quarta-feira, 11 de junho de 2008

Mata Atlântica é só 1% da área do Estado

Apenas 1% dos 21.910,3 quilômetros quadrados de área sergipana é de floresta de Mata Atlântica. Somados aos outros dois tipos que compõem esse ecossistema, manguezais e restingas, o percentual sobe para 15%, quantia que ainda é pequena, se comparada com os antes 45% do território que eram encobertos por Mata Atlântica. Esses dados, frutos de um trabalho da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias no Estado – Embrapa Tabuleiros Costeiros em parceria com o governo do Estado são de 1997, baseados em imagens feitas por satélite dois anos antes. Apesar da idade, são as informações mais utilizadas quando se fala sobre o assunto, como explicou a engenheira florestal e analista ambiental do Ibama no Estado, Fátima Dias da Hora. A Embrapa possui um livro específico sobre o assunto. Composto por cinco capítulos, ele trata de temas como caracterização florística e ecológica da mata sergipana, recursos genéticos vegetais desse espaço, germinação de sementes e produção de mudas de espécies florestais nativas da Mata Atlântica de Sergipe e restauração florestal dessa região. O assunto volta a ser lembrado porque hoje é o Dia Nacional da Mata Atlântica. A analista ambiental estima que desde 1997 possa ter havido um crescimento dessa área em aproximadamente 10% por conta da lei de proteção à Mata Atlântica, em vigor desde 1992. Associado a isso está o trabalho de organizações não governamentais que lutam pela defesa do meio ambiente e ainda as ações dos órgãos oficiais que cuidam do assunto. Fátima Dias explica que depois da Amazônia esse é o sistema que agrega a mais importante biodiversidade do país, existindo nela um número ainda desconhecido de espécies de plantas e animais, além de disponibilizar água potável e oxigênio. Em Sergipe, os maiores núcleos urbanos estão em área de Mata Atlântica, a exemplo da capital e do município de Itabaiana, onde acontece a transição desse tipo de sistema para o agreste e onde está, inclusive, o Parque Nacional da Serra de Itabaiana, área de proteção ambiental sob a responsabilidade do governo federal. Além dela, também existe a Reserva Biológica de Santa Luzia, em Pirambu, e a Floresta Nacional da Ibura. “O Ibama, dentro das suas atribuições e das possibilidades, faz todo o possível para preservar essas e outras áreas, mas vale lembrar que a proteção do meio ambiente é responsabilidade de todos, como cita a Constituição Federal de 1988, portanto, do Estado, dos municípios e da própria sociedade. Por isso, gestos simples contam muito como por exemplo não jogar papel na rua, fechar a torneira quando estiver escovando os dentes, apagar as luzes que não estão sendo utilizadas, afinal de contas, a nossa energia é resultado de usinas hidrelétricas que são movimentadas pela força das águas”, declarou Fátima Dias. Embora o percentual preservado ainda seja pequeno, a analista ambiental disse que o Estado tem uma vantagem, que é muito elogiada nacionalmente quando o assunto é manguezal. De acordo com Fátima, Sergipe possui uma área significativa de manguezal protegido em todas as bacias existentes. Mas todo cuidado ainda é necessário para que o restante não desapareça e dois itens têm de ser muito bem monitorados: o crescimento desenfreado das cidades, que resulta na ocupação de áreas indevidas, e o avanço da fronteira agrícola, que pode acabar atingindo esses espaços protegidos por força de lei. Outros tipos de ameaças Para o coordenador geral do Movimento Popular Ecológico de Sergipe (Mopec), Lizaldo Vieira, a essas duas ameaças podem ser associados ainda o trabalho das olarias e padarias, que utilizam lenhas para o fabrico dos seus produtos finais, a queimada de áreas para serem usadas como pastagens e a derrubada de árvores para uso da madeira como fogueiras durante o período de São João. “Sem falar nesse boom que a produção de biodiesel pode causar. A extensão”, frisou o coordenador do Mopec. Um dos pontos citados por Lizaldo é a Mata do Junco, localizada no município de Capela, distante 67 quilômetros da capital, composta por quase mil hectares e que está entre terrenos do Estado, município e de particulares. Apesar de ser um espaço de proteção ambiental sob a tutela do Estado, a preocupação do movimento com o Junco existe por conta de dois conflitos, um cultural e outro social. O primeiro é por conta da tradicional festa do mastro, já que todos os anos uma árvore muito antiga é cortada para o evento. A outra é porque o Junco está dentro de um assentamento do Movimento Sem-Terra, o que causa preocupação a Lizaldo, mesmo havendo o compromisso do MST em não devastar a mata. “Mas quem garante que um dia, a depender da situação e da necessidade, essa promessa continuará sendo cumprida? No que diz respeito à festa de São Pedro a população fica dividida, porque sabem da importância da preservação do meio ambiente, mas também não querem abrir mão do festejo e dos ritos existentes há vários anos.
Publicado no Jornal da Cidade em 27/05/2008
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