sexta-feira, 3 de abril de 2009

Obama elogia Lula em público

“ Esse é o cara”
Americano diz que brasileiro “é o cara” e “político mais popular da Terra”

Num gesto que pode ser interpretado como gentileza diplomática, afago sincero ou ironia entre conhecidos – ou um pouco de tudo isso ao mesmo tempo –, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, brindou o colega Luiz Inácio Lula da Silva ontem em Londres com frases como “Esse é o cara”, “É o político mais popular da Terra” e “É porque ele é boa-pinta”.Qualquer que tenha sido a intenção de Obama, o diálogo reflete uma presença mais cotidiana e marcante do Brasil e de Lula em fóruns internacionais.Antes do início da reunião do G-20 (grupo dos 19 países mais ricos ou emergentes do mundo mais a União Europeia), ontem, numa sala de conferência do Excel Center, em Londres, Obama sorriu e fez os comentários. Não faltam interpretações para a cena. Para o historiador Voltaire Schilling, o presidente atua em fóruns como o G-20 como um algodão entre cristais – um elemento de conciliação em conflitos, mediando tensões como as que existem entre EUA e Venezuela.– Lula se tornou um nome universal e conseguiu projetar uma imagem de conciliador. Tem uma política externa moderada – afirma.Outros veem na atitude de Obama mais cálculo político do que espontaneidade. Na avaliação de Airton Luiz Jungblut, professor de antropologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Obama tinha como objetivo fortalecer a aproximação com o brasileiro, também assediado pela Europa.– É um agrado brincalhão de quem quer aproximar Brasil e EUA e destacar isso na mídia – sugere Jungblut.Especialistas em Relações Internacionais apostam que a defesa de bandeiras sociais, como o combate à fome e à pobreza, garantem reconhecimento de Lula no Exterior.– Lula é o sucessor do que Nelson Mandela (presidente da África do Sul entre 1994 e 1999) representou no seu momento. Mas, claramente, há gentileza aí, porque Obama é o cara e o político mais popular da Terra – diz Marco Cepik, professor de ciência política da UFRGS.Alguns enfatizam o caráter amigável do diálogo e não veem no episódio maiores consequências.– Esse evento foi superdimensionado. A declaração foi feita em tom informal e não numa manifestação pública. Tirar significados é prematuro – avalia o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Alcides Costa Vaz.O economista Raul Velloso vê no gesto um reconhecimento a Lula.– É muito simples de explicar. Os índices de popularidade de Lula são muito altos. É um mero reconhecimento de que ele é muito bem-sucedido nesse sentido. A crise pode estar sendo mais séria nos demais países, o que prejudica os demais – garantiu o economista Raul Velloso.marciele.brum@zerohora.com.brMARCIELE BRUM

Nenhum comentário: