A Mata Atlântica possui 250 espécies de mamíferos, sendo 55 endêmicas, com a possibilidade de existirem diversas espécies desconhecidas. São os componentes da fauna que mais sofreram com os vastos desmatamentos e a caça, verificando-se o desaparecimento total de algumas espécies em certos locais.
Há uma grande quantidade de roedores e quirópteros (morcegos), e apesar de não ser tão rica em primatas quanto a Amazônia, possui um número razoável de espécies (Adams, 2000).
Exceto em relação aos primatas, quase nada se sabe sobre a situação dos demais grupos de mamíferos da Mata Atlântica. (Coimbra filho, 1984; Câmara, 1991).
Aves
A Mata Atlântica apresenta uma das mais elevadas riquezas de aves do planeta, com 1020 espécies. É um importante centro de endemismo, com 188 espécies endêmicas e 104 ameaçadas de extinção. Estas espécies encontram-se ameaçadas principalmente pela destruição de hábitats, pelo comércio ilegal e pela caça seletiva de várias espécies. Um dos grupos que corre maior risco de extinção é o das aves de rapina (gaviões, por exemplo), que apesar de ter uma ampla distribuição, estão sofrendo uma drástica redução de seus nichos. Várias espécies quase se extinguiram pela caça, como é o caso dos beija-flores e psitacídeos em geral (araras, papagaios, periquitos) (Por, 1992).
Anfíbios
Com hábitos predominantemente noturnos e discretos, o que os torna pouco visíveis em seu ambiente natural, os anfíbios representam um dos mais fascinantes grupos. Exploram praticamente todos os hábitats disponíveis; apresentam estratégias reprodutivas altamente diversificadas e muitas vezes bastante sofisticadas, ocupam posição variável na cadeia alimentar e possuem vocalizações características, demonstrando a diversificação biológica e seu sucesso evolutivo.
Em relação aos anuros (sapos, rãs e pererecas), um ecossistema bastante importante é o conhecido "copo" das bromélias, um reservatório que serve de moradia, alimentação e local para reprodução de algumas espécies.
A Mata Atlântica concentra 370 espécies de anfíbios, cerca de 65% das espécies brasileiras conhecidas. Destas, 90 são endêmicas, evidenciando a importância deste grupo.
Répteis
Em relação à fauna de répteis, grande parte apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo em outras formações como a Amazônia, Cerrado e até na Caatinga. No entanto, são conhecidas muitas espécies endêmicas da Mata Atlântica, por exemplo, o jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris) (MMA,2000). Uma comparação entre os répteis da Amazônia, da Mata Atlântica e do Nordeste dos Andes (Dixon, 1979, apud Por, 1992) mostrou que a Mata Atlântica possui 150 espécies, das quais 43 também existem na Amazônia, 1 nos Andes e 18 são de larga distribuição neotropical. O endemismo dos répteis da Mata Atlântica é bastante acentuado, entretanto novas espécies ainda estão sendo descobertas. (Por, 1992)
Peixes
Os ecossistemas aquáticos da Mata Atlântica brasileira possuem fauna de peixes muito variada, associada de forma íntima à floresta que lhe proporciona proteção e alimento. ( MMA, 2000)
O número total de espécies de peixes da Mata Atlântica é 350, destas, 133 são endêmicas. O alto grau de endemismo é resultado do processo de evolução das espécies, em área isolada das demais bacias hidrográficas brasileiras. (MMA, 2000)
A maior parte dos rios encontra-se degradada, principalmente pela eliminação das matas ciliares, erosão, assoreamento, poluição e represamento. Apesar de estudada há bastante tempo, a fauna de água doce brasileira não é bem conhecida . Nos rios da mata ombrófila densa, existem espécies dependentes da floresta para seu ciclo de vida, principalmente aquelas que se alimentam de insetos, folhas, frutos e flores (Adams, 2000), contribuindo também para a dispersão de sementes e frutos e para a manutenção do equilíbrio do ambiente aquático.
sobre a água na mata atlântica
Mata Atlântica apresenta um alto índice pluviométrico e, em média, estes valores variam entre 1.800 e 3.600 mm/ano, podendo chegar à 4.000 mm/ano, como é o caso de Paranapiacaba (SP). Por este motivo, está incluída nas florestas pluviais do Planeta (pluvio = chuva).
Esta característica é conseqüência da condensação da brisa oceânica carregada de vapor que é empurrada para as regiões continentais chegando nas escarpas das serras. Quando estes ventos atingem determinada altura e grau de condensação, encontram correntes de ar com diferentes temperaturas fazendo com que o excesso de vapor d´água se precipite em forma de chuva ou nevoeiro (serração), tornando o ambiente muito úmido.
Mas, qual será o papel da água nesta floresta?
Ao cair sobre a floresta, escorre pelas folhas e troncos até atingir a serrapilheira e, ao umedecê-la, acelera o processo de decomposição. Ao atingir o solo infiltra-se alimentando o lençol freático até aflorar na superfície, através dos "olhos d´água" ou nascentes. As folhas das plantas dos diversos estratos (arbóreo, arbustivo e herbáceo) têm o papel importante de diminuir a intensidade com que a água chega no solo, prevenindo a erosão e protegendo plantas muito jovens. Ao percorrer este caminho vertical, a água vai sendo enriquecida com sais minerais e substâncias orgânicas que serão incorporadas ao solo e assim a água, torna-se disponível para as raízes, sendo utilizada na hidratação das células e na fotossíntese.
A água contribui também para a determinação da fisionomia da floresta, uma vez que, através da chuva, carrega o material superficial do solo das regiões mais íngremes, expondo as rochas e tornando o solo raso. No meio das encostas, deposita parte do material vindo de cima, mas também transporta mais sedimento para baixo, não só através da chuva, mas escava fundos de rios e riachos. O sopé da serra é uma área plana, que acaba sendo entulhada de sedimento de diferentes origens vindos das regiões mais altas.
Em alguns locais onde predominam as rochas calcárias, os rios e a água infiltrada no solo, contribuem para a formação de cavernas, podendo originar grandes complexos cavernícolas, como é o caso da região do Vale do Ribeira (SP).
A maioria dos rios é perene, constantemente alimentados pela água da chuva que, com maior intensidade, contribui para a mudança de curso destes rios, resultando na erosão de suas margens externas e acúmulo de sedimento nas margens internas. À partir da mudança de curso, também podem ser formadas lagoas de água doce, brejos e lagunas de água salobra (próximas ao mar). Estes rios, alimentados pela chuva, são chamados "rios de água clara", mas também existem os "rios de água preta", que possuem lentos cursos de água que drenam as planícies das restingas e mangues, recebendo grande quantidade de matéria orgânica ainda em decomposição, o que lhes confere a coloração escura. São rios que formam os estuários e, portanto, possuem relação com a água salgada, dependendo das condições da maré e da época do ano.
Existem alguns mecanismos desenvolvidos pelas plantas para adaptarem-se à quantidade de água disponível. Em locais muito úmidos, a eliminação de água pelas bordas das folhas (gutação) é um deles. Plantas que vivem sobre as rochas, onde a disponibilidade de água é muito menor do que no solo, possuem estruturas de armazenamento de água e podem até comportar-se como plantas de deserto, se necessário. Mais detalhes sobre as plantas e suas adaptações, serão vistos em FLORA. Quanto aos animais aquáticos, peixes, camarões, lagostins e caranguejos, habitam o leito dos rios. O fluxo de água proporciona uma temperatura amena, alimento e oxigênio. Na foz dos rios (estuários) vivem também mamíferos aquáticos e freqüentam peixes de água salgada, aumentando a diversidade de espécies e a abundância. Mais detalhes em FAUNA.
