quarta-feira, 29 de julho de 2009

Hora indevida. Por – Lizaldo Vieira
E chega sem avisar
Sem escolha de lugar
E você babando.
É só vontade de bufar
Peidar
Defecar
Mais o coletivo ta cheio
A fila do banco não anda
A dentista não larga a boca
O padre não termina a confissão
É tudo na contra mão
No velório ninguém mais chora
É um silencio sepulcral
Como desabafar
Soltar a flatulência
Aliviar
E a revolução no bucho só aumenta
Ninguém é de ferro
O peido já anuncia um caminhão de bosta
Como providencia
Tudo é estado de amarelão
Ninguém se mexe
Só contorce
Olha pros cantos
Mais que situação
Ninguém merece
Tanta sofreguidão
Preferia estar no ataúde
Pro desencarno eterno
A viver esse inferno
De repente
Hora do consolo
Cai chuva torrencial
É debaixo de chuva mesmo
Lavando a égua
Aproveita o dilúvio
Poxa
Bem na hora pra tirar o atraso
Vai ser aqui mesmo
Ah! Que alivio
De cara pro tempo
Olhando pra chuva
Escorrendo a tripa
Tem coisa melhor
Que coragem
Na vida dum só
A fila passando
Todo mundo olhando
E gente ali
Se cagando
Espalitando os dentes
Disfarçado de inocente
Calado
Que merda
Ta na bosta mesmo
Deixa dar a barrigada
E que venha de enxurrada

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