Esta característica é conseqüência da condensação da brisa oceânica carregada de vapor que é empurrada para as regiões continentais chegando nas escarpas das serras. Quando estes ventos atingem determinada altura e grau de condensação, encontram correntes de ar com diferentes temperaturas fazendo com que o excesso de vapor d´água se precipite em forma de chuva ou nevoeiro (serração), tornando o ambiente muito úmido.
Mas, qual será o papel da água nesta floresta?
Ao cair sobre a floresta, escorre pelas folhas e troncos até atingir a serrapilheira e, ao umedecê-la, acelera o processo de decomposição. Ao atingir o solo infiltra-se alimentando o lençol freático até aflorar na superfície, através dos "olhos d´água" ou nascentes. As folhas das plantas dos diversos estratos (arbóreo, arbustivo e herbáceo) têm o papel importante de diminuir a intensidade com que a água chega no solo, prevenindo a erosão e protegendo plantas muito jovens. Ao percorrer este caminho vertical, a água vai sendo enriquecida com sais minerais e substâncias orgânicas que serão incorporadas ao solo e assim a água, torna-se disponível para as raízes, sendo utilizada na hidratação das células e na fotossíntese.
A água contribui também para a determinação da fisionomia da floresta, uma vez que, através da chuva, carrega o material superficial do solo das regiões mais íngremes, expondo as rochas e tornando o solo raso. No meio das encostas, deposita parte do material vindo de cima, mas também transporta mais sedimento para baixo, não só através da chuva, mas escava fundos de rios e riachos. O sopé da serra é uma área plana, que acaba sendo entulhada de sedimento de diferentes origens vindos das regiões mais altas.
Em alguns locais onde predominam as rochas calcárias, os rios e a água infiltrada no solo, contribuem para a formação de cavernas, podendo originar grandes complexos cavernícolas, como é o caso da região do Vale do Ribeira (SP).
A maioria dos rios é perene, constantemente alimentados pela água da chuva que, com maior intensidade, contribui para a mudança de curso destes rios, resultando na erosão de suas margens externas e acúmulo de sedimento nas margens internas. À partir da mudança de curso, também podem ser formadas lagoas de água doce, brejos e lagunas de água salobra (próximas ao mar). Estes rios, alimentados pela chuva, são chamados "rios de água clara", mas também existem os "rios de água preta", que possuem lentos cursos de água que drenam as planícies das restingas e mangues, recebendo grande quantidade de matéria orgânica ainda em decomposição, o que lhes confere a coloração escura. São rios que formam os estuários e, portanto, possuem relação com a água salgada, dependendo das condições da maré e da época do ano.
Existem alguns mecanismos desenvolvidos pelas plantas para adaptarem-se à quantidade de água disponível. Em locais muito úmidos, a eliminação de água pelas bordas das folhas (gutação) é um deles. Plantas que vivem sobre as rochas, onde a disponibilidade de água é muito menor do que no solo, possuem estruturas de armazenamento de água e podem até comportar-se como plantas de deserto, se necessário. Mais detalhes sobre as plantas e suas adaptações, serão vistos em FLORA. Quanto aos animais aquáticos, peixes, camarões, lagostins e caranguejos, habitam o leito dos rios. O fluxo de água proporciona uma temperatura amena, alimento e oxigênio. Na foz dos rios (estuários) vivem também mamíferos aquáticos e freqüentam peixes de água salgada, aumentando a diversidade de espécies e a abundância. Mais detalhes em FAUNA.
Sobre o solo da mata atlântica
A Mata Atlântica localiza-se sobre uma imensa cadeia de montanhas, ao longo da costa brasileira, na qual o substrato dominante compreende rochas cristalinas. As montanhas mais antigas estendem-se em áreas da Serra do mar e foram formadas por atividades tectônicas no Período Ordoviciano da Era Paleozóica. Morros arredondados são formados por grandes blocos, normalmente, de rochas graníticas (magmáticas). Rochas calcárias, vulneráveis à dissolução química, formam cavernas e as formadas por quartzitos sobressaem-se na paisagem, como é o caso do Morro do Jaraguá, em São Paulo.
O solo, em geral, é bastante raso, com pH ácido, pouco ventilado, sempre úmido e extremamente pobre, recebendo pouca luz, devido à absorção dos raios solares pelo estrato arbóreo. A umidade e a presença de grande quantidade de matéria orgânica (serrapilheira) tornam o solo favorável à ação de microorganismos decompositores (fungos e bactérias) que possibilitam o aproveitamento dos nutrientes e sais minerais pelos vegetais.
O solo raso e encharcado é favorável ao desbarrancamento e à erosão, eventos bastante comuns na floresta atlântica. O ciclo de deslizamentos e de erosões nas partes mais altas e a deposição de material nas partes baixas, promove a renovação do solo, desnudando as encostas, formando clareiras e dando espaço para o início de novas associações. A vegetação de grande porte, apensar do solo ser raso, consegue sustentar-se porque possuem raízes tabulares e raízes escora, paralelas ao solo e intrincadas, formando uma espécie de "manta de raízes".
Alguns animais (minhocas, coleópteros, entre outros) desenvolvem atividades que resultam no revolver do solo, facilitando a absorção de água e sais minerais, além de auxiliar na formação do húmus, material rico em nutrientes.
O solo, em geral, é bastante raso, com pH ácido, pouco ventilado, sempre úmido e extremamente pobre, recebendo pouca luz, devido à absorção dos raios solares pelo estrato arbóreo. A umidade e a presença de grande quantidade de matéria orgânica (serrapilheira) tornam o solo favorável à ação de microorganismos decompositores (fungos e bactérias) que possibilitam o aproveitamento dos nutrientes e sais minerais pelos vegetais.
O solo raso e encharcado é favorável ao desbarrancamento e à erosão, eventos bastante comuns na floresta atlântica. O ciclo de deslizamentos e de erosões nas partes mais altas e a deposição de material nas partes baixas, promove a renovação do solo, desnudando as encostas, formando clareiras e dando espaço para o início de novas associações. A vegetação de grande porte, apensar do solo ser raso, consegue sustentar-se porque possuem raízes tabulares e raízes escora, paralelas ao solo e intrincadas, formando uma espécie de "manta de raízes".
Alguns animais (minhocas, coleópteros, entre outros) desenvolvem atividades que resultam no revolver do solo, facilitando a absorção de água e sais minerais, além de auxiliar na formação do húmus, material rico em nutrientes.
Histórico da mata atlântica
Há 500 anos atrás, a paisagem dominante na costa brasileira era a densa e exuberante Floresta Atlântica, com árvores gigantescas. Este ecossistema estendia-se á partir do litoral, penetrando o continente em direção ao interior por extensões variadas, de acordo com as características geográficas e climáticas. Entretanto, a floresta não era intocada quando chegaram os europeus, estima-se que em 1500 havia cerca de dois a quatro milhões de índios no Brasil e uma grande parte deles vivia na Mata Atlântica.
A sua utilização se dava através da extração de material para construção de seus abrigos, de alimento, remédios e cultivos, principalmente da mandioca e o milho. Para tal atividade, era necessário queimar trechos da mata para a formação de clareiras que, inicialmente, apresentavam áreas férteis. Porém, com alguns ciclos de plantio, estas áreas tornavam-se pobres em nutrientes e fazia-se necessário queimar novas áreas para o plantio.
Desde o início da colonização, os Portugueses começaram a explorar o pau-brasil (Caesalpinia echinata), do qual se extraía tinta para tecido, sendo o produto no qual se estabeleceu a primeira atividade econômica da colônia. De 1500 a 1530 não houve um projeto de colonização para o Brasil e a extração do pau-brasil foi feita primordialmente por particulares europeus, os quais pagavam impostos para a coroa portuguesa. Era usada mão-de-obra indígena, cujo pagamento era feito na forma de escambo, os índios em troca do trabalho recebiam objetos sem valor como facas e chapéus. Desde esta época até cerca de 1850, foram devastados enormes áreas de mata às custas da mão de obra escrava (indígena e africana, principalmente), de forma desordenada.
Além da prática da extração comercial, mata foi destruída para a construção de vilas e cidades.
Paralelamente ao uso do Pau-Brasil, foram implantados engenhos de cana-de-açúcar, contribuindo substancialmente para a devastação da Florestas Atlântica. Na Zona da Mata Nordestina, o primeiro local ocupado pelos colonizadores, a floresta foi completamente devastada e em seu lugar surgiram extensos canaviais. A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) foi a principal atividade econômica nos séculos XVI e XVII. Era plantada em latifúndios, que ocupavam imensas áreas para conseguir suprir o mercado europeu, tendo também como base a mão-de-obra escrava africana. Foi uma atividade de monocultura, causando o empobrecimento do solo e, consequentemente, tornando necessária a troca de local para a plantação, aumentando as áreas devastadas. Trazida principalmente para servir como força motriz nos engenhos, foi implantada a pecuária expandindo-se como atividade econômica causando sérios danos sobre a Mata Atlântica.
Ao contrário das práticas citadas até agora, o cultivo do cacau foi introduzido pelo sistema das cabrucas, que é o plantio feito em áreas sombreadas, o que proporcionou a manutenção das árvores maiores e mais antigas da mata. Esta atividade se deu principalmente na região do sul da Bahia estendendo-se também para o norte do Espírito Santo.
Cronologicamente, segue a devastação da Mata Atlântica através da mineração, destruindo extensas áreas do estado de Minas Gerais para a retirada do ouro e, consequentemente, a instalação de vilas e arraiais.
Desde o período colonial, foram retiradas da mata árvores nobres, como as canelas, o jacarandá, a peroba, o cedro, entre outras. O espaço urbano cresceu e seus habitantes originais, empurrados para o sertão, desmatando novas áreas.
Com a queda da mineração, um outro ciclo econômico do Brasil, localizado em área de Mata Atlântica, foi o café ( Coffea arabica), este se instalou inicialmente na região do Vale do Paraíba, Baixada Fluminense e Sul de Minas, que se expandiu para o oeste a partir de 1850, passando por Campinas (SP), posteriormente chegando em Ribeirão Preto (SP), onde se consolidou.
Esta atividade, gerou um adensamento urbano ainda maior, proporcionou a construção de ferrovias, contribuindo para o aumento do desmatamento no século XIX.
Na Serra do Mar, devido às altas escarpas e à relativa escassez de terras nas planícies litorâneas para a agricultura, o litoral da região sudeste passou à margem dos ciclos econômicos do açúcar e do café, que alteraram profundamente a paisagem do planalto interior. Por isso nessa região há áreas extensas com cobertura florestal preservada.
Em seguida, as atividades industriais foram implantadas e expandiram-se rapidamente, principalmente no Centro-Sul do país e a retirada de matéria-prima acompanhou sua expansão.
Atualmente, o crescimento urbano e o consumo dos recursos é o principal fator de degradação da Mata Atlântica, além da falta de políticas públicas que incentivem seu uso sustentável. Este bioma possui grande importância social, econômica e ambiental e sua porção atual correspondente à 8% da cobertura original, nos mostra a necessidade de adoção de medidas eficientes para a sua conservação e recuperação.
A sua utilização se dava através da extração de material para construção de seus abrigos, de alimento, remédios e cultivos, principalmente da mandioca e o milho. Para tal atividade, era necessário queimar trechos da mata para a formação de clareiras que, inicialmente, apresentavam áreas férteis. Porém, com alguns ciclos de plantio, estas áreas tornavam-se pobres em nutrientes e fazia-se necessário queimar novas áreas para o plantio.
Desde o início da colonização, os Portugueses começaram a explorar o pau-brasil (Caesalpinia echinata), do qual se extraía tinta para tecido, sendo o produto no qual se estabeleceu a primeira atividade econômica da colônia. De 1500 a 1530 não houve um projeto de colonização para o Brasil e a extração do pau-brasil foi feita primordialmente por particulares europeus, os quais pagavam impostos para a coroa portuguesa. Era usada mão-de-obra indígena, cujo pagamento era feito na forma de escambo, os índios em troca do trabalho recebiam objetos sem valor como facas e chapéus. Desde esta época até cerca de 1850, foram devastados enormes áreas de mata às custas da mão de obra escrava (indígena e africana, principalmente), de forma desordenada.
Além da prática da extração comercial, mata foi destruída para a construção de vilas e cidades.
Paralelamente ao uso do Pau-Brasil, foram implantados engenhos de cana-de-açúcar, contribuindo substancialmente para a devastação da Florestas Atlântica. Na Zona da Mata Nordestina, o primeiro local ocupado pelos colonizadores, a floresta foi completamente devastada e em seu lugar surgiram extensos canaviais. A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) foi a principal atividade econômica nos séculos XVI e XVII. Era plantada em latifúndios, que ocupavam imensas áreas para conseguir suprir o mercado europeu, tendo também como base a mão-de-obra escrava africana. Foi uma atividade de monocultura, causando o empobrecimento do solo e, consequentemente, tornando necessária a troca de local para a plantação, aumentando as áreas devastadas. Trazida principalmente para servir como força motriz nos engenhos, foi implantada a pecuária expandindo-se como atividade econômica causando sérios danos sobre a Mata Atlântica.
Ao contrário das práticas citadas até agora, o cultivo do cacau foi introduzido pelo sistema das cabrucas, que é o plantio feito em áreas sombreadas, o que proporcionou a manutenção das árvores maiores e mais antigas da mata. Esta atividade se deu principalmente na região do sul da Bahia estendendo-se também para o norte do Espírito Santo.
Cronologicamente, segue a devastação da Mata Atlântica através da mineração, destruindo extensas áreas do estado de Minas Gerais para a retirada do ouro e, consequentemente, a instalação de vilas e arraiais.
Desde o período colonial, foram retiradas da mata árvores nobres, como as canelas, o jacarandá, a peroba, o cedro, entre outras. O espaço urbano cresceu e seus habitantes originais, empurrados para o sertão, desmatando novas áreas.
Com a queda da mineração, um outro ciclo econômico do Brasil, localizado em área de Mata Atlântica, foi o café ( Coffea arabica), este se instalou inicialmente na região do Vale do Paraíba, Baixada Fluminense e Sul de Minas, que se expandiu para o oeste a partir de 1850, passando por Campinas (SP), posteriormente chegando em Ribeirão Preto (SP), onde se consolidou.
Esta atividade, gerou um adensamento urbano ainda maior, proporcionou a construção de ferrovias, contribuindo para o aumento do desmatamento no século XIX.
Na Serra do Mar, devido às altas escarpas e à relativa escassez de terras nas planícies litorâneas para a agricultura, o litoral da região sudeste passou à margem dos ciclos econômicos do açúcar e do café, que alteraram profundamente a paisagem do planalto interior. Por isso nessa região há áreas extensas com cobertura florestal preservada.
Em seguida, as atividades industriais foram implantadas e expandiram-se rapidamente, principalmente no Centro-Sul do país e a retirada de matéria-prima acompanhou sua expansão.
Atualmente, o crescimento urbano e o consumo dos recursos é o principal fator de degradação da Mata Atlântica, além da falta de políticas públicas que incentivem seu uso sustentável. Este bioma possui grande importância social, econômica e ambiental e sua porção atual correspondente à 8% da cobertura original, nos mostra a necessidade de adoção de medidas eficientes para a sua conservação e recuperação.
Introdução sobre mata atlântica
Segundo Mantovani (1993, apud Adams, 2000), a floresta encontrada sobre serrarias costeiras denomina-se Floresta Pluvial Tropical, Floresta Ombrófila Densa ou, genericamente, Mata Atlântica. A elaboração dos textos que seguem, teve como referência esta classificação.
A Mata Atlântica é a segunda floresta neotropical em tamanho, depois da Floresta Amazônica (Adams, op.cit.) Localiza-se sobre uma antiga cadeia de montanhas, que se estende ao longo da costa brasileira.
Os primeiros estudos e registros sobre a Mata Atlântica, desenvolvidos a partir do Século XIX, mostram que esta floresta cobria boa parte do litoral brasileiro, estendendo-se desde o RN até o RS, de forma quase contínua.
Atualmente, seus remanescentes correspondem a menos de 8% da cobertura original (SOS Mata Atlântica, 1995), sendo que as maiores áreas estão nas regiões Sul e Sudeste.
Algumas características homogeneízam este ecossistema que, por estender-se de Norte a Sul, poderia apresentar diversas formações florestais. São elas:
a) suave e gradual mudança na biota
b) regime climático similar
c) história geológica longa e comum
d) tipo de solo similar
A Mata Atlântica é a segunda floresta neotropical em tamanho, depois da Floresta Amazônica (Adams, op.cit.) Localiza-se sobre uma antiga cadeia de montanhas, que se estende ao longo da costa brasileira.
Os primeiros estudos e registros sobre a Mata Atlântica, desenvolvidos a partir do Século XIX, mostram que esta floresta cobria boa parte do litoral brasileiro, estendendo-se desde o RN até o RS, de forma quase contínua.
Atualmente, seus remanescentes correspondem a menos de 8% da cobertura original (SOS Mata Atlântica, 1995), sendo que as maiores áreas estão nas regiões Sul e Sudeste.
Algumas características homogeneízam este ecossistema que, por estender-se de Norte a Sul, poderia apresentar diversas formações florestais. São elas:
a) suave e gradual mudança na biota
b) regime climático similar
c) história geológica longa e comum
d) tipo de solo similar
Sobre a fauna da mata atlântica
Fauna
fauna
flora
impactos ambientais
conservação
bibliografia
início
A fauna da Floresta Atlântica representa uma das mais ricas em diversidade de espécies e está entre as cinco regiões do mundo que possuem o maior número de espécies endêmicas. Está intimamente relacionada com a vegetação, tendo uma grande importância na polinização de flores, e dispersão de frutos e sementes. A precariedade dos levantamentos sobre a fauna da Mata Atlântica torna sua descrição e análise mais difícil que no caso da vegetação (Adams, 2000), mas, apesar da carência de informações para alguns grupos taxonômicos, estudos comprovam uma diversidade bastante alta.
Os animais podem ser divididos em dois grupos, de acordo com o grau de exigência:
Os generalistas são pouco exigentes, apresentam hábitos alimentares variados, altas taxas de crescimento e alto potencial de dispersão. Estes fatores permitem a estes animais viverem em áreas de vegetação mais aberta ou mata secundária. São chamados de generalistas por causa do alto grau de tolerância e à capacidade de aproveitar eficientemente diferentes recursos oferecidos pelo ambiente. Ex: sabiá-laranjeira, sanhaço, pica-pau, gambá, morcegos, entre outros.
Os especialistas, ao contrário dos primeiros, são extremamente exigentes quanto aos hábitats que acupam. São animais que vivem em áreas de floresta primária ou secundária em alto grau de regeneração, apresentando uma dieta bastante específica. Para este grupo, a alteração do ambiente significa a necessidade de procurar novos hábitats que apresentem condições semelhantes às anteriores. Ocorre também a necessidade de grandes áreas para sobreviverem, sendo que sua redução pode ocasionar a impossibilidade de encontrar um parceiro para reprodução, comprometendo o número de indivíduos da espécie, podendo levá-la à extinção. Alguns destes animais, por representarem o topo de cadeias alimentares, possuem um número reduzido de filhotes, o que dificulta ainda mais a manutenção destas populações. Ex: onça-pintada, mono-carvoeiro, jacutingas, gavião-pombo, entre outros.
A relação entre animais e plantas da Mata Atlântica é bastante harmônica. O fornecimento de alimento ao animal em troca do auxílio na perpetuação de uma espécie vegetal, é bastante comum. As plantas com flores e seus polinizadores foram adaptando hábitos e necessidades ao longo de milhões de anos de convívio. Flores grandes e coloridas atraem muitos beija-flores, as perfumadas atraem as mariposas e algumas flores, para atrair moscas, exalam um perfume semelhante ao de podridão. Acredita-se que três a cada quatro espécies vegetais da Mata Atlântica, sejam dispersadas por animais, principalmente por aves e mamíferos, que alimentam-se de frutos e defecam as sementes ou as eliminam antes da ingestão. Pássaros frugívoros possuem grande percepção visual e se alimentam de sementes muitas vezes bem pequenas. Jacarés e lagartos, aproveitam os frutos caídos no chão e mamíferos como os macacos, acabam proporcionando a dispersão em grandes áreas.
Um breve resumo sobre os grupos:
Mamíferos
No final do Pleistoceno, com a extinção maciça dos animais gigantes, a fauna brasileira de mamíferos terrestres foi empobrecida, mas as variedade de espécies de pequeno porte se manteve.
A Mata Atlântica possui 250 espécies de mamíferos, sendo 55 endêmicas, com a possibilidade de existirem diversas espécies desconhecidas. São os componentes da fauna que mais sofreram com os vastos desmatamentos e a caça, verificando-se o desaparecimento total de algumas espécies em certos locais.
Há uma grande quantidade de roedores e quirópteros (morcegos), e apesar de não ser tão rica em primatas quanto a Amazônia, possui um número razoável de espécies (Adams, 2000).
Exceto em relação aos primatas, quase nada se sabe sobre a situação dos demais grupos de mamíferos da Mata Atlântica. (Coimbra filho, 1984; Câmara, 1991).
Aves
A Mata Atlântica apresenta uma das mais elevadas riquezas de aves do planeta, com 1020 espécies. É um importante centro de endemismo, com 188 espécies endêmicas e 104 ameaçadas de extinção. Estas espécies encontram-se ameaçadas principalmente pela destruição de hábitats, pelo comércio ilegal e pela caça seletiva de várias espécies. Um dos grupos que corre maior risco de extinção é o das aves de rapina (gaviões, por exemplo), que apesar de ter uma ampla distribuição, estão sofrendo uma drástica redução de seus nichos. Várias espécies quase se extinguiram pela caça, como é o caso dos beija-flores e psitacídeos em geral (araras, papagaios, periquitos) (Por, 1992).
Anfíbios
Com hábitos predominantemente noturnos e discretos, o que os torna pouco visíveis em seu ambiente natural, os anfíbios representam um dos mais fascinantes grupos. Exploram praticamente todos os hábitats disponíveis; apresentam estratégias reprodutivas altamente diversificadas e muitas vezes bastante sofisticadas, ocupam posição variável na cadeia alimentar e possuem vocalizações características, demonstrando a diversificação biológica e seu sucesso evolutivo.
Em relação aos anuros (sapos, rãs e pererecas), um ecossistema bastante importante é o conhecido "copo" das bromélias, um reservatório que serve de moradia, alimentação e local para reprodução de algumas espécies.
A Mata Atlântica concentra 370 espécies de anfíbios, cerca de 65% das espécies brasileiras conhecidas. Destas, 90 são endêmicas, evidenciando a importância deste grupo.
Répteis
Em relação à fauna de répteis, grande parte apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo em outras formações como a Amazônia, Cerrado e até na Caatinga. No entanto, são conhecidas muitas espécies endêmicas da Mata Atlântica, por exemplo, o jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris) (MMA,2000). Uma comparação entre os répteis da Amazônia, da Mata Atlântica e do Nordeste dos Andes (Dixon, 1979, apud Por, 1992) mostrou que a Mata Atlântica possui 150 espécies, das quais 43 também existem na Amazônia, 1 nos Andes e 18 são de larga distribuição neotropical. O endemismo dos répteis da Mata Atlântica é bastante acentuado, entretanto novas espécies ainda estão sendo descobertas. (Por, 1992)
Peixes
Os ecossistemas aquáticos da Mata Atlântica brasileira possuem fauna de peixes muito variada, associada de forma íntima à floresta que lhe proporciona proteção e alimento. ( MMA, 2000)
O número total de espécies de peixes da Mata Atlântica é 350, destas, 133 são endêmicas. O alto grau de endemismo é resultado do processo de evolução das espécies, em área isolada das demais bacias hidrográficas brasileiras. (MMA, 2000)
A maior parte dos rios encontra-se degradada, principalmente pela eliminação das matas ciliares, erosão, assoreamento, poluição e represamento. Apesar de estudada há bastante tempo, a fauna de água doce brasileira não é bem conhecida . Nos rios da mata ombrófila densa, existem espécies dependentes da floresta para seu ciclo de vida, principalmente aquelas que se alimentam de insetos, folhas, frutos e flores (Adams, 2000), contribuindo também para a dispersão de sementes e frutos e para a manutenção do equilíbrio do ambiente aquático.
fauna
flora
impactos ambientais
conservação
bibliografia
início
A fauna da Floresta Atlântica representa uma das mais ricas em diversidade de espécies e está entre as cinco regiões do mundo que possuem o maior número de espécies endêmicas. Está intimamente relacionada com a vegetação, tendo uma grande importância na polinização de flores, e dispersão de frutos e sementes. A precariedade dos levantamentos sobre a fauna da Mata Atlântica torna sua descrição e análise mais difícil que no caso da vegetação (Adams, 2000), mas, apesar da carência de informações para alguns grupos taxonômicos, estudos comprovam uma diversidade bastante alta.
Os animais podem ser divididos em dois grupos, de acordo com o grau de exigência:
Os generalistas são pouco exigentes, apresentam hábitos alimentares variados, altas taxas de crescimento e alto potencial de dispersão. Estes fatores permitem a estes animais viverem em áreas de vegetação mais aberta ou mata secundária. São chamados de generalistas por causa do alto grau de tolerância e à capacidade de aproveitar eficientemente diferentes recursos oferecidos pelo ambiente. Ex: sabiá-laranjeira, sanhaço, pica-pau, gambá, morcegos, entre outros.
Os especialistas, ao contrário dos primeiros, são extremamente exigentes quanto aos hábitats que acupam. São animais que vivem em áreas de floresta primária ou secundária em alto grau de regeneração, apresentando uma dieta bastante específica. Para este grupo, a alteração do ambiente significa a necessidade de procurar novos hábitats que apresentem condições semelhantes às anteriores. Ocorre também a necessidade de grandes áreas para sobreviverem, sendo que sua redução pode ocasionar a impossibilidade de encontrar um parceiro para reprodução, comprometendo o número de indivíduos da espécie, podendo levá-la à extinção. Alguns destes animais, por representarem o topo de cadeias alimentares, possuem um número reduzido de filhotes, o que dificulta ainda mais a manutenção destas populações. Ex: onça-pintada, mono-carvoeiro, jacutingas, gavião-pombo, entre outros.
A relação entre animais e plantas da Mata Atlântica é bastante harmônica. O fornecimento de alimento ao animal em troca do auxílio na perpetuação de uma espécie vegetal, é bastante comum. As plantas com flores e seus polinizadores foram adaptando hábitos e necessidades ao longo de milhões de anos de convívio. Flores grandes e coloridas atraem muitos beija-flores, as perfumadas atraem as mariposas e algumas flores, para atrair moscas, exalam um perfume semelhante ao de podridão. Acredita-se que três a cada quatro espécies vegetais da Mata Atlântica, sejam dispersadas por animais, principalmente por aves e mamíferos, que alimentam-se de frutos e defecam as sementes ou as eliminam antes da ingestão. Pássaros frugívoros possuem grande percepção visual e se alimentam de sementes muitas vezes bem pequenas. Jacarés e lagartos, aproveitam os frutos caídos no chão e mamíferos como os macacos, acabam proporcionando a dispersão em grandes áreas.
Um breve resumo sobre os grupos:
Mamíferos
No final do Pleistoceno, com a extinção maciça dos animais gigantes, a fauna brasileira de mamíferos terrestres foi empobrecida, mas as variedade de espécies de pequeno porte se manteve.
A Mata Atlântica possui 250 espécies de mamíferos, sendo 55 endêmicas, com a possibilidade de existirem diversas espécies desconhecidas. São os componentes da fauna que mais sofreram com os vastos desmatamentos e a caça, verificando-se o desaparecimento total de algumas espécies em certos locais.
Há uma grande quantidade de roedores e quirópteros (morcegos), e apesar de não ser tão rica em primatas quanto a Amazônia, possui um número razoável de espécies (Adams, 2000).
Exceto em relação aos primatas, quase nada se sabe sobre a situação dos demais grupos de mamíferos da Mata Atlântica. (Coimbra filho, 1984; Câmara, 1991).
Aves
A Mata Atlântica apresenta uma das mais elevadas riquezas de aves do planeta, com 1020 espécies. É um importante centro de endemismo, com 188 espécies endêmicas e 104 ameaçadas de extinção. Estas espécies encontram-se ameaçadas principalmente pela destruição de hábitats, pelo comércio ilegal e pela caça seletiva de várias espécies. Um dos grupos que corre maior risco de extinção é o das aves de rapina (gaviões, por exemplo), que apesar de ter uma ampla distribuição, estão sofrendo uma drástica redução de seus nichos. Várias espécies quase se extinguiram pela caça, como é o caso dos beija-flores e psitacídeos em geral (araras, papagaios, periquitos) (Por, 1992).
Anfíbios
Com hábitos predominantemente noturnos e discretos, o que os torna pouco visíveis em seu ambiente natural, os anfíbios representam um dos mais fascinantes grupos. Exploram praticamente todos os hábitats disponíveis; apresentam estratégias reprodutivas altamente diversificadas e muitas vezes bastante sofisticadas, ocupam posição variável na cadeia alimentar e possuem vocalizações características, demonstrando a diversificação biológica e seu sucesso evolutivo.
Em relação aos anuros (sapos, rãs e pererecas), um ecossistema bastante importante é o conhecido "copo" das bromélias, um reservatório que serve de moradia, alimentação e local para reprodução de algumas espécies.
A Mata Atlântica concentra 370 espécies de anfíbios, cerca de 65% das espécies brasileiras conhecidas. Destas, 90 são endêmicas, evidenciando a importância deste grupo.
Répteis
Em relação à fauna de répteis, grande parte apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo em outras formações como a Amazônia, Cerrado e até na Caatinga. No entanto, são conhecidas muitas espécies endêmicas da Mata Atlântica, por exemplo, o jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris) (MMA,2000). Uma comparação entre os répteis da Amazônia, da Mata Atlântica e do Nordeste dos Andes (Dixon, 1979, apud Por, 1992) mostrou que a Mata Atlântica possui 150 espécies, das quais 43 também existem na Amazônia, 1 nos Andes e 18 são de larga distribuição neotropical. O endemismo dos répteis da Mata Atlântica é bastante acentuado, entretanto novas espécies ainda estão sendo descobertas. (Por, 1992)
Peixes
Os ecossistemas aquáticos da Mata Atlântica brasileira possuem fauna de peixes muito variada, associada de forma íntima à floresta que lhe proporciona proteção e alimento. ( MMA, 2000)
O número total de espécies de peixes da Mata Atlântica é 350, destas, 133 são endêmicas. O alto grau de endemismo é resultado do processo de evolução das espécies, em área isolada das demais bacias hidrográficas brasileiras. (MMA, 2000)
A maior parte dos rios encontra-se degradada, principalmente pela eliminação das matas ciliares, erosão, assoreamento, poluição e represamento. Apesar de estudada há bastante tempo, a fauna de água doce brasileira não é bem conhecida . Nos rios da mata ombrófila densa, existem espécies dependentes da floresta para seu ciclo de vida, principalmente aquelas que se alimentam de insetos, folhas, frutos e flores (Adams, 2000), contribuindo também para a dispersão de sementes e frutos e para a manutenção do equilíbrio do ambiente aquático.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Centenário do Gipão
17 de outubro de 2009
Celebração dos 100 anos do Club Sportivo Sergipe
Há dias em uma cidade se renova, ganha novos ares, fica cheia de vida, ganha mais alma,aumenta o ritmo, sacode a poeira e dá a volta por cima. È só festa e alegria. Mais há também um estado que pára para cantar e ouvir o hino do seu clube mais querido, o clube Sportivo Sergipe. E aí, a festa ganha corpo e vida completos e com muita poesia. Esse clube de tradições e vitórias mil, quando se levanta faz a cidade balançar, afinal é o centenário do mais populoso clube das terras de Sergipe Del Rei quem celebração o centenário. O timo rubro nascia há 17 de outubro de 1909, uma semana após o Cotinguiba, seu primeiro adversário esportivo, na regata e no futebol, em Aracaju. Seus fundadores foram alguns dissidentes do “tubarão da praia”.O primeiro título do Sergipe foi conquistado através do remo em 1910. Um ano depois de fundada. No ano seguinte, às margens do rio Sergipe, Sergipe teve a primeira sede com a construção de uma pequena garagem. Com a evolução e já de time profissional, a equipe transferiu de sede, localizando onde está hoje, no bairro Siqueira Campos. O patrono do clube chama-se João Hora de Oliveira, que quando vivo comprou o terreno, para a sede e campo do timo, o chamado mundão do Siqueira e doou ao clube.Sua largada no mundo futebol aconteceu em meados de 1916, com o pontapé inicial do futebol sergipano. A partir daí, o clube conquistou títulos importantes dentro das quatro linhas, como o hexacampeonato tanto na categoria amadora como na categoria profissional. Entre tantos apelidos, o Sergipe é conhecido como o derrubador de campeões pelas vitórias sobre Bangu, Vitória, Flamengo e muitos mais.Conquistou o Estadual em 1955, ano do centenário da cidade de Aracaju. O primeiro presidente do clube foi Tancredo de Souza Campos. O poeta do atual hino do clube foi Freire Nascimento. Alguns dos atletas que fizeram e fazem história com a camisa do clube: Zé Grilo, Zaluar, Gringo, Cipó, Joãozinho da Mangueira, Paulinho, Elenílson, Sandoval, Gena, Nininho, Hugo Henrique, Henágio, Valença, Ricardo “alegria” da cidade, Chicão, etc.Nos dias atuais o Club Sportivo Sergipe é um clube capenga de renovação, por não haver investimentos nas categorias de base. O atual presidente, Antônio Soares da Mota,já caducou no cargo que se apossou há mais de 29 anos. No ano de 2009 o clube só amargou derrotas, deixando toda torcida muito envergonhada e frustrada, e mesmo com conquistar títulos algum, membros do corpo diretivo do clube realizaram uma extensa programação festiva, apesar de reprovada pelo presidente .A data do 17 de outubro foi marcada por celebrações de um culto ecumênico, e café da manhã, na sede do clube, jogo festivo, entre veteranos do Sergipe e do Cotinguiba alem do lançamento de uma revista comemorativa da importante data. Em seguida foi instalada e realizada uma sessão solene, ainda na sede do clube da Câmara Municipal de Aracaju. Nas águas do Rio Sergipe, o Clube também foi representado e homenageado com a realização de uma regata, relembrando o Centenário do Remo. A competição envolveu remadores do Sergipe e do Cotinguiba e pelo Iate Clube de Aracaju
Para você, meu Sergipe deixo esse texto como minha homenagem
Lizaldo Vieira
Poeta e Ecologista
Celebração dos 100 anos do Club Sportivo Sergipe
Há dias em uma cidade se renova, ganha novos ares, fica cheia de vida, ganha mais alma,aumenta o ritmo, sacode a poeira e dá a volta por cima. È só festa e alegria. Mais há também um estado que pára para cantar e ouvir o hino do seu clube mais querido, o clube Sportivo Sergipe. E aí, a festa ganha corpo e vida completos e com muita poesia. Esse clube de tradições e vitórias mil, quando se levanta faz a cidade balançar, afinal é o centenário do mais populoso clube das terras de Sergipe Del Rei quem celebração o centenário. O timo rubro nascia há 17 de outubro de 1909, uma semana após o Cotinguiba, seu primeiro adversário esportivo, na regata e no futebol, em Aracaju. Seus fundadores foram alguns dissidentes do “tubarão da praia”.O primeiro título do Sergipe foi conquistado através do remo em 1910. Um ano depois de fundada. No ano seguinte, às margens do rio Sergipe, Sergipe teve a primeira sede com a construção de uma pequena garagem. Com a evolução e já de time profissional, a equipe transferiu de sede, localizando onde está hoje, no bairro Siqueira Campos. O patrono do clube chama-se João Hora de Oliveira, que quando vivo comprou o terreno, para a sede e campo do timo, o chamado mundão do Siqueira e doou ao clube.Sua largada no mundo futebol aconteceu em meados de 1916, com o pontapé inicial do futebol sergipano. A partir daí, o clube conquistou títulos importantes dentro das quatro linhas, como o hexacampeonato tanto na categoria amadora como na categoria profissional. Entre tantos apelidos, o Sergipe é conhecido como o derrubador de campeões pelas vitórias sobre Bangu, Vitória, Flamengo e muitos mais.Conquistou o Estadual em 1955, ano do centenário da cidade de Aracaju. O primeiro presidente do clube foi Tancredo de Souza Campos. O poeta do atual hino do clube foi Freire Nascimento. Alguns dos atletas que fizeram e fazem história com a camisa do clube: Zé Grilo, Zaluar, Gringo, Cipó, Joãozinho da Mangueira, Paulinho, Elenílson, Sandoval, Gena, Nininho, Hugo Henrique, Henágio, Valença, Ricardo “alegria” da cidade, Chicão, etc.Nos dias atuais o Club Sportivo Sergipe é um clube capenga de renovação, por não haver investimentos nas categorias de base. O atual presidente, Antônio Soares da Mota,já caducou no cargo que se apossou há mais de 29 anos. No ano de 2009 o clube só amargou derrotas, deixando toda torcida muito envergonhada e frustrada, e mesmo com conquistar títulos algum, membros do corpo diretivo do clube realizaram uma extensa programação festiva, apesar de reprovada pelo presidente .A data do 17 de outubro foi marcada por celebrações de um culto ecumênico, e café da manhã, na sede do clube, jogo festivo, entre veteranos do Sergipe e do Cotinguiba alem do lançamento de uma revista comemorativa da importante data. Em seguida foi instalada e realizada uma sessão solene, ainda na sede do clube da Câmara Municipal de Aracaju. Nas águas do Rio Sergipe, o Clube também foi representado e homenageado com a realização de uma regata, relembrando o Centenário do Remo. A competição envolveu remadores do Sergipe e do Cotinguiba e pelo Iate Clube de Aracaju
Para você, meu Sergipe deixo esse texto como minha homenagem
Lizaldo Vieira
Poeta e Ecologista
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Comentário sobre o centenário do Sergipe
Pobre Centenário do Pobre Clube Sportivo Sergipe
Enquanto a torcida rubra ainda lamenta o fracasso do time rubro dentro e fora de campo em 2009, pelo Sergipe, de velhas e gloriosas tradições esportivas no estado, principalmente no remo e no futebol. O glorioso “Mais Querido", após passar por uma série de derrotas e seqüência de vexames no ano do centenário, vive outro fiasco no quesito programação para celebrar os seus 100 anos de existência. Fundado em 17 de outubro de 1909, o Sergipe teria motivos de sobra para fazer uma pomposa programação festiva, pois não se trata de qualquer clube ,é o aniversário de centenário do mais querido, populoso e tradicional clube do futebol sergipano. No entanto estão anunciando uma PIFIA programação, por sinal muito abaixo dos MERECIEMNTOS da data. No próximo sábado, nas dependências do mundão do Siqueira campos, no estádio João Hora de Oliveira, uma modesta comemoração será realizada nos hostes rubras, onde os organizadores vermelhos, anunciam, de forma modesta, quase meio sem muito motivo para festas, uma vez que o clube só amargou fiasco em 2009, uma vez que perdeu tudo, dentro e fora de campo e até mesmo se houvesse um campeonato de bola de gude, e o Sergipe fosse disputante, com certeza sairia perdedor. Porém, segundo a comissão dos ‘Festejos’ essa atividade será apenas o começo, de uma série de outras celebrações, vez que diversos outros eventos acontecerão durante todo o ano do centenário rubro. O presidente do TCE, Reinaldo Moura, e o vereador Chico Buchinho que comando o evento, garantem que a torcida rubra terá a oportunidade de assistir a muita coisa boa até o final do ano do centenário. O que, ninguém sabe, é realmente o ainda não se sabe é o que pretendem fazer, é só esperar e ver para crer. Essa baixa falta de motivação e vibração dos alvirrubros, são reflexos dos últimos fracassos do time, o que só comprovam a baixa maré desse pobre e desorganizado futebol sergipano, ultimamente muito contaminado por derrotas, e isso só comprova, de forma inquestionável, o baixo nível do nosso da estruturação desse futebol, a começar pela caduca federação, onde o seu mandatário Carivaldo Souza, presidente da federação, já tem tempo bastante para se aposentar mais não a alça do caixão, uma vez que está no comando do fracassado futebol há mais de 20 anos. É como muitos torcedores já dizem por aí “ que mediocridade”
Enquanto a torcida rubra ainda lamenta o fracasso do time rubro dentro e fora de campo em 2009, pelo Sergipe, de velhas e gloriosas tradições esportivas no estado, principalmente no remo e no futebol. O glorioso “Mais Querido", após passar por uma série de derrotas e seqüência de vexames no ano do centenário, vive outro fiasco no quesito programação para celebrar os seus 100 anos de existência. Fundado em 17 de outubro de 1909, o Sergipe teria motivos de sobra para fazer uma pomposa programação festiva, pois não se trata de qualquer clube ,é o aniversário de centenário do mais querido, populoso e tradicional clube do futebol sergipano. No entanto estão anunciando uma PIFIA programação, por sinal muito abaixo dos MERECIEMNTOS da data. No próximo sábado, nas dependências do mundão do Siqueira campos, no estádio João Hora de Oliveira, uma modesta comemoração será realizada nos hostes rubras, onde os organizadores vermelhos, anunciam, de forma modesta, quase meio sem muito motivo para festas, uma vez que o clube só amargou fiasco em 2009, uma vez que perdeu tudo, dentro e fora de campo e até mesmo se houvesse um campeonato de bola de gude, e o Sergipe fosse disputante, com certeza sairia perdedor. Porém, segundo a comissão dos ‘Festejos’ essa atividade será apenas o começo, de uma série de outras celebrações, vez que diversos outros eventos acontecerão durante todo o ano do centenário rubro. O presidente do TCE, Reinaldo Moura, e o vereador Chico Buchinho que comando o evento, garantem que a torcida rubra terá a oportunidade de assistir a muita coisa boa até o final do ano do centenário. O que, ninguém sabe, é realmente o ainda não se sabe é o que pretendem fazer, é só esperar e ver para crer. Essa baixa falta de motivação e vibração dos alvirrubros, são reflexos dos últimos fracassos do time, o que só comprovam a baixa maré desse pobre e desorganizado futebol sergipano, ultimamente muito contaminado por derrotas, e isso só comprova, de forma inquestionável, o baixo nível do nosso da estruturação desse futebol, a começar pela caduca federação, onde o seu mandatário Carivaldo Souza, presidente da federação, já tem tempo bastante para se aposentar mais não a alça do caixão, uma vez que está no comando do fracassado futebol há mais de 20 anos. É como muitos torcedores já dizem por aí “ que mediocridade”
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Palavras do dicionario popular nordestino
A MIGUÉ- À toa, relaxado, largado, sem interesse
A PULSO - À força. Contra a vontade
ABESTADO - Otário. Tolo
ABESTALHADO - Otário. Tolo
ABILOLADO – Doido
ABIROBADO - Maluco.
ABISCOITADO - Maluco, desorientado.
ABUFELAR - Agarrar pela gola, agredir.
ABULETADO - Pessoa que ocupou um espaço tomou conta do "pedaço" (fulano aboletou-se na casa de sicrana e não sai mais);
ABUTICADO – Pessoa espantada, com os olhos vidrados (abuticados).
ACOITE – Chicote.
ACUNHAR - Chegar junto.
ADULAR - Agradar, bajular. Fazer a vontade de alguém
AFEIÇOADO - Pessoa bem aparentada (bonita, arrumada);
AFOLOZADO – Folgado, arrombado.
AGONIADO - Aflito, afobado, amargurado, angustiado, apressado, indisposto.
AI DENTO - Resposta a qualquer provocação.
AJEGADO - Quem tem pênis grande.
ALDEOTA - É seguramente o maior bairro informal do País. Os especuladores imobiliários em Fortaleza passaram a chamar de Aldeota todo bairro novo.
ALFININ - Espécie de rapadura.
ALPERCATA - Sandália de couro.
ALTEAR - Aumentar o volume do som. Subir algo.
ALUMIAR - Iluminar. Projetar luz sobre algo ou alguém.
AMANCEBADO - Amigado, aquele que vive maritalmente com outra.
AMARELO QUEIMADO - Cor laranja.
AMARRADO- Mesquinho.
AMOLEGAR - Apalpar ou apertar um corpo mole ou uma parte dele.
AMOSTRADO - Quem mostra que tem dinheiro ou poder.
ANDE TONHA! - Expressão popular que indica o ato sexual.
ANEL DE COURO – Ânus. Cú.
APERREAR - Encher o saco.
APETRECHADA - Dotada de beleza física.
APOIS - Expressão de concordância.
APOQUENTAR - Aborrecer, azucrinar, chatear.
APRAGATA – Alpercata.
APRUMADO - Arrumado, bem vestido, bonito, de bons modos.
APURRINHADO – Com raiva, puto.
ARENGA - Briga
ARIADO - Desnorteado
ARIAR A FIVELA - Dançar apertado, ralabucho.
ARRE EGUA! - Interjeição que pode significar qualquer coisa a depender do tom de voz e da ocasião (alegria, irritação...).
ARRETADO – Bom, legal, perfeito.
ARRIBAR - Ir embora.
ARROCHADO – Valentão.
ARROTO DE CU - Peido.
ARRUDIAR - Dar a volta.
ÁS DE COPAS - Ânus. Cú.
ASSUSTADO - Baile caseiro programado pelos jovens na casa de um deles; tertúlia.
ATAIAR - Atalhar. Ir por um caminho mais curto
ATARENTADO - Aperriado, desnorteado, perdido.
AVALIE - Imagine.
AVEXADO - Apressado.
AZOGADO – Virado na peste, puto, agoniado, brabo.
AZUADO - Alguém desligado.
AZULAR – Dar o fora.
BABÃO – Puxa saco, xeleléu.
BACURIM – Porco novo.
BAE DE CUIA - No jogo de futebol, corresponde a lençol.
BAITINGA - Tratamento informal entre velhos amigos, no sentido pejorativo o mesmo que BAITOLA, depende da entonação da voz.
BAITOLA - Viado. (A palavra tem origem na construção da primeira estrada de ferro do Ceará. O chefe da obra era um engenheiro inglês, muito afetado, que repetia "atenção para a baitola" se referindo a bitola (distância entre os trilhos).
BAIXA DA ÉGUA - Lugar distante.
BAIXAR O LOMBO Emagrecer.
BALAÇAR A TANAJURA - Dançar.
BALADEIRA – Estilingue.
BALAIO - Cesto feito de cipó ou palha, sem alça.
BALDEAR - Perturbar.
BALEADEIRA - Baladeira, atiradeira, bodoque, estilingue.
BAMBA - Cambaleante. Sem equilíbrio.
BANANA - Parte do boi conhecida no Sudeste do Brasil como lagarto.
BANANA-PRATA - Banana-branca.
BANCA - Aula particular fora do curso regular. Reforço escolar
BANDA - Lado, parte lateral, pedaço.
BANGÜÊ - Caixa retangular com 4 cabos de madeira para transporte de materiais de construção.
BANHO DE ASSEIO - Banho em que a pessoa lava apenas os órgãos genitais.
BANHO SAPECADO - Banho rápido e incompleto.
BARNABÉ – Funcionário de prefeitura.
BARNEI - (bá) Pessoa nova no lugar.
BARRÃO - Porco novo usado como reprodutor.
BARREADO - Confuso, sem saber o que fazer ou o que dizer.
BASCULANTE - Vitrô.
BATATA-DO-REINO - Batata.
BATENTE - Obstáculo de madeira ou concreto construído no chão para impedir que a água entre pela porta.
BATER A CAÇULETA - Morrer.
BATER FÔFO - Não cumprir um compromisso.
BATER SETE FREGUESIAS - Andar por vários lugares.
BATER UMA EM INTENÇÃO DE - Masturbar-se pensando especificamente em alguém.
BATORÉ - Baixinho.
BEBER COM FARINHA - Ingerir bebida alcoólica demais.
BEBEU - (bébéu) Boneca de pano.
BEIÇO - Lábio
A PULSO - À força. Contra a vontade
ABESTADO - Otário. Tolo
ABESTALHADO - Otário. Tolo
ABILOLADO – Doido
ABIROBADO - Maluco.
ABISCOITADO - Maluco, desorientado.
ABUFELAR - Agarrar pela gola, agredir.
ABULETADO - Pessoa que ocupou um espaço tomou conta do "pedaço" (fulano aboletou-se na casa de sicrana e não sai mais);
ABUTICADO – Pessoa espantada, com os olhos vidrados (abuticados).
ACOITE – Chicote.
ACUNHAR - Chegar junto.
ADULAR - Agradar, bajular. Fazer a vontade de alguém
AFEIÇOADO - Pessoa bem aparentada (bonita, arrumada);
AFOLOZADO – Folgado, arrombado.
AGONIADO - Aflito, afobado, amargurado, angustiado, apressado, indisposto.
AI DENTO - Resposta a qualquer provocação.
AJEGADO - Quem tem pênis grande.
ALDEOTA - É seguramente o maior bairro informal do País. Os especuladores imobiliários em Fortaleza passaram a chamar de Aldeota todo bairro novo.
ALFININ - Espécie de rapadura.
ALPERCATA - Sandália de couro.
ALTEAR - Aumentar o volume do som. Subir algo.
ALUMIAR - Iluminar. Projetar luz sobre algo ou alguém.
AMANCEBADO - Amigado, aquele que vive maritalmente com outra.
AMARELO QUEIMADO - Cor laranja.
AMARRADO- Mesquinho.
AMOLEGAR - Apalpar ou apertar um corpo mole ou uma parte dele.
AMOSTRADO - Quem mostra que tem dinheiro ou poder.
ANDE TONHA! - Expressão popular que indica o ato sexual.
ANEL DE COURO – Ânus. Cú.
APERREAR - Encher o saco.
APETRECHADA - Dotada de beleza física.
APOIS - Expressão de concordância.
APOQUENTAR - Aborrecer, azucrinar, chatear.
APRAGATA – Alpercata.
APRUMADO - Arrumado, bem vestido, bonito, de bons modos.
APURRINHADO – Com raiva, puto.
ARENGA - Briga
ARIADO - Desnorteado
ARIAR A FIVELA - Dançar apertado, ralabucho.
ARRE EGUA! - Interjeição que pode significar qualquer coisa a depender do tom de voz e da ocasião (alegria, irritação...).
ARRETADO – Bom, legal, perfeito.
ARRIBAR - Ir embora.
ARROCHADO – Valentão.
ARROTO DE CU - Peido.
ARRUDIAR - Dar a volta.
ÁS DE COPAS - Ânus. Cú.
ASSUSTADO - Baile caseiro programado pelos jovens na casa de um deles; tertúlia.
ATAIAR - Atalhar. Ir por um caminho mais curto
ATARENTADO - Aperriado, desnorteado, perdido.
AVALIE - Imagine.
AVEXADO - Apressado.
AZOGADO – Virado na peste, puto, agoniado, brabo.
AZUADO - Alguém desligado.
AZULAR – Dar o fora.
BABÃO – Puxa saco, xeleléu.
BACURIM – Porco novo.
BAE DE CUIA - No jogo de futebol, corresponde a lençol.
BAITINGA - Tratamento informal entre velhos amigos, no sentido pejorativo o mesmo que BAITOLA, depende da entonação da voz.
BAITOLA - Viado. (A palavra tem origem na construção da primeira estrada de ferro do Ceará. O chefe da obra era um engenheiro inglês, muito afetado, que repetia "atenção para a baitola" se referindo a bitola (distância entre os trilhos).
BAIXA DA ÉGUA - Lugar distante.
BAIXAR O LOMBO Emagrecer.
BALAÇAR A TANAJURA - Dançar.
BALADEIRA – Estilingue.
BALAIO - Cesto feito de cipó ou palha, sem alça.
BALDEAR - Perturbar.
BALEADEIRA - Baladeira, atiradeira, bodoque, estilingue.
BAMBA - Cambaleante. Sem equilíbrio.
BANANA - Parte do boi conhecida no Sudeste do Brasil como lagarto.
BANANA-PRATA - Banana-branca.
BANCA - Aula particular fora do curso regular. Reforço escolar
BANDA - Lado, parte lateral, pedaço.
BANGÜÊ - Caixa retangular com 4 cabos de madeira para transporte de materiais de construção.
BANHO DE ASSEIO - Banho em que a pessoa lava apenas os órgãos genitais.
BANHO SAPECADO - Banho rápido e incompleto.
BARNABÉ – Funcionário de prefeitura.
BARNEI - (bá) Pessoa nova no lugar.
BARRÃO - Porco novo usado como reprodutor.
BARREADO - Confuso, sem saber o que fazer ou o que dizer.
BASCULANTE - Vitrô.
BATATA-DO-REINO - Batata.
BATENTE - Obstáculo de madeira ou concreto construído no chão para impedir que a água entre pela porta.
BATER A CAÇULETA - Morrer.
BATER FÔFO - Não cumprir um compromisso.
BATER SETE FREGUESIAS - Andar por vários lugares.
BATER UMA EM INTENÇÃO DE - Masturbar-se pensando especificamente em alguém.
BATORÉ - Baixinho.
BEBER COM FARINHA - Ingerir bebida alcoólica demais.
BEBEU - (bébéu) Boneca de pano.
BEIÇO - Lábio
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